– Mãe... garotos são tão idiotas.

– Ai, Sarada, o que o Boruto fez dessa vez? – Sakura já havia deixado os ombros e semblante cairem com aquela história de novo.

– De-desta vez não é o Boruto. – respondeu Sarada corada.

Sakura quase caiu da escada que usava para limpar o ventilador de teto do quarto e correu até a filha para se sentar ao lado dela. Afinal, se o assunto não era sobre Boruto, deveria ser algo muito sério.

– O que foi que houve filha? Alguém te machucou?

– Não, não é isso. É que... bem... é o Inojin.

Sakura cerrou os olhos e torceu de leve o pescoço em sinal de dúvida. Aquilo era novo.

Desde quando o filho da porquinha era um incômodo? Aliás, ele era uma graça de menino, super educado, e calmo. Sakura tinha até dó de como Ino era rígida com o garoto, pobrezinho.

– O que ele fez Sarada?

– Bom, ele me deu flores.

Sarada mantinha a cabeça baixa e os olhos voltados para as mãos fechadas em seu colo, enquanto Sakura permanecia em silêncio, para dar voz a filha.

– Ele me deu flores, e disse que sou linda.

Sakura arregalou os olhos, não conseguia esconder o choque. O que fez Sarada olhar pra cima e encontrar o rosto congelado de sua mãe.

– Tá vendo! Tá vendo! Você também ficou surpresa! Como alguém pode gostar de mim? Como? Como?

Sarada pulou na cama abraçando o travesseiro e continuava a gritar desesperada.

– Filha! Calma! É só que, uau! A mamãe não esperava por essa. – Sakura balançou a cabeça – Bem, você é uma menina muito bonita, e apesar de ser introvertida, tem seu charme.

– Você é minha mãe, não vale. – respondeu ela choramingando.

Sakura se aproximou colocando a mão nos cabelos da filha e fazendo carinho.

– Você é linda sim. O papai não é lindo? – Sarada balançou a cabeça concordando – pois então, você é a cara do seu pai. Não me espanta ter algum garoto que te admira, eu só pensava que seria o...

Sarada se levantou rápido cortando Sakura.

– Que fosse quem, mamãe?

– Bem, você sabe, o Boruto.

– Po-por que ele? Quem falou nele? O que você sabe? – questionava ela atropelando palavras.

– Calma, eu não sei de nada. É só que você falava muito nele, achei que poderia ser de algo a mais.

– Boruto é um idiota. – Sarada cruzou os braços olhando de lado, assim como Sasuke sempre fazia.

Sakura olhava pra ela, e deu um sorriso levemente triste. Sua menina estava crescendo e começava a entrar em uma fase um tanto quanto difícil na vida das garotas.

– Querida, as idiotices que os garotos fazem realmente incomodam. Mas, o mais importante aqui, é você se perguntar sobre o que você sente.

Sakura beijou a testa da filha, e deixou o quarto com uma Sarada pensativa.

Ela repassava toda a cena novamente em sua mente.

Depois de sair de casa, com aquela conversa inútil sobre Boruto com sua mãe mais cedo, ela resolveu ir para o campo de treinamento descontar sua raiva. Enquanto ela dava alguns socos e chutes, lágrimas desciam de seu rosto, ela odiava aquilo. Na maior parte do tempo, ela era fria como o pai, mas em determinadas circunstâncias ela acabava não se segurando como a mãe.

Sentou-se no chão abraçando os joelhos, e abaixando a cabeça tentando esquecer aquele idiota do Boruto, até que sentiu a presença de alguém em sua frente.

– Azálea significa "seco" ou "árido". Talvez esse nome tenha sido dado porque antes de florescer a azálea é apenas um arbusto com ramos secos.

Era Inojin, o filho da tia Ino. Sarada esticou a mão e segurou a flor que ele colocou bem à frente do rosto dela.

– O-obrigada. – disse ela ainda incerta.

– Sabe Sarada-chan, você é como a azaléa. – ele se virou ficando de perfil pra ela, olhando o horizonte – todos dizem que você é fechada, seca até, como a azaléa. Mas, eu vejo que você está florescendo, e acho que...

Sarada o observou suar, tropeçar nas palavras e apertar os punhos como se estivesse usando toda a força para concluir o pensamento.

– Acho que você está tão linda quanto as azaléas. Aliás, muito mais.

Sarada corou, e depois sorriu.

– Obrigada, Inojin-kun.

Inojin saiu correndo, com as maçãs do rosto bem rosadas, como era muito branco, era muito visível ver o desconforto dele.

Agora Sarada, olhava para o teto, repassando o que Inojin havia dito a ela. Ela mal falava com ele, mesmo quando sua mãe a levava na casa da tia Ino ou em algumas reuniões do antigo time dos seus pais em que ele aparecia com Sai.

Era bem verdade que Sarada já o pegou a observando, assim como ela mesma observava Boruto.

Boruto...

Esse era outro. Por que ele tinha que ser tão idiota, mas tão cheio de vida.

Por que ele não poderia ser atencioso como Inojin?

E por que Inojin não poderia ser tão vivo como Boruto?

E por que cargas d’agua ela estava pensando nisso?! Que droga! Ela tinha que estudar, precisava estudar e não pensar esse tipo de baboseira inútil.

Sarada se levantou, pegou os cadernos e começou a estudar.

– Não tenho tempo pra isso. Se eles quiserem, eles que corram atrás de mim.