Then I saw his face escrita por Puck


Capítulo 1
Ele é como um ar-condicionado no verão


Notas iniciais do capítulo

"Eu pensei que o amor só fosse real em contos de fadas, feito para qualquer outra pessoa, mas não pra mim. Então eu vi o rosto dele, e agora eu acredito~"

Ai, cara, eu tenho tanta coisa pra fazer, mas quis postar essa fanfic antes que eu me esquecesse iauhaihaiuhi É totalmente inocente, surgiu do acaso enquanto eu ouvia I'm a Believer, do Smash Mouth. Aquela música do Shrek, sabe? (And now i'm a believer, nana na, not a trace, of doubt in my mind~ i'm in looove, ohh, ohh~)

Enfim! Boa leitura procês ♥ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587514/chapter/1

— Espera, quer dizer que vocês terminaram há duas semanas e você não me disse nada? Nem me ligou?!

— Não sabia que eu era obrigado — Resmunguei. — Iwa-chan, supera! Você nem estava na cidade! Além do mais, achei que você não quisesse saber dos meus problemas~ será que ficou interessado? Depois de anos, finalmente amoleci esse coração de rocha vulcânica?

Hajime olhou para o meu dedo cutucando o braço dele como se quisesse mordê-lo e arrancá-lo fora. Depois, suspirou.

— Argh. Esquece. Mas você tá bem, pelo menos?

— É um alívio saber que ele me trocou pelo Kindaichi ao invés de ficar dando a bunda pra ele enquanto dormia comigo.

— Ok, você não tá bem.

— Iwa-chan, isso é um insulto! — Lhe disse. — Já faz bastante tempo, eu tô bem sim.

— Você não anda indo pro trabalho.

— Tirei férias.

— Também não foi visitar sua mãe no aniversário dela.

— Meu carro já tem multas demais. Achei melhor dar uma sossegada antes de botar o pé na estrada, ela entende, Iwa-chan~ Aliás, você deu parabéns pra ela?

— E ouvi dizer que você passou as duas últimas semanas dormindo no sofá do Kuroo.

Putz. Como será que ele soube dessa? Merda, eu pedi pro Kuroo não dizer nada.

— Problema de gás no prédio.

Oikawa.

— Relaxa, Iwa-chan! Eu tô bem, bem mesmo! Já tenho até uma nova presa.

— Nem começa...

— Sabe o dono da floricultura lá perto de casa?

— Tem uma floricultura lá perto?

— Você fala como se nunca tivesse entrado lá só pra paquerar aquele funcionário de olhos azuis~

Ele me olha com os olhos esbugalhados.

— O-o-o que você sabe disso?! Q-quer dizer, que cara de olhos azuis?!

— Kageyama Tobio-chan! Ah, vai, Iwa-chan, você achou mesmo que eu nunca ia ver vocês dois juntos? Por favor! Você toda vez que vai lá pra casa fica encomendando coisas daquela floricultura só porque ele que faz as entregas.

— De que merda você está falando? Tch — Ele olhou pro lado, como quem fica em conflito consigo mesmo — Mas como você sabe o nome...?

— Do mesmo jeito que você, Iwa-chan! Diz no crachá.

— Não sei de nada sobre isso — Iwa-chan resmungou, chutando uma pedrinha na calçada. Regozijei internamente.

— Tudo bem, tudo bem~ não vou entrar nos méritos da sua crush nem-tão-secreta. O caso é que, ontem, lá estava eu, caminhando, bem feliz, no meio da noite, indo pra casa depois de tomar um porre—

— Por causa do Kunimi.

—... e encontrei aquele anjo caído dos céus fechando a loja — Fiz uma pausa. — Que coisa, Iwa-chan, não foi por causa do Kunimi!

— Sei...

— Mas bom, eu decidi que vou lá amanhã, tentar a minha sorte! Se quiser pode ir junto, Iwa-chan. Sabe, ver a sua metade da laranja e tal~

— Cala a boca, Lixokawa — Viramos a esquina. Estou quase cantarolando quando ele enfia as mãos nos bolsos e suspira de novo. — Eu vou com você.

— Pra dar apoio, né, Iwa-chan? — Sorri.

— Obviamente.

Nota mental: nunca confie 100% no Iwa-chan. Assim que chegamos na frente da floricultura, o tal Kageyama Tobio estava regando umas plantas dentro da loja, e com a visão, Iwa-chan resmungou alguma coisa, colocou as mãos na nuca e disse:

— Lembrei que eu tenho que ir na casa do Matsukawa. B-boa sorte com o casório.

