Stop! escrita por Elizabeth


Capítulo 10
Fim.




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            Passaram-se alguns dias. Estávamos próximos das férias do meio do ano e Lizz parecia feliz. Tirando o fato de que precisava se despedir de Daniella e George. Sim, seu pai havia lhe avisado de que agora moraria com os tios. A irmã de sua mãe, os dois gêmeos e o marido. Lizz não estava tão animada com a notícia, mas ela sabia que seria o melhor. Seu pai não tinha interesse em Lizz. E Lizz não queria que o fizesse. Ele poderia ser problemático, e ela estava relaxada em tê-lo longe de si.

            A última vez que viu seus tios, Lizz tinha uns seis anos de idade, e os gêmeos três anos. Eram pessoas carinhosas. Não haveria problemas. Mas por que eles tinham que morar a quatro horas de distancia da sua escola? Lizz teria, obviamente, que trocar de colégio.

            Ela suspirou outra vez. Mais alto. E olhou para a casquinha do sorvete de morango. Era gostoso, mas não fazia Lizz se esquecer dos problemas. Ela deveria ter avisado hoje mesmo aos amigos. ‘’Olá pessoal, eu estou indo embora’’

            Ok. Não era necessário tanto drama, mas Lizz sentirá falta deles. Foram os primeiros. O sorvete já havia manchando seus dedos e ela mordeu o lábio, pensando duas vezes se deveria ou não os lamber. Não. Melhor não.

            Lizz saiu. Guardando suas mãos para dentro dos bolsos do casaco.  Sentindo-os grudar. Alguns alunos escapavam para fora da escola, mesmo que passasse do meio-dia. Ajeitou sua mochila sobre as costas e caminhou devagar ate a Biblioteca.

            Daniella e George haviam lhe chamado para tomar algo, e mesmo após trinta minutos de conversa, e o seu sorvete estar totalmente liquido, ela não conseguiu dizer ‘’tchau pessoal’’

            Amanhã seria o ultimo dia em que estaria pela cidade. E Lizz não queria ‘’sumir’’ sem dizer algo como ‘’com certeza nos veremos por ai. Tipo, nos finais de semana, talvez’’

            Ela riu adentrando a biblioteca mais próxima de sua escola e a que mais frequentava. Margareth tomava um café quente. Por que era possível ver a fumaçinha se espalhar pelo lugar. Ela a encarou e depois sorriu.

— Resolveu aparecer, Lizz a sumida. —

— Olá, Marg. Tudo bom? — indagou a menina ficando bem próxima a mesa da bibliotecária — Resolveu o probleminha do seu apartamento? —

— Oh sim, minha querida. Graças a Deus — Lizz riu de sua careta — Aqueles ratos iriam me expulsar da minha própria casa. —

            Margareth ajeitou alguns livros sobre a mesa e então olhou curiosa.

— Você? O que me conta? — 

— Estou indo embora para a casa de meus tios. Depois de amanhã, talvez. — brincou com os seus dedos, como sempre fazia quando estava nervosa, e Margareth pareceu-lhe triste pela noticia.

— Oh, querida. Isso me deixa feliz e infeliz. — Lizz riu sozinha. — Aquele homem vai estar longe de você, isso é bom —

Os ombros se encolheram e Lizz ficara meio animada, meio constrangida. Margareth sabia dos assuntos sobre o pai de Lizz. E ela sempre a defendia. Apesar de que Roberto  não a conheça. Margareth o conhecia muito bem.

— Estou entrando. Vou me despedir dos livros. — disse, caminhando para dentro. A mulher acenou, sorridente.

— Fique a vontade, meu bem. —

            Passou horas ali. Lembrando-se de algumas coisas. A maioria delas era triste. Almoçou com Margareth e ela lhe contou sobre o novo namorado. Por Deus, quanto tempo Lizz havia ficado fora? Mais tarde, achando o momento quase certo, Resolveu mandar um SMS para George, dizendo que amanhã tinha algo importante para lhe contar. Seria difícil, mas Lizz não estava considerando um ‘’Adeus’’ era apenas um ‘’Ate logo’’ Talvez esse último mês tivesse sido bom. Bom o bastante para Lizz mudar um pouquinho, e nunca mais pensar que está sozinha.

            Olhou para a janela de vidro, e o seu cérebro gritou em aviso. Já estava de noite e ela não havia notado. Olhou pelo canto, encontrando Margareth falar no celular.  Lizz Suspirou aliviada. Pensava que tivesse sido esquecida, por que estava tarde de mais para qualquer uma das duas estar ali. Uma ultima olhada para as estantes e um ‘’Adeus amigos’’.

            Mordeu o lábio. Triste.

