Where flowers grow wild escrita por Marie


Capítulo 4
Capítulo 4 - O plano




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—Que tal estou agora, Everglot? — perguntou Edward subindo num banco e fazendo uma pose bem ridícula enquanto empunhava o guarda-chuva no ar como se fosse uma espada —muito inspirador, eu suponho.

—Completamente irresistível —respondeu Victor sem desviar minimamente sua atenção do quadro em que trabalhava. Dorian tentou esconder sua risada por trás da xícara de chá. Ele jamais admitiria, mas admirava muito a capacidade que Victor tinha de se concentrar e não se deixar abater por nada, inclusive as piadinhas de Edward. Sabia por experiência própria que ignorar Edward era uma missão praticamente impossível uma vez que amolar os outros e destruir a paz eram as especialidades dele.

—Você poderia começar a pintar pessoas— Edward disse sério enquanto encarava a tela em Victor trabalhava— abandonar essa coisa de natureza morta... não acha tudo um pouco mórbido?

Victor deu de ombros.

—Quando pintamos pessoas, Edward, acabamos colocando demasiado do nosso próprio sentimento na tela. E no momento prefiro guardar meus sentimentos apenas para mim.

Edward e Dorian ficaram perplexos. Mas que tipo de mudança radical teria acontecido no interior de Victor para que o aspirante a pintor pudesse falar de modo tão melancólico? Embora quisessem saber acharam por bem não perguntar. Edward, que não gostava de morbidez de modo algum e decidido a mudar o rumo da conversação tratou de voltar sua atenção para o outro amigo e deixar Victor temporariamente em paz.

—E quanto a você? Estou muito curioso para saber como foi o jantar com sua futura noiva.

Dorian não pode deixar de sorrir com malícia.

—É uma garota bonita— respondeu ele —não é especial, mas é bonita. E aparentemente não é de falar. O que pode ser considerado uma qualidade se comparado com algumas moças que conhecemos.

Edward compartilhou o mesmo sorriso malicioso de Dorian.

—Então será fácil deixar a burguesinha encantada— sentenciou Edward —considere-se salvo da falência iminente meu caro companheiro— o loiro levantou sua xícara de chá dramaticamente como num brinde.

—Um brinde a moça sem título e ao nobre quase falido

Dorian ergue sua xícara de chá para acompanhar o brinde. Edward sempre fazia parecer uma brincadeira divertida as coisas que ditas por outras pessoas poderia ser muito humilhante ou ofensivo.

Dorian tomou outro gole de chá lembrando-se da noite anterior.

Nicole Dashwood era silenciosa e praticamente não olhara para ele desviando seus bonitos olhos azuis sempre que era pega observando-o. “Tímida certamente”, pensou Dorian com um prazer egocêntrico. “Aposto que nunca esteve entre tantas pessoas da nobreza ao mesmo tempo”.

No fim da noite, Lady Catherine, que parecia simplesmente adorar aquela jovem, pediu que ela sentasse ao piano e cantasse uma canção ou duas enquanto os homens conversavam na outra sala. Nicole aceitou educadamente o pedido da mais velha e saiu com ela deixando-os temporariamente para trás. Mas tão logo terminaram de discutir seus negócios, trataram de voltar para a presença delas.

— Ouça com atenção, filho— sussurrou o padrinho a Dorian quando os homens resolveram se juntar a elas próximo ao piano.

Nicole tinha uma voz melodiosa e tocava muitíssimo bem. Dorian não pôde deixar de notar que era até muito melhor que muitas damas da alta sociedade com quem tivera a oportunidade de conviver. Aproximou-se ainda mais do piano e deu a ela exatamente o que o padrinho tinha recomendado: toda a sua atenção. Mas não apenas a sua música. Viu a sua postura, suas mãos pequeninas e perfil delicado, seu cabelo muito negro preso num penteado discreto, e seus olhos azuis concentrados. Era suficiente para uma solução de ultima hora, e embora já tivesse estado na presença de mulheres muito mais atraentes, Nicole não era feia de modo algum. Os traços do rosto eram harmoniosos, traindo seus 18 anos apenas, apesar de seus modos parecerem muito mais maduros do que era esperado para sua idade.

No fim do jantar Dorian já havia saído com a convicção que faria da senhorita Dashwood sua esposa. Ela ficaria tão lisonjeada de alguém da posição dele a estar cortejando que seria grata pelo resto da vida dando a Dorian tudo que ele esperava de uma vida domestica confortável, sem falar em toda a fortuna que viria junto com ela. Se a herança daquela donzela fora capaz de admirar até seu padrinho, com certeza o deixaria muito satisfeito também.

—Quando irá começar a “cortejá-la”? — zombou Edward, trazendo Dorian novamente para o presente.

—Amanhã. Mandei um recado ao pai dela avisando minhas boas e respeitáveis intenções para com a garota— explicou Dorian.

—Agora você quer se mostrar respeitável?— ironizou Victor que ainda trabalhava em seu quadro.

—Você mesmo disse que eu deveria ser prudente— respondeu Dorian sem se deixar abater.— vai nos contar onde esteve ontem a noite?

Victor largou o pincel.

—Não— respondeu laconicamente.

—Ora, ora, ora— berrou Edward— O que temos aqui? Perece que não é apenas você que tem uma mulher em mente, meu caro Dorian...

— Ao inferno vocês dois— resmungou Victor e sorrindo se deixou ouvir a enorme lista de gracinhas que Edward tinha para ele enquanto tomava sua xícara de chá muito decidido a não dizer uma palavra sequer.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! Gostaria de agradecer pelos comentários e sugestões do capítulo anterior. É uma pena que eu não possa mostrar a vocês como eu fico feliz.
Aproveitando a conversa, eu queria saber se vocês preferem capítulos mais longos ou mais curtos.

Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo! (prometo que a Nicole vai aparecer de verdade no próximo).



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