“Desculpe pelo cigarro. Eu não fumo, não mais.

Foi um dia difícil no trabalho e me vi comprando um maço no caminho para sua casa.

Os guardei na mochila, Robert nem sequer imagina algo assim...”

Ele estava nervoso, a cada palavra seus dedos passavam pelos cabelos agora mais altos e sem corte. Seu olhar se perdia entre sua mochila e o quarto de Robert, provavelmente imaginando que meu filho poderia descobrir os cigarros ali ou algo assim.

“Tudo bem Edward. É a sua vida, não precisa me dar explicações.”

Ele me olhou triste, o peso do corpo sendo intercalado entre as pernas. Me sentei na bancada da cozinha com o molho de chaves em mãos apenas esperando por sua saída para ir ao quarto e tomar um banho antes de me jogar na cama.

“Bella? “

Ele me chamou tirando minha atenção da bancada branca, algumas migalhas de biscoito flutuavam pela superfície e meus dedos brincavam com elas.

“Quando você esta ao meu lado, você ainda sente algo?”

Me ergui o olhando surpresa, a cabeça inclinada para o lado o observando como se o que ele tivesse dito fosse o maior absurdo do mundo.

“Sentir algo?”

Eu sabia bem o que ele queria dizer com sua pergunta, mas precisei perguntar para tentar encontrar sentido naquilo.

“Algo como antes, quando estávamos juntos?”

Ele ainda estava em pé me olhando diretamente nos olhos, havia um brilho diferente neles. Acredito nunca tê-los visto tão claros e quentes. Prendi a respiração quando lembranças de um Edward mais jovem e amoroso invadiram minha mente.

Me movi ate o sofá batendo no lugar ao meu lado para que ele sentasse. Quando ele o fez, me virei sentando sobre as pernas com as costas apoiadas no braço do sofá.

“Edward, quando jovens, nós tínhamos planos, nos amávamos como se ninguém mais existisse no mundo e eu achei que tudo aquilo, mesmo que em nossa tenra idade, era verdadeiro.

Quando você se foi, o dinheiro, a atenção de seu pai e outras mulheres te tiraram de mim em menos de um mês.

Apenas um mês Edward!

Este foi todo o tempo que você precisou para me esquecer.”

Ele continuava a me olhar, mas agora o brilho de seus olhos havia sumido e os mesmos estavam escuros.

“Eu ouvi sua estória, entendi o seu lado e te permiti entrar em nossas vidas. Minha confiança em você foi ate ai.”

Edward se levantou me dando as costas, os ombros baixos mostravam para mim um homem derrotado e sem vida. Minha voz era firme e eu agradeci por isso, sempre que precisava me lembrar do passado eu sangrava e ao dizer em voz alta que todo meu amor não foi forte o suficiente para permanecer em seu coração e alma quando distante, sempre me faria sofrer.

Esperei ele se recompor e partir, mas não foi isso que ele fez.

“Bella.”

Ele sussurrou para si mesmo se virando lentamente. Com pequenos passos ele ficou a minha frente e então caiu de joelhos segurando minhas mãos nas suas. Eu senti todo o calor de seu corpo naquele toque e internamente aquilo me relaxou.

“Eu quero uma chance para me redimir."

seus olhos cravados aos meus.

Tenho pesadelos todas as noites. Sofro sempre que penso que meu passado destruiu a coisa mais pura que já surgiu em minha vida.

Minha mãe, ainda que ao meu lado, não consegue mais me ver como seu filho. Ela se distanciou de mim e a cada dia eu busco reconquistar seu amor e sua confiança.

Perdi a chance de ver meu filho crescer e todos os dias me arrependo de ter sido fraco ao ponto de dar mais valor a desconhecidos do que para as pessoas que sempre demonstraram carinho por mim.

Hoje eu não tenho mais ninguém. Vivo sozinho em um pequeno apartamento, nem a mobília me dei ao trabalho de comprar. Eu economizo e faço investimentos para que nosso filho não passe por necessidades no futuro e eu me distanciei das pessoas por vergonha.

Meu trabalho é tudo o que me resta para afastar as lembranças ruim de minha mente. Seu pai me contou como você superou tudo e foi forte o suficiente para ter o que conquistou hoje.

Sou tão pequeno em relação a você.

Eu não mereço você, mas te quero. Só você tem o poder de me deixar tranquilo e feliz com um olhar. Um pequeno toque seu esquenta minha alma e, por tudo que já vivi, só o seu corpo faz o meu queimar de desejo sem resistência.”

Sua voz era calma e rouca devido a força que ele fazia para não chorar. De minha boca nada saia, meus lábios estavam presos em um "O" mudo. Inclinei meu corpo para me levantar, eu o queria longe de mim, precisa pensar.

Ele não queria se afastar e aproveitando meu movimento, se ergueu ainda com as mãos nas minhas me puxando para seu peito. seus lábios colaram nos meus em um beijo áspero.

Seus lábios se moviam firmes e sua linguá pedia por passagem. Não sei dizer quando ou como, mas retribui.