Mischief escrita por Liv


Capítulo 11
Por baixo disso tudo


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO SURPRESA PARA VOCÊS AMORES!!!! Voltando do Hiatus com toda a forçaaaaa, espero que gostem. Fiquem a vontade para comentar :*



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“Ninguém sabe como é por trás dessa máscara

Por trás desses olhos

Eu gostaria que nós pudéssemos recomeçar

E voltar no tempo para corrigir o passado

Eu gostaria de poder te dizer como me sinto, mas tenho medo

Eu queria apenas poder te dizer que

Por baixo disso tudo eu ainda sou o seu amor

Ainda sou quem está nos seus sonhos

Por baixo disso tudo estou sentindo muito sua falta

Não vamos desistir”

–Underneath It All (Martina Stoessel)

Seu coração palpitava mais rápido do que ele gostaria. Suas mãos não paravam quietas e seus olhos estavam ardendo.

–Majestade, está tudo bem? –Perguntou ela, encarando-o.

Ele direcionou seus olhos para a garota por um segundo, desejando que ela sumisse dali. Mesmo fuzilando-a com o olhar, o olhar de preocupação não se desfez de seu rosto, ela apenas recuou um passo.

Estava prestes a responder a estúpida pergunta da mulher quando ouviu um estrondo das portas se abrindo. Ele revirou os olhos, já não bastava ter de aturar uma imprestável, mas teria de aturar dois? Céus, o que ele havia feito de tão ruim? Um nó se formou em sua garganta, ele sabia bem o que havia feito.

–Pai, tenho uma ótima notícia! Os acordos com... –Ele ergueu uma mão, interrompendo-o. O homem loiro o olhou confuso e desapontado.

A moça tossiu levemente. Ela ainda estava ali? Ele não deixara claro o suficiente que não queria falar com ela? Imbecis. Ela direcionou seus passos para o homem loiro e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-o assentir. Antes de deixar o grande salão, ela encarou-o uma última vez, sentado preguiçosamente em seu trono.

–Pai, nós precisamos conversar.

–E quem é você para me dizer o que preciso ou não fazer? –Retrucou irritado.

–Pai, sou eu, Thor, seu filho. Sabe bem que não precisa se fechar tanto comigo.

–Sendo filho ou não, ainda é meu súdito então não ouse se portar como um rei.

–Mas como quer que eu aja quando o próprio rei não está agindo como tal? –Berrou Thor.

Ele arregalou os olhos e se inclinou mais para frente, encarando seu suposto “filho”. Thor sentiu um arrepio tomar conta de si, ele detestava mais do que tudo ter de enfrentar seu pai, era perigoso demais. Quando se tocou que Odin não diria nada, continuou:

–O senhor parece não se importar mais com nosso reino, Pai. Ignora completamente todas as tentativas de ataque em Asgard, que vem aumentando muito nesses últimos meses. Parece que... parece que perdeu completamente o rumo. Não sei bem o que está havendo, mas o senhor pode contar comigo. Sei o que é sentir saudades.

–O que está insinuando?

–Que o senhor sente falta de minha mãe. –Foi apenas por um segundo, mas ele podia jurar que seu coração havia parado e seu corpo foi consumido por uma dor que ele estava guardando há muito tempo.- Pai, eu entendo que...

–Você entende? –Sussurrou Odin, fazendo Thor se calar.

Um sorriso gélido formou-se nos lábios do pai de todos, tornando-se então uma risada melancólica e assustadora. Ele parecia completamente lunático. Voltou seu olhar ameaçador para Thor e fitou-o por alguns segundos.

–Você entende? –Berrou, ficando de pé- O que você acha que entende, Thor? Você pode encontrar com aquela estúpida humana quando tiver a mísera vontade. Pode tê-la em seus braços quando a saudade bater à porta. É assim que você entende? Então leve sua compreensão estúpida de volta para Midgard e afogue-se com ela!

Seus pulmões pareciam estar em chamas. Ele havia escondido a dor, a ira e a saudade até de si mesmo. Era até fácil não pensar no assunto, afinal, ninguém falava sobre isso. Até que o grande e poderoso Thor veio tirar sua paz. Ele poderia mata-lo, seria a coisa mais satisfatória para si naquele momento, mas não podia ser tão imprudente.

Sim, ele sentia falta dela. Sentia mais falta do que gostaria, pois aquilo o estava consumindo e ele deixaria que o fizesse. A morte de sua mãe sempre seria uma profunda cicatriz em seu coração, mas não era por causa de Frigga que estava assim. Era por Rayon. Sua Rayon. Mas ele a perdera.

–Pai, eu sinto...

–E do que seus sentimentos adiantam? Do que sua pena adianta? –Quanto mais Thor falava, mais furioso ele se sentia. Seu controle estava acabando- Me diga!

