Stop! escrita por Elizabeth


Capítulo 7
Parte - 03




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‘’ - Veja. Uma completa puta – ‘’

‘’Olá mocinha. Gostaria de ganhar um pouco de dinheiro?’’

Lizz encarou o homem, bem mais velho que ela, e franziu as sobrancelhas, confusa. Ele usava um terno e com sua mão esquerda segurava uma maleta. Estava indo para o trabalho, talvez.

‘’Vamos?’’ Ele voltou a dizer, aproximando um pouco mais o rosto ‘’Quanto você quer para me chupar?’’ Perguntou, massageando o próprio órgão sexual, de maneira sugestiva.

Lizz arregalou os olhos, prendendo o ar. Tremeu. Afastou-se um pouco, ficando colada a janela do ônibus. O homem lhe encarou por alguns segundos, sem entender. Lizz o olhou, demonstrando seu medo e o ouviu suspirar, desistindo da ideia.

‘’Era só uma chupada’’ resmungou, descendo do ônibus.

Após se acalmar, seus dedos trêmulos voltaram ao normal, e o aperto em sua mochila contra o peito, se suavizou. Algumas risadas lá atrás, e Lizz virou o rosto em direção a elas. Um grupo de garotas, vestidas com o uniforme de sua escola, lhe encaravam divertidas.

‘’Pu-ta’’ sussurrou uma delas.

Parte – três

Dias de quinta-feira tinha educação física. O professor era um cara alto e musculoso de mais. Possuía uma barba bem feita e não tinha cabelo algum em sua cabeça. Lizz sempre o via com aquela cara de poucos amigos. Os braços cruzados sobre o peito e a voz que na maioria das vezes era elevada. Seu nome era Augusto e ele tinha por volta dos trinta anos. Lizz gostava de toda aquela determinação. De como ele lutou para conseguir estar ali.

Primeiro veio o preconceito. A luta para conseguir um lugar. Algumas escolas não permitem um professor homossexual. Não é fácil para os pais terem a ideia de que seus filhos poderiam correr o risco de um assedio... Na mente de pessoas pequenas, Homofóbicas, Veem em suas mentes que gays são pessoas promíscuas e sem escrúpulo algum.

‘’Não é por que sou homossexual que irei ‘’atacar’’ a qualquer garoto que ver a minha frente. Eu amo apenas ao meu marido. ’’ Foi o que ele disse. E Lizz realmente acreditou naquilo.

‘’Nojento! Augusto nunca faria tal coisa’’

Ele era casado com um homem mais velho. E criava uma criança de três anos. Era um bom professor. Lizz gostava da pessoa que ele era. Ela queria ser como ele.

— Lizz?! — Augusto gritou por ela — O que pensa que esta fazendo? —

Lizz arregalou os olhos, confusa.

— Hãn? —

Augusto estalou a língua. Impaciente

— Estão formando os times. Vá jogar com o resto da turma —

Lizz choramingou, erguendo-se do chão. Odiava Educação física, por que era obrigada a se misturar com toda aquela gente. Enquanto fingia estar bem com tudo aquilo. Ficando suada e cansada com coisas desnecessárias. Fazendo exercícios inúteis, que não vão ajuda-la em nada. Evitando tentar encarar aquele uniforme ridículo.

Suspirou, amassando os dedos contra a calça que usava. Bem, o seu pelo menos era um pouco aceitável. Lizz sabia que as garotas gostavam de mostrar o que tinha. E o uniforme de Educação física dava a elas a chance de fazer isso.

‘’É tão curto e... Colado’’ Pensou consigo mesma, voltando a encarar a calça que usava.

Uma garota passou por si, oferecendo um olhar repulsivo enquanto rebolava os quadris. A verdade era que Lizz não iria se permitir a usar aquilo. Formou uma careta. Era desconfortável! Só restou a Augusto dar-lhe uma calça de moletom cinza. Sorriu.

A quadra de basquete estava cheia. Duas turmas do primeiro ano se misturavam ali. Lizz se juntou, tentando não chamar atenção. Mas de fato chamou. Daniela lhe olhou logo de inicio. E lhe sorriu. Lizz franziu as sobrancelhas e procurou algo para os lados.

‘’Haveria um engano ali?’’

E a moça alta de cabelos compridos voltou-se a rir de modo verdadeiro, brincando com a situação. Lizz esbugalhou os olhos, procurando algo que respondesse aquela atitude da menina. Mas nada. Daniella continuava ali. Encarando-lhe com aqueles olhos divertidos.

