*Isabella*

Minha cabeça latejava, meu corpo doía e tentei relacionar isso ao fato de ter sido mordida por um vampiro sádico, que ainda não sei a identidade. Rolei na cama e constatei que a mesma não era a minha adorada e macia cama na casa de Charlie.

Forcei minhas pálpebras a se abrirem e pude sentir o primeiro incômodo da luz do dia, observei o ambiente a minha volta e pude notar que se tratava da casa dos Cullen.

Suspirei.

Não que eu não gostasse de estar ali, sempre adorei o ambiente daquela casa por mais frio e quieto que fosse, mas naquele instante eu precisava da minha cama, do meu quarto e das minhas coisas.

Eu sabia que não havia me transformado em vampira, Edward havia me contado como era a sensação de estar queimando quando se está em transição, contudo eu não estava sentindo absolutamente nada, apenas uma pequena e incômoda dor de cabeça.

Forcei minha mente a fazer uma pequena viagem para o momento do jogo de Baseball e tentar entender o que de fato aconteceu, mas como sempre, eu fui interrompida pela figura pálida e imóvel de Edward me observando.

—No que tanto pensa? – Perguntou – É frustrante não poder ler sua mente.

Apenas o encarei.

—Como se sente? – Edward perguntou incomodado com meu silêncio.

—Se está querendo saber se estou me sentindo vampira, não, não estou, continuo humana e inútil como sempre. – Fui ríspida.

—Olha Bella, temos que nos redimir com você, não sabemos ao certo o que houve, mas nós não podíamos sair do lugar, era como se estivéssemos paralisados, incapazes de fazer qualquer movimento. – Edward me encarou com olhos tristes.

—Você realmente quer que eu acredite nisso? – Perguntei incrédula – O que aqueles vampiros tinham de especial? Acho que nada, porque eles não fizeram merda nenhuma Edward, ficaram parados encarando vocês com desdém, vocês estavam em um número maior, então não me peça para compreender a atitude de vocês.

—Bella... – Edward começou.

—Sem mais, vou embora. – Me levantei me arrependendo logo em seguida, pois uma leve tontura me fez permanecer deitada.

—Você não está bem, precisa descansar, vou pedir para que Alice... – Ele falou mas eu o cortei.

—Não quero que Alice e nem ninguém fique comigo, quero ficar só, e de preferência na minha casa.

Edward parecia ter ficado magoado com meu pedido quase ordem, mas para a infelicidade dele, meu momento bom coração não estava ativado, logo, pouco me importei com o que ele estava sentindo.

—Se é assim que quer, irei te deixar em casa, mas você não poderá escapar de uma conversa sobre isso por muito tempo. – Ele me fitou.

Dei de ombros indiferente. Me levantei devagar e suspirei.

—Vamos. – Sibilei descendo as escadas.

Edward se limitou a me seguir em silêncio, nos encontrávamos na sala de estar, os Cullen estavam sentados e inquietos, pareciam esperar alguma reação minha ao vê-los.

—Bella! Graças a Deus você acordou! – Alice veio saltitante ao meu encontro.

—Oi. – Me esquivei de seu abraço.

—Como se sente? – Quis saber Esme.

Dei de ombros

—Normal, agora se me dão licença...quero ir para casa. – Passei por eles enrijecida.

Alice não se deu por vencida e logo já estava em minha frente.

—Isabella Swan, você não vai sair desta casa. – Ela me olhou firme.

—Você não é minha mãe, Alice, respeite a minha vontade pelo menos uma vez na sua vida. – Revirei os olhos e a empurrei levemente.

—Ela tem razão, Alice, não é o momento para isso, respeite-a – Edward me conduziu até a porta.

Saí da mansão sem me preocupar em olhar para trás, Edward começou a me seguir mas logo parou e olhou para a mata densa ao nosso lado com repulsa. Mas antes mesmo de abrir a boca para questionar tal ato, Jacob saiu de dentro da floresta, estava...lindo?! Seus ombros largos, sua pele morena e seu sorriso me fizeram perder o ar por uns cinco segundos.

—Jake!!! – Soltei feliz.

—Bella!! – Ele veio me abraçar.

—Estou incomodando vocês dois? – Edward se pronunciou com ciúmes.

Me soltei do abraço de Jacob e me virei para o vampiro.

—Acho melhor Jake me levar para casa, assim fica mais fácil pensar sobre essa situação sem que você ou qualquer um dos Cullen venham interferir nas minhas decisões.

—Sabe que eu não faria isso...mas se sente melhor na companhia do Quileute... – Ele suspirou vencido.

Jacob assistia tudo com uma ponta de diversão no olhar, não era segredo para ninguém que ele gostava de mim, e as vezes eu me questionava o motivo pela qual eu não sentia o mesmo.

Fiz um sinal para que o moreno me seguisse e deixei Edward sozinho acompanhando nossa partida, quando já julgava estarmos longe dos ouvidos dos Cullen, Jacob me parou.

—Bella, sei que sou irresistível as vezes, mas o que deu em você?! Porque está evitando seu namoradinho?

