Mischief escrita por Liv


Capítulo 6
A Invasão


Notas iniciais do capítulo

OLÁ, POVO! Entramos no universo de Thor: O Mundo Sombrio, e como a maioria já sabe, uma morte virá e... bem, aproveitem o capítulo.



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“Me lembro de lágrimas caindo de seu rosto

Quando eu disse que nunca te deixaria

Quando todas aquelas sombras quase mataram sua luz

Lembro que você disse: Não me deixe aqui sozinho

E tudo isso foi feito e passado essa noite

Apenas feche seus olhos, o sol está se pondo

Você ficará bem, ninguém pode te machucar agora

Logo virá a luz do dia e eu e você estaremos

Sãos e salvos”

–Safe and Sound (Taylor Swift)

–Thor? -Chamou a menina. O deus encarou-a alegre e a abraçou. Ela sabia bem porque ele sorria mais do que o normal.

–Ray! Faz tempo que não a vejo, o que houve? -Perguntou, encarando-a com seus grandes olhos azuis. Rayon sempre amara Thor, ele parecia como um enorme urso assustador, mas era extremamente dócil, a não ser quando lutava, isso sim era aterrorizante, incrível, mas aterrorizante.

–Não ficou sabendo? Estou na guarda de seu irmão. -Disse ela. Thor olhou-a maravilhado e abraçou-a novamente, um abraço de urso, que doía mais do que acalentava.

–Então você será a primeira a colocar juízo na cabeça dura de Loki?

Rayon riu.

–Se nem você, Frigga ou Odin conseguiram como eu seria capaz de tal coisa?

–Mamãe havia comentado que Loki estava mudando graças à uma garota, mas eu não fazia ideia de que a tal garota era você! Já pensou se vocês...

–Thor! Não invente coisas impossíveis e você está exagerando. -Retrucou a menina.

–Ainda não perdi as esperanças nele, Ray, se alguém conseguisse fazê-lo mudar...

–Ninguém vai conseguir nada se ele não quiser, Thor.

–Acredito que você o fará mudar de ideia. -Disse ele, sorrindo. Ray revirou os olhos, discutir com Thor era quase impossível- Mas diga, em que posso ajudá-la?

Ela pensou, havia se esquecido porque estava ali... Jane! Sim, estava ali por ela.

–Sif me disse que Jane estava aqui e eu gostaria...

–Por Asgard, eu havia me esquecido que vocês se conheciam, ela ficará feliz em vê-la de novo! Venha comigo.

A garota seguiu-o até o quarto da mortal. Ela estava sentada em sua cama, folheando um livro curiosamente.

–Jane? Tem alguém aqui que quer ver você. -Anunciou Thor.

Jane virou-se e encarou Rayon um pouco confusa. Ela havia mudado um pouco, agora vestia-se como uma Asgardiana e a menina não deixou de sorrir.

–Rayon? -Perguntou ela. Rayon assentiu e a outra sorriu, indo em sua direção.

–Eu pensava que nos veríamos de novo, mas jamais em Asgard! -Falou Rayon. Jane riu.

–Não é estranho? Mal acredito que estou aqui, é tudo tão incrível, queria ter trago alguns equipamentos para...

–Jane! A astrofísica pode esperar, mas... por que está aqui?

–Já ouviu falar do Éter, Ray? -Perguntou Thor.

Seu ar desapareceu por alguns segundos. A palavra lhe era familiar. Éter... Rayon arregalou seus olhos, já ouvira as mais terríveis histórias sobre aquilo. Elfos Negros.

***

–Loki? -Chamou uma voz. O deus abriu seus olhos e encarou os olhos amendoados da menina deitada a seu lado.

A menina tocou seu rosto, ela sorria levemente, enquanto seus cabelos bagunçados iam para todos os lados, ainda sim ela nunca estivera mais magnífica.

Loki tinha total consciência de que estava sonhando, mas aquele era o único lugar em que ele tinha forças para largar seu orgulho. Talvez estivesse errado sentir o que ele sentia pela menina, talvez ele jamais admitisse a verdade, mas ele não precisava se preocupar com nada quando estava dormindo.

Ela o olhou preocupada.

–Tem algo errado? -Perguntou ela.

–Acho que estou cometendo o erro de me apaixonar por você... -Sussurrou ele. Ela segurou seu rosto e sorriu.

–Mas eu também estou apaixonada por você! -Disse ela. Loki riu secamente.

–É isso que eu quero que você diga, mas não é a realidade.

Ela se inclinou sobre ele, aproximando cada vez mais, a distância entre os dois fazia seu estômago se revirar, então ele puxou-a para si...

***

A menina tentava afastar o terrível sentimento que abatia sua mente. Jane estava morrendo e ela não fazia a menor ideia de como ajudá-la. Ela, Jane e Thor haviam caminhado nos arredores do palácio enquanto o deus explicava à Rayon a situação da mortal. Mais tarde, a menina fora convocada para falar com Odin, deixando os dois a sós.