E se foi embora. Restou-me apenas seguir em frente com o plano.

Ali na entrada o clima já era diferente. Começando pelos vasos na altura da minha coxa, pesados, recheados de terra e de mat— ahm, de flores que enfeitavam a fachada da loja. Eu sentia o clima só de entrar no meio deles para chegar até a porta. O toldo branco fazia sombra nos vasos, e ali era fresco e cheirava à grama recém-cortada e... ar condicionado?

Sabe aquele cheiro único de entrar em um lugar geladinho no verão, depois de sair da rua onde tudo parece derreter lentamente, e aspirar aquele ar deliciosamente frio com tanta vontade que dói o nariz?

Pois é.

A entrada da floricultura tinha esse cheiro.

Então, tomando cuidado para não pisar em nenhuma borboleta ou abelha no chão, subi o degrauzinho e entrei na loja. Tinha tantas flores e cores e formatos e tamanhos que eu não sabia para onde olhar. Eu só consegui pensar: aqui é o paraíso.

Fechei a porta atrás de mim. Tinha um cliente no balcão, sendo atendido por um baixinho de cabelo laranja.

— Hey, Kenma~ — O baixinho disse, todo sorrisos.

— Oe, Hinata boke, não vai assustar o Kozume. De novo! — A crush de Iwa-chan resmungou ao passar para os fundos da loja. Ew. Como será que o Iwa-chan se apaixonou por ele? Ahém!

Vish. O problema é que eu não via aquele cara angelical em lugar nenhum. Merda. Será que ele não veio trabalhar hoje?

— Não se preocupe, Kageyama! Tudo sob controle! — O baixinho se virou para o cabeça-de-pudim. — O que você vai querer levar pra dona Nekomata dessa vez, Kenma?

— Un... o que você acha que ela gostaria?

— Um buquê de jacintos, que tal? A gente pode adicionar umas violetas de graça.

— Pode ser... — Ele disse, e o outro ser (Hinata?) se iluminou.

— Beleza! Ei, Shimizu, prepara pra mim?

— Claro — Disse uma voz feminina, lá dos fundos.

— Capricha, hein.

— Naturalmente.

“Hinata” foi coletar as flores. Fiquei ali, parado na porta, meio viajando.

— E aí, Kenma-kun, a senhora Nekomata tá bem?

— Tá sim... as enfermeiras são bem gentis com ela. Meu vô passa bastante tempo lá também, visitamos ela quase todo dia... ela vai ficar bem.

— Ah, que bom, que bom — Hinata voltou para o balcão com dois tipos de flores roxas e estendeu para a porta que tinha atrás dele. Uma mão com unhas pintadas pegou as flores. — Já vai ficar pronto. Então, Kenma-kun~

— Ahm?

— Sabe que eu perdi o meu número de telefone?

— É...?

— É. Mas ei, olha só, será que você podia me dar o seu?

— Hinata! — Exclamou uma outra voz. Vinha das prateleiras da esquerda. — Você não consegue ser um pouco mais delicado, não?!

— U-uh, e-eu vou passar pra pegar o buquê depois... — Senti pena do cabeça-de-pudim, que passou por mim de cabeça baixa, encabulado. — Até mais t-tarde, Shouyou...

— Aí, parabéns! — A crush de Iwa-chan voltou assim que ele foi embora, com uma frustração decepcionada estampada na cara. — Espantou ele de novo!

— Ai, Kageyama, deixa de ser chato! Ele sempre volta pra mim!

— Parem de brigar, os dois! Temos clientes! — Olhei para a minha esquerda. — Ah— uhm— o-oi, posso te ajudar? — É o cara bonitinho que eu tinha visto antes! Mano! Lucky~ ele parece que fica mais lindo ainda de dia.

Certo. Vamos lá, Tooru, seja sutil:

— Eu vim aqui pra comprar umas flores — Eh, não, cu! Eu devia ter feito melhor que isso. Argh! Eu podia fazer melhor que isso! Saco.

Fui estudado por um tempo, antes de aparecer um brilhinho divertido nos olhos dele.

— Bem, duh — Ele ergueu as sobrancelhas, exalando uma ironia gentil e brincalhona. — Pra que mais você viria até uma floricultura?

