Where flowers grow wild escrita por Marie


Capítulo 3
Capítulo 3 - O jantar




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Assim que entrou na luxuosa sala de jantar de Lorde Collins, Dorian foi recebido com uma entusiasmada saudação quase paternal.

— Dorian! Que bom que pode vir se juntar a nós!— exclamou o corpulento Lorde Collins segurando o rapaz pelo ombro com sua enorme mão rechonchuda. Collins parecia genuinamente alegre ao vê-lo e isso deixou Dorian confortável.

Simpatizava com Lorde Collins desde criança, mesmo que este fosse um velho amigo de seu pai, pois eram tão diferentes um do outro que era impossível dizer como os dois poderiam ter sido amigos por tantos anos. Dorian lembrava-se bem de quando era criança e Lorde Collins, muito mais jovem e mais magro que agora, lhe trazia presentes de cada viagem que fazia. O pobre homem sempre adorara crianças, mas nunca pode ter filhos, graças a uma enfermidade que tivera na infância. Por causa disso, ele adorava o afilhado como se fosse filho dele próprio e fazia tudo para mimar o pequeno desde doces às escondidas até verões agradáveis em sua propriedade no campo.

— É maravilhoso vê-lo novamente— disse Dorian ao padrinho.

—Desculpe por não ter ido pessoalmente fazer-lhes uma visita. Catherine não estava muito bem nos últimos meses e o médico recomendou que ficássemos no campo até a saúde dela se estabilizar novamente. Voltei assim que soube do que aconteceu.

— Não precisava ter se preocupado...

—É evidente que precisava!— retrucou Lorde Collins— Embora não nos víssemos mais tanto quanto eu gostaria seu pai e eu éramos muito amigos. Além disso, Catherine quis saber como estava Lady Margarete. Estava preocupada, a pobrezinha.

Dorian assentiu, pensando em Lady Catherine, tão jovem, mas tão propensa a estar adoentada. Se tivesse se dedicado a conversar com ela, certamente teria descoberto que ela mal saia de casa, recebia poucas visitas e por isso sempre caprichava ao máximo quando o marido convidava quem quer que fosse para se juntar a eles num juntar. E naquela noite não poderia ser diferente. Ela estava bonita com o vestido combinando com as flores que escolhera para decorar a mesa. Seus modos eram um pouco excêntrico, é verdade, mas adoráveis e reconfortantes também, como os de uma boa mãe que ela teria sido.

—Foi muito bom que tenha vindo aqui filho, pois gostaria de ter contado algo ao seu pai e não tive a oportunidade. — Lorde Collins tornou a falar, mas desta vez mais baixo e mais reservadamente.

Dorian pensou em dizer que nenhum dos assuntos de seu pai poderia lhe interessar, mas refletiu melhor, pois lembrou que ninguém, além de seus amigos mais íntimos e seu advogado, sabia de seu grande infortúnio financeiro. E além disso, não queria cortar relações com Lorde Collins pois além de gostar muito dele, era notável a grande fortuna que este possuía e da maneira como as coisas iam era bem provável que fosse precisar dela para um empréstimo ou dois.

— Imagino que não esteja familiarizado com Mr. Henry Dashwood. — começou o padrinho ainda mantendo aquele tom de segredo.

—Não senhor— respondeu Dorian já começando a imaginar que este tal Mr. Dashwood fosse mais um credor furioso de seu pai.

— Mr. Dashwood e a esposa costumavam trabalhar com flores a alguns anos atrás e eram uma família como outras tantas destas que vivem no interior. Mas nos últimos anos eles enriqueceram absurdamente graças ao faro para negócios que têm.

Infelizmente a Senhora Dashwood faleceu antes de poder ver o marido tão rico que foi capaz de comprar uma propriedade maravilhosa nas proximidades de Londres. Eu mesmo fui até lá e não pude deixar de ficar bastante impressionado! O caso é que iniciei uma boa relação com a família. São todos pessoas muito discretas e confiáveis. E é claro que não pude deixar de experimentar dos negócios de Mr. Dashwood. Não que eu precise, é claro, mas fiquei curioso de como um homem poderia ficar tão rico em tempo tão curto. Sei que foi imprudência envolver-me com essas coisas dos burgueses, mas não pude deixar de ficar encantado quando recebi de Mr. Dahswood alguns meses depois quase o dobro do investimento que tinha feito.

Dorian prendeu a respiração ao ouvir aquela história. Não soube nem mesmo o que responder ao outro que o olhava cúmplice e satisfeito.

—Sei bem sobre os riscos desse tipo de investimento e que talvez não seja visto com bons olhos meu envolvimento com os Dashwood— começou Lorde Collins novamente — mas sou um homem curioso e, confesso, ambicioso também. Assim como seu pai! E era por isso que eu gostaria de partilhar essa aventura com ele.

— Imagino que meu pai teria apreciado muitíssimo — Dorian falou para o mais velho encorajando-o.

— Fico imaginando se você não gostaria de assumir o lugar dele ao meu lado no próximo negócio que fizer.

O coração do rapaz saltitou descompassado em pensar no dinheiro que poderia adquirir apesar de que para isso precisasse travar relações com burgueses. Estaria salvo a final!

—Será um prazer— respondeu Dorian tentando não mostrar entusiasmo demais.

Lorde Collins sorriu. As bochechas gorduchas se acentuando ainda mais.

— Convidei os Dashwood para se juntar a nós essa noite. Já devem estar chegando. Estou certo que você também gostará muito deles.

Minutos depois, como se estivesse apenas esperando uma deixa, o mordomo entrou na sala anunciando um casal que veio logo atrás.

—Lorde Collins_ saudou o cavalheiro que acabara de entrar—Espero que nos perdoe pelo atraso.

— Não se preocupe com isso, meu caro.— respondeu o Lorde_ sei que é um pouco longa a viagem que teve que fazer.

Mr. Henry Dashwood sorriu. Era baixo, tinha uma barba castanha quase loira bem feita e vestia-se elegantemente como um bom fidalgo inglês. Mas o mais interessante de tudo eram os olhos brilhantes e bondosos que desmentiam toda a pompa que aqueles trajes lhe davam. A primeira vista, parecia somente um homem cheio de sonhos e ideias inalcançáveis, sendo impossível dizer que tratava-se de um verdadeiro visionário farejador de bons negócios.

—Permita que eu apresente meu afilhado, Lorde Dorian Van Dorst.— anunciou Lorde Collins parecendo orgulhoso — este é Mr. Henry Dashwood, de quem lhe falei.

Mr. Dashwood fez uma reverencia educada, juntamente com sua acompanhante que só agora Dorian havia notado.

— E esta jovem adorável é sua filha, senhorita Nicole Dashwood.

Dorian pousou os olhos na jovem pequenina e corada a quem acabara de ser apresentado e teve o vislumbre de sua mais completa salvação.

Se Mr. Dashwood era o homem que resolveria suas dívidas, a jovem Nicole Dashwood era a nota promissória que lhe garantiria viver confortavelmente pelo resto da vida.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! Espero que não tenha demorado muito para postar o capítulo e quero aproveitar para agradecer os comentários super carinhosos do capítulo anterior. Fiquei super feliz!

Espero que tenham gostado e até a próxima!



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