Annabeth odiava sonhar. Definitivamente.

Por que quando se e um semideus os pesadelos nunca são por acaso.

Porém aquele sonho, não tinha nada haver, era so seu cerebro a lembrando das coisas horriveis que já haviam acontecido com ela.

Ela estava novamente na casa de Nyx, mas dessa vez de olhos bem abertos. Percy não estava ao seu lado e mesmo que não pudesse ver, aranhas passavam por seus pés. Estava novamente no tartaro, mesmo que no sonho. Estava naquele lugar repleto de monstros que havia feito da vida de Annabeth um pequeno inferno nos ultimos 4 anos.

Ela tentou gritar, pedir para que a acordassem, mais não conseguia.
Sentiu algo gelado em suas costas, como um vento soprando rente ao seu ouvido e soube exatamente o que era.
Ariacne. A aranha estava bem ali, atrás da garota. Ela sabia que era um sonho, mas parecia tão perto...

–Annabeth...- quando Ariacne falou, não era sua voz e sim a de Percy...- Annabeth acorde.

E ela acordou, se debatendo no peito de Percy e chorando tanto que chegava a soluçar. Percy tinha os braços protetoramente em volta dela e ela nunca iria se cansar de acordar assim, principalmente depois dos pesadelos.

– Era só um pesadelo.- Ele beijou sua testa, a puxando para mais perto.

–Eu sei, - ela soluçou,- parece tão real...

–Annie, - ele puxou seu rosto para cima, olhando dentro dos olhos cinzas da namorada/Noiva- São pesadelos. Não estamos mais no Tártaro.- ele lhe beijou, mesmo que fosse quatro da manha e eles deviam estar com um péssimo bafo matinal. - Você devia falar com Quíron, ele me ajudou.

Ela negou com a cabeça, enterrando o rosto nos peitos desnudos de Percy.
Percy havia feito um tipo de terapia com o centauro, contando as coisas ruins que haviam visto no Tártaro, provavelmente aquilo havia realmente ajudado, mas ela não se imaginava contando aquelas coisas horríveis novamente, revivendo aquela experiência horrível.

–Não consigo.- ela resmungou, ainda soluçando.- Não conseguiria nem se quisesse.

– E com as meninas? Nem com elas?- Percy perguntou se referindo a Reyna e Piper, as melhores amigas de Annabeth.

–Não.- ela limpou os olhos, - Eu não suportaria ver elas me olhando com pena. Você sabe, ninguém sabe que eu tenho esses pesadelos Percy... Só você.
Ele acenou com a cabeça. Aquele era um segredo deles. Apenas deles. Percy havia parado com os pesadelos desde quando havia conversado com Quíron. Mas Annabeth não conseguiria nem se quisesse, algo nela... Não deixava que revivesse aquele monte de pesadelos.

Percy suspirou, sabendo que de nada adiantaria falar sobre aquilo, as quatro da manha.

–Você quer tentar dormir? Amanha nossos amigos chegam, precisamos ficar descansados...

Ela negou.

–Se voltar a dormir, vou voltar a ter pesadelos.

–Quer aguá? Algum remedio...

Antes que Percy pudesse terminar a frase, a garota o puxou para um beijo. Os bejos com Percy sempre tinham gosto de maresia. E ela se recordou uma vez, quando estavam viajando a bordo do Argo II, que passara em frente ao mar com Piper e Hazel e pensou que se um dia Percy terminasse com ela, nunca mais poderia frequentar a praia novamente, E agora estavam ali, prestes a se casar e de alguma forma a garota sabia que seria para sempre.

–As vezes você fala demais Cabeça de Alga.- Ela sorriu esquecendo-se temporariamente do pesadelo e Percy a beijou de novo.

***

Annabeth se lembrava muito bem da visita de sua mãe. Era uma tarde de Junho ( como ela odiava esse mês), há uma semana atras. Ela estava em sua antiga casa em São Francisco, estudando para uma prova importante, enquanto seu noivo (ela gostava de pensar em Percy assim agora, parecia mais serio) estava no apartamento de sua mãe em Manhattan.

Todos já sabiam da novidade. E Percy estava curtindo muito bem a tarde com sua mãe. Diferente de Annabeth que passara a tarde toda estudando em seu antigo quarto.