— Criação de abelhas — Retruquei, encolhendo os ombros. Seja ferino, mas não seja grosseiro. Ok. Ele não ficou ofendido. Sorriu pra mim.

— Boa saída — Ele me disse. — Pode me chamar de Suga — Mãos estendidas. Uhum. Estendi a minha. Apertei a mão dele. Ooh, aperto de mão firme.

— Oikawa.

— Oikawa — Suga repetiu meu nome e assentiu sozinho, meio que do jeito que você faz quando quer decorar alguma coisa. — Que tipo de flores eu posso conseguir pra você, Oikawa-san?

É... bom, eu não sei nada sobre flores. Eu nunca nem comprei flores na minha vida toda. Olhei para os lados, tentando achar uma resposta.

Vi o balcão. Tinha uma revista! Estiquei o pescoço para enxergar melhor. A página aberta mostrava uma noiva num fundo azul escuro.

Aí, pensei: uma flor azul escuro!

Eu sou muito idiota. Não posso nem acreditar.

— Uma flor... escura? — Acho que hesitei, mas Suga não deu bola. Ele assentiu, desfazendo o sorriso e o contato visual e adotando uma expressão pensativa, que fazia ele ficar extremamente fofo.

— Escura como?

— Azul?

— Flores azuis. Nice — Ora, o baixinh— o, err, Hinata, está opinando. Até me lançou um sorriso radiante. — Humm, escuras, certo? Não temos nenhuma flor literalmente escura em um tom puxado pra azul, mas...

— As centáureas são escuras — Suga interrompeu. — Elas são azuis, mais ou menos.

Eu nem sabia que centauros eram flores.

— Mas elas são flores de inverno, Suga-san — Kageyama o lembrou.

— Verdade — Aí eu comecei a me indagar: será que eu deveria ter entrado mesmo aqui? Observei Suga franzir ainda mais a testa, fitando um ponto no chão como se estivesse tentando se lembrar de algo com muito, muito esforço. — Nós temos agapantos... mas eles são flores claras, e grandes. Talvez lobélias? — Ele olhou por cima do ombro, para a porta atrás do balcão. — O que você acha, Shimizu?

Uma mulher de óculos, super bonita, saiu de lá secando as mãos.

— As lobélias estão bem bonitas.

Eu nem sabia o que eram lobélias.

— Tem amor-perfeito azul, também — O Kageyama disse.

— E os lisiantos — Hinata acrescentou. Eu estava começando a me perder. — Esse verão tá bem quente, então a maioria dessas flores de verão já brotaram e cresceram e já tão lindas.

Aí pensei comigo mesmo: e agora, bonzão?

Mas o Suga ou viu minha indecisão perante tantas flores que eu gostava (há há, claro) ou estava muito animado sobre as flores azuis de verão sendo vendidas, porque ele desfranziu a testa, abriu um sorrisão e me disse:

— As anémonas são as flores azuis que eu mais recomendaria nessa época.

Oh, isso que eu ouço, sinos podem ser?

— Posso ver?

— Claro que sim — Suga sorriu de novo e o baixinho sorriu também. Eu hein, gente estranha. Sorri de volta para eles. — Vem, é nesse segundo corredor aqui.

Segui Suga para além do corredorzinho de entrada. Fomos para o outro corredor ladeado por flores e mais flores e mais flores. E abelhas. Eu não conseguia não me esquivar delas. As prateleiras que seguravam os vasinhos de flores eram de madeira rústica, e estavam molhadas em alguns pontos. Paramos, e ali a fragrância não era tão doce. Quer dizer, ainda era doce, mas eu sentia um vestígio de um cheiro... amargo? Como aqueles cheiros de tinta de caneta, ou de leite azedo, que te faz torcer o nariz.

— Aqui. Essas flores meio roxinhas, tá vendo? — Ele tocou as pétalas de uma flor roxo-azulada simpática com o miolo preto. — Mas não acho elas tão bonitas quanto as centáureas. São mais simples de cuidar, na verdade, mas... não sei. É contigo. Como não teremos centáureas até o final do ano, eu apostaria nessas anémonas.

Então, de novo, eu fingi estar passando por um baita dilema, porque né? Temos que ser profissionais. Pus a mão no queixo e tudo. Suga parecia animado, se balançando nas pontas dos pés enquanto eu me decidia. Ele não me mostrou como eram as outras flores, e eu nem sabia se queria saber como elas eram, então toquei também umas pétalas daquela flor. Profissionalmente, ahém.

