Mischief escrita por Liv


Capítulo 8
Travessuras Parte I


Notas iniciais do capítulo

OBRIGADA MESMO por seus cometários!!! Amo muito vocês, meus leitores, divos



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“Eu sei o que eu fiz de errado, deixei seu coração despedaçado

Mas não é isso que demônios fazem?

Te deixei tão pra baixo

Para onde todos aqueles tolos foram?

Eu abalei o anjo em você

Agora estou me erguendo do chão, me levantando por você

Preenchido com toda a força que encontrei

Não há nada mais que eu possa fazer

Eu preciso saber agora, saber agora

Você pode me amar de novo?”

–Love Me Again (John Newman)

As duas semanas seguintes se passaram como um borrão. O comandante Frost mandara-a para algumas missões e ela fizera tudo o que deveria, lutara contra exércitos, negociara com outros reinos, fora em reuniões e fizera os piores treinamentos que já realizara em toda a vida, pois Sif fazia questão de não pegar nem um pouco leve com ela.

As noites eram as piores. Ela fazia de tudo para ficar acordada, mas sempre chegava cansada e não conseguia controlar o sono. E assim vinham os pesadelos. Com ele. A menina mal conseguia dizer seu nome sem que seu estômago embrulhasse. Ela o via morrer, o via gritar por ajuda e ela simplesmente não podia fazer nada. A dor não acabava ao acordar. Rayon o via se desfazer em suas mãos e despertava gritando com as lágrimas ardendo em seus olhos. Em algum canto de sua alma ela sabia que metade da culpa de sua morte era dela e completamente dela. Talvez o deus se recusasse a ir se não fosse Rayon a influenciá-lo. Talvez... ora, ela já havia perdido a conta dos talvez que deixara escapar por uma simples decisão. Ninguém perguntara sobre ele, apenas a enchiam de olhares pesarosos de pena. E ela não odiava nada mais do que odiava aquilo. Thor podia ver. Podia ver o que ela sentia, pois tudo o que ele fizera fora sentar do seu lado por quatro horas e simplesmente lhe contar histórias sobre as travessuras de seu irmão. Thor fora o único capaz de fazê-la rir.

Rayon não se sentia deprimida e nem queria estar. Ela só estava com raiva, o que as vezes a fazia desejar estar deprimida. A garota sabia bem os estágios de sua raiva. Primeiro vinha a raiva calma, onde ela apenas vagava como uma alma penada e não se pronunciava para praticamente nada. Depois vinha a raiva arisca, onde ela tinha a terrível mania de fazer comentários ofensivos abarrotados de sarcasmo, ela sempre fora sarcástica, mas não costumava ofender normalmente. E enfim, vinha a ira, onde os surtos eram constantes e ela atacava quem quer que fosse do pior jeito que conseguisse. Agora ela estava prestes a entrar no estágio dois.

–Ray! –Berrou alguém. A menina encarou os olhos cinzentos de Sif e ergueu as sobrancelhas- Você por acaso escutou uma palavra do que eu disse nos últimos dez minutos?

–Era importante? –Disse Rayon revirando os olhos. Sif encarou-a estática. Estágio dois, definitivamente estágio dois.

–RAYON! –Reclamou ela.

–Ora, Sif, estou cansada e você provavelmente está falando como esta irritada porque Thor se atrasou para o treino...

–Eu não.. –Sif bufou e apoiou o queixo em sua mão- as vezes gostaria que você me conhecesse menos, Ray.

A menina sorriu fracamente e encarou o azul claro que pintava os céus, contrastando com o verde profundo das árvores. Aquele verde... tão parecidos com os olhos de... ESQUEÇA-O! Berrou em sua mente. Sentiu os olhos arderem outra vez. Não, ela não queria chorar, muito menos agora. Os amigos só necessitavam de um mísero motivo para enche-la de perguntas e preocupações. Rayon piscou repetidamente para ao menos atrasar as lágrimas de cair. Levantou-se e direcionou seus passos para seu quarto.

–Preciso ir agora, Sif. Nos vemos mais tarde. –Gritou a menina.

–Mas Ray...

–Mais tarde! –Repetiu ela.

Permitiu-se correr pelo castelo até seu quarto, mas seus planos foram por água abaixo quando adentrou o local. O pai de todos encarava a janela calmamente.

–O que faz aqui? –Retrucou ela.