Logo após voltou a sorrir para suas colegas, ao ouvir algo engraçado. E Lizz ainda confusa, voltou-se para o seu lado da quadra, tentando ignorar o que acabara de acontecer. Sem entender nada.

O professor gritou alto ao reclamar do atraso de Otavia. E Otavia pareceu não se importar. Ela bateu os tênis contra o piso da quadra, e Lizz prendeu a respiração. Otavia parecia irritada.

Ela seguiu ate sua amiga Daniella, e com raiva contou-lhe algo. Daniella negou com a cabeça, e Otavia ficou mais irritada. O professor chamou a atenção de todas, obrigando-os a escolher seus times.

Lizz se preparava.

O jogo seria queimada.

Otavia ficou do lado oposto da quadra. Sorria sem mostrar os dentes e brincava com os dedos das mãos. Lizz engoliu a seco. Era como se a garota sussurrasse para si, ‘’Eu vou te pegar’’.

Augusto assoprou o apito. Causando arrepios em Lizz, quando o jogo teve inicio. Otavia roubou a bola de sua própria colega de equipe. Ela faria questão de acabar com a raça de Lizz. Os olhos se estreitaram, enquanto ela levava o braço para trás, procurando força para jogar a bola em mãos. Lizz engoliu em seco.

A os seus olhos, a bola veio em câmera lenta. Apesar de que Otavia havia jogado ela em uma velocidade anormal. Lizz sabia que aquilo queimaria como o inferno, caso se chocasse contra si. Que ficaria um bom tempo com a cara vermelha e que Otavia passaria toda a semana rindo dela, ate que o inchaço sumisse.

Mas na verdade, Otavia havia bufado em puro ódio. Lizz havia desviado por pouco. A bola raspou em seu ombro esquerdo, e ela passou os dedos sobre ele. Olhou assustada em direção a Otavia, que possuía uma mistura de decepção e graça em sua face.

— Hey garotas — Augusto lançou um olhar de reprovação para a menina — Jogue de maneira saudável, Otavia.—

Lizz suspirou, dando-se conta de que com o professor ali, nada muito grave aconteceria.

— Comportem-se. Eu preciso resolver uma coisinha de nada na sala da direção. Até eu voltar, fiquem na quadra —

Augusto acenou com a mão, afastando-se de sua vista. Lizz engoliu em seco.

‘’Eu tenho uma sorte... ‘’

O jogo se seguiu com Otavia atacando-a de maneira bruta, como um animal. Lizz conseguiu escapar algumas vezes. Chegou a ‘’ir pro céu’’ na sétima tentativa de Otavia, a mesma não permitia que as outras alunas do time participassem. E quando Lizz finalmente pensou ter um pouco de paz, Otavia obrigou que outra garota saísse do jogo, ao em vez de Lizz.

Ao todo, foram nove boladas na cabeça, cinco no abdômen e três em suas pernas. Algumas garotas do time estavam chateadas e assustadas com a ‘’brincadeira’’. Essa que acabou quando o professor voltou, e aterrorizado olhou o estado de sua aluna.

O uniforme que antes era branco, agora possuía uma cor marrom. Lizz estava molhada pelo suor e tinha algumas manchas vermelhas pela face pálida. Augusto parou o jogo, e avisou que os culpados iriam sofrer com as consequências. Em seguida, arrochou seus dedos no braço magro de Lizz e a acompanhou gentilmente ate a enfermaria.

A moça que cuidava da sala de enfermagem era Anne. Ela havia chegado a dois anos da Inglaterra, e tinha um sotaque pesado. Era alta e de pele morena. Possuía um piercing prateado no nariz, e era levemente gordinha. Os cabelos ondulados sempre amarrados para cima, e com seus lábios vermelhos de batom.

Lizz não tinha nada contra ela. E a conhecia bem. Tornaram-se amigas nesse curto espaço de tempo. Anne era amigável e gentil, sempre se importando consigo. Tanto é que Lizz sentiu-se mal, ao ponto de empalidecer ao ver o rosto da menina.

— Meu senhor! O que houve? —

A enfermeira se aproximou.

— Olá, Anne — o professor se pronunciou — Veja, Lizz precisa de cuidados. Algumas garotas foram realmente cruéis. Cuide bem dela. Irei falar com o diretor. —

Augusto deixou o local, e Lizz sentiu suas bochechas ficarem vermelhas pela vergonha. Anne a olhou preocupada.

— O que houve querida? — a chamou com a mão, para que se sentassem uma ao lado da outra sobre a cama.

— Eu estava... Jogando queimada. — sussurrou sem lhe encarar os olhos.

