Tempestuoso escrita por babsi


Capítulo 13
Capítulo 13: Cinco


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pesado.
Dedico a Lare Aguilar, rafariggs2002 e Julia Martins.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588334/chapter/13

POV THEA:

Estava tudo entrando em seus confins. Após o que parecia ser uma conversa entre Rick e Daryl, o plano havia sido traçado. Gareth não passaria daquele dia, e eu não sabia ao certo como me sentir.

Seria o fim de Terminus, para sempre. O fim de toda aquela crueldade, o fim das mortes, o fim das armadilhas, o fim do que minha família havia se tornado; mas, também seria o fim do Santuário, o fim de nossos esforços para nos manter a salvo do apocalipse, o fim de todas minhas lembranças de Red; seria o fim da minha família, do meu sangue e, o que me deixava mais chocada em tudo isso, era o sentimento que me abatia, o sentimento de que a morte de Gareth era o necessário para enterrar todo aquele terror.

Eu nunca tinha sentido minha vingança com tanta intensidade. Aquilo me assustava.

Bem eu que nunca vi a morte como um prêmio, que sempre fazia de tudo para evitá-la... Será que eu estava me tornando o meu pior inimigo?

Luto com o ímpeto de abaixar a cabeça e deixar as lágrimas caírem. Eu não era fraca. Eu não podia me dar o luxo de me sentir fraca. Gareth tinha que morrer. Se o deixasse vivo, ele poderia não cruzar mais nosso caminho, mas cruzaria com o de outra pessoa e eu não queria ser responsável por mais essa morte.

– Você me acha um monstro por desejar tanto minha vingança? - pergunto para Beth, sentada a meu lado.

Nós estávamos separando a munição, organizando tudo para uma falsa caçada atrás de Gareth e seus comparsas.

Beth me sorri de forma doce mas, principalmente, determinada.

– Todos sempre me viam como frágil. - ela diz, recarregando uma arma e colocando uma bala na agulha. - No começo eu até era, sabe? Só o que eu sabia fazer era cuidar da Bravinha e choramingar pelos cantos, sempre com palavras românticas de como matar os vivos em qualquer circunstância era errado, era contra a humanidade.

Ela ri um pouquinho, revirando os olhos, como se essa imagem sua fosse patética.

– Mas, então, o Governador apareceu querendo guerra, e eu percebi que se não matássemos, nós iriamos morrer. Eu entendi o que essa praga de errantes significava. Nossos inimigos não são só os mortos, mas também os vivos.

Assinto, concordando com cada palavra dita.

– Antes nós tínhamos meios menos violentos de fazer justiça, mas hoje em dia não podemos nos dar ao luxo de ter um julgamento, por exemplo. Os mais fortes vivem, sendo eles justos e bons ou não. Eu agradeço todos os dias por fazer parte de um grupo forte, justo e bom, Thea. Um grupo que não pensa duas vezes antes de matar pelos seus.

Ela olha de um por um, com uma expressão de amor nos olhos. Todos trabalhavam juntos, um sempre pensando no outro.

Eles eram bons e justos. Eles eram fortes. Eu tinha orgulho de poder conhecê-los.

– Já tentamos diplomacia e você sabe muito bem que é uma furada. Meu pai foi decapitado por ela. - ela continua, me fazendo engolir em seco. - Então, quanto a sua pergunta: Não, você não é um monstro. Você está fazendo o certo, abriu mão da sua dor para dar a outras pessoas a chance de viver. Salvou minha família em detrimento da sua. Você é forte, boa e justa. Sua vingança é forte, boa e justa, Thea.

– Obrigada, Beth. - Digo, apertando suas mãos.

Ela me sorri, retribuindo o aperto, como se ela fosse minha amiga há tempos.

– Thea? - a voz de Daryl se faz presente de forma intensa, porém, quase tímida, como se ele não quisesse estar ali.

– Daryl. - falo simplesmente, continuando meu trabalho de separar munições.

Depois de nossa conversa, acho algo dentro de mim tinha ficado realmente pê da vida com Daryl.