Odin se virou com um sorriso no rosto e deu de ombros. A menina estranhou o gesto. Desde quando Odin se portava daquela forma?

–Ora, Rayon, eu ando marcando reuniões que exigem sua presença há semanas, mas você nunca aparece. Pareceu até que estava me evitando...

–Pois estava! –Berrou ela. Não conseguiria conter as lágrimas por muito mais tempo- Só... só vá embora, tudo bem? Prometo ir à próxima reunião que o senhor marcar.

Odin fitou-a com preocupação e deu um passo na direção dela.

–Rayon... –Chamou ele calmamente. Por um mísero segundo ela pesou ter ouvido outra voz. A voz dele- O que está havendo com você?

–Por favor... só saia –Implorou ela, virando-se para a parede.

Sentiu a respiração dele atrás de si.

–É por causa de Loki? Entendo que deve ter sido difícil para você.

Uma lágrima caiu. Caiu tão lentamente que pareceu levar uma eternidade. Uma eternidade que continha apenas o nome dele. Mas tudo dissipou-se quando ela se deu conta de quem falava com ela naquele momento. Ela se virou e a ira tomou conta de cada parte de seu corpo. Encarou-o e sorriu sarcasticamente. Estágio três.

–Como você ousa achar que entende alguma coisa? Como você ousa ao menos mencionar o nome dele, seu crápula imundo? –Berrou ela.

–Não vou admitir esse comportamento inso...

–Então mate-me! Lance-me novamente em Midgard, me expulse, eu não me importo, mas me recuso a passar mais um dia debaixo do teto de um monstro que matou o próprio filho! –Falou a menina. As lágrimas escorriam queimando seu rosto em cada palavra que proferia. O pai de todos olhou-a chocado.

–Não matei meu filho, Rayon e você sabe muito bem disso!

–Você o matou há muito tempo. O matou quando o rejeitou, quando o prendeu, quando não aceitou quem ele era. Você nunca o aceitou, não é? Só queria um gigante de gelo em seu comando para acabar com uma guerra idiota. Você o julga criminoso, mas foi você que brincou com uma vida. Você é o manipulador aqui e saiba que eu jamais vou descansar até que veja sua total ruína, pois a morte seria um privilégio grande demais para alguém tão pequeno feito você, Odin. –Ela sentiu um imenso poder ao finalmente chama-lo pelo nome.

Odin mantinha a expressão intacta e assim permaneceu pelos outros segundos que se passaram. Finalmente ela viu algo brilhar em seus olhos e uma pequenina lágrima escorrer em seu rosto, mas ela estava com raiva demais para sentir pena ou ser piedosa.

–Saia daqui. –Sussurrou a menina.

–Nós precisamos conversar, Rayon. –Falou ele lentamente, como se tivesse dificuldade em proferir tais palavras.

–Saia daqui! –Berrou ela e lembrou-se de Loki. Ele fizera o mesmo com ela uma vez. E aquilo havia doído, mas agora doía ainda mais. Pois ele não estava ali. Ele jamais voltaria a estar ali.

A menina percorreu as mãos pela bainha da espada e lançou-se contra a porta, deixando um imenso rasgo contra a madeira. Ela gritou o mais alto que pôde até seu ultimo pingo de raiva se esvair. Ela fechou os olhos e encostou a cabeça na parede.

–Sinceramente não entendo porque isso é necessário. –Falou uma voz atrás dela. Ela sentiu um aperto no peito ao identificar de quem era o som.

Virou-se e sentiu suas pernas bambearem. Aquilo era impossível. Ele não poderia estar realmente ali. Ela deveria estar sonhando. Queria correr até ele, mas o peso das ultimas duas semanas caíram de uma vez sobre ela e suas pernas cederam ao chão. A menina esperou o choque com o piso frio, mas os braços dele a seguraram antes do impacto.

–Rayon... –Sussurrou ele. Ela se apertou contra o deus e fechou os olhos- Eu disse que voltaria por você.

O corpo dele ficou frio e ela abriu os olhos. Fitando a parede em sua frente. Olhou para trás a procura dele, mas sabia que ele não estava lá. Ela enterrou a cabeça nas mãos enquanto sentia um buraco se formar em seu peito com a simples lembrança de suas palavras.

“Eu disse que voltaria...” Dissera ele, mas aquilo não fora a pior parte. “...por você”

Sim, essa era a pior parte.


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