Mischief escrita por Liv


Capítulo 12
O que não te mata


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NOVO, POVO!!!!!!! Eoooooooo
Boa leitura o/



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“Sabe, a cama parece mais aconchegante

Quando eu durmo aqui sozinha

Sabe, ainda sonho em cores

E faço as coisas que eu quero fazer

Você acha que teve o melhor de mim

Você acha que riu por último

Aposto que acha que tudo de bom se foi

Acha que você me deixou machucada

Mas querido, você não me conhece

Porque está completamente errado

O que não te mata te faz mais forte, te faz sentir maior

Não significa que eu estou solitária quando estou sozinha

O que não te mata, te faz mais forte, te faz sentir maior

Não significa que estou destruída só porque você se foi”

–Stronger (Kelly Clarkson)

Ela sentiu uma picada em seu braço assim que adentraram o laboratório do cientista. Precisava se acalmar ou as coisas começariam a ficar complicadas. Sua cabeça latejava enquanto ela se forçava a ficar de pé.

Os olhos de Bruce se arregalaram ao vê-los entrando na sala, mas soube exatamente sobre o que se tratava. Pediu para que Jane e Steve esperassem do lado de fora e conduziu Rayon até o fundo do laboratório. Os objetos estavam começando a tremer ferozmente, seria um período curto até que começassem a voar pela sala. Sentou-se na frente da menina e ajeitou os óculos.

–Respire, Ray. –Disse o mais calmamente possível. Os olhos dela estavam nele, mas ela não o encarava realmente. Sua mente estava em outro lugar, estava presa nas lembranças.

–Estão voltando... não consigo controla-las... –Murmurou a menina.

Os olhos dela estavam marejados e sua expressão era de pânico. Bruce sabia bem que estágio viria depois... A raiva descontrolada.

–É sua mente, suas lembranças, você consegue. Controle a raiva, controle as memórias, controle a si mesma.

A cada surto de Rayon ele precisava usar um calmante ainda mais forte, mas mesmo forte, estava demorando demais para fazer efeito. O que o homem mais temia era que, se os surtos continuassem piorando, ele teria de usar o calmante que ele mesmo usava quando estava prestes a virar o outro cara.

Ele jamais imaginaria que seria amigo de alguém como Rayon, mas, apesar de tudo, os dois eram imensamente parecidos em muitos aspectos. Ajudá-la também estava o ajudando. Os dois tinham sérios problemas com o controle de raiva e ele podia confessar que as histórias que ela contara sobre quando surtara em Asgard eram divertidas para passar o tempo. Rayon entendia o que era ter um monstro interior esperando para destruir as coisas, mas, por sorte, o monstro dela não era literal. Bruce temia que a menina tivesse mais raiva dentro de si do que ele mesmo possuía.

Enquanto esperava a menina se acalmar, Bruce lembrou-se de quando ela surtara pela primeira vez.

–Bruce! –Berrava uma voz.

O homem deixou o tubo de ensaio que estava em suas mãos cair quando notou o desespero na voz vinda da porta. Ele correu para ajudar Natasha, que carregava consigo a asgardiana Rayon, ele a havia conhecido há alguns dias.

–Natasha, o que...

–Não temos tempo para conversa! Você precisa injetar algum calmante nela agora!

–O que? Por que você não a levou para um hospital ou algo do tipo?

A ruiva encarou-o irritada. Ele tinha certeza que ela bateria em sua cara se pudesse. Bruce ouviu um estranho barulho vindo da mesa onde estava. Ao se aproximar, viu que suas vidraçarias tremiam violentamente. Arregalou os olhos e encarou a agente, que revirava os olhos e olhava-o com um sorriso sínico.

–Quer mesmo que eu responda por que não a levei para um hospital?

Bruce engoliu em seco e ajeitou seus óculos. Direcionou Natasha para o fundo de sua sala. Ao repousar a asgardiana em uma poltrona, ele pôde finalmente notar sua expressão. Os olhos cor de mel de Rayon estavam completamente sem vida. Ele chamava seu nome, mas ela parecia não ouvir. Sua pele morena estava pálida e amarelada.

Natasha o empurrou para o lado e atingiu o rosto da menina com a mão aberta. Bruce olhou-a chocado, mas a agente apenas deu de ombros.

–O que queria que eu fizesse?

Rayon piscou os olhos e sacudiu a cabeça.

–Natasha? Bruce? O que eu... –Ela fechou os olhos e colocou as mãos na cabeça- eu...