Anne soltou todo o ar de seus pulmões, tocando o cabelo curto da menina.

— Imagino que isto não seja motivo para estar neste estado —

— É desesperador — Lizz mostrou-lhe os olhos pesados e triste, chamando a atenção da enfermeira.

— Uhn...? — a incentivou a continuar. Ainda massageando os cabelos negros da aluna.

— O... O bullying, é desesperador. —

Anne estreitou as sobrancelhas, afastando-se da menina. A dor naquelas palavras, chegava a torna-la por alguns segundos, depressiva.

— É isto Lizz? Esta sofrendo bullying? —

Lizz piscou os olhos.

—Diga-me quem fez isto! —

— Eu não disse que estava sofrendo bullying. — lizz ergueu-se da cama, a encarando com seus olhos indignados. — Eu apenas afirmei que era desesperador... Não que eu saiba como é. Eu... Apenas acho que seja. —

Annye a encarou, desconfiada.

— Lizz, eu... —

— Termine logo com isto. Eu preciso voltar às aulas —

A enfermeira calou-se, tratando de cuidar da garota.

— Preciso que tire a roupa. — as bochechas de Lizz ficaram vermelhas — Fique apenas de roupa intima Lizz. Não é como eu fosse lhe assediar. —

— Eu sei... Mas... É que... —

— Esta me escondendo algo? Terei que avisar ao diretor, que uma de suas alunas pode estar sofrendo bullying? — Lizz arregalou os olhos — Que ela possivelmente possa estar com o corpo machucado, e que tenta de algum modo me impedi de ver. Se desejar, posso ir agora mesmo dizer isto a ele. Provavelmente chamará teu pai. Logo outras várias coisas iram acontecer. Ou... Você pode simplesmente mostrar-me e... Fazer disto nosso segredinho. Que tal? —

Lizz sofreu em silencio, indecisa se fazia ou não o que a enfermeira lhe pediu. Não havia assim tanta confiança entre elas. Não esquecera que Anne era uma profissional, e que mesmo dizendo que ‘’não’’, Lizz poderia sim ser traída.

A mulher esperou um pouco mais por uma resposta. Esta que só veio ao ver que a garota começava a tirar lentamente o uniforme escolar. A enfermeira mordeu o lábio gordo, sentindo-se mal à medida que as manchas vermelhas se mostravam.

A garota estava envergonhada. Seu corpo magro e pálido era a segunda vez que o mostrava. Anne observava as bochechas rosadas de Lizz, e reparou que bastava.

— Chega Lizz! — suspirou, permitindo que ela ficasse com a calça. — essas manchas, como as conseguiu? —

— Eu caí — foi tudo que disse. Anne estalou a língua, tamanha fora a mentira desajeitada.

‘’Se for mentir, que faça direito’’ Pensou.

— Vamos começar novamente. Como conseguiu essas manchas, Lizz? —

A menina franziu as sobrancelhas. Desviou o olhar e calou-se.

— Irei recomenda-la a Roberta —

Roberta era a psicóloga da escola. Lizz realmente achava que aquilo não era necessário.

— Você me prometeu que... —

— Que não a levaria ao diretor. E apenas não o faço por que não tenho provas. — Lizz resmungou algo, vestindo-se. — Tome. Peça ao diretor para ir para casa. — Anne entregou-lhe um atestado medico. — E ao sair, vá a uma farmácia mais próxima e consiga o que esta anotado ai. —

— Não estou doente —

A enfermeira a ignorou.

Lizz correu ate o banheiro feminino e escondeu-se por lá. Suas mãos tremiam e seus pés estavam absurdamente gelados dentro do tênis que usava.

‘’O que acabei de fazer?!’’

Faltava-lhe o ar.

‘Anne contará ao diretor e... E... ’’

A porta do banheiro se abriu e Lizz correu para fora. Estava realmente assustada.

O diretor brincava com sua caneta em mãos. Lizz havia batido na porta antes de adentrar o recinto, e mesmo assim sentiu-se envergonhada ao notar que o Jorge conversava com um garoto.

O diretor ofereceu-lhe um semblante fechado, e não sorriu.

— Lizz, eu estava realmente querendo falar com você —

Lizz tremeu, amassando o papel entre os dedos.

— Diretor... Eu vim apenas mostrar-lhe isto, então... — Fora rápida com as palavras, obrigando-se a se aproximar da mesa. Notando quem estava sentado a cadeira.

‘’George... ’’

— O que faz aqui? — perguntou incapaz de prender a língua.