Ele não podia achar que era de seu direito me impedir de fazer o que eu achava correto. Ele não podia me fazer duvidar daquilo que eu acreditava. Foi decepcionante pensar que, de todos ali, seu apoio era o único que eu não teria, já que seu apoio era o único que eu queria ter.

– Posso falar com você? - pergunta, passando as mãos pelos cabelos de modo impaciente.

Daryl fazia muito isso quando estava nervoso e, ao que parece, ele não tinha ideia de como ficava sexy com os músculos torneados de seu braço flexionados.

– Já estamos falando. - responto, emburrada, dando uma de difícil.

– Você pode parar de ser mimada por um segundo? - ele sibila de forma ríspida, se irritando.

Olho para seus olhos azuis estreitos em fendas. Ele estava muito bravo.

"Selvagem", minha mente grita.

– Vai lá antes que ele te dê uns tapas. Se bem que você iria gostar, não é mesmo? - Beth sussurra em meu ouvido, me fazendo ruborizar até a próxima geração.

Daryl nos olha, uma sobrancelha arqueada daquele modo impaciente dele, sem entender nada do que acontecia.

– Eu termino isso aqui. - Beth sorri angelicalmente, me empurrando em direção ao homem alto e com cara de poucos amigos a nossa frente.

Daryl começa a caminhar a passos largos até a saída da igreja, num convite mudo para segui-lo.

Dou mais uma olhada para Beth, que me manda um sorriso malicioso. Balanço a cabeça em negação, imaginando que a ideia de conversa que Daryl tinha não era nada maliciosa.

"Infelizmente, né, queridinha", minha mente agita.

– Não é perigoso ficar aqui fora? - pergunto, seguindo-o para os fundos da igreja.

Maggie, que ainda fazia ronda, me manda um sorriso malicioso, assim como o da irmã, largando o rifle para fazer dois joinhas nada sutis com as mãos.

Reviro os olhos, vendo Rosita olhar para Maggie sem entender, depois de mim para Daryl com um olhar tão malicioso quanto o sorriso das Greene.

Deus, uma hora isso vai dar uma santa duma merda!

– O que foi, está com medo agora? - Daryl responde, de modo cínico, fazendo com que eu retomasse meus pensamentos ao que nos levava ali, nos fundos da igreja, como dois fugitivos.

– O que você quer, Dixon? - Tento soar desinteressada, encostando na parede e cruzando os braços no peito.

Acho que, no fim das contas, fiquei parecendo aquelas mulheres que ilustravam as capas dos álbuns dos anos 80.

Os mullets de Eugene estavam nos contaminando.

– Eu queria... - Ele começa, um pouco irritado, talvez constrangido. A mão vai novamente para o cabelo, o braço flexionado na altura do queixo.

– Você queria? - forço, após um breve balanço de cabeça para retomar meus pensamentos.

– Desculpe ter perdido a linha. Eu não mando em você, eu não posso lhe dizer o que é certo ou errado. - ele fala baixo, como se pedir desculpas fosse algo muito difícil.

– Não, você não pode. - digo simplesmente, esperando que ele continuasse.

Ele permanece ali, parado em minha frente. As feições, antes constrangidas, assumindo uma expressão impaciente, irritada. Era tão fácil irritá-lo.

Continuo em silêncio, esperando que ele falasse, explodisse... Qualquer coisa que não fosse esse constrangimento disfarçado de irritação.

– Você quer que eu diga mais o que, Thea? - ele solta num rugido, jogando os braços para cima e se afastando.

– Eu não sei. Quem tem que me dizer é você, Daryl.

Ele me olha, tão bravo quanto antes.

– Eu fiquei preocupado! - sussurra entre dentes. - É isso que quer ouvir? - me empurra contra a parede, como se eu fosse uma boneca de pano.

Não era delicado, mas também não era violento. Era bruto, de um jeito Daryl.

– Quer ouvir que eu fiquei puto com o pensamento de que nunca mais te veria com esses dois olhos verdes brilhando em esperança? - ele rosna, perto demais de minha boca.

