Mischief escrita por Liv


Capítulo 1
Banida


Notas iniciais do capítulo

É a primeira vez na vida que escrevo algo que vai se passar "em torno" de um romance. Mas, caros leitores, saibam que não será nada meloso ou algo do tipo, estão prestes a entrar na mente de dois assassinos loucos, as rosas virão, mas antes haverá o tempo de espinhos.Agradeço desde já por estarem dando uma chance para essa história. Boa leitura!



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“Já faz muito tempo que vivemos nessas mesmas velhas vidas

Me sinto frio demais para viver

Jovem demais para morrer

Você vai andar na linha, como se tivesse que escolher?

Apenas esqueça o saber, o melhor é usar

Você não vai me acompanhar para dentro da selva?

Não existem deuses nessas ruas, no coração da selva”

–Jungle (Jamie N. Commons)

–Tragam a garota! -Bradou o pai de todos.

A enorme porta da sala do trono se abriu, revelando dois grandes guardas segurando uma menina. Seu corpo estava abarrotado de cortes, mas isso não a impedia de sorrir. Mesmo algemada e caminhando para a morte certa, ela não mostraria sua fraqueza. Jamais.

–Rayon! -Berrou Odin.

–Pai de todos... -Disse a menina, curvando-se diante dele. Seus olhos castanhos divertiam-se com a cena.

–Você foi acusada de roubo, agressão e assassinato. Isso é inaceitável! E essa é a sua terceira advertência em apenas um ano, Rayon! Já ficou presa por dois meses e parece que nada adiantou, então temo ter de tomar medidas mais drásticas agora. Sua presença neste reino pode ser mais perigosa do que eu pensava.

–Não sei se entendi onde o senhor pretende chegar...

–Morte, minha cara. -Disse ele, inclinando se para frente.

O pai de todos sempre a deixara com muitas dúvidas. Apesar de todos os problemas que ela causava, ele sempre a tratava com bondade. Mesmo agora, em que suas palavras estavam rígidas, ela podia enxergar mansidão por baixo de tudo, mas ela jamais pensara que as coisas chegariam nesse ponto. Seu coração bateu forte e ela se perguntou se Odin estaria tentando apenas assustá-la.

–Pai de todos! -Berrou uma voz adentrando a sala. Sif caminhava rapidamente. Ela fez uma reverência e encarou Odin assustada.

Sif era como uma irmã para ela, ensinara à Rayon tudo o que ela sabia. A menina sempre havia se espelhado em Sif, como guerreira e como pessoa, mas havia finalmente notado que não nascera para a grandeza como a amiga. O sangue que corria nas veias de Rayon sempre a levaria para a morte certa, mas sempre com um pingo de diversão.

–Pai de todos, eu lhe imploro, não faça isso... O senhor sabe bem que Ray sempre foi ingênua e...

–Creio que a ingenuidade da menina acabou quando ela matou um de nós. -Declarou Odin. Agora Rayon via tudo o que jamais notara, o quão amedrontador ele poderia ser. Ela iria morrer, sabia bem disso.

–Ela o que? -Sif virou-se aterrorizada e encarou Rayon.

A menina queria pedir perdão, queria contar seu lado da história, mas ninguém acreditaria nela.

–Rayon, como você pôde? -Berrou Sif. Ela tentou se aproximar da menina, mas os guardas a barraram. Sif virou-se para Odin, com as mãos tentando esconder o nervosismo- Senhor, por favor, deve haver outra maneira. Prendê-la por algum tempo...

Rayon revirou os olhos, a prisão era mais entediante do que morrer. Odin encarou Rayon por um longo tempo. Ela o encarou de volta, mesmo com o medo que sentia e pensou ter visto a bondade dele outra vez.

–Bem... há mais uma opção. -Disse ele. Sif respirou aliviada- Guardas, avisem Heimdall que a criança Rayon será enviada para lá imediatamente.

A respiração de Rayon falhou e seus joelhos cederam ao chão. Tudo pareceu parar por um longo tempo. Sif cobriu a boca com as mãos e emitiu um ruído de pavor. Odin se aproximou da menina e encarou-a com um terrível pesar. Segurou suas mãos e beijou sua testa.

–É o máximo que posso fazer por agora, criança, mas você vai se dar bem, vai para o reino onde Thor achou quem ele era, creio que assim será com você. Boa sorte.

Assentiu, ainda trêmula, ele permitiu que Sif a abraçasse e foi levada para longe. Asgard passou rápido demais, logo estavam no final da Bifrost. Os guardas deixaram-na ao lado de Heimdall e se retiraram. Ele respirou fundo.

–Ray...

–Vou morrer lá? -Perguntou em desespero.

–Como o pai de todos disse, você é esperta e forte o suficiente para sobreviver lá.

–Acha que um dia vou poder retornar?

–Depende de seu comportamento lá, mas creio que Odin irá traze-la de volta. Assim que ele confiar em você de novo...

A menina assentiu e caminhou para frente, encarando a imensidão de estrelas.

–Não se meta em encrencas, Ray! -Retrucou Heimdall sorridente.

Ela gargalhou e se virou para ele.

–Não posso prometer nada. -Disse ela com um sorriso.

–Adeus. -Disse o guardião da ponte.

–Adeus. -Ela disse.

Pensou se Midgard seria tão ruim assim. Apesar de ainda ter o bom semblante de Odin em sua mente, agora ela seria capaz de estapeá-lo. Ela estava banida, banida de seu próprio lar, já não fora o suficiente banir o próprio filho? E dali, surgiu a semente de ódio pelo pai de todos, algo que ela jamais imaginara ter.

Ela fechou os olhos e sentiu como se o chão tremesse forte abaixo de seus pés. Caiu de joelhos e encarou atordoada o lugar em sua frente. Parecia estar no topo de uma montanha. O lugar onde ela caíra havia queimado a vegetação, formando um grande círculo de símbolos ao seu redor. Rayon se levantou e sentiu o vento soprar sobre seus cabelos castanhos.

Encarou o céu, em algum lugar lá em cima, estava seu lar. As lágrimas queimaram em seu rosto e ela cerrou os pulsos. Espantou o nó em sua garganta com um grito de ira. A ira que agora sentia de Odin. Lembrou-se do que Heimdall dissera à ela.

" creio que Odin irá traze-la de volta. Assim que ele confiar em você de novo..."

Rayon encarava o céu como se olhasse nos olhos do próprio Odin.

–Confie em minha raiva! -Disse a menina.


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Notas finais do capítulo

Fiquem a vontade para comentar! Obrihadapor lerem ;)