Annie tinha varias madrinhas de casamento, porém apenas duas em especial estavam "organizando" as coisas naquele dia, para que ela tivesse um dia normal de paz. Não que ela não gostasse de organizações de casamentos, mas era tão estressante que as vezes ela sentia vontade de jogar tudo para o ar e fugir com Percy, onde só seus amigos mais íntimos fossem assistir a cerimonia.

Annie estava estudando a Acropole de Atenas quando sua mãe chegou. Seu pai estava em casa e como era comum foi ele quem abriu a porta.

–Annabeth! Visita pra você.- ele gritou.

–Já vou.

Se levantou da mesma forma que estava e foi em direção a escada. Desceu os degraus largada e com longas olheiras ( estudar a noite toda aliviava os pesadelos) e se assustou quando deu de cara com Atena, vestida com um longo vestido branco em estilo Grego antigo, cabelos negros presos e os olhoz cinzas brilhantes, como se ela sempre estivesse em desafio. Como se nada pudesse vence-la.

–Mãe?!- Annabeth perguntou chocada demais para dizer qualquer outra coisa. Não era todo dia que se encotrava com Atena.

A deusa sorriu, quase de um modo carinhoso para Annabeth.

–Olá Annabeth. Precisamos conversar.

Tomar chá com sua mãe deve ser legal, porém quando sua mãe é uma deusa, que pode destruí-la a qualquer resposta mal educada é um pouco desconfortável.
Annabeth não sabia o que pensar para sua mãe estar ali. Não havia tido muito contato com ela desde que acabaram com os gigantes em Atenas e desde que a mandara para a missão em Roma, a procura da Atenas Paternos. Tinha um pouco de ressentimento, pelo modo com a deusa a tratara; Mesmo que aquela tenha sido Minerva, uma deusa nem tão legal assim. Sua mãe em forma romana.

–Então..- ela colocou sua xícara de chá na mesa de centro.- Você disse que precisávamos conversar...

–Sim. - A deusa suspirou, mesmo que não precisasse disso.- Minha filha, você deve saber que eu não aprovo esse casamento com Percy Jackson.

Ah, esse assunto.

Annabeth quase se bateu por ser tão burra naquele momento. Era meio obvio que Atena iria visitar a filha depois de quatro anos só para dizer que não aprovava seu casamento com Percy. Era tão a cara dos deuses olimpianos só aparecerem nos momentos mais inoportunos, ou quando eles estavam quase morrendo em missões, só para dizer " Oh, acorde você está quase morto"

–Mãe...

–Não, me deixe falar.- Atena lhe cortou. -Não é so por uma birra, ou minha rixa antiga com Poseidon

–Ah não ? É por que então?- Annabeth perguntou divertida.

–Eu só acho que você poderia achar alguém melhor.

Agora assim Annabeth parecia incrédula

–Melhor do que Percy?

Atena acenou.

–Sim, um advogado ou Arquiteto como você.

A garota suspirou, aquele conversa de novo. Sempre a mesma historia. Chegava a ser irritante.

–Mãe eu nunca falei com tanta sinceridade em toda minha vida, mas não vou achar alguém melhor que Percy.

Atena olhou nos olhos da filha, procurando algum resquício de duvida, ou algo parecido, mas não achou nada. Annabeth soava tão convencida que até ela se surpreendeu com seu tom de voz. Porem, aquela era a verdade mais verdeira que ela já tinha dito em toda sua vida.

–Então você realmente o ama?

–Com toda certeza.

Atena suspirou novamente e ela não parecia decepcionada, apenas... cansada.

–Tudo bem minha filha, se você realmente ama aquele... filho de Poseidon, não há mais nada o que eu possa fazer, a não ser abençoar seu casamento.

Agora assim, Annabeth estava surpresa e quase parecia chocada. Ela achava que a deusa mais difícil de abençoar seu casamento seria sua mãe, ( depois de Hera ) mas lá estava ela, abençoando o casamento de sua filha com o filho do deus que ela provavelmente mais odiava.

–Obrigada.- o corpo de Annabeth se encheu de uma alegria quente e calma e ela imaginou, se alguma vez algum semideus já pedira "obrigado" ao seu pai deus sem que fosse intimidado a fazer isso.

–Não há de que. - Atena bebeu mais um pouco de seu chá. - Mas tudo tem um preço. Você sabe.

Annabeth, riu. Estava acostumada com isso.

