Cap 18.

Alice Platt, filha única de meu mentor e amigo Dr. Carlisle Platt.

Fora ela que se tornara amiga de Edward durante seu tratamento na clinica, fora ela que usará minha historia de vida para tira-lo de sua depressão e apatia e foi através dela que ele descobriu tudo sobre minha vida mesmo sem fazer parte dela.

Alice era três anos mais velha do que eu e a conheci em um dos encontros de trabalho na casa de Carlisle enquanto ainda estava na faculdade. Não éramos as melhores amigas, não tínhamos a convivência necessária para isso, mas ela me era cara. Formada em medicina psiquiátrica, ela me auxiliou nos momentos mais difíceis. Em momento nenhum aceitei terapia e com isso Alice sempre encontrava uma forma de me entregar um livro ou dois que me ajudariam a superar meus problemas sozinha.

Sempre lhe seria grata.

Conforme Edward me contava como as peças do quebra cabeça foram se juntando em sua mente e como Alice ficou completamente ensandecida quando entendeu o que havia feito eu apenas tentava absorver as partes que me fariam seguir em frente com aquele almoço.

Eu não consegui.

A bile me subiu forte quando constatei que ele sabia da existência do filho a pelo menos dois anos. Por mais que fosse nobre de sua parte ter se reerguido antes de ressurgir em nossas vidas, eu o odiava por sua omissão.

Ele esperou pacientemente por minha reação ao seu relato, eu estava em transe e conseguia sentir a mudança de temperatura em meu corpo, minhas mãos tremiam e em um impulso me ergui apontando o dedo em riste em sua direção.

–Você sabia que ele existia...

Gritei me aproximando, as mãos agora seguravam firme meus cabelos enquanto minhas pernas giravam em círculo entorno da toalha. Ele se levantou e permaneceu parado passivamente enquanto me observava.

–Você sabia que tinha um filho. Todo este tempo você sabia.

Eu gritava afirmando para mim mesma que aquilo só poderia ser uma brincadeira.

–Foda-se suas dificuldades com drogas...

–Para a merda com seu egocentrismo...

–O que você espera de mim agora? Perdão?

–Você sabe muito bem onde colocar este seu pedido de perdão...

Eu não possuía mais controle sobre minhas ações, gritei, apontei e por fim esmurrei o forte homem a minha frente sem me importar de sair com os punhos feridos. Em minha mente eu apenas vislumbrava lembranças amargas que desejava esquecer.

Edward apenas recebia as palavras e os socos sem nada dizer.

–Eu me afastei de meus amigos...

–Eu escondi o fato de ser mãe solteira...

–Eu nunca mais voltei para Forks por que meu filho é exatamente igual ao pai...

–Eu sofri preconceito e sofri dentro de um hospital por não ter dinheiro suficiente para receber um bom tratamento médico...

–Eu criei meu filho sozinha...perdi noites de sono...fui submissa ao meu pai para ter um teto...

O ar faltava em meus pulmões. A garganta ardia devido a sucessão de gritos e palavras asperamente dirigidas a ele.

Senti meu corpo fraquejar e ele então me abraçou. Senti a corrente quente de lagrimas deslizarem por meu rosto, meu corpo convulsionava em soluços de dor e agonia.

–Eu te amava tanto...

Ele também chorava. Nossos corpos foram ao chão e nos sentamos ainda abraçados, chorando pela dor causada a tanto tempo e nunca superada.

–Eu te amo Bella. Nunca, realmente, deixei de amar. Sei que não terei o seu perdão, agi como um monstro e vou sofrer com isso para o resto da vida. Mas eu quero fazer parte da vida do meu filho.

Sua voz era sofrida. Eu não estava pronta para decidir por nada neste momento.

–Por mim você poderia sumir no mundo e morrer, mas ele te quer na vida dele também.

–Preciso de um tempo.

Me ergui batendo na calça para me livrar da grama presa ali. Não olhei para trás ou me preocupei com as coisas do almoço. Apenas sai ainda sentindo minhas pernas falharem. Eu precisava de um lugar calmo para pensar e uma enorme dose de doces.