–Eu também a perdi, Pai. Então não aja como se fosse o único que estivesse sofrendo! –Bradou ele.

Uma lágrima percorreu o rosto de Thor. O deus sentia tanta falta de Frigga quanto ele, mas ele já havia superado. Perder Rayon fora mil vezes mais doloroso do que perder sua mãe, mas Thor não sabia disso. Thor não fazia ideia da real situação. Thor era ingênuo demais para isso. Thor, Thor, Thor... o pobre e doce Thor.

–Quando sua querida Jane for levada para longe de você, então venha conversar comigo sobre entender o que se passa em minha mente... filho! –Disse o pai de todos, praticamente cuspindo a palavra “filho”.

Thor fitava o chão com os pulsos cerrados. Demorou algum tempo até que o deus levantasse e deixasse a sala, mas diferente de Sif, Thor não olhou para trás.

Ele esperou até que estivesse certo de que estava só, então deixou que seus joelhos tocassem o chão. Tentou apoiar-se no cetro, mas estava fraco demais. A magia se esvaiu completamente, fazendo-o retornar para sua forma real. Loki.

Em alguma parte de si, ele queria que o irmão entendesse o que se passava com ele. Ele queria desesperadamente que alguém, qualquer um, entendesse, mas jamais entenderiam. O amor sempre viera facilmente para Thor. Amado infinitamente por pai e mãe, amado por seu povo e por qualquer um que o rodeasse. As mulheres sempre o desejaram e os homens sempre o admiraram por sua força. E o mesmo fora com sua querida Jane. Loki podia apostar que ela se encantara por Thor no momento em que o vira. Qual a dificuldade de viver assim? Nenhuma, claro.

Para Loki o oposto do irmão era sua irritante realidade. Ele jamais fora belo ou forte como Thor. Jamais tivera amigos ou metade do carinho que o irmão recebia. Jamais se queixara disso, mas viver à sombra do irmão era a pior coisa que ele poderia desejar. Talvez Loki fosse de outro jeito se o tivessem notado. Talvez sorrisse com mais frequência ou risse verdadeiramente caso tivessem gostado dele, mas esse nunca fora o caso. Não se pode culpar uma criança por atos errados quando essa é a única saída para que ela seja notada. Toda essa tristeza se transformou em uma fria e sádica raiva que o afogara em seus próprios pensamentos.

Até que chegou Rayon. Ela não era amável, não era dócil e jamais seria frágil. Rayon era fria, manipuladora e sarcástica. Ela o detestava e ele não sentia nada mais do que nojo e pena da garota. O que ele sentia por ela demorou para acontecer, os dois não se apaixonaram da noite para o dia ou se encantaram pela primeira vista. Ela o amou pelo que ele era e ele tinha a certeza de que ela não o amaria se fosse diferente. Sabia que ela não o amaria se fosse como Thor. Rayon, sua Rayon, o amou por ser Loki. Ela não queria que ele mudasse, não queria que ele parecesse com outra pessoa. Ela o queria como ele era. Exatamente como ele era.

Já faziam quatro meses que ele não a via. Quatro meses que a perdera completamente. Ele tentara de todas as formas procura-la, mas nem Heimdall a havia encontrado. Apesar de jamais admitir em voz alta, ele estava com medo. Agora que finalmente conquistara o trono, sentia que não o queria mais. Ele estava fazendo de tudo para guardar seus sentimentos, pois sabia bem que, quando os deixasse sair, ele iria para Midgard. Ele desistiria do trono, da glória e de todo o poder para tê-la de volta.

Não! Você não vai perder o controle. Depois de todos esses anos desejando o trono, você não vai abrir mão dele por nada nem ninguém. Mesmo que esse alguém seja ela...

***

Seus olhos azuis brilhavam para ela, provocando-a. Ela sorriu para ele enquanto corria em sua direção. Ele quase desvia, mas ela fora mais rápida. Usa o chão como impulso e envolve seu pescoço com os braços e lança uma perna para cima de seus ombros, no intuito de puxá-lo para baixo. O homem tenta agarrar suas pernas, mas ela desvia e finalmente o lança ao chão. Ajoelha-se sobre ele e deposita um pé em seu pescoço e firma seus braços no chão. Um sorriso se forma em seus lábios.

–Parece que alguém não tem treinado o suficiente, não é mesmo, Capitão? –Retruca ela, colocando-se de pé.

–Você está ficando rápida, Ray. Parece que Natasha está te treinando bem.

–É sério? –Perguntou rindo alto- Quando é derrubado simplesmente arruma uma desculpa. Onde está sua honra, Steve?

O homem ri e se levanta, andando em direção aos armários e pegando uma toalha pendurada e atirando na garota.

