Amor Egoísta. escrita por Raykkenoha


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Espero que gostem!



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— “Química é vida” — falou Gray Fullbuster, professor de química do ensino médio do colégio Fairy Tail. — Essa frase, dita por um cientista, deixou uma profunda impressão em mim. Quando a matéria interage com outra matéria, ocorrem reações químicas e novas, desconhecidas possibilidades passam a existir. — continuou sob os olhares atentos de seus alunos. — A mesma coisa acontece na interação entre pessoas... — fez uma breve pausa dramática. — Existe a possibilidade de que um novo você exista... Eu quero que vocês entendam isso.

Esse homem, um professor de vinte e cinco anos, bonito e legal, era quem mais povoava os pensamentos de Juvia Lockser, aluna que declarou seus sentimentos a ele e a única que sabia a dolorosa verdade sobre ele: ele é o ser humano com o sangue mais frio de todo o mundo.

— Sensei, o que o senhor falou agora foi tão tocante! — falou uma menina loira.

— Tá explicado o porquê de o senhor ter virado professor... — falou uma morena com os olhos brilhantes. Gray virou seu olhar para ela. — É por que o senhor valoriza muito as relações interpessoais!

— O que você tá falando? — retrucou a loira. — Isso é óbvio!

Juvia observava aquilo aparentando tédio, mas se corroendo de ciúmes por dentro. Gray Fullbuster sorriu, parecia até amigável.

— Sim! — respondeu. — É claro!

“Não! Mas quando! Bando de cabeças-oca!” pensava o moreno.

— Às vezes eu sou tão inteligente que me assusto. — falou o Fullbuster, sentado a mesa na sua sala, enquanto Juvia organizava sua papelada. — Como eu consigo atrair essas estudantes tão facilmente? — riu e deu um trago em seu cigarro. — Cara, eu até soltei uma frase bem idiota hoje! E aqueles estúpidos me levaram tão a sério! — voltou a rir.

— Ah, mas com certeza aquilo que você falou em sala expressa os seus verdadeiros sentimentos! — exclamou Juvia sorrindo. — Se não você não surgiria com tantas palavras bonitas! — “Apesar de que só acreditei que você disse aquilo por que eu estava lá” pensou a azulada. — Fiquei tocada de verdade!

— Ah, não! — ele riu sarcástico. — Nivelar a inteligência coletiva de vocês é brincadeira de criança. — tragou seu cigarro e expeliu a fumaça na direção de Juvia, fazendo a menina tossir e se afastar dele. — Olha, as pessoas são criaturas solitárias... Entende? — ajeitou-se na cadeira. — Depender de alguém sem motivos concretos é um absurdo. E mudar por alguém é puramente impensável, mas faz aquelas crianças estúpidas felizes... E aumenta a minha popularidade também. — Juvia bufou. — Contanto que os alunos estejam satisfeitos, está tudo bem. — ele ergueu o olhar para encara-la. — Quando terminar com isso não se esqueça de empacotar.


***

Juvia havia declarado seus sentimentos para Gray Fullbuster há dois meses e...

Nada havia mudado.

— Nada! — exclamou irritada.

Estava em sua casa, conversando com suas melhores amigas, Erza e Mirajane, que eram primas; e também eram sobrinhas de Gray Fullbuster.

— Se eu quero que ele me trate com mais gentileza? — perguntou enquanto andava de um lado para o outro em seu quarto. — Ou se quero que ele me conforte com palavras de amor? Se eu quero ter um caso secreto e sórdido com ele fora da escola? — bufou. — NÃO! Eu não espero uma vida completa com esse tipo de amor doce e meigo! — respirou fundo. — É claro que eu não tenho altas expectativas!

Juvia sentou na cama e mordeu seu travesseiro com força.

— Ela com certeza têm, não tem? — Erza sussurrou para Mirajane, que concordou com a cabeça.

— Estou com pena do travesseiro. — murmurou.

Juvia parou de morder o travesseiro e afundou seu rosto nele, soltando um grito abafado.

— Eu pensei que eu poderia ser alguém especial se ficasse mais tempo com ele... — suspirou tristemente. — Mas no fim eu sou só uma estudante que é útil para ele. Tudo que sou é sua secretária sem salário.

Erza e Mirajane se entreolharam um pouco preocupadas.