Seguro a respiração, o mundo parando a minha volta. Era bom tê-lo tão perto.

– Por que é isso que vai acontecer se você alimentar toda essa raiva que você tem de Gareth. Ela vai te consumir, e eu não quero ter que lidar com isso. Não quero saber que não fiz nada para te impedir de ficar amarga. - a voz suaviza e ele se afasta, novamente constrangido com sua explosão.

Mal sabia ele que eu estava começando a adorar quando ele perdia a linha.

– Você não é responsável, Daryl. Você não tem que lidar com nada. - digo, tentando manter a voz suave.

– Você acha que eu não sei disso, Thea?! - franze o cenho, tentando se controlar.

Joga a cabeça para trás, olhando para qualquer lugar que não fosse para meu sorriso presunçoso.

Ele se importava, e isso deixava me fazia explodir em sensações nunca antes sentidas. A única coisa que eu sabia era que ter ele por perto era bom, ver ele se importar me fazia feliz.

Chego mais perto, pegando seu rosto em minhas mãos. Ele se afasta, com aquela cara de quem se sente desconfortável, como sempre. Dou de ombros, sem me ofender.

Se afastar daquele jeito era muito Daryl e eu não me importaria com algo tão natural.

– Eu não sou uma carniceira, Daryl. - digo pausadamente, para que ele entendesse de uma vez por todas. - Eu não quero e nem posso me acostumar com as mortes. Eu nunca vou gostar de matar, mas Gareth tem que morrer. Você, mais do que todo mundo, sabe disso. Ele não vai parar, ele nunca vai parar. Alguém tem que fazer com que ele pare, e isso é algo que só cabe a mim. Não é só por culpa, é por honra. Ele é minha família. Como você mesmo disse: Gareth é meu sangue. Eu me responsabilizo por meu sangue, e só eu tenho o direito de dar a ele o fim que nós desejamos.

Ele assente, se afastando mais um pouco.

– Você faz o que tem que fazer, não é da minha conta. - o tom ríspido novamente em sua voz.

Reviro os olhos. Por que ele tinha que ser tão na defensiva?

– Claro que é da sua conta, seu idiota. Eu quero que seja da sua conta, eu quero que você se importe.

Ele me olha profundamente, os olhos azuis estreitos, me analisando como se eu fosse uma presa pronta para o abate e ele o caçador. Talvez fosse isso mesmo.

Ele joga o corpo sobre o meu, empurrando minhas costas contra a parede de modo bruto, de um modo Daryl.

Sua boca cobre a minha, enquanto suas mãos ásperas e quentes passeiam sem nenhuma delicadeza por meu corpo. Sua mão adentra minha blusa, em direção a meu seio. Ele o aperta com força, me fazendo gemer alto. Daryl me beija novamente, como para me calar.

– Daryl. - o nome escapa de minha boca em um gemido manhoso.

Isso parece incentivá-lo, pois sua boca começa a passear pelo meu pescoço e colo, a barba por fazer me arranhando, causando pequenos arrepios e sensações indescritíveis.

Eu queria Daryl Dixon por inteiro.

Ele me vira de costas com força, me empurrando para parede, sua mão ainda em meu seio, bruta e voraz, ávida por minha pele. Elas descem até minha calça, desabotoando-a.

Eu o queria tanto.

Meus olhos se abrem, e num choque eu chamo seu nome. Minha voz sai falha, como um gemido. Seu riso rouco quase me faz desistir e deixar para depois o que me afligia.

Eu precisava dele naquele minuto mas, minha consciência gritava que continuar com aquilo, naquele momento, era errado.

Respiro fundo, tomando fôlego para afastá-lo.

– Daryl. Não. - digo, ainda sem firmeza, me virando para olhá-lo.

Ele se afasta assutado, me olhando como se procurasse por algo.

– O que foi, te machuquei? - as mãos descem até minha cintura, segurando-a possessivamente.

Não consigo conter um sorriso, que faz ele estreitar os olhos, confuso.

– Não, você não me machucou. Você foi...