–Ei, Ray, como anda a mente? –Perguntou ele. Steve era simplesmente assim, falava o que tinha de falar, mas nunca na intenção de ofender. Ele estava apenas perguntando como se tocar naquele assunto fosse algo normal.

Conviver com Steve Rogers fora uma total dificuldade para ela. Ele era uma boa pessoa, inteiramente uma boa pessoa. Ela conhecera pouquíssimos assim e era complicado aceitar o jeito do homem. Tony fora simplesmente fácil de conviver, eles se davam muito bem, pois ele tinha o toque sarcástico que ela tanto adorava. Clint era hilário e brincalhão, podia passar horas com ele contando histórias. Natasha fora fria e distante no começo, mas ela aprendeu a fazê-la se abrir, pois a mulher a lembrava muito de Sif. Pepper sempre fora um doce com ela e não perdia a chance de lembrar Tony de quando Rayon acordara pela primeira vez. Bruce era alguém que ela simplesmente amava conversar, ele era calmo, mas ao mesmo tempo irritado, era genial e ingênuo. Steve a lembrava de Thor, só que mais amável e correto. E Jane, uma grande amiga, sempre a visitava quando possível.

Midgard estava sendo a melhor experiência de sua vida, Rayon conhecera pessoas excepcionais e, por alguma ironia, tornou-se amiga delas. Sim, ela sentia falta de seus amigos de Asgard, mas na Terra ela sentia-se diferente, sentia-se livre.

Fitou os olhos azuis que a encaravam curiosamente, esperando uma resposta.

–Anda bem, eu acho. Os sonhos ainda estão confusos, tantos flashes sem sentido, tanta raiva... Não tenho ideia de como lidaria com isso sem a ajuda de Bruce.

–Acabou que ele se tornou seu terapeuta. –Comentou o Capitão, fazendo a rir.

–Talvez sejamos terapeutas um do outro. O jeito que ele vê tudo é tão... diferente.

–Fico feliz que esteja se adaptando.

–Foi difícil para você? –Disse ela, com extrema curiosidade- Digo, acordar aqui depois de tanto tempo...

–Ainda é difícil, mas eu me acostumei. Me agarrei as coisas boas que encontrei nesse mundo de caos. Ainda existem coisas que realmente valem a pena.

Antes que ela pudesse responder, Jane entrou no local desesperada.

–Rayon! –Berrou ela, indo ao encontro da menina.

–Oi, Jane!

–Tem algo que preciso te mostrar. –Ela virou-se para revirar a bolsa, mas parou e encarou Steve, notando enfim sua presença ali. Esboçou um breve sorriso- Olá, Capitão.

–Jane. –Saudou ele, sorrindo de volta para ela.

Steve fez gesto com a cabeça para Jane, curioso sobre o que estava havendo. Rayon deu de ombros, tão confusa quanto ele. A mulher enfim retirou da bolsa algo parecido com um pergaminho.

–É para você. –Disse Jane, entregando-o para ela.

Rayon abriu o papel e fitou a caligrafia que ele continha. Ela conhecia bem o dono daquela letra.

Cara Ray,

As coisas estão difíceis aqui em casa, o pai de todos está cada vez mais distante. Sif está entrando em pânico, na verdade, todos estamos. Tentei falar com meu pai hoje, mas ele está abalado demais pela morte de nossa mãe, mas eu jamais o vi perder tanto o controle como hoje. Eu achei que o entendia, mas nunca perdi um amor. E vê-lo daquele jeito me lembrou de como estava sentindo falta de Jane, mas também me lembrou de você. Ray, eu lhe devo muitas desculpas, eu a deixei só após a morte de meu irmão. Sei que fui o único a saber que vocês dois estavam juntos, mas esqueci completamente do fato. Você precisava de um ombro amigo que nem mesmo Sif poderia dar, pois ela não sabia.

Rayon, meu pai sempre fora centrado e até mesmo ele perdeu o controle. Não sei como está sendo para você, mas saiba que pode contar comigo quando for necessário. Vou visitar Jane em alguns dias e tenha a certeza de que vou reparar meus erros.

Diga à ela que a amo e que logo nos veremos. Também estou ansioso para revê-la, minha amiga. Sif, Volstagg, Hogun e Frandal mandam um “olá”.

Até breve!

Thor

A menina só se tocou que seu coração estava acelerado quando a carta de Thor chegou ao fim. Aquelas palavras trouxeram tantas lembranças confusas. Sua cabeça parecia prestes a explodir. Sentiu as pernas bambearem e todo o seu controle ser sugado de si de uma só vez.

–Ray, está tudo bem? É algo grave? –Perguntou Jane apreensiva ao lado de Steve.

–Eu... preciso falar com Bruce... –Murmurou antes que seus joelhos tombassem totalmente.


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Notas finais do capítulo

Alguma ideia sobre o que irá acontecer? Amanhã mesmo tem capítulo novoooo