O caminho até o pai de todos não fora grande o suficiente para que ela se recuperasse do choque, mas ela sabia mascarar o que sentia melhor do que qualquer coisa. O deus se encontrava em seu trono, posicionando-se calmamente enquanto acompanhava a menina com seu duro olhar. Ela não o via fazia algum tempo, o que estava sendo ótimo, até agora.

–Rayon, é bom vê-la novamente. -Declarou Odin sem um real ânimo.

–Uma pena que não posso dizer o mesmo. -Sibilou ela. O pai de todos respirou fundo. Ela sabia que podia enfrentá-lo, mas também sabia a hora certa de parar.

–Imagino que ainda guarde rancor de mim devido ao castigo que lhe dei.

–E imagino que não me chamou para discutir o que penso ou não sobre o senhor. -Odin concordou.

–Tem razão, pois bem, você fez um ótimo trabalho nas masmorras e na prisão. E estou disposto a lhe dar mais uma chance.

–Do que?

–Estou mudando seu posto, Rayon. Agora você faz parte da guarda real, nosso comandante já a viu em batalha e ficou contente com a proposta.

–Mas... e meu posto antigo?

–Já foi ocupado, não se preocupe.

–Mas, eu...

–Sem mas, a decisão já foi tomada, minha cara.

Ela estava prestes a retrucar que Loki não ficaria muito satisfeito com a ideia, assim como ela não estava.

–Senhor, mandou me chamar? -Perguntou um homem.

–Jones! Sim, chamei, já deve conhecer a Rayon.

O comandante Jones era um homem alto de olhos castanhos que poderiam aterrorizar qualquer um. Ele vestia sua enorme armadura, o que o deixava ainda maior. O homem sorriu para ela e estendeu a mão.

–Senhorita Rayon, a guarda de Asgard tem a honra de recebê-la na guarda, você começa amanhã pela manhã. -Anunciou ele.

–Obrigada. -A menina respirou nervosa e encarou Odin- Pai de todos, Comandante, me deem licença por favor.

A menina retirou-se o mais rápido possível. Perguntou-se se Odin estava fazendo aquilo para irritá-la, pois Frigga havia conseguido aproximar a menina de Loki. Bem, se essa era a intenção do pai de todos, ele havia conseguido com êxito.

***

–Você o que? -Perguntou ele calma e friamente.

Loki se encontrava sentado, observando-a. Sua expressão era calma, mas seus olhos mostravam uma fúria que ela jamais vira.

–Exatamente o que você ouviu... -Ele já havia perguntado a mesma coisa quatro vezes.

–Você disse que não... certo? -Loki parecia prestes a matá-la.

–Loki, eu...

–Saia daqui. -Sibilou ele. Ela sentiu como se uma faca estivesse fincando-a.

–Loki!

Ele se levantou e encarou-a. Seus olhos verdes esbanjavam nojo e frieza. O pescoço de Loki exibia algo parecido com cicatrizes e uma cor azulada. Os olhos estavam ficando levemente vermelhos. Ele segurou a grade encantada, suas mãos estavam azuis e o lugar foi congelando lentamente. A menina olhou-o aterrorizada, as vezes ela se esquecia do que ele era. Gigante de Gelo. Filho de Laufey.

Rayon andou até ele e tocou suas mãos.

–Loki, eu virei...

–Não, não vai! -Ele respirava irritado, suas mãos estavam extremamente frias, extremamente gelo- SAIA DAQUI!

Ela se afastou com o berro do deus e fitou o chão. Andou lentamente até a porta e subiu as escadas. Ela havia o perdido.

***

No dia seguinte ela acordara cedo para seu novo posto, não que ela houvesse dormido, pois os olhos do deus das travessuras inundavam sua mente e ela sentia-se prestes a se afogar. Estava disposta a falar com Odin, ela não desistiria tão fácil.

Vestiu-se o mais rápido que pôde. A nova armadura era bem maior e bem mais pesada, assim como a imensa espada. Ela direcionava-se à sala do trono, mas ouviu uma terrível barulheira. Vinha da prisão. Loki. Ela correu até o lugar e viu vários guardas lutando contra prisioneiros fugitivos.

–Por Odin... -Sussurrou ela.

Correu em disparada à multidão empunhando a espada. Os prisioneiros estavam irados, mas também estavam fracos e não aguentavam por muito tempo. Ela notou um terrível humanoide, ou o que quer que ele fosse, andando pela multidão. Ela viu o comandante Jones correndo até ele, mas o animal o segurou pelo pescoço, deixando o homem imóvel. Rayon correu até ele e feriu seu braço. Ele jogou Jones no chão e tentou golpeá-la, mas ela desviou e fincou a espada em suas costas. Ele urrou, ainda tentando agarrá-la. A menina estava prestes a tentar cortar-lhe a cabeça, mas ele acabou a acertando, depois disso, tudo ficou escuro.

***

–Ray! Responde, responde... -Dizia alguém, sacudindo-a.

Ela tentou abrir os olhos, mas estava zonza demais.

–Rayon! -Berrou a voz. Era a de Sif.

–Sif... o que...