"Perfeito. Você foi perfeito.", minha mente completa, mas não havia tempo para aquilo.

Me afasto mais um pouco, apontando para a parede.

Seu cenho franze, e ele percebe, em meio aos tijolos terracota, um grande A escrito com sangue, bem a nosso lado.

– Eles estiveram por aqui. - diz, me arrastando pela mão até entrada da igreja.

Rapidamente fecho a calça, tentando arrumar meus cabelos e parecer apresentável. Ele ajeita a besta em seus braços, ainda me arrastando pela mão.

"Você continua com cara de quem queria dar", minha mente acusa, me fazendo revirar os olhos para meus pensamentos. Eu devia ser mesmo maluca.

Maggie me olha, um sorriso malicioso crescendo aos poucos conforme me aproximo. Ela olha para minha mão entrelaçada com a de Daryl. O sorriso cresce mais ao perceber meus cabelos bagunçados e minha boca inchada.

A Greene mais velha abre a boca para soltar alguma gracinha, mas a cara de poucos amigos de Daryl, mostrando que ele não estava para gracinhas, principalmente naquele momento, a faz ficar em silêncio.

– O que aconteceu? - ela pergunta, nos seguindo para dentro com Rosita e Carol em seu encalço.

– Sairemos para caçar aqueles abutres mais cedo hoje. - Daryl fala alto, em tom significativo.

Eles estavam por perto.

(...)

Eu, Judy, Carl, Beth, Rosita, Carol, Padre Gabriel, Tyreese, Sasha e Eugene nos amontoávamos no que antes era o quarto em que Gabriel dormia.

Sasha olhava a todo instante para a cama onde Bob falecera a pouco. Era evidente o ódio em seu olhar, a raiva que a tomava por inteiro, e eu penso se não era mais justo que ela terminasse com Gareth.

A mão de Beth, firme em meu ombro, como uma forma muda de apoiar o que eu deveria fazer, logo afasta meus pensamentos.

Eu daria um fim em tudo aquilo. Não Sasha. Não Rick.

O revólver pesa em minhas mãos tanto quanto a machete em minha perna. As balas daquela arma preta e gélida que acabariam com todo aquele inferno de Terminus.

Daryl abre a porta, colocando a cabeça para dentro, dando uma última conferida.

Carol acena para ele, um movimento positivo com a cabeça, como se dissesse que estava tudo sobre controle, que o plano poderia ser posto em prática. Ela aperta mais o rifle em suas mãos, como se fosse uma extensão de seu corpo.

O Caçador me dá uma última olhada. Era firme e significativa, como se pedisse para eu não fazer nenhuma merda. Dou-lhe um meio sorriso, tentando passar uma espécie de confiança. Ele somente estreita os olhos, parecendo me repreender. Sai do quarto, fechando a porta com um estrondo atrás de si.

Judith se movimenta irritada no colo de Carl. O irmão tenta acalmar a menina, que parece não estar nada feliz com a situação, presa naquele cubículo quente com nove pessoas.

Os sussurros do tal Padre Gabriel também não eram de grande ajuda para deixar o ambiente um pouco mais agradável.

Desde a morte de Bob ele estava amontoado num canto, rezando como se suas palavras fossem sua arma contra o mundo dos mortos.

Vejo Carol olhá-lo com raiva, impaciente. Ela sussurra um palavrão, talvez pensando em chutá-lo até que o homem calasse a boca.

Se ela não fizesse, eu o faria.

Sasha se posiciona a passos pesados ao meu lado, em frente a porta. Tyreese tenta puxá-la para trás novamente, tirando-a da linha de frente, mas a mulher se desvencilha, irritada demais para poder pensar direito. O ódio, a vontade de vingança a corroendo.

Olho para ela, que me encara com os olhos pesado, como se estivéssemos em meio a uma disputa: Qual das duas conseguiria dar o tiro que mataria Gareth?

Balanço a cabeça em negação, tentando dizer de forma muda que aquilo não estava em discussão, que eu terminaria com Gareth.

