Isabella

—O que foi?! Não vai dar uma abraço na sua mãe? – Katherine sorriu com maldade.

Eu ainda estava paralisada devido ao choque, mas eu podia sentir o corpo do Damon totalmente enrijecido.

—Quem deixou você entrar? – Ouvi a voz do meu namorado.

—Stefan...ele ama tanto a Elena que não é capaz de reconhecer quando a mesma está diferente. – Revirou os olhos. – Por falar nele, onde ele está? Precisamos terminar o que começamos na semana passada.

—Você estava na cidade esse tempo todo? – Perguntei recuperando a voz.

Katherine voltou sua atenção para mim, o sorriso debochado ainda brincando em seus lábios.

—Claro, acompanhei todos os seus passos, filha. Vi você recuperando os poderes, vi você trazendo meu genro de volta a vida. – Piscou para ele que revirou os olhos. – Vi você se encontrando com seu pai, com o seu tio, enfim, eu vi tudo, Isabella Petrova. – Deu de ombros.

Senti minhas pernas fraquejarem e acabei largando meu corpo no sofá, quando eu pensava que nada poderia piorar, piora. Respirei fundo umas dez vezes, contudo, meus batimentos cardíacos estavam desacelerados e ritmados como se eu estivesse em um estado de pré sono, mas o que viria não era um simples sono, e sim uma vertigem, vampiros podiam desmaiar?! Tentei focalizar alguma coisa no meu campo de visão, e com sorte eu consegui focalizar o par de olhos azuis.

(...)

Minha cabeça latejava, parecia que a qualquer movimento brusco eu viraria um pêndulo daqueles que não parariam de oscilar nunca mais. Arrisquei abrir os olhos devagar, e um par de olhos chocolates me acolheram, levei um susto.

—Cadê o Damon? – Me encolhi.

—Ele foi até a mansão Mikaelson, provavelmente foi fazer fofoca sobre a minha volta. – Katherine suspirou.

Era estranho ter a sua presença ali. Depois de tudo o que eu já ouvi falar dela, sobre o quanto ela era insensível, calculista e cretina ou até mesmo que ela era adorável e amorosa, eu sinceramente procurava enxergar nela neste momento essas características.

—Porque ficou aqui comigo? Você não tinha motivos para fazer tal coisa. – Perguntei olhando em seus olhos iguais aos meus.

—Eu fiquei aqui porque você é parte de mim. – Ela disse parecendo sincera. – E antes que você fale sobre “mas você me deixou, que tipo de mãe é essa?!” eu quero que você saiba que eu já estou a par da sua conversa com Elijah e que ele já explicou o motivo de tudo isso, desse afastamento contraditório, não foi uma escolha nossa, Bella, eu não podia conviver com a ideia de que estava morta, então aceitamos o acordo da sua avó. – Suspirou pesadamente.

—E o que te faz pensar que você e meu pai estarem por perto não irá atrair a atenção da minha avó? – Indaguei de braços cruzados.

—Não sei e creio que seu pai também não, mas chega de fugir, já estou cansada disso, perdi minha família uma vez e não estou querendo perder novamente. – Bufou – Não sou o que todos falam, apenas seu pai me conheceu de verdade, se eu fiz tudo o que fiz durante todos esses anos foi com o propósito de esquecer o mal que a família Mikaelson me fez.

—Eu gostaria de saber a sua versão dos fatos, já conheço a do papai, agora falta a sua. – Fitei-a com seriedade.

—Tudo bem, é justo. – Ajeitou-se na cama. – Conheci os Mikaelson em 1400, eu tinha acabado de fugir da Bulgária e estava vivendo de favor na aldeia, o primeiro a se aproximar de mim foi Klaus, seu jeito galante e cortês me fez ficar encantada com ele, nos encontramos diversas vezes durante a semana, ele me cortejava e eu correspondia de forma mais reservada, foi então que eu o conheci, seu pai, Elijah, estava acontecendo uma festa no vilarejo e eu estava acompanhada com Klaus, ele me apresentou a sua família e eu me vi completamente atraída pelo Elijah assim que depositei meus olhos nele. – Ela sorriu como se estivesse se recordando de algo bom.

Não pude evitar e acompanhei seu sorriso, a história deles parecia ser de princesa e príncipe, conto de fadas em que a bruxa má rouba a felicidade do casal de mocinhos.

—Depois daquela baile as coisas nunca foram as mesmas, eu já não queria mais estar na companhia do seu tio e sim na do seu pai, perdi as contas de quantas vezes eu dizia estar doente para Klaus a fim de me encontrar as escondidas com Elijah, mas nem tudo são flores não é mesmo?! – O semblante triste assumiu sua face. – Ele descobriu sobre meus encontros “casuais” com seu pai, e nos ameaçou, decidimos fugir, principalmente depois que descobri que estava grávida de você, e o resto dessa novela você já conhece. – Sorriu fraco.

—As coisas nunca foram fáceis para nós, certo?! – Segurei sua mão, de alguma forma eu enxergava a humanidade da Katherine bem ali, no fundo, eu sabia que havia muito mais coisa ali, mas acho que ainda não era a hora, teríamos tempo caso ela não fugisse. – Mas se você e papai eram humanos, como eu posso ser uma sobrenatural? – Questionei pela primeira vez.

—Sua avó é uma bruxa da primeira linhagem e bem, depois que ela nos tirou você, eu ainda me arrisquei a procurá-la a fim de tentar mais uma negociação, mas ai, eu vi ela fazendo um tipo de experiência com você, Bella, você tinha cinco anos quando ela te transformou em vampira, de alguma forma ela precisava de manter você viva. – Apertou a minha mão com mais força.

—Isso é loucura. – Balancei a cabeça.

—Olha porque você não troca de roupa para tomarmos café? – Ela sugeriu sorridente, queria mudar o foco do assunto.

Assenti e esperei que ela saísse pela porta para me levantar e ir até o closet onde tirei uma roupa confortável e tentei dar um jeito no meu cabelo. Sai do quarto e desci as escadas rumo a sala de jantar.

—Isso parece bom. – Eu disse vendo as torradas, os pães e os sucos.

—Espero que esteja mesmo. – Katherine deu de ombros.

Rimos.

—Quando me falaram, não acreditei que fosse verdade. – Meu pai surgiu atrás da minha...mãe?! A fazendo congelar.

Ótimo, encontro de família.