O corpo da menina escorregou da poltrona até que seus joelhos atingissem o chão. Bruce estava prestes a correr até ela quando um berro saiu dos lábios da garota. Era um terrível grito de pânico. A ruiva o encarou assustada, tapando os ouvidos. Os frascos de vidro, cadeiras, mesas, armários ainda tremiam, mas aquela não fora a pior parte. Uma das cadeiras foi lançada para o outro lado da sala, algumas das vidraçarias simplesmente explodiram.

Quando finalmente se libertou do choque, o cientista correu para um de seus armários e pegou uma seringa, injetando nela um calmante para a asgardiana. Estava prestes a correr de volta quando foi atingido por outra cadeira. Sentiu seu corpo enrijecer e respirou o mais fundo possível, ele não podia perder o controle também. Piscou sucessivamente os olhos e tentou procurar a seringa.

–Bruce, você está bem? –Berrou Natasha.

–A seringa... injete o calmante... –Falou com certa dificuldade para manter a concentração.

A agente virou-se e pegou a seringa no chão, correndo na direção de Rayon e fincando a agulha em seu pescoço. Demorou alguns segundos para que o grito da menina começasse a diminuir. Os objetos pararam de tremer e a asgardiana finalmente abriu os olhos. Lágrimas escorreram em suas bochechas e seu corpo tombou para o chão, mas a ruiva a segurou.

Bruce e Natasha se entreolharam nervosos. Nenhum deles sabia exatamente o que havia acontecido ali.

–Obrigada... –Murmurou ela.

Bruce sorriu e se levantou.

–Avisarei aos dois lá fora que a área já está segura. –Falou ele, indo em direção à porta. A menina fuzilou-o com o olhar.

–Idiota...

***

–Vai me ignorar o dia todo? –Perguntou impaciente.

Ele sorriu levemente, ainda encarando o livro em suas mãos.

–Loki! –Berrou ela.

–Fale baixo! –Ordenou.

–Você está sendo ridículo.

–Você não cala a boca e eu estou sedo ridículo. –Murmurou, arqueando uma sobrancelha.

–Se vai ficar lendo seu livro então por que raios me trouxe aqui?

Ele sorriu de lado e finalmente encarou-a nos olhos.

–Porque sempre foi assim. Eu lia e você contava as histórias mais idiotas, pensando que eu não estava te ouvindo, mas eu ouvi o tempo todo. Ouvi cada palavra, mas eu nunca vou poder dizer isso à você realmente, vou?

–Loki...

–Pai! –Berrou uma voz. O estrondo das portas o fez cerrar os pulsos e largar o livro.

A imagem de Rayon desapareceu, assim como seu verdadeiro eu. O pai de todos encarou Thor caminhar até perto do trono e ajoelhar-se. Paciência, paciência, você não pode mata-lo agora. Ele respirou fundo.

–Pai, vim para avisá-lo que estou a caminho de Midgard.

–Estou ciente disso.

Thor pareceu se encolher por um segundo.

–Eu sinto muito, pai. Não sei como é perder um amor e espero não saber tão cedo a sensação. Espero que me perdoe por minha insolência.

–Está perdoado, meu filho. Faça uma boa viagem e mande um olá para Jane por mim. –Disse ele, tentando soar o mais convincente possível. Sua raiva havia se dissipado um pouco, mas ele só queria que Thor o deixasse sozinho outra vez.

O deus do trovão sorriu e fez uma reverencia, virando-se para deixar o salão.

***

–Heimdall! –Chamou o pai de todos.

O guardião virou-se e encarou o pai de todos.

–No que posso ajuda-lo, senhor?

Odin não o encarava, fitava apenas as estrelas. Heimdall notara a repentina mudança do rei dos nove reinos. Seu temperamento estava mais forte, ele se irritava mais facilmente e parecia não se preocupar com seus deveres como antes. Por mais que fosse óbvio para Heimdall, apenas Thor também notara a tal mudança. O que quer que estivesse perturbando Odin, o deus estava escondendo muito bem.

–Algum sinal dela? –Murmurou ele.

Os olhos de Heimdall se arregalaram. Já fazia tempo que Odin não perguntava sobre sinais de Rayon. O guardião se lembrava bem do dia em que a menina se fora. Todos os acontecimentos foram perturbadoramente rápidos e inesperados, tirando o fato de que ele ficou inconsciente na maior parte do tempo.

Odin procurara Rayon por três longos meses. Ele sabia que ela estava em Midgard, mas não sabia onde. Heimdall quase enlouquecera pois não conseguia vê-la e apenas a possibilidade de uma grande amiga estar morta era terrível.