— Elas são tóxicas! — A tal da Shimizu gritou.

Dei um pulo para trás e olhei, traído, para Suga.

Ele deu uma risada tri feliz, e eu me senti ainda mais ofendido.

— Relaxa, não tóxicas assim. Só vê se não ingere, e não esfrega a mão nela e depois esfrega no olho, né?

Oh. Droga. Lá se foi minha postura de profissional.

— Vou levar essas — Sorri. Suga mordeu o lábio.

— Faço um buquê?

— Vocês vendem o vaso?

— Que tipo de floricultura seríamos se não vendêssemos um vaso? — Eu senti um pouquinho de deboche ali, de novo. — Dinheiro, ou cartão?

— Depende de quanto deu — Resmunguei, indo até o balcão enquanto Suga ficava para trás colhendo as tais flores e o Kageyama Tobio-chan seguia para o fundo da loja, indo buscar meu vaso, espero eu.

— Quarenta e quatro com quarenta.

— Tá. No crédito.

— Kageyama, põe um pouco de terra no vaso! — Tomei alguns segundos para observar o Suga, não sabendo exatamente o que fazer enquanto ele se virava para cortar a base dos caules de seis dessas flores de miolo preto. O cabelo dele parecia macio. A cada mínimo movimento que ele fazia, os cachos se mexiam suavemente. Wow. Eu adoraria fazer um cafuné nele. Aquele Hinata então se aproximou com uns matos e entregou para Suga. Sorriu para mim e saiu. Suga se virou na minha direção de novo enquanto arrumava as flores e o mato junto.

Olhei para o rosto dele. Ele estava concentrado nas flores. Aquela pintinha embaixo do olho dele era sexy. Bastante sexy, e o fazia ficar ainda mais meigo quando sorria. Ele crispou os lábios enquanto apoiava o arranjo no balcão para prendê-lo no lugar com um barbante preto. As mãos dele trabalhavam rápido. Estavam cheias de band-aids. Kageyama apareceu na minha visão periférica e largou um vasinho branco meio comprido no balcão.

— Segura aqui — Suga disse. Eu estava olhando para o vaso, e quando senti aquelas pétalas geladas me cutucarem, olhei para ele com a sobrancelha levantada. — É com você, Oikawa-san.

— Ah, sim. Sim, claro — Resmunguei, pegando as benditas flores. Com isso, Suga sorriu alegremente e eu só consegui tirar os olhos daqueles dentes brancos e alinhados para admirar as ruguinhas que surgiram no canto dos olhos dele.

Minha nuca esquentou. Acho que eu devia rever a qualidade dos meus instintos. Eu tinha levado um pé na bunda do Kunimi há mais ou menos umas duas semanas e estava carente, de coração partido e... hm, é, talvez eu estivesse um pouquinho na necessidade.

Além de provavelmente alcóolatra. Não que venha ao caso no momento, porque, neste momento, eu estou ou muito na seca ou descobrindo o verdadeiro significado de amor à primeira vista.

Suga cavou com os dedos mesmo na terra do vasinho. Era fofo porque com uma mão ele segurava o cabelo para cima, longe da testa e dos olhos, enquanto com a outra criava um buraco para pôr os caules das flores e as raízes do mato.

— Pronto — Como alguém podia ser tão charmoso (ó céus, eu sou um romancista) limpando terra úmida no avental? — Me dá aqui as flores. Isso. Aí você borrifa água, assim, e pronto — Ele sorriu de novo, dessa vez um sorriso tão largo e feliz que eu quis bater minha testa no balcão enquanto colocava minha senha na maquininha. — É isso aí, Oikawa-san. Elas precisam de bastante sol, mas não deixa elas queimando de tarde, viu. E rega todo dia, mas não enche de água. Elas costumam durar uns oito dias, nove.

— Okay~

Guardei meu cartão, peguei meu vaso. Senti aquele cheiro de grama cortada e chuva, mas a florzinha em si não tinha cheiro nenhum. Suga continuava me olhando com expectativa, e eu não sabia por que diabos.

Imaginei que ele queria pedir o meu número? Quem sabe?? Talvez, ele estivesse interessado em mim também, ahém! Nunca se sabe, não é?

— Hum, obrigado mesmo pela ajuda...

Suga se inclinou no balcão.