–É claro que sim, nada sai de graça afinal.

–Sim e o meu preço para que o casamento de vocês dois seja abençoado é que...- a deusa hesitou.- A cerimonia seja em Atenas.

Então, toda a sensação quente de conforto foi por aguá abaixo. Aquele era um pedido suicida e depois de tudo que eles passaram...

–Você não pode estar falando serio Mãe!- ela quase gritou irritada, mas lembrou de seu próprio conselho. Ela não era uma mãe comum e sim uma mãe deusa.Podia transforma-la em pó só com a força do pensamento.

–Estou sim, quero que vocês se casem em Atenas, minha cidade sagrada.

–Sua cidade sagrada fica no Mare Nostrum, que por acaso é o lugar onde eu passei as piores experiencias da minha vida.

–Não seja tão cruel Annabeth. Não foram só coisas ruins não é? Tenho certeza que coisas boas aconteceram. Amizades se formaram, você mesma se provou uma ótima semideusa nos tuneis de Roma.

–Prefiro não lembrar dessa experiencia. - ela retrucou com uma careta.

–Sei que não. Mas, entenda filha, eu só ficarei verdadeiramente agradecida se você se casar lá. - A deusa olhou para Annabeth. - Aceita ?

Ela sabia que não era um pedido. Por fim ela suspirou, sabendo que seria difícil para Percy ou qualquer um de seus amigos irem novamente para o Mare Noustrom, mas ela acenou, aceitando a "proposta" da mãe:

–Mas como chegaremos lá? Quer dizer, não podemos ir voando por causa de Percy, nem pelo mar por causa de Hercules e...

–Não se preocupe com isso. Os deuses cuidaram para que a viagem de vocês seja um sucesso. Sem monstros e sem caídas ao Tártaro.

Annabeth ficou impressionada, apenas depois de algumas palavras : "Os deuses cuidaram para que a viagem de vocês seja um sucesso."

A vida toda tinha passado fazendo missões e protegendo o Olimpo, nunca, nunca foi protegida pelos deuses. Pelo menos não daquela forma.

–Mas... mas os deuses não podem interferir assim na vida de seus filhos mortais.

–Não. Porém, dessa vez Zeus abriu uma exceção.

–Isso é um fato no minimo interessante.- Annabeth afirmou.

–Sim é - Atena concordou.- Mas meu pai, tende a ser racional as vezes.

Annabeth ficou em um silencio confortável. Em sua vida nunca tomara chá com sua mãe por puro prazer ou tivera uma conversa calma que não envolvia missões.

–Mas mãe... Como nós vamos chegar a Atenas? Quer dizer é um pouco dificil doze semideuses viajarem em um avião sem chamar atenção de monstros e como eu disse Percy não pode ir pelo ar...

–Annie, - sua mãe lhe chamou por um apelido. Apelido. Ela parecia achar graça do nervosismo de Annabeth. - Não se preocupe, as resposta virão. E infelizmente não serão por mim.

Annabeth riu de nervosismo. Agora assim, tinha voltado ao termo Semideusa e Deusa. Enigmas e respostas incompletas.

Atena suspirou, se levantando.

–Temo que não tenhamos muito tempo, meu pai não gosta muito de contatos demais com semideuses, - A morena revirou os olhos. Aquela era a hora de ir embora.

–Ah sim, então...- ela ficou sem o que dizer. Podia falar "eu te levo até a porta" mas sua mãe poderia sumir ali mesmo na sua frente.
Porém ficou surpresa quando sua mãe lhe disse:

–Ainda temos vinte minutos, pegue aquele livro que eu lhe dei no natal. Sei que está com uns problemas que não consegue resolver, vamos faze-los juntas.

***

Foram os vinte minutos mais legais da vida dela. Obvio que ela nunca diria isso em voz alta. Provavelmente Percy ou Piper e Reyna se chateariam, mas era a verdade. Nada se comparava a estar com seu pai Deus.

E a verdade? Atena e Annabeth se deram muito bem solucionando o problema do livro de arquitetura da garota. A mãe lhe dva conselhos, como se ela fosse uma criança dizendo " não ai" " esse está errado" e ela se sentia como uma, pela primeira vez não tendo que aprender a fazer tudo sozinha.

