Isabella

Os campos verdejantes se destacavam naquela bela manhã de sol. Os pássaros alcançavam vôo, esbaforidos e urgentes. O vento cortava o céu sem pressa, apenas calma e sossego. Naquele momento permiti que meus olhos se fechassem e curtissem o momento. Eu podia sentir um sorriso brotando de meus lábios e a sensação da grama molhada debaixo dos meus pés descalços. A luz do sol não me trazia incômodo, e eu agradeci mentalmente por ter o colar de estrela em meu pescoço.

—É uma bela manhã de sol, não é? – A voz de Damon surgiu como um sussurro em meus ouvidos, e automaticamente meu sorriso aumentou.

—Realmente é uma bela manhã, e estou feliz de dividi-la com você. – Abri meus olhos e encarei aquela imensidão azul em minha frente.

—Eu também estou feliz por estar aqui com você. – Acariciou meu rosto e eu me deixei levar pelo seu toque.

Novamente me vi fechando os olhos, contudo, ao abri-los em sequência, apenas a escuridão atingiu meu campo de visão, me obrigando a dar um grito de terror

(...)

—Acorda! – Um tapinha fraco foi desferido em minha face.

Ainda um pouco sonolenta, abri os olhos devagar e pude distinguir um rosto extremamente pálido e gélido em minha frente. As madeixas loiras e impecavelmente postas em seu devido lugar me fizeram reconhecer aos poucos de quem se tratava.

—Rosalie? – Balbuciei.

Um sorriso intimidador foi desenhado em seus lábios preenchidos pelo batom vermelho, ela parecia estar perturbadoramente instável, seus olhos não tinham mais a cor âmbar que eu tanto quis ter, mas sim, uma tonalidade de vermelho escarlate que a fazia parecer como uma “recém criada”.

—Finalmente você abriu os olhos, Alice já estava farta de ficar vendo seus sonhos ridículos com aquele vampiro esquisito. – Sua voz era áspera e maldosa.

—O que vocês querem? – Forcei minha cabeça a levantar com o intuito de encará-los.

Percebi que minhas mãos estavam presas por uma corrente cheia de verbena. Como eles poderiam saber sobre a tal?

—Não está óbvio?! Você precisa morrer, Isabella. – Sibilou Rose. – Não devia ter nascido em 1400, você foi um erro, e agora Ester está querendo reparar os danos.

Claro.

Sempre Ester!

—Jura? – Usei meu sarcasmo. – E para isso ela montou um exército bem legal com minha antiga família? Por acaso ela comentou com vocês que eu sou uma hibrida?

Rosalie assumiu uma postura rígida e eu sorri internamente por isso, não sabia ao certo o que minha avó maluca havia feito com eles, mas parecia não ter contado a história totalmente como deveria.

—O que está acontecendo aqui? – Alice surgiu no meio do lugar onde estávamos.

Sua aparência continuava a mesma, somente a cor dos olhos estava diferente, eles estavam com a mesma tonalidade escarlate de Rosalie, e meu coração se apertou por vê-la tão distante daquele jeito, éramos amigas e agora ela me queria morta, não era bem esse tipo de reencontro que eu esperava ter com eles..

—Ela disse ser uma hibrida, Ester não comentou nada sobre isso conosco. – A loira cruzou os braços enquanto olhava enfurecida para mim.

—Não acredite em nada do que ela diz, preocupe-se em manter ela presa, pelo menos até Carlisle, Edward e Emmet voltarem, vou ver como Esme está. – Alice suspirou revirando os olhos.

—O que ela fez com vocês? – Perguntei preocupando-me em não me mover muito devido a verbena.

—O que ela fez conosco? – Riu fracamente. – Sinceramente, Bella, ela nos deu vida, nos deu poder, nos mostrou o que o sangue humano pode fazer, e francamente? Nunca me senti tão bem em toda a minha vida.

—Jura? – Desdenhei soltando um riso irônico.

Antes que eu pudesse sequer pensar, Rosalie me deu um outro tapa, aquilo com certeza estava vermelho, eu podia sentir.

—Pode me bater o quanto quiser, mas saiba que quando eu sair dessas correntes, eu mesma vou arrancar a sua cabeça e fazê-la queimar no fogo no inferno. – Rosnei.

—Ora, ora...parece que temos alguém revelando quem realmente é. – Sorriu divertida. – Sempre soube que você não era idiota, era sonsa. Sempre sendo o centro das atenções, a protegida de Edward, mas eu nunca cai nas suas garras, sempre soube quem você era, Isabella.

—Tem certeza que sabe? – Trinquei os dentes olhando fixamente para ela.

Aos poucos a loira começou a sentir uma dor que eu mesma fiz questão de provocar. Posso ter meus problemas com a Bennet mas ela me ensinou o melhor feitiço contra vampiros que eu poderia querer.

—O que está acontecendo? – A voz de veludo preencheu o recinto e eu só precisei focar meus olhos nos dele para fazê-lo sentir a mesma dor que sua irmã adotiva estava sentindo.

—Essa vadia está fazendo alguma coisa. – Rosie grunhiu.

—Pare! – Carlisle apareceu.

Estava tão diferente desde a última vez que eu o vi, parecia tão mais sombrio, tão mais sanguinário e totalmente despreocupado com o que estava acontecendo ao redor. Ester realmente estava fazendo um bom trabalho com eles, mas eu já não ligava se eles foram algum dia parte da minha família, eu queria mesmo era queimá-los, e jogá-los na boca do inferno.

—E porque eu deveria fazer isso? – Olhei com cautela para ele.

—Porque você não vai querer que Jasper controle suas emoções, bruxa. – Carlisle foi objetivo.

Foi só nesse momento em que eu reparei na sombra pálida atrás de mim. Jasper como sempre, calculista e inexpressivo, era difícil imaginá-lo nutrindo sentimentos por Alice, visto que, a mesma era totalmente o oposto dele.

Respirei fundo e libertei Rosalie e Edward da minha tortura mental.

—Dê um jeito nela, Edward. – Carlisle deu de ombros saindo logo em seguida com os demais.

Edward me encarou por alguns segundos e eu revirei os olhos.

—E então? Está gostando de me ter em cárcere? – Ri debochada.

—Se eu fosse você não teria tanta presunção assim. – Puxou uma cadeira e sentou-se em minha frente.

—Você viu o que eu fiz com você, acha que eu sou idiota? Você e sua família podem estar achando que estão arrasando sendo meros cachorrinhos da minha avó, mas saibam que ela não vai pensar duas vezes em desmembrar vocês no momento em que não forem mais úteis. – Sibilei.

—Acredite se quiser, mas você não vai viver para ver isso. – Ele estava enfurecido.

—Acha mesmo que meus amigos não vão saber que eu sumi? – Arqueei as sobrancelhas.

—Não se preocupe, mataremos eles antes que pensem em sequer sair por ai para te procurarem. – Deu de ombros caminhando até a porta. – A propósito, farei questão de matar seu Salvatore.

E saiu.

Soltei a respiração e comecei a pensar, os Cullen podiam estar sob efeito de algum tipo de transe que minha avó os colocou, mas no fundo eu sabia que eles não teriam chance contra os Salvatores e os Mikaelsons, tinha total certeza que minhas duas famílias massacrariam o clã dos Cullen assim que soubessem o que aconteceu comigo.

Soubessem o que aconteceu comigo...

Era isso!

Aproveitei que estava completamente sozinha e me concentrei ao máximo ao fechar meus olhos. Recitei baixinho o feitiço de localização mas dessa vez usando um outro corpo.

O corpo de Bonnie Bennet.