Ouvimos os passos de Rick, Michonne, Daryl, Abraham, Tara, Glenn e Maggie se afastarem em direção a noite fria, a porta da igreja se fechando com um baque atrás deles.

Havia chegado a hora.

Cinco minutos de passam em silêncio, enquanto continuávamos presos naquele cubículo apertado e claustrofóbico.

A porta da igreja se abre, um barulho que faz a pequena Judith estremecer.

Carl coloca a mão na boca da irmã, que já tinha lágrimas correndo pela face delicada, como se nos avisasse que logo começaria a chorar a plenos pulmões.

– Thea? - a voz de Gareth se faz presente, como uma trovoada, fazendo meu coração pular no peito.

Padre Gabriel se assusta.

– Eles estão aqui? Como eles estão aqui? - o homem de Deus sussurra assustado por entre sua reza.

Ele não sabia do plano, não sabia que éramos uma isca.

– Cale a boca. - Carol sibila para o homem, que parece não ouvi-la.

Os sussurros do Padre ficam cada vez mais altos, até que Carol lhe dá uma coronhada com o rifle na cabeça. Gabriel desmaia, duro como uma pedra. A mulher de cabelos curtos dá de ombros, os olhos firmes na porta, por onde a voz de Gareth se projetava.

Judith soluça, ainda com a mão de Carl em sua boca.

Carol e Rosita se ajeitam, o rifle das duas apontados para a porta, como se a qualquer movimento fossem começar a atirar.

Aperto o revólver com mais força em minhas mãos.

– Qual é, Thea. - Gareth continua, a voz com uma pitada de diversão. - Você realmente achou que nós iríamos ficar acampados lá, esperando seus amiguinhos nos caçarem?

Judith soluça mais uma vez. Beth coloca sua mão por sobre a de Carl, tentando abafar o choro da pequena.

– Você já pensou como nós... - ele começa, com um tom repreensivo. - Antes você saberia exatamente o que faríamos, mas acho que a fome te deixou meio lerda. Nós não passamos fome, na verdade, estamos muito bem alimentados. Bob deu uma boa refeição.

Sasha se debate ao meu lado, lágrimas grossas escapando por seus olhos cansados. Seguro seu braço.

– É isso que eles querem. Não dê a eles o que eles querem - mexo a boca, sem emitir som. Ela parece se acalmar.

– Padre? - Gareth não desiste, a voz cínica seguida por um riso impaciente.

Ele começava a apelar, já estava ficando incomodado com tudo aquilo, com toda aquela demora.

"Tão previsível", minha mente canta.

– Não temos nada contra você, Padre. Viemos pelos outros. Saia de onde está escondido e prometemos não lhe fazer mal.

Olho para Gabriel, que continuava desmaiado ao lado de sua cama. Agradeço Carol mentalmente.

– Cadê a garota, Gareth? - a voz de Martin propaga pela igreja, impaciente, como se duvidasse do líder. - Você falou que ela estaria aqui.

Faz-se silêncio por um curto tempo. Em minha mente eu podia ver o modo como Gareth estaria olhando para Martin. Os olhos injetados de raiva, ameaça. Ele não gostava de ser desconfiado, muito menos na frente dos outros.

– Gareth. - a voz de Martin sai estrangulada. - Não foi por mal, cara. Eu não quis... Você sabe que não podemos chamar o gado pelo nome, para não criar vínculos.

Martin ri nervosamente, e um tiro acaba com sua risada.

– Ela não é seu gado! - Gareth grita a plenos pulmões. Ele havia matado Martin.

Judith chora alto.

– Ouviu isso, Thea? - ele ri, vindo em direção a porta, os passos ficando cada vez mais altos. - Você é meu gado!

Ele para a nossa frente. Podíamos ver sua sombra fraca, por conta da pouca luz, se projetar por de baixo da porta.

– Ele está há quatro braços de distância. - Eugene sussurra, após um tempo observando a sombra no chão.

Ele devia ter feito alguns cálculos malucos, mas pelo menos sua cabeçona servia para algo.