— Se ele só me elogiasse uma vez ou outra... — falou a azulada melancólica. — Tipo “Ah, não precisava fazer isso”... Coisas assim.

— Ah, o amor adolescente é sempre complicado... — Erza disse.


***

— Quatorze de março* está chegando! — exclamou Juvia animada enquanto entrava na sala do professor com um pacote cheio de papéis.

— Uh. — resmungou.

— Eu te dei chocolates, não foi? — acrescentou em um murmúrio: — E uma gravata que você nunca usou.

— Hm.

— Digo, eu não quero um doce nem nada... — falou com a voz sonhadora. — Eu só adoraria ter algo seu... Até o seu isqueiro seria bom.

— Hm.

Ela suspirou com melancolia.

“Não importa o que eu faça ou fale... Ele nunca reage” pensou triste.

— Lockser.

Sim? — respondeu prontamente, os olhos brilhando em expectativa.

— Vá me comprar um maço de cigarros. — mandou. — Tem uma loja de conveniências na esquina.

“O que eu estava esperando?” pensou irritada consigo mesma.

— Compre da mesma marca que esse aqui. — falou, colocando o pacote na mão dela.

— Sensei? Esses não são um pouco concentrados demais? — perguntou olhando para o pacote e vendo que possuía 12 MG de resíduo de tabaco.

— Eu fumo o que eu quiser.

— Gray-sama realmente deveria mudar para algo com menos resíduo de tabaco! Talvez um pouco menos fosse bom o bastante! — falou convicta. — Até o meu pai mudou...

— Ah. — bufou. — Pare de se incomodar com isso. — ordenou. — Será que você poderia parar de interferir nas minhas escolhas pessoais? — reclamou. — Eu realmente não aguento isso.

“Gray-sama... Apesar da minha fachada de estudante honrosa, ele vê através de todas as minhas intenções. Ele é o único que me aceitou verdadeiramente. Como você se comporta... De forma deplorável ou não... Nós é que decidimos, não é?

Ultimamente eu venho pensando... Os únicos lugares que Gray-sama gosta são o quarto dele e o seu carro... Lugares onde ninguém pode perturbá-lo... Acho que a verdade é que ninguém nunca será capaz de abrir o coração dele.”

— Aqui seus cigarros. Da mesma marca.

— Obrigado. — falou e antes que Juvia saísse de perto dele, chamou: — Lockser.

Ela virou-se para ele e ele pegou sua mão, colocando algo metálico nela.

— Aqui, tá bom? — ela sentiu sua boca secar enquanto encarava o isqueiro de metal que estava em sua mão. — Algum estudante me deu isso um tempo atrás.

— O-obrigada... — falou quando sua voz voltou e depois se virou de costas para ele e levou o isqueiro aos lábios, depositando um beijo nele.

“Ele é tão esperto,” pensou enquanto olhava para Gray de soslaio “ele consegue levar minhas dúvidas fora em instantes”.

— Ei, Gray-sensei! — acenou uma menina no portão da escola, olhando para o professor que andava até o fim da rua ao lado de Juvia.

— Essa é a Lockser do lado dele? — murmurou outra garota. — De algum jeito eles sempre estão juntos...

— Bem, você sabe como as notas dela são tão boas e ela é meio bonitinha também... — sibilou uma terceira garota. — Aposto que ela usa isso pra ficar mais perto do Gray-sama.

— Ela não tem vergonha? — resmungou enciumada.


***

— Bom dia!! — exclamou um rosado adentrando o laboratório de química. — Sou do Manmaken! — sorriu ao reconhecer o professor que estava na sala. — Fullbuster! Tudo bem, cara?

— Eu não me lembro de ter pedido nada...

— Táticas de venda de alta pressão — falou o outro. — Ah, cara! Não somos colegas da faculdade? E como a minha loja é aqui perto, pensei que um dia você ia me visitar, até por que você ama pizza. Mas você raramente sai daqui, né?

— Me sinto mais confortável sozinho. — resmungou. — E você fala muito.

— Não creio! Você quer dizer que se incomoda com outras pessoas? — perguntou em tom jocoso. — Desde quando você desenvolveu sentimentos?

— Hmpf! — resmungou e lhe lançou um olhar irritado.

O outro homem começou a gargalhar.

