Romantismo de primavera, Sasuke não entendia a empolgação que sentiam naquilo, era apenas mais uma estação do ano, o que aquela tinha de diferente que faziam as pessoas ficarem daquele jeito?

O moreno de olhos ambares pensava irritado saindo do escritório para almoçar, desde a manhã em sua casa havia visto o romance dos pais, até ai tudo bem, aturava numa boa, depois durante o café ouvia o irmão idiota falando dos planos com a namorada e que ele deveria arrumar uma também, passei essa sem falar nada, apenas ignorando.

No escritório, onde era sócio junto com seu amigo de colégio Naruto, ouvira do loiro que ele iria almoçar com a sua namorada, clima de primavera, nesta hora ele já havia se irritado, pra completar ouviu o mesmo falar que precisava arrumar uma namorada também, que droga era aquela que ainda tinham que se meter em sua vida? Para deixa-lo com o humor pior ao sair para almoçar escutou a sua secretária Yamanaka conversar com o namorado por telefone.

Ignorou o carro e seguiu a pé até o restaurante mais próximo, dois quarteirões de distância, se arrependeu amargamente da decisão de andar, pois no caminho tinha um parque, onde parecia haver trilhões de casais, respirou fundo.

Após um tempo almoçando, distraído ficou observando pela vidraçaria do restaurante, sempre gostou de sentar nas mesas próximas a lateral e ficar observando o movimento quando almoçava sem o sócio, revirou os olhos ao ver os casais, quando já ia voltar sua atenção para pedir a conta viu uma cena interessante, uma moça de estatura mediana, longos cabelos azulados, trajando um vestido azul claro, carregava uma cesta das mais variadas flores e entregava a todos, fossem casais, passantes, crianças.

Depois de um tempo observando notou que quando a cesta esvaziava ela ia até a esquina próxima e voltava com outra cesta cheia e continuava do mesmo jeito, aquele era um lugar movimentado, então sempre haviam pessoas indo e vindo.

– deseja algo mais senhor? - perguntou a garçonete o tirando de seus devaneios, olhou em seu relógio, passara quase uma hora naquele restaurante, se surpreendeu, mas se limitou a pedir a conta da moça a sua frente.

Ao sair do restaurante voltou seu olhar para a jovem que havia observado o restante de seu tempo inteiro, ela tinha se sentado em um dos bancos dali, já que o movimento havia diminuído, possivelmente ela não o veria, olhou no relógio mais uma vez, tinha que voltar ao trabalho, e assim seguiu em frente.

De repente sentiu-se ser parado, viu uma flor e uma mão direcionando a flor para si, sem saber ao certo o que fazer pegou a flor e assim que o fez se perdeu em olhos perolados e um lindo sorriso quando a mesma abaixou as mãos, quando ela já ia se afastando ele impulsivamente, coisa que nunca fora, a segurou.

– por que faz isso?

Ela alargou o sorriso – gosto de compartilhar a felicidade que sinto no início da primavera – ela seguiu até onde havia deixado seu cesto, a azulada notou o moreno a seguindo, sentiu um arrepio bom, já o vira antes milhares de vezes, ele sempre almoçava naquele restaurante, ela trabalhava em uma floricultura próxima, mas sabia que ele nunca a veria – você não sente o clima?

Ele ouviu a pergunta, sendo seguida do respirar profundo, ela fechou os olhos como se esperasse a brisa que veio balançar seus cabelos, parou apenas olhando-a, de repente talvez, só talvez, ele sentisse o tal clima.

– na verdade, eu não entendo, toda primavera é sempre assim, os casais parecem ficar mais românticos, as pessoas parecem ficarem mais sentimentais – ele olhou ao redor, tentando desviar seu olhar da mulher próxima a si – passei minha manhã acompanhando pessoas assim, por isso não entendi o que estava fazendo ao entregar as flores – ele olhou a sua, só agora reparava melhor nela, era uma rosa azul, havia desabrochado de uma forma esplêndida – o que você sente? - ele queria entender, não só o clima, mas a estranha moça.

Ela abriu os olhos – acho que sou uma dessas pessoas sentimentais, só que comigo creio que não seja só na primavera, sempre sinto algo em qualquer estação, o embalar refrescante do outono, o brilho divertido do verão, e o frio gostoso e aconchegante do inverno, mas a primavera – ela fez uma pausa e suspirou – ela é mágica, as flores desabrochando deixam o clima leve, soltando aquele odor que enfeitiça casais e inebriam suas vontades escondidas, você vê essa cesta? - ela apontou para a cesta com variedades de flores – você perguntou o porquê de eu fazer isso, para mostrar o clima para pessoas que não o entendem como você, como é maravilhosa a vida, eu sempre dou a flor que eu ache que combine com cada pessoa.

Perguntou o que eu sinto, é isso o que eu sinto, mesmo que eu não conheça as pessoas que eu entregue as flores, eu sempre achei que cada pessoa tem uma flor que combine consigo e com sua vida, sinto as pessoas, eu sinto que flores elas precisam em sua vida, e mostrar a elas faz com que eu me sinta bem, como se estivesse fazendo parte da mágica da primavera.

Ele estava extasiado, de certa forma surpreso e divertido, nunca em sua vida tinha ouvido tais palavras, mas de repente se sentiu ser levado por elas, olhou para aqueles olhos perolados, ela tinha total confiança no que dizia.

– e o que a minha flor significa em minha vida? - perguntou arqueando as sobrancelhas.

Ela abriu outro sorriso – amor e prosperidade, rosas azuis são especiais e raras – ela pegou sua cesta – preciso voltar ao trabalho e acho que você também – Sasuke a viu se afastando, alguns passos já distantes ela se virou e falou alto – eu sou a Hinata, espero que tenha te ajudado a sentir a Vernalagnia.

Ele olhou a rosa e depois a moça se afastando – eu sou o Sasuke, acho que comecei a entender sim, mas talvez eu ainda precise de mais explicações.

Ela se virou mais uma vez e sorriu, ele a viu seguindo e entrando na loja da esquina, foi quando ele notou a floricultura, se virou e seguiu seu caminho para o trabalho, com a flor em sua mão, era a primeira vez que entedia aquela estação do ano, mas se sentia instigado a entender mais coisas sobre aquele dia e sobre a jovem que o mostrara o significado daquilo.