–Aquele monstro a atingiu e você acabou desmaiando... o que pensava que estava fazendo? Queria se matar?

–Mas não morri ainda, Sif.

–Você é uma louca suicida, Rayon... -Diz Sif com a voz rouca. A menina abriu os olhos lentamente e encarou a deusa. Seus olhos estavam vermelhos devido a lágrimas e ela parecia extremamente cansada. Sentou-se abruptamente.

–O que houve, Sif? -Perguntou Rayon.

–Os Elfos Negros... Malekith... conseguiram invadir Asgard, pois estavam atrás do Éter e...

–Jane está bem? Diga que não a levaram...

–Não, mas... -Sif fitou o chão nervosa- Mataram a rainha...

Rayon tapou sua boca para conter um grito de terror. Seus olhos arderam e ela sentiu uma terrível dor no peito. A rainha Frigga jamais seria merecedora de um assassinato, ela era uma das poucas almas boas e puras que ainda poderiam existir. A menina sentiu seu corpo tremer.

–Loki... ele também...?

–Não, ele não conseguiu fugir. -Sif recuperou a compostura. Rayon sabia como a menina odiava tocar no assunto Loki assim como o assunto Thor.

Sif ajudou-a a se levantar. Rayon encarou tudo ao redor, muitos corpos ainda estavam no chão e os guardas que haviam sobrado os retiravam dali.

–Eles já a...

–Será a noite, tome um banho e vejo você lá, tudo bem?

Rayon concordou e andou de volta a seus aposentos. As horas passaram rapidamente, mas ela mal notou, pois estava chocada demais para qualquer coisa. Os Asgardianos tinham a falha de chamarem o povo de Midgard de mortais, ela também já cometera tal erro, mas Asgardianos também eram mortais. Talvez ficassem tanto tempo criando títulos que se esquecessem que podem sangrar como qualquer outro humano. E a rainha Frigga fora a prova disso.

Rayon encarou-se novamente no espelho. Ela não era a maior fã de vestidos, mas precisou abrir uma exceção. O longo vestido verde profundo lhe lembrava de Loki. Lhe lembrava de paz. Lhe lembrava de tudo o que não possuía mais. Os cabelos castanhos caiam em seus ombros, com finos fios dourados entre os cachos. A menina respirou fundo e caminhou para fora do quarto, ela ainda tinha algum tempo.

Pensou se Loki estaria bem. No que estaria pensando. Pensou se ele teria uma companhia, mas ela sabia que não. Ao acordar de seus devaneios, estava no meio da escada. Apertou os lábios, ela sabia que o deus não queria vê-la, mas ela não poderia deixá-lo. Não importava o quanto ele gritasse com ela.

***

Ser frio não o privava da terrível dor que o consumia naquele momento. Ser frio não o impediria de chorar ou gritar. Ser frio não o ajudava em nada agora, ele simplesmente não conseguia esconder. Não naquela situação. O deus tentava ao máximo ser forte, mas não possuía força alguma. Ele havia repelido todos os que já se importaram com ele.

Jogou o livro que segurava no chão com força e assistiu o objeto cair. Viu uma silhueta fora de sua cela. Estava um pouco longe então ele não conseguia ver bem com a fraca iluminação que o lugar agora tinha. Usava um longo vestido verde e parecia brincar nervosamente com seus dedos. A pessoa se aproximou dele. Ele já havia sonhado em tocar seu cabelo e fazê-la sorrir, mas jamais pensara em como seria vê-la tão desolada como agora. Ela fitava o livro caído, sem olhar para ele.

–O que faz aqui? -Perguntou secamente, por mais que agradecesse por dentro.

–Companhia...

–Não quero sua companhia.

A boca da menina se contraiu, ele sabia que estava a machucando, mas ele não podia se importar, não mais. Mas tudo o que ele pensara para dizer a ela, toda a frieza que ele estava disposto a jogar na menina, se dissolveu ao olhar seus olhos. Rayon não estava sentindo pena dele, ela parecia estar sentindo dor.

–Mas eu quero a sua. -Sussurrou ela, sentando-se nos pés da jaula do deus. Ela sorriu friamente.- Foi meio que minha culpa, sabe? Se eu tivesse matado aquele infeliz ela... ela não...

E ela berrou. De raiva. De dor. De medo. Loki nunca se dera ao luxo de fazer isso, pois temia que se se deixasse abater, chorar ou qualquer coisa, a dor e a raiva acabariam o matando. Loki levantou-se e foi até a menina, sentando-se ao seu lado, a não ser pela grade.

Nenhum dos dois emitiu um som além do ar de suas respirações. Eles apenas ficaram lá. Nenhum dos dois chorou, mas ambos deixaram-se sentir o luto. Loki pensara que Rayon logo se levantaria e iria ao velório de sua mãe, mas ela continuou ali e ele não queria que ela saísse. Por mais que ele devesse e tentasse negar, ele não queria deixá-la ir. Não como fizera com sua mãe.


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Notas finais do capítulo

Que medo agora... espero que tenham gostado do capítulo *-* fiquem à vontade para comentar, até!!