— Ah, cara, você não mudou nada! — limpou uma lágrima causada pelas risadas. — Continua iludindo as pessoas com teu charme!

— Que tipo de comentário rude é esse? — bufou. — Eu sou o professor ideal, não iludo ninguém, só completo suas expectativas.

— Ah, claro. — ironizou. — Você é o modelo da perfeição.

— E quanto a você? — questionou o Fullbuster. — Por que está no ramo de pizzas? Não era você que se matava para virar um professor?

— Ah, eu não te falei? — Gray arqueou a sobrancelha. — A garota por quem estou apaixonado é a filha do dono de uma pizzaria! — sorriu animado. — Ela disse que se eu quisesse casar com ela, deveria ser capaz de fazer uma boa pizza!

— Pelo amor de Kami-sama! — exclamou o moreno. — Para mudar algo na sua vida por causa da opinião de outras pessoas, até você perder de vista as suas próprias metas de vida... Se fosse eu, eu ficaria tão envergonhado, até me mataria.

O rosado o encarou abismado.

— Você até cometeria suicídio... — “Idiota orgulhoso” era o que pensava.

— Não é que eu tenha me esquecido das minhas metas de vida... — falou. — Eu realmente quero ser um professor... Essa decisão foi muito difícil. — suspirou. — Mas quando eu tentei me convencer a não fazer isso, descobri que esse trabalho realmente combina comigo, por isso eu sou muito grato a ela... — sorriu. — Eu gosto de quem eu sou agora, sabe?

Gray o encarava com puro tédio, pensando: “Não é esse o tipo de raciocínio que perdedores usam para escapar da realidade de seus fracassos?”.

— Gray-sama, quer almoçar comigo...? — ela olhou para o prato vazio na mesa em frente a Gray. — O QUÊ? VOCÊ JÁ COMEU?! — perguntou irritada.

— Uau, uma aluna do ensino médio. — o rosado comentou. — Que bonita!

Ela, ao notar que havia outra pessoa na sala, recuperou a compostura e abriu um sorriso.

— Oi, eu sou o amigo dele da faculdade. — sorriu e estendeu a mão para a menina. — Natsu Dragneel. Prazer te conhecer.

— Prazer de te conhecer também! — apertou a mão dele. — Meu nome é Juvia Lockser.

— Ah, Lockser, você chegou numa boa hora. — comentou Gray. — Lava isso pra mim? — apontou para o prato e os talheres.

Ela virou-se para ele irritada.

— PORQUE EU? FOI VOCÊ QUE COMEU!

— É uma cortesia comum quando se pede comida, lavar os pratos antes de retorna-los. — falou. — Que falta de educação.

Ela foi lavar o prato e os talheres, irritada e praguejando em voz baixa.

— Er, não precisava lavar. — Natsu cochichou para Gray. — Você sabe que eu só trouxe talheres normais por que era pra você. — Gray deu de ombros. — Enfim, essa menina conhece o seu caráter verdadeiro?

— Ah, sim, foi um pequeno deslize.

— Sério? Inacreditável! — falou Natsu. — É realmente raro achar alguém que ouse te desafiar desse jeito... — comentou. — Mas é ainda mais surpreendente que você não se importa de ela ficar por perto. — sorriu vitorioso. — Você não disse que odiava gente enervante?

Gray permaneceu em silêncio, assimilando as palavras do amigo.

— Bem, não importa o jeito que você olhe pra isso — comentou o rosado novamente. — Você nunca consideraria isso no passado.


***

“Fique longe do Gray-sama, vadia!” Juvia franziu o cenho ao ler aquela mensagem no seu armário de educação física. Ouviu alguns murmúrios atrás de si e virou-se.

— Ela olhou pra cá! — falou uma menina atrás dos armários.

— Shh! — falou outra.

“Elas são tão fáceis de notar” pensou Juvia enquanto colocava seus tênis. “Se fosse eu, teria acabado com toda a evidência e teria feito algo mais malvado...”.

— Ai! — sentiu algo perfurar a palma do seu pé, causando uma dor aguda. Retirou o tênis direito rapidamente, vento um alfinete enfiado no seu pé. — Essas filhas da puta... — resmungou com raiva.

— Gray-sensei! — ouviu os gritos fora da sala e foi mancando até a porta, se deparando com umas cinco meninas ao redor do professor.