–Não, senhor. Creio que...

Mais uma vez, os olhos dourados do guardião se espantaram. Ele não podia ver nitidamente, mas sentia a presença da menina. Depois de tanto tempo, ele podia alcança-la.

–O que está vendo? –Perguntou o deus com urgência.

–Posso senti-la, majestade.

–E onde ela está? –Berrou Odin, fitando as estrelas mais de perto, como se pudesse ver Rayon.

–Ela... –E tão subitamente como apareceu, ela sumiu. Como uma fraca luz piscando até que finalmente perdera seu brilho- Eu... eu a perdi...

–Não! Heimdall, você precisa encontra-la. Precisa fazer isso, me entendeu? –Disse irritado.

Heimdall assentiu. Lembrou-se de como era incrível fazer o que fazia. Era diferente para cada pessoa. A maior parte, ele podia ver nitidamente. Ver o que faziam, o que diziam e, talvez, até o que sussurravam. Claro que existiam as exceções. Algumas pessoas cuja vida era mais pacata e sem muito movimento, ele tinha um pouco mais dificuldade para encontrar. Os hospitais de Midgard sempre o deixaram nervoso. A maior parte das pessoas que ia para lá não estava totalmente consciente ou estava em estado de calamidade. Isso o fazia ter dificuldade para ver bem.

Depois de seus muitos sóis observando os nove reinos, o guardião aprendera que havia algo que o ajudava a enxergar mais do que qualquer coisa. A raiva e o pânico. Ambos os sentimentos injetavam uma terrível adrenalina, tornando as pessoas mais suscetíveis a fazerem coisas que não faziam se não estivessem à mercê de tais emoções. Talvez aquele fosse o caso de Rayon. Ela provavelmente estaria sentindo raiva ou pânico. Se os pensamentos mais insanos que corriam na cabeça de Heimdall estivessem certos, ela provavelmente surtaria mais vezes e com mais intensidade até que, finalmente, ele pudesse vê-la nitidamente.

–Qualquer sinal dela farei questão de informa-lo, senhor.

Odin assentiu e virou-se para a Bifrost.

***

–Rayon! –Berrou Jane, chamando-a para o lado de fora. A menina bufou e inclinou a cabeça para trás, ignorando a outra.

–O que foi, Jane? Sabe que estou com dor de cabeça e...

–Acho que alguém não ficou feliz com minha presença. –Disse uma voz.

Os olhos de Rayon se abriram e ela se levantou abruptamente, encarando um rosto que não via fazia muito tempo.

–Thor! –Exclamou, correndo na direção do deus e abraçando-o.

–É bom te ver, velha amiga.

Ela sorriu para ele e assentiu.

–Também é muito bom te ver. Jane estava quase tendo um enfarte sem sua presença aqui.

Jane arregalou os olhos.

–Rayon! Eu não estava tão desesperada assim...

–Sério? Então o que me diz de quando você...

A humana correu até Rayon e tapou sua boca.

–Ela está delirando.

Thor riu alto e abraçou-a. Rayon estava prestes a deixar o cômodo silenciosamente quando ouviu a voz de Thor chama-la.

–Ray, será que podemos conversar por um instante?

A menina o encarou confusa, mas assentiu. Quando os três se sentaram no sofá ela finalmente notou o olhar pesaroso dos dois sobre ela.

–O que foi? –Perguntou curiosa.

–Ray, do que você se lembra? –Perguntou Thor.

–Do que me lembro? Do que exatamente está falando?

Thor e Jane se entreolharam.

–De Loki, Ray. Do que se lembra dele? –Disparou Jane.

Rayon segurou um riso. Às vezes Jane soltava alguma pergunta estranha sobre Loki, mas ela jamais entendera a razão.

–Loki? Não estão falando sério, estão?

–Ray, Jane me disse que você está com problemas com suas lembranças.

–E o que isso tem a ver com seu irmão?

–Nada, é só curiosidade.

–Não me lembro de nada demais, nós nunca tivemos uma conversa civilizada.

–Entendo... –Murmurou Thor. Ele fitou o chão por alguns segundos, mas logo seu sorriso voltara- E então, como estão as coisas aqui?

–Você não vai acreditar! A Darcy e o Ian...

Rayon desviou seus pensamentos para outro lugar. O que quer que fosse que ela esquecera, eles não iriam dizer. Talvez por medo de que ela surtasse, mas ela tinha a absoluta certeza de que tudo levava a um lugar só. Uma única resposta. Loki


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