George suspirou e olhou para o diretor. Lizz o acompanhou, perguntando-se o que diabos havia acontecido.

Jorge formou um barulho com sua garganta.

— George me contou o que aconteceu ontem. Eu estou realmente preocupado e gostaria que você me dissesse o que houve —

Tremeu. Encarou George. Lizz não esperava por isto.

_ Eu caí! — fora rápida com a resposta — O chão estava... Molhado. Eu escorreguei e caí. Isso é tudo —

O diretor balançou a cabeça, negando-se a crer naquilo.

George suspirou e, Lizz se perguntou o porquê dele ter feito isto. Piscou os olhos negros, evitando encara-los.

‘’Otavia não poderia nem ao menos imaginar isto!’’

Mexeu os dedos, suando mais que o previsto. Sentia-se mal. Mal o bastante para que caísse com força sobre o chão.

— Lizz, esta tudo bem? — Jorge indagou preocupado. Notando os lábios brancos da menina.

— Eu preciso ir para casa — avisou afastando-se da mesa — Aqui esta. Anne pediu para trazê-lo —

— Lizz! — Jorge aumentou a voz, ficando sobre os pés. — sente-se nessa cadeira agora. Não vou aceitar esse tipo de situação no meu colégio! —

— Tipo de situação — Lizz repetiu, estreitando os olhos — Mas o que diabos eu fiz? Que situação você se refere! Eu já disse que não há nada comigo. Não estou sofrendo bullying!—

Jorge estreitou o olhar. E Lizz desviou os seus, ao se dar conta que também havia elevado à voz. Suas bochechas ficaram vermelhas pela vergonha. Deu um passo para trás, deixando claro que a conversa havia acabado.

Mas Jorge havia continuado.

— ‘’Mas que diabos eu fiz’’ Você pergunta. E esse é o problema Lizz. Você não fez nada. — ele amansou a voz. E Lizz notou um sentimento de pena em cada palavra que por ele era dita. — Não reagiu quando lhe cortaram o cabelo. Sim, eu sei que isso foi obra de algum ‘’engraçadinho’’ por que Vera havia me dito que encontrando parte dele no banheiro feminino. — Lizz prendeu a respiração, ainda parada. Encarando a porta de madeira a frente. Jorge e George não veriam sua face assustada. — Você não permitiu que eu a ajudasse. Nem mesmo quando espalharam fotos sua de roupa intima, no site da escola. Ou pelo fato de que você passa mais tempo fora da classe, do que dentro dela. — Jorge respirou e Lizz sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas.

‘’Não me faça lembrar-me de tudo isto’’ Pensou consigo.

— Quero que saiba que você não esta sozinha. George, eu, e qualquer outro professor nos preocupamos com você. Todos notaram algo de errado. —

— Esta dando um de psicólogo agora —

Lizz fungou, e George arregalou os olhos ao notar que ela estava chorando. Sua tentativa de ir ate ela fora interrompida pelo direto, que o segurou pelo braço esquerdo. Jorge negou com a cabeça, para que ele voltasse a sentar-se quieto.

— Lizz... — continuou — Estou falando isto não como profissional, mas como pessoa. Eu me importo com você... —

— Não... Não a nada de errado... Comigo — o interrompeu, passando o dorso de sua mão sobre o nariz.

Jorge suspirou.

— não há nada de errado... Mas você chora —

Lizz preparou-se para dar mais uma de suas desculpas ridículas. Algo como ‘’Caiu um cisco no meu olhou’’ Mas ai ela levaria graça a um momento tenso como este. Jorge provavelmente suspiraria em alivio e diria ‘’Como se eu fosse acreditar nisso’’ George não entenderia nada, imaginando que o clima gentil estivesse voltado. Mas Lizz não queria aquilo. Ela não queria denunciar Otavia. Ela não poderia. Mesmo que a verdade estivesse engasgada em sua garganta.

Lizz só imaginaria o pior depois disto.

Ela ergueu a face avermelhada e evitou olhar para trás. Jorge deu-se conta de que ela preparava-se para escapar da sala. Mas seria tarde de mais. Ele não poderia alcança-la.

Lizz era tão covarde. Covarde de mais.

Ela abriu a porta de madeira e... Em meio ao desespero, chocou-se com força contra o corpo másculo de Augusto. Lizz arregalou os olhos. Assustada.

‘’O que faz... Aqui’’

— Aqui esta a aluna, Diretor. Otavia Muniz. — o professor falou o de menos, empurrando a garota para dentro. — E o responsável pela aluna Lizz Lee. O senhor Roberto Lee —


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