— Ah, então vocês tem aula de educação física essa manhã. — comentou sorridente. — Vocês jovens são tão cheios de energia!

— Gray-sama, o senhor não é tão velho! — exclamou uma das garotas.

— É? — ele riu. — Mas eu sou mais velho que vocês.

— Eu não entendi tudo na sala ontem... — comentou uma que tinha os cabelos roxos. — Será que eu poderia lhe ver no laboratório de química mais tarde?

Ele assentiu e saiu de lá.

Ao entrar no vestiário, a menina de cabelos roxos virou-se para Juvia.

— Ah, Lockser! Não te vimos aí. — comentou com um sorriso falso. — Gray-sensei já foi embora.


***

— Oh! — comentou uma garota, fingindo tentar ser discreta enquanto encarava Juvia. — É por que ela não falou com Gray-sensei esses dias!

— Cê tá falando sério? Ela ficaria chateada por causa disso? — respondeu outra. — Quem ela pensa que é? Ela acha que Gray-sensei é dela ou algo assim! — bufou. — Essa Lockser!

“Quanto mais perto eu fico de Gray-sama, mais inveja as outras vão ter...”.

— Gray-sensei! — exclamou uma loira quando a aula de química estava chegando ao fim. — Se tiver algo que você precise, peça para nós! — deu uma risadinha. — Não queremos que a Lockser fique com todo o trabalho! — baixou o tom de voz, mas toda a sala conseguiu ouvir quando ela disse: — Ela estava reclamando disso, sabia? Ela disse que odeia trabalhar pra você!

Gray desviou o olhar para Juvia, que olhava fixamente pela janela.

“Eu esperava que isso fosse acontecer. Isso não é grande coisa”.

— Entendo... — voltou a olhar para a aluna loira. — Bem, então na próxima vez irei chamar vocês para me ajudar.

“Realmente não é grande coisa...”.


***

— Meu deus, Juvia! — exclamaram Erza e Mirajane ao mesmo tempo.

— O que aconteceu com você? — perguntou Erza.

— Tantos machucados! — Mirajane murmurou.

Juvia apontou para seu pulso esquerdo enfaixado.

— Me empurraram da escada. — apontou para os dedos da mão direita que também estavam enfaixados. — Isso foi durante o jogo de basquete. — desceu um pouco a manga de seu pijama, mostrando um corte. — Isso foi de um pedaço de vidro escondido na minha mesa. — depois apontou para sua bochecha, onde tinha um band-aid. — E isso foi...

— Isso é horrível! — murmurou Mirajane.

— Parece que você é a inimiga número um das fãs do Gray! — exclamou Erza, depois trocou um olhar cúmplice para Mira.

— Então, o que você gostaria de fazer? — perguntaram.

— O que vocês querem dizer com isso? — franziu o cenho, preocupada com as loucuras que surgiriam na cabeça das amigas.

— Nós temos uma grande variedade de “bens de vingança” para você escolher! — exclamou a albina enquanto a ruiva colocava velas, bonecos, alfinetes e garrafas com líquidos estranhos na mesa.

— Nós podemos te apresentar para a nossa amiga da faculdade que é uma expert em magia negra! — falou a ruiva.

Juvia encarava aquilo tudo com certo espanto, mas ele logo passou quando se lembrou com quem estava falando.

— Não, obrigada. — respondeu. — Eu não vou ser tão má assim...

Pegou o isqueiro do seu bolso e o encarou sorrindo.

— Não precisa disso... Dói-me que eu não possa mais passar muito tempo com Gray-sama. — suspirou. — Então, por favor, não digam nada disso a ele.

Erza e Mirajane se entreolharam.

— Parece que a Juvia mudou... — falou Erza depois de Juvia ter ido dormir. — Antes ela fazia tudo para resolver esse conflito o mais rápido possível. Certo, Mira?

— Exatamente, Erza... — suspirou. — Mas é preocupante que a pessoa em questão já sabe a verdade da questão.


***

“Eu finjo ser uma aluna ilustre, e facilmente ganho pessoas para o meu lado. Tudo que eu tenho que fazer é colocar um sorriso fácil que eu os tenho, eu sei disso.

Mas agora é diferente. Eu não poderia me importar menos se as pessoas gostam de mim ou não. Nem em ser invejada por elas.