— Querida, tenho que fechar. Já são 18 horas. —

— Desculpa Marg. Eu fiquei apaixonada de mais. — sorriu tímida.

            Margareth aproximou-se, e abraçou-a com força. Lizz Retribuiu com a mesma animação e ela pensou que a bibliotecária estivesse chorando.

— Tenho algo para você. — Marg olhou para baixo de sua mesa, em alguma gaveta e então mostrou um livro. Grosso. Com capa em tons de vermelho. Tão lindo. — Leia. Enquanto não encontra outro cantinho pela cidade desconhecida —

— Oh meu Deus. Isso é sério? —

            Ok. Lizz poderia estar exagerando. Mas essa realmente era ela.

‘’Vendo-me fácil por livros. Amo-os. ’’ Pensou consigo mesma. Feliz.

— Sim, querida. —

— Obrigada, Marg — a abraçou uma ultima vez.

            Voltando para casa. Com seu tesouro na mochila, e alguns passos largos. Era tão silencioso àquela hora da noite, que Lizz poderia se assustar com o próprio suspiro. Alguns casais namoravam quietos. E os restaurantes cheios, com pratos quentes por trás da janela, a deixavam faminta.

            Apressou-se, dando a volta em dois becos. Era comum passar por ali, sempre que voltava da Biblioteca. Mas nada lhe parecia tão assustador como agora. Era tarde, escuro e causava arrepios. A saída nunca fora tão distante de distorcida.

            Aqueceu suas mãos, colocando-as no bolso. Cantando uma musica qualquer em sua cabeça. Por Deus, como fazia frio. Respirou.

— Hey Lizz. —

            Lizz abriu seus olhos. Mostrando a face vermelha, assustada e talvez um pouco surpresa. Ela não demorou um segundo para saber de quem se tratava.

— Hey. Não me ouviu. Caramba. —

            Seus pés travaram como se tivessem criado raízes no chão. E ela implorou para que pudesse correr. Por que aquilo estava acontecendo mesmo? Sério que esse pesadelo não acabou?

— Qual é Lizz. Nem pense em gritar ou sair correndo. Eu estava com muitas saudades pra te deixar escapar tão fácil — sorriu. Com seus olhos negros de ódio.

            Lizz prendeu o ar. Seus dedos tremendo e seus estômago revirando.

— O que você quer? — indagou a menina, nervosa.

— O que eu quero? Apenas me despedir. Você sabe ne? — Lizz fraziu o cenho, confusa. Otavia aproximou-se, escondendo as mãos dentro do bolso de trás de sua calça. — Depois daquele pequeno probleminha, foi muito difícil encontrar outro colégio. Minha mãe foi obrigada a sair da cidade. Pra outra bem longe. Alguma que não conheça o nome ‘’Otavia’’ —

            Rosnou. E Lizz se perguntou o que diabos tinha a ver com isso. Um passo para trás, e Otavia acompanhou. Seus olhos atentos de mais.

— O que? Você não vai me deixar se despedir? — fingiu-se magoada. — Qual é o seu problema? Sabe quantas horas eu fiquei ali fora, esperando você sair daquela maldita biblioteca. E caralho, garota. Você ficou toda à tarde lá. —

— Estava me seguindo? — Lizz indagou, não acreditando nas palavras. Realmente assustada. Otavia sorriu amarelo, soltando o ar como se estivesse decepcionada.

— Ah, eu queria dar uma ultima olhadinha em você, antes de ir. — respondeu, e Lizz pulou para trás. Seus olhos abertos ao encarar a faca pequena que Otavia segurava.

‘’Quando ela havia aparecido com aquela faca?’’

— Hey... Otavia. Calma. —

            Lizz chorou baixo. Com medo. Otavia aproximando-se lento. A ponta indo para frente.

— Você não vai fazer essa desfeita, não é Lizz? — perguntou. Obcecada. — Quer dizer, não é como se você fosse morrer. Vai ser um furinho abaixo da sua costela. E depois a gente fica feliz. —

             ‘’O que diabos aquela garota fumou?’’

            As costas de Lizz bateram contra a parede suja, e ela olhou para os lados. Com seus olhos grandes. A respiração em falta. Otavia não estava brincando. Aquele rosto assassino. Próxima de mais. Com dedos fortes e seguros apertando o cabo da faca.

            Lizz respirou fundo e retirou a mochila, jogando-a contra a garota, antes que fosse tarde. Otavia perdeu o foco, jogando o objeto para longe e então Lizz já estava distante. Ela correu em direção à menina, rápido. Seu cérebro entrando em desespero ao vê-la sumir de suas vistas. Saindo pelo beco e então para o centro movimentado de carros.

