Gamer Love escrita por NMCMsama, silentread


Capítulo 12
Quest de Erebor - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Lady: ladies and gentlemen
sim ta td atrasado mesmo, quem lê The King and the Consort sabe, e quem não lê:
Nathy acabou de ir à Espanha para fazer o doutorado e toda a mudança causou mts loucuras na vida da nossa escritora favorita. Portanto, os capítulos demoraram a sair, mas acho que a partir dessa semana nós os teremos com mais frequência - lembrem que ela está lá para estudar, tá?
boa leitura, joaninhos.



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Caros jovens aventureiros, eu já estava há muito tempo esperando pela a chegada de tão valorosos guerreiros... – Começou a declamar o NPC de um velho mago com a roupa cinzenta esfarrapada e um chapéu pontiagudo que já devia ter visto dias melhores; se não fosse o nome “Gandalf, o mago cinzento” que estava expresso logo acima do personagem, podia muito bem ser confundido com um maltrapilho. Em outros jogos online os magos são representados como uma figura intelectual e dotado de poderes místicos, sendo capazes de causar bastante danos. Logo, são representados com seres altivos e que devem ser respeitados... Pelo visto os desenvolvedores de “Terra Média – online” detinham outra visão desses seres.

Minha barba já está ficando mais cinzenta que minha roupa, só para enfatizar a demora! – Continuava a tagarelar. Bilbo realmente não tinha muita paciência, principalmente porque tinha total certeza de que aquele NPC não era apenas uma personagem comum, ou seja, não era um programa com falas premeditadas para guiar os jogadores nas quests. Não, Gandalf era alguém do mundo real; e Bilbo tinha aprendido isso desde a quest do anel, afinal, não tinha lógica nenhuma criar um personagem tão intrometido e com falas tão vagas em relação a certos assuntos - principalmente aqueles considerados extremamente importantes para a quest – sem falar que o mago cinzento parecia ter liberdade de se deslocar no jogo, ao contrário dos outros NPCs, que apenas ficavam parados esperando que os aventureiros viessem questioná-los. Quem quer que fosse aquele que controlava Gandalf, sem dúvida deveria ser alguém que tinha um certo prazer especial em provocar Bilbo...

Olha só quem está aqui: Burglar! Finalmente deixou seus hábitos ladinos para iniciar uma quest que realmente ponha em prova suas habilidades? – Ali estava mais uma prova da teoria de Bilbo sobre aquele estranho NPC. Gandalf continuava o mesmo, pelo visto.

– Ele sempre me dá calafrios... - Falou Drogo, de seu notebook – Ele fala como soubesse de nossos roubos... Tipo, como?

– Eu disse que ele não era um programa, sem dúvida é alguém de carne e osso, quem sabe um desenvolvedor do jogo. – Analisou o Bolseiro mais velho.

– Se ele for um dos desenvolvedores do Terra Média... Bem, eu ficaria meio preocupado por ele estar prestando atenção em nossos atos. – Agora era a vez de Ori expressar sua preocupação.

– Besteira! Já disse que o que fazemos não é ilegal. Se fosse, já teríamos sido expulsos! –Resmungou Bilbo.

Acredito que ele não vai abandonar os velhos hábitos, ser um ladrão é um dos seus charmes. – Quem falou aquilo foi “Escudo-de-Carvalho”, de modo que fez Bilbo agradecer a todos os deuses existentes por ninguém estar presenciando o seu embaraçado.

– Own! Que coisa mais fofa de se dizer, não é mesmo, Ori? – De repente achou que deveria reformular a sua análise inicial; tinha esquecido como seus ditos amigos podiam ser piores que os próprios inimigos – Imagino que ele poderia dizer algo do tipo “Ele roubou o meu coração”, para ser mais direto?

Bilbo encarou, furioso, o seu primo que sorria triunfante.

Ori levou a mão a boca, contendo uma risada.

Et tu Ori? – Resmungou, voltando a sua atenção para o seu outro companheiro – Me sinto traído!

– Não seja melodramático. – Drogo rolou os olhos – Pelo menos o seu namorado virtual é fofo, e não creepy, como o do Ori.

– Ele não é meu namorado!

– Ele não é tão pervertido assim!

Bilbo e Ori falaram praticamente ao mesmo tempo, arrancando uma gargalhada do outro Bolseiro.

– Vocês são tão óbvios. E eu não falei “pervertido”, e você nem ao menos negou que ele é o seu namorado. – Piscou provocador para o tímido amigo, que agora parecia querer afundar a cabeça no teclado do notebook.

– Bem... - Bilbo pigarreou – Vamos voltar o jogo, sim? Mais rpg e menos romance!