Sasha se movimenta, prestes a fazer alguma coisa. Tyreese tenta impedi-la, mas o barulho de tiro os interrompe.

Os nossos haviam voltado.

Judith chora mais alto, e ouvimos a risada de Gareth.

– Eu vou atirar, Rick! - ele grita, a voz falhada. Talvez com medo após ver todos os seus aliados mortos.

– Não antes de eu estourar sua cabeça. - Sasha grita, chutando a porta, que se abre num rompante, deixando todos expostos.

Então tudo acontece rápido demais.

Dois tiros são ouvidos.

Ouço Tyreese gritar. Seu grito se misturando com o de Gareth.

Tudo parece ocorrer em câmera lenta.

Sasha cai em minha frente. Um tiro no meio de sua cabeça.

Gareth cai de joelhos, sua mão ensanguentada. Dois dedos pendem para o lado, caindo junto com a arma no chão.

Ele me olha, um riso maníaco escapa de sua boca, tentando esconder os gritos de dor.

Daryl aparece, arrastando-o até o meio da igreja.

Tyreese avança, mas é detido por Carol e Rosita.

– Ele não te pertence. - Carol diz, me olhando séria. Ela assente, me dizendo para fazer o que era certo.

Ty puxa o corpo de Sasha para si, deitando a irmã em seu colo. Eu saio do quarto, vendo a igreja cheia de sangue a minha volta.

Quatro corpos jogados no chão.

Paro em frente a Gareth, que ainda sorria.

– É um prazer estar de joelhos a seus pés. - ironiza, fazendo uma mesura com a mão mutilada.

Balanço a cabeça, vendo o ódio pela morte de Sasha crescer. Olho para Ty chorando, com a irmã em seu colo.

– É mesmo um desperdício. - Gareth provoca.

Tyreese não move um músculo, só me olha, como se esperasse eu fazer algo.

– Sabe... Os ursos. Quando começam a passar fome, comem os filhotes. Se o urso morrer, o filhote também morre, mas se o urso sobreviver, vai poder ter outro filhote. Faz parte do jogo. - Gareth me olha, o olhar cheio de insanidade, me provocando.

Me abaixo a sua frente. Queria ouvi-lo falar enquanto sentia toda minha raiva crescer, junto com a vontade de acabar de uma vez com aquilo.

– Eu gosto mais das mulheres, o Santuário inteiro preferia. - ele me olha, mais uma provocação.

Terminus não era um Santuário, era um abatedouro.

Não me deixo abalar. Continuo olhando-o, como se pedisse para prosseguir. Ele precisava prosseguir.

– Meu amigo, Alec, que morreu por causa do Rick... - começa a declamar, olhando para trás a procura de Rick.

Este estava em pé ao lado de Daryl, a shotgun que usou para decepar os dedos de Gareth ainda em riste.

– ... Ele achava que era por causa da camada extra de gordura que as mulheres têm. Sabe, pra usar na gravidez. Até as magrelas têm. - suspira, como se pensasse em algo muito bom. - Enfim, acho que vocês não se interessam muito pelo assunto, se interessam?

Não há respostas. Ele dá de ombros, continuando.

– O fato é que eu me sinto realmente triste em pensar que vou morrer sem provar... - suspira, apontando com a cabeça para a mulher morta no braços de Tyreese, numa lamentação muda. - Eu sempre quis provar a carne dela, ver se é tão boa quanto a do companheiro. O nome dele era Bob, não era? - ele sorri.

Sorrio de volta, arrumando o soco inglês em minhas mãos, já impaciente.

– Terminou? - pergunto.

Ele sorri, fazendo uma mesura, olhando para o soco inglês em minhas mãos. Seu olhar era de reconhecimento.

– Pelo que parece você andou furtando nosso Santu...

Não deixo ele terminar. Acerto o primeiro soco. Sua cabeça pende para o lado, um jato de sangue segue com ela.

Ele passa a língua no ferimento, lambendo o sangue ainda com um sorriso patético no rosto.

– Red estaria orgulhoso.