Tudo o que eu quero é ver Gray-sama...”


***

— Gray-sama! — exclamou Juvia quando o viu saindo da escola, ela estava escondida atrás do prédio e correu na direção dele com um sorriso no rosto. — Finalmente o encontrei sozinho! Cadê as outras garotas?

— Elas foram embora há um tempo. — respondeu.

— Então valeu a espera! — sorriu mais ainda. — Gray-sama, amanhã você vai ficar até mais tarde também? — perguntou. — Se ficar... Eu vou esperar pelo senhor de novo.

— Para com isso. — sibilou irritado. — Se elas te virem fazendo isso, você vai se machucar de novo, não vai?

— Ah, então Gray-sama sabia... — riu sem graça.

— Desde o começo. — resmungou. — Eu sabia de tudo. — ela o encarou surpresa. — Eu só fingia não ver.

— Gray-sama...

— VOCÊ POR ACASO É IDIOTA? — gritou e ela estremeceu. — Que piada! Isso não é um teste da sua força de vontade! — reclamou. — Não há absolutamente nenhuma necessidade para você persistir, a ponto de seu próprio prejuízo! Eu realmente pensei que você era mais inteligente que isso!

— Mas eu mudei por causa de você, Gray-sama. — falou. — Foi você quem me fez ser mais resiliente*. — sorriu. — Gray-sama, eu não vou mais fingir ser...

“O que tem de errado com essa garota?” se perguntou Gray.

— Cala a boca! — resmungou. — Eu não quero ouvir o que você tem para dizer.

“Quando eu tô perto dela eu me sinto tão estranho...”.

— Gray-sama...

— Nunca mais fale comigo! — ordenou e virou-se de costas, deixando Juvia sozinha.

Juvia caiu sobre seus joelhos e pôs-se a chorar desesperadamente. Sentia como se tivessem arrancado seu coração.

De certa forma, foi isso o que ocorreu.


***

— Então no final você magoou a Juvia só para que ela ficasse distante de você... — falou Erza. — Mas para que fim?

— Paz — respondeu simplesmente. — Agora eu posso relaxar. — falou Gray se espreguiçando no sofá e dando um trago em seu cigarro. — E graças a ela as outras garotas estúpidas estão distantes também.

Erza e Mirajane se entreolharam.

— Teimosia corre na família — falou Mirajane. — Mas para vê-la manifestada em tamanha amplitude é tão desagradável.

— O que vocês...! — Gray questionou irritado.

— Vamos deixar o idiota aqui e ir.

Gray ergueu-se do sofá com uma aura negra ao seu redor.

— É ASSIM QUE VOCÊS TRATAM O TIO DE VOCÊS?! — gritou, mas era tarde demais, elas já estavam na porta.

Sentou-se no sofá e notou um pacote do seu lado. Olhou para a porta novamente, para checar se elas estavam o observando, e abriu o pacote.

“Gray-sama, me perdoe” dizia um papelzinho colado a um maço de cigarros light. Em letras menores estava escrito: “É melhor pra você cortar o tabaco gradualmente”.

O moreno começou a rir.

— Garota persistente... — falou e riu mais. — QUE IDIOTA! Depois de tudo que eu disse para ela.

Sua risada morreu e a sala ficou em completo silêncio.

“Se eu quisesse que ela ficasse distante, por que eu não fiz isso desde o começo?”

Lembrou-se da frase do seu amigo Natsu: “Eu gosto de quem eu sou agora, sabe?”.

Colocou o cigarro entre os lábios e o acendeu, tragando longamente.

— Ugh! — resmungou. — É como fumar ar, não tem nenhum sabor. — reclamou. — Aquela pateta...

“Eu imagino quem é o verdadeiro teimoso nessa história”


***

As aulas já haviam acabado há algum tempo, mas Juvia ainda estava na escola, apoiada no peitoral de uma janela e perdida em pensamentos.

— Lockser? — ouviu alguém a chamando e virou-se, deparando com três garotas da sua turma de química. — O que faz aqui? — era uma loira.

— Você não deveria estar no laboratório de química? — perguntou uma menina com cabelo castanho, soltando uma risadinha maldosa.

Juvia desviou o olhar.

— EI! — gritou a de cabelo roxo. — NÓS ESTAMOS FALANDO COM VOCÊ! — Juvia voltou a encara-las, seu rosto demonstrava o mais puro tédio.