– Que seja. – Drogo deu os ombros, se sentia extremamente bem, afinal isso compensara as provocações feitas por seu primo em relação a Frerin.

Viemos aqui pela quest de Erebor. Anunciou “FundinMaster”.

Oh, eu sei! Como disse antes, estava esperando pela chegada de vocês. – Disse Gandalf, mais uma fala que levantava muitas suspeitas. Como ele soube daquelas informações? Será que ele falava isso para todos os grupos de aventureiros que vinham ali em busca da quest? – Pelo que parece, a quest de Erebor não atrai muitos jogadores.

Talvez seja o nível de dificuldade... Se você está envolvido, com certeza isso é o prelúdio de que desvendar charadas e outros quebra-cabeças. – Disse “Burglar”, adicionando um emoji de cara irritada ao fim para demonstrar que não gostava nada daqueles jogos mentais.

Ora, grandes vitórias só serão alcançadas através de igualmente grandes batalhas e esforços.

Perfeito, uma resposta filosófica, era tudo o que eles precisavam. Isso significava que a quest de Erebor seria super-mega-ultra difícil.

Vamos acabar logo isso, não viemos aqui para ficar tagarelando! – “Escudo-de-Carvalho” parecia não ter a mínima paciência.

Oh, sim. Claro! Todos estão ávidos por aventura! – Disse Gandalf se aproximando do grupo e deixando cair um item aos pés do guerreiro anão.

O que é isso? – Inqueriu “GrandeDurin”.

O que te parece? Uma chave! – Falou o mago.

Se existe uma chave, logo deve existir uma porta. – Anunciou “DB”.

Duh... – Disse “Burglar”, adicionando um emoji que dava um tapa na própria testa.

– Ei! – Drogo fez biquinho – Eu só quis falar...

– O óbvio, eu sei. – Riu Bilbo. Se era possível o bico dos lábios de Drogo aumentar? Sim, era, pois o adolescente acabara de não só aumentar o seu biquinho como também inflar as bochechas.

– Er... Pessoal, concentração. – Lembrou Ori, tentando evitar uma nova briga entre os primos. Pelo o visto, essa era a sua função honorária naquele grupo de amigos: tentar conter os conflitos entre os Bolseiros.

Sim, certamente é uma chave para uma porta. – Explicou Gandalf – Mas não para qualquer porta. Todos antes de vocês falharam, pois quiseram enfrentar o dragão logo de frente, e nem sempre a força vence uma batalha... Às vezes a inteligência é a maior arma.

Então, o queres dizer é que existe uma outra entrada? – Perguntou “Burglar”.

Tipo uma porta secreta? – Agora era a vez de “GrandeDurin” perguntar. O arqueiro humano parecia muito ansioso, adicionando diversos emojis a sua fala.

Exato. Uma porta escondida e que só uma chave especial pode abri-la.

E o que estamos esperando? – “Escudo-de-Carvalho” pegou a chave para si sem ao menos pedir a opinião dos outros jogadores.

Espera um pouco! – Interpôs “Burglar” – Não podemos adentrar Erebor sem ao menos saber onde procurar! Deve existir alguma pista de onde devemos começar a busca.

– “Burglar” está certo. – Concordou o mago, que agora fumava o seu longo cachimbo, formando anéis de fumaça - Existe um mapa, e este está nas ruinas da cidade de Dale. Pois bem, assim se tem início a jornada de vocês, e...

– Hã? Só isso? Uma chave e um mapa? E como iremos recuperar Erebor com apenas dois itens? Aliás, do que vale entrar na montanha sorrateiramente se ainda teremos que lutar contra o dragão?

Tantas perguntas, meu caro “Burglar”... E eu não irei responder a nenhuma delas. Bilbo pressentiu que era esse o final da frase do NPC, que supostamente os deveria guiar na quest.

Ok! Só me responda uma pergunta: você falou essas mesmas coisas para os outros jogadores que vieram antes de nós? Digo... Você também os entregou uma chave e falou sobre esse mapa? – Inqueriu Bilbo novamente.

Pode acreditar que não. Eles não pareciam valorosos o suficiente. – Respondeu o mago, adicionando um emoji feliz, e antes que mais uma pergunta fosse feita, Gandalf sumiu, batendo com seu cajado no chão e um flash de luz dominou a tela dos computadores. Ao fim do efeito especial, o mago tinha desaparecido completamente.

Isso foi muito estranho. – “GrandeDurin” emitiu uma opinião que todos compartilhavam no grupo.

Parece que esse tal mago quer que nós, especificamente, resolvamos a quest. Sugeriu “DB”.