Agora ali, arrumando sua mala para a viajem ate Atenas, depois daquela tarde incrível ela não sabia com agir. Tinha apreensão de que todos seus medo viessem atona mais uma vez, como quando ela e Piper enfrentaram um gigante na caverna do Fobos e Deimos. Essa era sensação de voltar ao mediterrâneo. Que todos seus medos viriam com mais força.

– O que está pensando?- Percy ( que ela sequer havia notado) abraçou sua cintura, sussurrando em seu ouvido.

Annabeth deu de ombros, enquanto colocava as roupas devidamente dobradas dentro de sua enorme mala de viagem. O que os deuses estivessem aprontando ela esperava, que não fosse algum carro super veloz.

–Só estou... com medo. Essa coisa toda de mar maditerranêo...- ela sentiu um calafrio.- Odeio pensar nisso.

–Foi sua mãe que propôs, você poderia dizer que não.

– Você diria não ao seu pai? Se ele pedisse algo do tipo.. Se ele pedisse para que casarmos em seu reino?

–Sim, você não sabe respirar embaixo d'água e ...- ele virou a namorada de modo que se encarassem.- Não iria ser tão interessante igual a noite passada nossa lua de mel... Eu fico pensando como sera fazer amor com você debaixo d'água, deve ser be...

Antes que ele pudesse concluir seu pensamento Annabeth o beijou. Ele segurou sua cintura e ela sua nuca, com suas unhas pequenas. A noite "passada" a algumas horas atrás, havia sido ótima. Percy sabia bem distrair os pensamentos de sua namorada, com beijos quentes e bom outras coisas vergonhosas demais para citar.

Só pararam de se beijar quando a campanhia soou e uma Pretora Romana, vestindo um bonito vestido de verão vermelho florido entrou pelo pequeno apartamento deles em nova roma.

–Oh meus deuses! Vocês deviam para de se agarrar por ai assim!- A Romana brincou indo até a geladeira dos dois a procura de algo para comer. Era sempre assim.

Reyna estava muito mais alegres nos últimos meses, desde que começara a namorar Daniel Banner, descendente de Marte e membro da terceira corte. Ele era apenas um soldado, mas um soldado que havia roubado o coração da pretora. Ela estava usando vestidos e sandálias! Até Piper pareceu surpresa quando viu sua amiga vestindo um vestido.

–Ah, suas amigas chatas. - Percy resmungou, mas Annabeth sabia que era so implicância. Ele adorava as amigas de Annabeth.- Vou... terminar de arrumar minha mala.

Ele saiu indo em direção ao closet, e socando -literalmente- algumas roupas dentro de sua mala.

Annabeth fechou a sua, enquanto Reyna comia uma maça recém comprada.

–Você é muito folgada.

–Sou sua melhor amiga. Melhores amigas são folgadas. Vocês me ensinaram assim. - ela se jogou no sofá de Annabeth, enquanto ligava a tv da garota.- Recebi uma mensagem de Iris de Piper. Eles devem chegar em - olhou no relógio - Dez minutos.

–Você sabe do que eles virão?- Desde o encontro com sua mãe, Annabeth se corroía de curiosidade.

–Claro que sei. - Reyna rebateu. - Mas Leo pediu que fosse uma surpresa.

Annabeth rolou os olhos, se jogando ao lado da pretora/melhor-amiga/folgada vendo o que passava na tv. Tinha feito duas malas. Uma só com roupas e a outra era dividida em livros e coisas do casamento. Tipo, coisas que ela não queria que faltasse.

Ela se sentia nervosa e nem percebeu que estava tremendo, apenas quando Reyna segurou sua mão e lhe sorriu calma.

–Vai dar tudo certo.

–Eu sei... é só que- ela suspirou. Precisava botar para fora, conversar com alguém,- Eu tenho tido....

–Tem tido?- Reyna perguntou curiosa e Annabeth estava prestes a lhe contar, quando um som estrondoso veio do lado de fora. Reyna e Annabeth correram rapidamente para ver o que era. E Annie ficou particularmente assustada. quando viu um trirreme de guerra idêntico ao que ela havia navegado a 4 anos atrás, em uma mesma viagem apenas com finais diferentes.

Era Argo. Muito novo e parecia menor, mais com certeza era Argo.
Leo acenou na proa, sorrindo como um idiota, enquanto Percy que ela nem percebera acenara de volta.

–Hey Pessoal! Alguém quer dá uma voltinha no meu barco novinho?

Notas finais !