—Não é questão de evitar Jake, mas as vezes andar com vampiros pode nos trazer problemas. – Mostrei meu pulso.

Jacob mudou de expressão, endureceu os músculos e fez menção de derrubar uma árvore.

—Ele te mordeu?! Espera...Você não... – Ele começou mas eu o interrompi.

—Não, eu continuo a mesma Bella de sempre, não se preocupe.

—Quem fez isso com você? – Sibilou Jacob.

—Não foi os Cullen, isso eu posso te garantir, mas também não sei quem foi, só me lembro que era loiro, tinha olhos cor de sangue, era bonito. – Me esforcei para lembrar.

—E aqueles idiotas não fizeram nada?! Eles são vampiros, e pela sua fala os Cullen provavelmente estavam em maior número. – Bufou Jacob.

—Eu não sei dizer o que aconteceu, preciso de tempo, estou cansada...se importa em me levar até Charlie?! – Cortei o assunto.

Jacob nada disse, se limitou a se recompor e me acompanhar até minha casa. Não queria entrar em detalhes com ele sobre minha aventura no dia anterior, não quando não sei ao certo em quem confiar.

*Narrador*

O clima na casa dos Cullen não era o dos melhores, Carlisle tentava juntamente com Jasper descobrir como tiveram seus movimentos bloqueados no jogo passado, Alice estava inquieta, nunca havia sido tratada por Bella com indiferença, e Edward...bem, esse fitava a parede da sala sem expressão alguma.

—Alguma novidade? – Surgiu Emmet na porta.

Carlisle se limitou a dar um sorriso torto como forma de dizer “não”.

Todos na casa estavam tensos, não sabiam quais respostas poderiam encontrar, nem mesmo se as teriam, foi quando Alice soltou um grito.

—O que houve? Alice você está bem? – Edward e Jasper vieram em seu socorro.

Alice estava sentada no sofá, uma expressão de terror em seus olhos, estava completamente paralisada.

—O que você viu? – Carlisle se sentou ao seu lado de forma suave.

—E-eu... – Alice engoliu seco e logo em seguida apagou.

Dois dias depois

*Isabella*

Foram dois dias de puro sol em Forks, Edward não apareceu na escola, e muito menos em minha casa, o que me levava a crer que talvez eu tenha pegado um pouco pesado com ele nos dois últimos dias.

Contudo eu sabia como resolver isso, iria até a mansão dos Cullen assim que saísse da aula de trigonometria.

As horas e os minutos demoraram a passar, de alguma forma aquilo me angustiava, segurei meu colar com força, em alguns momentos sinto necessidade de tê-lo comigo sempre, funcionava como um amuleto para mim.

A aula finalmente havia chegado ao fim, corri mais que depressa para a minha velha caminhonete, liguei-a e tomei o rumo para a casa de Edward. Assim que avistei a mansão fiquei um pouco assustada, não havia ninguém dentro dela, eles nunca haviam saído sem me avisarem, na verdade, Edward nunca havia saído do meu lado.

Saí do carro e subi as escadas com agilidade, uma agilidade que eu mesma não sabia que existia. Abri a porta devagar e me vi chamando:

—Edward? – Sem resposta. – Alice?! – Silêncio.

O pânico estava começando a me consumir, algo havia acontecido com os Cullen, Carlisle não aparecia no hospital desde o dia do incidente na floresta, Edward não aparecia no meu quarto a noite e Alice...essa não respondia minhas mensagens.

Caminhei até a cozinha onde eu encontrei um envelope com meu nome escrito em letras grandes.

Abri o mesmo sentindo o coração disparar...eu conhecia aquela caligrafia elegante...era de Edward.

Bella,

Se está lendo esta carta é porque provavelmente fez o que minha família e eu temíamos, você veio nos procurar.

Antes de qualquer coisa, quero que não volte a me procurar, nem a mim e nem a minha família. Sinto dizer isso, mas acho que deixei nossa relação ir longe demais, as pessoas estão começando a desconfiar da juventude de Carlisle e bem...meu vinculo com você não vem sendo seguro nem para você e nem para mim.

Seja feliz...

Edward.

Minhas pernas vacilaram...ele me deixou...era isso mesmo?! Edward me deixou, me descartou da sua vida sem mais nem menos, e ainda foi covarde.

Eu sentia meu coração apertar, as lagrimas estavam rolando pesadas em meus olhos, foi quando eu súbita e intensa dor de cabeça me atingiu.

Caí de joelhos no piso de madeira. Meu coração estava estilhaçado, eu me sentia um objeto.

Deixei meu corpo cair no chão frio e fechei os olhos, eu não estava inconsciente, mas o que meus olhos viram assim que abri minhas pálpebras me diziam que aquilo não poderia ser real.

Um homem, vestido com roupas de guerra, olhos azuis cor de oceano, me fitava confuso. Ele se aproximou mas eu não conseguia me mover, sufoquei o grito em meu peito. Ele se agachou e disse com  uma voz rouca:

—Finalmente você me viu.

E ai eu apaguei.