Que seja, vamos achar o mapa. – “Escudo-de-Carvalho” disse com total descaso pela situação estranha em que se encontravam – Vamos logo! Não dou a mínima por esse Gandalf, só quero destruir um dragão.

Para um noob você realmente se acha, não é? – “Burglar” não pôde deixar de provocá-lo. Ora, afinal o anão guerreiro falava como fosse algo muito fácil destruir um dragão que, até o momento, nenhum jogador do jogo conseguiu fazê-lo.

“Escudo-de-Carvalho” apenas colocou um emoji zangado e seguiu seu caminho. Logo todos o seguiram.

Quem o fez líder? – Inqueriu Bilbo, irritado.

Novamente o anão guerreiro o ignorou, todavia não totalmente pois mandou uma mensagem privada.

“Pare de ficar fazendo beicinho e aceite o fato que naturalmente sou um líder. Não se preocupe: se sou o rei deste grupo, você equivale a rainha.”

Bilbo sentiu suas bochechas esquentarem violentamente com aquela mensagem.

– Como ele ousa?!

– Bilbo? Tudo bem? – Ori perguntou com um tom preocupado.

– C-claro. Vamos logo buscar essa droga de mapa para que eu possa enfiá-lo bem no fundo da bund...

– Ei. – Interpôs Drogo, apontando para garçonete próxima, que os lançou um olhar crítico.

– O que? É proibido querer me vingar das pessoas? – Cruzou os braços diante de si, lançando um olhar mortal para “Escudo-de-Carvalho” que, sem dúvida, se ele fosse de carne e osso, iria receber um ponta pé bem no meio da...

– ...Duas bolas! Eu quero um sorvete com duas bolas! – Drogo pediu afoito à garçonete – E vocês, o que querem?

Bilbo soltou um longo suspiro. Não devia ter pensamentos tão violentos, como seu pai sempre dizia, ele deveria ser um Bolseiro respeitável e tentar suprimir, o máximo possível, seu lado Tûk.

– Quero milk-shake de chocolate! – Anunciou orgulhoso, como um cowboy pedindo a sua dose de cerveja diária.

– Refrigerante. – Sussurrou Ori, sem fazer contato visual com a mulher que os atendiam.

– Perfeito. – Disse ela, saindo para pegar os pedidos.

Bilbo estalou os dedos e começou a escrever uma mensagem em resposta ao “Escudo-de-Carvalho”.

“Cuidado, meu rei. Não me provoque; afinal, nunca se sabe o que poderei roubar na próxima vez que usar as minhas tão formosas habilidades ladinas.”

~Gamer Love~

Own. – Thorin se sobressaltou ao ver que Frerin estava lendo a mensagem por cima de seu ombro. Seu irmão não sabia a definição de “espaço-pessoal” e de “privacidade”?

– O que? – Dwalin também espichou o pescoço para ler. Thorin tentou, em vão, esconder, colocando suas mãos sobre a tela.

– Parem de ler as minhas mensagens, eu não leio a de vocês! – Ralhou, furioso.

– Ora, irmão, só estamos te ajudando. Sabemos como você, digamos, é um total zero à esquerda se tratando de romance. Como bons amigos, só pensamos no seu bem. – Dramatizou Frerin.

– Sem falar que é divertido ver como você tenta flertar. – Riu Dwalin.

– Eu não estou tentando flertar com ninguém. - Resmungou, contudo, a vermelhidão de suas bochechas se fez presente.

– Chamar um homem de “rainha” realmente não seria um bom exemplo de flerte. Talvez para uma dragqueen seja um elogio... Mas não creio que o nosso “Burglar” seja deste tipo de pessoa.

– Quanto a mensagem, você podia responder que ele já roubou o seu coração! – Disse Frerin, levando a mão ao próprio coração.

Thorin nada respondeu, apenas fechou a mensagem do “Burglar” e fingiu ignorar os seus supostos amigos, que apenas ficavam repetindo “Oh! Minha rainha!” aos seus ouvidos.

– Malditos... – Grunhiu. Podia estar irritado, mas também estava confuso. Internamente ele sabia que, de fato, seu coração fora roubado, mas não somente por “Burglar”, como também Bilbo... A quem deveria escolher no final? Sua vida romântica estava mais complicada que aquela quest!

– Bem, vamos logo a Dale e achar o mapa! – Anunciou Dwalin – Não temos o dia todo.

Frerin concordou animado e Thorin deu os ombros. Deveria se concentrar no jogo e tentar esquecer um pouco o seu maldito coração roubado.


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Notas finais do capítulo

Lady: duas bolas, né?
sei.