Aniversário – parte 2

O jogo entre as crianças se deu de forma muito divertida e sem regras. O que seria meninas contra meninos se tornou algo como cada um por si e quem tiver a bola no pé pode marcar o gol. Josh se mantinha ao meu lado e as aparências foram mantidas até que todos dispersaram. Já no final da tarde, muitos haviam partido e os remanescentes se organizavam para ir também.

Minha família se uniu limpando a bagunça e aproveitei que Edward conversava com Robert para puxar Josh para um local mais reservado. Ele interpretou a ação de forma errada.

“Gostou da surpresa”

Se aproximou segurando minha cintura, seus movimentos indicavam um beijo que logo evitei.

“Minha vontade é gritar, mas não quero chamar a atenção para nós.” – respirei fundo me afastando dois passos – “O que pensou que estava fazendo ao me beijar na frente de meu filho?”

Ele me olhou um pouco confuso e então deu um sorriso sínico.

“Está preocupada com seu filho ou com a reação do pai dele?”

Ele tentou se aproximar e novamente me afastei erguendo a mão para mantê-lo distante.

“Para de fazer charme Bella, você sempre me convidou para estes eventos e quando resolvo aparecer você age desta forma. Está parecendo criança!”

“Josh – respirei fundo mais uma vez – Sempre lhe convidei como amigo, não somos nada além disso para os outros. Meu filho nunca me viu com nenhum homem e muito menos beijando um e você surge querendo receber todas as graças!”

Eu percebi o tom de voz alterado e bem mais alto do que pretendia, respirei fundo diversas vezes buscando me acalmar e manter o tom de voz o mais baixo possível para não chamar a atenção de ninguém para nós.

“Eu custei a aceitar, estava com medo e na realidade apavorada com a ideia de que meu amigo e amante de tempos tenha usado de um subterfúgio tão vil para marcar território. Eu realmente achei que você mijaria em minhas pernas.”

Josh tinha um olhar sereno no rosto e riu de minha afirmação. Com o corpo relaxado sobre uma arvore ele me olhou de cima para baixo como que avaliando uma refeição e sorriu mostrando todos os dentes de uma forma desequilibrada.

“Pensei que poderíamos tornar nosso envolvimento algo conhecido.”

Eu estava sem reação, não conhecia mais o homem, antes gentil e amigo, a minha frente. Não poderia ter errado novamente, com o tempo aprendi a julgar o caráter das pessoas, mas acho que nunca conseguiria avaliar um bom parceiro para mim. Os homens sempre me surpreendiam e nunca era uma coisa boa.

Meu coração sangrou mais uma vez ao constatar que ele apenas queria criar algum atrito com Edward e não se importou nem um pouco em usar de minha família, amigos e filho para isso.

“Quero você fora da minha vida para sempre. Cretino!”

O tapa veio forte e senti minha mão arder. o deixei para trás sem me importar com sua reação, meus passos firme se seguiam em direção ao gramado quase como que em pequenos saltos, eu queria correr. Meu pai notando meu nervosismo se aproximou, Edward e Robert logo atrás.

Josh parou neste momento, ele vinha logo atras de mim provavelmente querendo falar alguma besteira ou iniciaria uma briga. A fisionomia de meu pai deve tê-lo alertado a não fazer nada. Ele se foi e agradeci liberando o peso de meu corpo sobre os pés.

Fiquei na altura de meu filho para abraça-lo e felicita-lo mais uma vez antes de partirmos, esta foi a forma que encontrei de buscar por segurança e tranquilidade.

“Mamãe, tio Josh é seu namorado?”

Vi a preocupação nos olhinhos de meu filho e tratei logo de acalma-lo.

“Não querido, tio Josh é só um idiota.”

Meu pai sorriu e Edward pareceu liberar o ar que prendia em alivio. Robert estava ainda mais empolgado.

“Mamão, esta palavra é feia.”

Ele disse feliz e saltitando a minha frente, parecia ansioso com algo mais.

“Desculpe campeão, depois coloco dinheiro no seu pote”

Tínhamos uma regra simples, a cada palavra feia (palavão) dito por um adulto lhe dávamos um dólar e se fosse dito por ele, uma tarefa seria ampliada em sua lista diária. Devo dizer que o pote na casa de meu pai era enorme.

“Mas estou feliz que Josh seja um idiota.”

Todos acabamos rindo. Robert se afastou erguendo um envelope colorido e logo me dei conta de que era o presente de seu pai. Ele havia me perguntado se poderia fazer algo do gênero visto que meu filho amava esportes e eu já havia concordado com tudo e lhe dado uma lista de recomendações que o teriam feito desistir se ele realmente não estivesse tentando conquistar o filho.

“Mamãe, papai me deu ingressos para o jogo dos Lakers em NY. Eu posso ir não é?”

“Seu pai é?”

Ele só se conta neste momento do que tinha falo e ficou sério olhando para Edward.

“Eu posso te chamar de pai?”

“Claro filho. É tudo que mais quero.”

Edward se aproximou de nós ficando de joelhos no gramado, meu pequeno de cara ainda fechada o olhou sério.

“Se fizer minha mãe sofrer ou sumir novamente, vou pedir para o vovó Charlie te caçar e atirar uma bala na sua bunda.”

Meu pai começou a gargalhar e notei Edward engolir a seco. Eu, por minha vez, apenas concordei com meu filho e batemos a mão em um “Hi Five” orgulhoso. Os rompantes de Robert me surpreendiam e eu amava está inocência repleta de verdades.

“Terei isso em mente campeão!”

A voz de Edward era serena e ele parecia feliz, mesmo com a ameaça de uma bala na bunda!