Capítullo 22

Hoje quando eu acordei mamãe estava me esperando sentada na poltrona ao lado da minha cama. A expressão dela não era muito boa, mas ela se esforçava para sorrir.

-Bom dia meu anjo – ela disse quando me sentei na cama. Ela me beijou – Se vista e nos encontre na cozinha. Nós temos uma surpresa.

-Ok.

Eu me coloquei um vestido lilás com sapatos combinando. Eu estava penteando meu cabelo quando ouvi o papai gritar:

-Você não vai para uma festa, só vai tomar café!

Depois do ‘comentário’ dele eu escovei os cabelos rápido e desci. Meus pais me esperavam na mesa, um pouco nervosos. Eu acho que nunca havia os visto daquele jeito, o que me assustou muito. Eu peguei algumas panquecas que estavam na mesa e me sentei na frente deles. Não posso negar meu nervosismo. Qual será o motivo de tanta tensão?

-Sério, qual é a surpresa? – perguntei. Minha mãe cutucou meu pai, que respondeu:

-Nós vamos viajar. – ele forçou um sorriso enquanto esperava minha reação.

-Que bom, viajar é ótimo. Para onde nós vamos? Será que a tia Alice vai ajudar a fazer minhas malas? Ou ela vai comprar tudo novo lá? Eu e a Nessie podemos ficar no mesmo quarto? – eu parei com as perguntas, porque eu comecei a ficar ofegante por causa da velocidade que eu dizia as coisas.

-Hum... – minha mãe começou – É que... – depois de uma pausa relativamente grande meu pai completou:

-Só nós três iremos. Será uma viajem em família.

- Mas vai ser só uma viajem, não é? Em alguns dias estaremos de volta.

-Isso é relativo... – Mamãe tentou explicar, mas parecia que ela não conseguia.

-Nós vamos ficar mais que alguns dias Riley – papai, mais uma vez esclarecia as coisas – Nós vamos passar uma temporada em Fairbanks, Alaska. Nós vamos morar lá.

-Por quê? Eu gosto de morar aqui.

-Não querida. O problema não é você. Nós só queremos passar um tempo juntos, como uma família normal. – Mamãe tentava me convencer.

-Nós já somos uma família. Não uma família normal, mas nós somos. Uma bem legal.

Eu esperei uma resposta para isso tudo mais ela não veio. Eu me levantei e avisei:

-Perdi a fome. – fui em direção das escadas e os vi atrás de mim – Não me sigam, por favor.

Quando entrei no meu quarto, deitei na cama e fechei meus olhos.O inesperado aconteceu: eu vou me mudar, não sei por que, para um lugar que eu nem sabia que existia cheio de gente que eu nunca vi. Não sei por que estou me sentindo assim, como se eu fosse deixar um pedaço de mim quando eu me mudar. Eu ainda não entendi, mas tudo bem. Eu só preciso me acalmar.

Separei um moletom preto e fui tomar banho. Enchi a banheira enquanto escolhia uma música no meu I-pod novo. Meu banho não durou muito, apenas tempo suficiente para perceber minha reação exagerada. Vesti-me rapidamente e sem mesmo pentear meus cabelos, corri para o quarto dos meus pais. Eles estavam deitados um do lado do outro. Eu peguei impulso e me joguei encima deles:
- Desculpa! Desculpa! Desculpa! Desculpa! Desculpa! Desculpa!

-Calma filha! Está tudo bem. – mamãe disse entre beijos.

-Eu fui estúpida. Não devia ter tido aquela reação. Vocês não fariam nada para me deixar triste de propósito.

-É claro que não. – meu pai dizia enquanto me abraçava.

-Eu tenho algumas perguntas. Por quanto tempo ficaremos lá? Todos irão nos visitar? E qual o motivo da viajem? Falem a verdade dessa vez.

-Nós ficaremos lá por uns cinco anos, já que você parece ter dez ou onze agora.  Todos vão poder nos visitar e se a Nessie quiser, poderá passar as férias conosco. – ela parou de falar e eu continuei a fitá-la – Ok, você venceu. O motivo da viajem repentina é que...

-Nós percebemos um perigo para você nessa cidade e queremos sair daqui por uns tempos.

-Hum, isso explica bastante coisa. Quando partimos? – perguntei mais calma.

-Essa semana, mais precisamente na sexta feira. – Nós conversamos mais um pouco e voltei pro meu quarto. Liguei o meu notebook e pesquisei: Fairbanks. Não achei nada de interessante, mas talvez seja bom mudar.

Depois da minha pesquisa, mamãe veio pentear meu cabelo. Durante o processo ela disse que já se mudou diversas vezes. Para lugares magníficos. O que mais me chamou atenção foi Paris, na França. Ela prometeu me levar lá um dia.

* * *

A casa estava agitada, só faltavam dois dias para nossa partida. Eu passava a maior parte do meu tempo com a Nessie, pois sabia que seria dela que sentiria mais falta. Eu já havia separado tudo que eu precisaria na casa nova, então já estava livre para brincar até o dia da partida.

Eu estava no quintal junto com a Nessie. Ela estava me ensinando a correr mais rápido, e parecia que estava dando certo. Nós corríamos cada vez mais rápido, cada vez mais longe, até que percebemos que estávamos perdidas. Nós entramos em pânico, e depois caímos na gargalhada quando percebemos que estávamos correndo em círculos bem ao lado de casa.

* * *

A despedida foi mais difícil do que eu pensava, meus pais estavam tensos, a tia Bella estava brava por um motivo que eu não sabia, meus avós e a Nessie estavam tristes e os outros estavam calmos.

Eu acabava de me despedir e já sentia saudades. Mas uma onda de calma me atingiu assim que me despedi do tio Jazz. E de repente sentia como se estivesse fazendo a coisa certa, mesmo quando um pedaço de minha continuando aqui. Eu entrei no avião e evitei pensar sobre o que eu estava deixando para trás, pois com certeza eu vou sentir falta de tudo. Mas por outro lado, vou poder curtir mais meus pais. O que vale muito a pena.