— Não importa o que façamos com você, você só finge que tá tudo bem! — exclamou a loira. — Você se acha superior!

Juvia sorriu.

— Eu deveria me desculpar por isso? — perguntou serenamente.

— Você é um monstro! — gritou a morena. — Se finge de santa, mas no fundo não passa de um monstro!

— Eu acho que os monstros são vocês. — falou com calma. — E eu não vou descer ao nível de vocês e fazer aquelas barbaridades dissimuladas. — as três garotas a encaravam com surpresa. — Eu vou lutar por Gray-sama de maneira justa. — depois aumentou um pouco o tom de voz: — Eu nunca vou acreditar que os meus sentimentos foram um erro!

— Toda poderosa! — gritou a loira enquanto partia para cima de Juvia, dando-lhe uma tapa enquanto as outras seguravam seu braço e puxavam seu cabelo. — Quem você tá chamando de dissimulada?

— VOCÊS, CLARO! — gritou enquanto tentava se soltar das garotas.

— Não tenham tais discussões insensatas. — falou Gray Fullbuster enquanto puxava o braço da menina loira para longe de Juvia. — Até as pessoas que escutam vão sentir vergonha de vocês.

— S-Sensei? — chamou uma garota, mas ele ignorou e desviou seu olhar para a azulada que encarava aquilo tudo abismada.

— Lockser. — os olhos dela se arregalaram. — Se apresse e venha me ajudar. Tem uma montanha de trabalho que só você pode fazer.

— Gray-sensei! — exclamou a loira. — Isso é injusto! Por que só a Lockser...

— Pare de choramingar — falou rispidamente — sua víbora horrenda.

As três garotas arregalaram os olhos e Juvia corou quando Gray a abraçou.

— Seu idiota! — chorou a loira enquanto ela e as outras duas corriam para fora dali. — Vamos contar a todo mundo sobre ele.

— Hmpf! — resmungou Gray. — Como se alguém acreditasse em vocês, estúpidas...

— G-Gray-sama? — Juvia perguntou com a voz falha e Gray se afastou um pouco dela.

— O que foi? Está paralisada de choque? — resmungou. — Você é muito perturbadora

Ele a encarou e ela parecia querer chorar.

— Embora, eu ache que pra eu gostar de alguém tão problemático, não é uma coisa tão ruim, é?

Ela deixou algumas lágrimas caírem e ele acariciou o topo da cabeça dela, sorrindo.

Juvia estava arrumando alguns papéis quando olhou na mesa do professor e viu o maço do cigarro que ela havia comprado para ele.

— Oh! Gray-sama, esses cigarros...

— Ah — resmungou. — Os meus acabaram, então eu tive que abrir os que você me deu. — mentiu.

Ela riu levemente e abriu um sorriso.

— E então? — perguntou, fazendo Gray erguer o olhar para encara-la. — Como eles são?

Gray tirou o cigarro da boca e a pegou pelo braço, fazendo a garota ofegar e abrir os lábios com a surpresa.

— Que tal você provar e descobrir por si mesma? — em um movimento rápido ele a colocou em seu colo e colou seus lábios nos dela, aproveitando que eles estavam abertos e introduzindo sua língua na boca pequena, deliciando-se com aquele sabor doce e puro misturado com o seu amargo e experiente.


***

— Hey, Erza. — falou Mirajane enquanto saíam da faculdade. — E se algo que você tinha como certeza durante tanto tempo, mudou por um poder externo e você notou que o mundo depois da mudança foi um lugar bem mais feliz do que você se lembrava? — sorriu. — Isso não seria legal?

— Seria sim, Mira. — lhe lançou um sorriso e chamou um táxi que estava passando pela rua. — Vamos para o bar.


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Notas finais do capítulo

*Quatorze de março é o dia dos homens retornarem os presentes ganhos no dia dos namorados.
*re·si·li·ên·ci·a
(inglês resilience)
substantivo feminino
1. [Física] Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.
2. [Figurado] Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.###Ah, eu gosto de pensar que a Erza e a Mira são um casal aqui, entretanto não tem nada explícito e vocês podem querer pensar que elas só são boas amigas e tal, enfim, isso fica a seu critério :)
###
Espero que tenham gostado!
Beijos e comentem se possível :3



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