            Respirou fundo, cansada. Sem pensar em desistir, continuou. Lizz estava do outro lado rua. Parecia desesperada, e Otavia ficou excitada com aquilo. Quando ela olhou para trás, Otavia lhe encarava com ódio. Ódio assassino. Apertou a faca contra seus dedos e correu para frente. Lizz cobriu os lábios, o grito abafado.

            Para Otavia, tudo ficou escuro.

            O medico apareceu na sala de visita. Seu olhar já dizia tudo, e a mãe de Otavia percebeu de inicio. Lizz não se sentia culpada. E nem deveria. Ela ligou para Daniella, por que não sabia o numero dos pais de Otavia. O que foi um erro. Por que Daniella começou a chorar e a gritar ainda pelo telefone.

            Depois de alguns minutos, ela e George apareçam. Mas antes disso, Fabiana havia gritado tanto com Lizz. Culpando-a do estado de sua filha.  Lizz afastou-se, esperando por noticias. Depois de uma hora e meia.

— Eu sinto muito. Ela não poderá mais andar. — foi o que o Doutor lhes disse.  

            Fabiana chorou rios. E um parente próximo, talvez, a abraçou com carinho. Lizz mordeu o lábio. Não estava sentindo nada. Aliviada, um pouco. Mas ninguém precisava saber disso. Não era de se sentir orgulhosa.

— Hey, você ta bem? — George aproximou-se. Ele sentou-se ao seu lado no sofá.

— Sim. — suspirou, abraçando-se a sua mochila — Bem. Acho melhor eu ir agora. Tá tarde e meu pai me ligou então... —

— Quer que eu te leve? — o olhei curioso. — Quer dizer... Estou de moto e eu trouxe a Dani, mas ela com certeza não vai se importa. Eu voltarei mais tarde para levá-la para casa. —

            Dei de ombros.

— Se não há problema. —

            Ergueu-se caminhando ate a saída. O choro ficando mais e mais distante.

            George levou-a para casa. Devagar e mesmo assim Lizz grudou-se a ele. Apenas para sentir seu perfume. Seus pensamentos a irritando. Era calmo. O vento.

— Boa noite, Lizz. Vejo-te amanhã. —

— Boa noite — respondeu desanimada, sem afastar-se do rapaz. George ainda a encarou por um tempo, desistindo de colocar o capacete.

— Aconteceu algo? —

            Lizz o encarou. Triste. Não imaginava que pudesse ser assim.

— Eu... Vejo-te amanhã mesmo? —

— Sim. Não sei. Talvez Daniella se sinta mal e eu fique um pouco com ela. — sorriu, ajeitando os cabelos. Lizz observou ele preparar-se para sair. Nervosa. Sua respiração escapou para fora e Lizz falou antes que George fugisse dali.

— Estou indo embora. Amanhã. Depois de amanhã. — corrigiu.

            A voz saiu triste. Falha. George a encarou quieto e Lizz pensou em chorar. Chorar muito. Por toda a noite.

— Isso é sério? —

— Sim. Meu pai se cansou de mim. Eu estou indo viver com meus tios. —

— Eles... — George suspirou. — Eles moram aqui? —

— A quatro horas de distancia. Outra cidade. Outra escola. — ela fungou, derrubando sua mochila no chão. George abandonou sua moto e então se aproximou de Lizz. Abraçando-a com força. Ele a beijou. Gentil. O gosto das lágrimas dela. Lizz não ficará nervosa. Talvez estivesse esperando tanto por isso.

            No outro dia. George e Daniella estavam lá. Junto com alguns professores e Anne. O diretor também, e Lizz riu com gosto. Todos se despediram da menina, afinal todos ali gostavam dela. E Anne era a única que chorava tanto. A mais emotiva.

— Sentirei tantas saudades de vocês —

            Daniella aproximou-se para um abraço de urso.

— O que está dizendo, Lizz? Você vai vir todo o final de semana dormi na minha casa. Claro, não vamos esquecer-nos das férias. E dos feriados e... —

            Lizz riu com a animação da amiga. Mas sabia que Daniella estava tão triste. George se juntou ao abraço, afastando a irmã que o olhou com o cenho franzido.

— O que é isso? — indagou ofendida. George riu com gosto. Abraçando o ombro de Lizz.

— Não fica muito grudenta na minha garota. —

— Sua garota?! —

            Daniella arregalou os olhos, e Lizz sentiu suas sobrancelhas ficarem roxas. ‘’Quando havia se tornado a garota de George?’’ indagou a sim mesma. Estava confusa, surpresa, triste. E muito, muito feliz.

‘’Isso realmente não poderia ser considerado um adeus’’


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