— Que isso, ‘magina.

Olhos castanhos. O tom de castanho mais lindo que eu já vi em toda minha vida. Muito próximos. Lábios apetitosos, sorrindo. Daqui, eu podia ver a sombra que os cílios dele faziam na bochecha. Puta merda.

— Qualquer coisa, eu volto.

— Ahmmm... — Ele estava me incentivando a falar mais?

— Será que você podia...?

— Com certeza! — Ele bateu as palmas no balcão, fazendo um twack. Hein? Como assim?! — Quando vai ser o casamento?

Fiquei surpreso. Que casamento?!

— C-Casamento?

— Desculpa, eu não quis ser intrometido nem nada, mas ouvi o que o seu amigo te disse lá fora... sobre o casório e tal, sabe? Só queria dizer que a gente faz casamentos! Ia ser um prazer trabalhar com você!

O prazer seria o meu de trabalhar em você, Suga-chan.

— Meu... meu casório?

— É — Ai, cara, ele é tão bonitinho assentindo assim como uma criança. Será que se nós fizermos sexo um dia, é ilegal? — Sabe, nós adoramos casamentos. Ficamos tipo, um tempão com o cliente, ajudamos até na decoração fora a das flores, é super legal.

— Entendi...

— Então combinado? Você vai querer?

— Ah... é que... sabe, eu não sei, eu tinha que falar com a minha esposa primeiro, sabe? — Eu vou pro inferno, eu com certeza vou pro inferno — Nós nem estamos passando por uma fase muito boa...

— Puxa, sério? — Suga faz uma carinha triste. Fjdsfhgsdjhf — Essas flores são pra você mesmo?

— É... depois que ela voltou pra casa da mãe, achei meu apartamento meio assim, meio sem vida... — Dei um suspiro, daqueles bem teatrais. Já até sentia lágrimas nos olhos. — Mas se passarmos dessa semana, eu volto aqui sim semana que vem pra gente combinar essas coisas do casamento.

— Tá bem — Ele me diz, sorrindo daquele jeito de gato manso. — Mas volta aqui durante a semana mesmo, flores deixam todo mundo de bom humor, são uns remédios pra alma que não tem erro.

— Certinho. Obrigado, Suga-chan — Agarrei minhas flores. Gente, que criatura dos céus é essa? Me viro, o dia quente e abafado lá fora parecia super aconchegante agora que eu tinha as minhas anémonas.

— Oikawa-san, você esqueceu de...

Opa.

— Opa, que descuido — Voltei correndo para o balcão, bem feliz que iria ficar cara a cara com o Suga-chan de novo.

Mas pera aí.

Eu paguei, sim.

Suga me dá um post-it com um número escrito.

— Ficamos em contato — Ow. Ow, ow, o que ele quer dizer com isso?

Nos olhamos. Será que ele acha que é um casório mesmo? Putz, e agora? O pior é que depois dessa mentirada toda, eu nem posso dizer que ele ouviu errado! Porque, né, quantas palavras rimam com casório a ponto de dar pra confundir? Acessório, imigratório, ambulatório, cartório, cascalho, alho, divisório, ilusório... não tem muitas! Argh! Mas eu sou um idiota mesmo. Eu não sabia nem o que dizer. Fiquei ali, parado, encarando ele, agarrado em um vaso de flor.

Ouvi o sininho da porta. Cabeça-de-pudim/Kenma parou do meu lado no balcão.

— Sugawara-san, o buquê que eu pedi... já ficou pronto?

— Ficou sim, Kenma-kun! — O Hinata apareceu do nada com o buquê, passando por trás de Suga antes que o dito cujo pudesse responder. — Aqui, ó.

— Valeu — Kenma murmurou enquanto dava o dinheiro. — Até amanhã, Shouyou.

— Ei, Kenma!

— Un?

— Isso agora pouco... você sentiu? Foi um terremoto?

O pobre cabeça-de-pudim franziu a testa.

— Um terremoto?

— Não, espera. Deixa. Eu já sei. É só você, sacudindo o meu mundo.

Suga imediatamente dá um tapa na nuca do Hinata, tirando o sorriso do rosto dele. Kenma fica tão embaraçado que não sabe pra onde olhar.

Enfio no bolso o post-it com o número do Mr. Refreshing, dou meia-volta e saio da floricultura bem rapidinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos e queijos, talvez? =d



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Then I saw his face" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.