Isabella

A pracinha estava repleta de crianças. Não sabia que Mystic Falls tinha tantos mini seres humanos.

Damon não estava comigo, na verdade eu estava sozinha, sentada debaixo de uma árvore bastante aconchegante. O sol estava fraco dando uma sensação gostosa de um belo dia de verão, o vento também contribuía para a situação de paz e eu me sentia realmente bem naquele lugar.

Mas eu estava com sede, não sede de sangue e sim sede de água. Avistei uma barraquinha não muito longe do lugar onde estava, levantei-me de lá e segui a passos curtos até meu destino.

Logo me surpreendi com quem estava na barraquinha.

—Olá criança, sabia que voltaríamos a nos encontrar. – A mesma velha do baile estava ali, na minha frente.

—Porque? – Perguntei curiosa.

—Eles não disseram para você, não é mesmo? – Ela sorria de um jeito estranho.

—O que não me falaram? Não estou entendendo aonde você quer chegar. – Eu estava confusa.

—A Bennet, Stefan e seu namorado Damon...todos eles escondem coisas de você, todos eles mentem para você sem dó e nem piedade, deveria tomar cuidado, criança. – O tom de voz era maldoso.

—Mentem para mim? – Eu ainda estava confusa. – Olha, você é maluca. – Ri em descrença e me afastei dela.

—Quando a hora chegar, vai saber que eu tinha razão. – Eu ainda pude ouvi-la gritar.

Balancei a minha cabeça de forma negativa, a fim de espantar qualquer coisa que ela tenha dito, mas aquilo soava inútil, quanto mais eu me afastava, mais a voz ecoava em meus ouvidos.

Parei de andar e deixei meus joelhos vacilarem por um momento, senti a extrema necessidade de me encolher em algum lugar e por ali ficar, pude notar uma outra voz disputando espaço com a velha em minha cabeça.

Aquela voz.

A voz dele, do meu porto seguro, me tirando mais uma vez do meu abismo particular.

(...)

—Bella? Amor? – Eu podia sentir seus beijos em minhas costas nuas.

Resmunguei qualquer coisa e permaneci com meus olhos fechados. Grande erro, Damon me virou pra cima e subiu em cima de mim dando um beijo em meus lábios. Não pude deixar de sorrir e de abrir os olhos.

—Finalmente, achei que teria que cometer tentativa de estupro. – Revirou os olhos divertido.

—Não seria estupro se ambos quisessem. – Ri nasalmente.

—Em uma noite já te transformei em uma ninfomaníaca?! Isso é ótimo. – Beijou-me novamente.

Ri entre o beijo.

—Você não existe. – O olhei sem tirar o sorriso do rosto.

—Tenho certeza que me inventaria, afinal, quem não gostaria de um homem desses em casa? – Piscou para mim.

—Convencido... – Revirei os olhos. – Agora pode por favor liberar minha passagem? Preciso de um banho urgentemente. – Fiz bico.

Damon me deu passagem e eu me levantei segurando os lençóis contra o meu corpo, pude ouvir um risinho vindo do meu namorado.

—O que foi? – O perguntei desconfiada.

—Estou apenas admirando seu esforço em tampar tudo aquilo que eu já vi ontem, vergonha não é seu feitio, Isabella. – Sorriu malicioso.

—Cale a boca, Damon. – Sorri entrando no banheiro logo em seguida e fechando a porta do mesmo.

Deixei o pano que estava sobre mim deslizar pelo meu corpo até atingir o chão, encarei minha figura cheia de “vida” e pude notar o quão a minha raça de vampira era diferente da raça dos Cullen. Seu eu fosse uma deles, eu poderia me desfazer em “gelo” e me pareceria como um, agora com a minha natureza não, eu podia me sentir como uma perfeita humana qualquer, a única coisa que poderia nos levar à exposição, era o nosso desejo por sangue.

Abandonei esses pensamentos e entrei na banheira, mergulhando em outros, ainda mais peculiares.

Eu ainda estava abalada com o sonho de mais cedo, de alguma forma aquilo soou como uma forma de aviso, como se eu tivesse que tomar cuidado com as pessoas em quem confio, como se eu tivesse que observar mais as coisas a minha volta, mas havia uma parte de mim que não queria acreditar em nada do tipo, meus amigos não fariam nada de errado comigo, muito menos Damon, certo?!

“Tudo bem, Isabella! Sonhos são somente sonhos” – Repeti mentalmente até ter certeza de tudo aquilo que eu estava pensando.

Elijah

Eu não tive coragem de levantar da cama naquela manhã. Katherina ainda dormia em meus braços de forma tão serena que dava medo de fazer sequer o movimento de respiração.

Nossa noite poderia ter sido descrita como algo além do perfeito, ela tinha voltado para mim, ela tinha voltado a ser minha, eu faria de tudo para nada e nem ninguém me separar dela novamente, nem dela e nem da nossa filha.

—Bom dia! – Kath abriu um sorriso ao me ver.

—Bom dia! – Beijei o topo da sua cabeça.

—Acho que nunca dormi tão bem em toda a minha vida. – Ela se ajeitou em meus braços.

—Então somos dois. – Sorri. – Apesar de eu ter ficado metade da madrugada observando você dormindo. – Acariciei suas feições delicadas.

—Você é tão bobo, Elijah. – Esticou para me dar um selinho.

—E você tão linda. – Retribui.

Ela sorriu com um leve rubor. Adorava causar essas sensações nela.

—Alguém já chegou na mansão? – Ela logo ficou mais agitada.

—Não se preocupe, ninguém chegou ainda, precisamos arrumar um lugar para ficarmos, creio que você não vai querer cruzar com Niklaus tão cedo. – A olhei firme.

—Vamos continuar a nos encontrar as escondidas, Elijah? – Por um momento ela riu, ficando séria logo em seguida. – Eu não queria voltar na mesma situação de 1400, sabemos muito bem as consequencias dos nossos atos.

—Você tem razão, aceita morar comigo? – Perguntei despreocupado. – Compramos uma casa, falamos com Isabella e juntamos nossa família, o que você me diz?!

Um brilho estava estampado em seu olhar, sem dúvidas ela adorou a ideia, pude receber minha confirmação no momento em que ela se jogou em cima de mim sem se importar com a falta dos lençóis e me deu um beijo apaixonado.

—Não acredito que finalmente seremos eu, você e a nossa filha. – Ela disse feliz.

Era tão bom vê-la desse jeito, como eu senti falta dessa mulher.

—Agora precisamos contar nossa reconciliação para nossa filha. – Falei brincando com seus cabelos.

—Essa vai ser a parte mais difícil...mas faremos isso juntos. – Deu de ombros.

—Sempre. – Lhe beijei.