– Você não tem o direito de falar o nome dele. - respondo, dando mais um soco.

Dessa vez, dentes acompanham o sangue.

– Eu menti para você. - ele começa, com dificuldade.

Reviro os olhos. Gareth cospe no chão, tossindo logo em seguida.

– Eu disse que ele era durão, que ele morreu em silêncio, mas ele implorou. Implorou como uma criancinha para o deixarmos viver.

– Você sabe que eu não acredito nisso, Gareth. - digo com uma expressão de tédio, vendo seu desespero crescer.

A compreensão de que ele iria morrer por minhas mãos o atingindo, seguida de mais um soco. Seu rosto começava a ficar desfigurado.

– Você é um covarde. - digo calmamente, flexionando os dedos. - Você se deixou levar pela dor, pela fome. Você é um fraco, Gareth. Deixou as pessoas que jurou proteger morrerem, depois ficou preso em seu luto, como o homem frágil que é. Enlouqueceu e levou todos juntos! Você destruiu o que era para ser o recomeço!

– Você acha que eu vou me arrepender, Thea? Você acha que me ofendo, que vou pedir desculpas por tudo que eu fiz? - ele ri, num fio de voz - Eu faria de novo, passaria por tudo novamente, só para poder sentir o gosto de todas aquelas pessoas em minha boca.

Mais um soco. Empurro-o na direção dos bancos, ele bate a cabeça. Me dá um sorriso amargurado.

– Foi bom? - ele me olha, já cansado demais para falar. - Foi bom trair sua família, Thea? Foi bom nos deixar para morrer com os invasores? Foi legal ver sua tia e sua prima serem estupradas enquanto eu e Alex assistíamos? Você se sentiu feliz em vê-las no seu lugar?

Acerto mais um soco, vendo lágrimas descerem por meu rosto. Aquilo não era verdade.

– Você é fraco, Gareth. Esse mundo não é para fracos. - levanto minha blusa, deixando a mostra as cicatrizes.

Sinto o olhar de Daryl em mim, não consigo encará-lo, pensando em como aquilo tudo era vergonhoso.

Gareth olhava as cicatrizes ainda sem entender.

– O quanto você sangrou por elas, Gareth? Quanto você sangrou por todas aquelas mulheres, por todos aqueles homens? Quanto você lutou? - eu grito, empurrando-o mais uma vez, perdendo o controle. - Você não lutou, é um covarde. Você se afundou, afundou a todos! Você acha que Amber se orgulharia?

Ele me olha, o tempo parece parar. Vejo uma centelha de mágoa passar por seus olhos, tão rápida quando uma bala. Para mim aquilo já era o suficiente.

Pego o revólver preso em minha perna. Gareth sorri, os olhos sádicos de volta. Ele não era mais o homem doce e protetor que chorava pela morte da irmã, não era mais o primo amado. Ele era somente um monte de carne desforme, um saco de ódio, rancor e sadismo.

– Enfim um adeus. - ele sorri, fechando os olhos.

– Adeus, Gareth. - digo, sentindo as lágrimas escorrerem grossas em meu rosto. Meu dedo aperta firme o gatilho.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco.

Gareth. Mary. Alex. Amber. Jared.

Cinco tiros, cinco nomes. Cinco.

Caio de joelhos no chão, soluços saindo de meu peito, assim como um peso de meus ombros.

Enfim havia acabado. Terminus queimou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Terminus queimou em cinco nomes. Cinco perdas.

Aviso: Tempestuoso, a partir desse ponto, não segue o curso da série.

Espero que tenham gostado do capítulo!
Comentem, recomendem, favoritem...

(teve um quase sexo selvagem, vocês virammmmmm?????!!!!)
(daryl selvagem)
(gosta de pegar com força)
(nada de carinho)
(nada de amorzinho)
(pegada violenta)
(huhuhu)
(sexo amorzinho ainda não pq eles ainda não se amam né)
(mas jaja eles começam com a melação)
(mas não muito pq não sou mt assim)
(ai é estranho)

beijos de luzz



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempestuoso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.