Where flowers grow wild escrita por Marie


Capítulo 1
Capítulo 1 - Funeral


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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— Por que será que sempre chove quando as coisas não estão muito bem?—Perguntou Lady Margarete ao filho depois de horas em silêncio profundo e pétreo.

Dorian apenas deu de ombros e afastou-se da janela. Queria dizer a mãe que chovia como sempre, uma vez que estavam em Londres, mas respeitou a tristeza dela. Embora estivesse longe de ser um bom marido, o conde estivera casado com ela por muitos anos e isso deveria significar alguma coisa afinal.

— A senhora deveria descansar um pouco — Dorian comentou por fim e Lady Margarete apenas fez um gesto suave com a mão enluvada. Ainda não tinha se trocado e vestia negro dos pés a cabeça.

— Estou bem— respondeu ela, sem sair do lugar.

Ouviram-se batidas na porta da saleta e o mordomo entrou silenciosamente. Parecia que ele também sentia o peso da morte do patrão, embora o conde também não fosse bom com os empregados.

— Perdoe-me pela interrupção, Lorde Dorian— desculpou-se o mordomo educadamente— mas Mr. Dobson chegou e deseja vê-lo.

— Estou indo.

O mordomo se retirou e Dorian olhou mais uma vez para a mãe ainda sentada olhando fixamente para a chuva fina que caia do lado de fora.

— Já lhe disse que estou bem — repetiu a nobre senhora, sem sequer mudar sua postura e Dorian compreendeu que deveria deixa-la sozinha.

Ao entrar no escritório em que Mr. Dobson o aguardava, Dorian teve o leve desejo de dar meia volta. Um presságio o atingira assim que pós os olhos no advogado de seu pai. A expressão séria do homem o delatava completamente, fazendo o outro saber de antecipação que as noticias não seriam nada agradáveis.

— Lorde Dorian— disse Dobson fazendo uma curta reverencia.

— Chame-me apenas de Dorian, Dobson. Já nos conhecemos a tempo suficiente para deixar essas formalidades de lado — respondeu Dorian um pouco rispidamente. Estava cansado e impaciente. E acima de tudo, queria livrar-se da presença indesejável daquele mensageiro de coisas ruins.

— Acho que agora, mais que nunca, devo lhe dar esse título afinal o senhor é o mais novo Conde de Kenwood — respondeu o advogado esfregando suavemente as mãos magricelas. Deveria estar acostumado a ser tratado com rispidez.

— Como quiser— respondeu Dorian sentando-se em sua cadeira atrás da escrivaninha e indicando que o outro fizesse o mesmo — Em que posso ajuda-lo?

—Bem— começou Mr. Dobson arrumando os óculos no rosto pequeno— creio que o senhor já conhece a extensão de seus bens...

—Estou familiarizado.

Mr. Dobson então franziu o cenho, umedeceu os lábios finos e duros e encarou o jovem. Não sabia exatamente como começar a explicar as circunstancias do que tinha a dizer.

—Infelizmente —começou ele— tenho algumas notícias pouco favoráveis para o senhor. Sei que são tempos ruins para receber ainda mais aborrecimentos, mas espero que compreenda que é meu dever deixar o senhor a par dos assuntos de seu pai o mais rápido possível já que o senhor agora é o novo conde. Como o senhor sabe, vosso pai era um homem... adepto a divertimentos.

Dorian não pode deixa de notar que Dobson estava escolhendo bem as palavras como se temesse que um erro fosse levar Dorian a um ataque de fúria. Ficou imaginando como deveria ser a relação entre o advogado e o falecido e só pode concluir que não deveria ser tão pacifica quanto parecia ser, embora soubesse que o Lorde confiava tudo àquele homenzinho de aparência raquítica.

— A verdade é que o seu pai estava com dívidas enormes. Posso adiantar que bem superiores que o restante do dinheiro que ele lhes deixou, que já não era muito antes mesmo de ele falecer. Acredito que em breve o senhor receberá alguns credores bastante insatisfeitos se é que o senhor me entende... Esses homens dos jogos são pessoas com as quais o senhor deve evitar ter contato. Eu havia dito isso ao vosso pai, mas ele não me deu ouvidos e...

_O senhor está me dizendo que meu pai arruinou a fortuna da família em jogatinas? _ questionou Dorian, incrédulo. Sabia que o pai gostava das farras noturnas, mas era preciso gastar muito na mesa dos jogos para devastar tanto assim todo aquele dinheiro.

Mr. Dobson baixou os olhos para as próprias mãos que ainda esfregava umas nas outras suavemente. Ponderou por dois segundos e então levantou os olhos cheios da coragem que ainda lhe restava.

—É claro que também havia as mulheres... Essas sim, custam bastante caro. Muito mais do que ele já gastava nas mesas.

Dorian sentiu a cabeça girar. Nunca gostara do conde e agora o detestava mais que nunca. Sabia da existência das amantes de seu pai, mas não fazia ideia de que ele pudesse ser tão estupido.

—Escute, Mr. Dobson— falou Dorian, finalmente — Não deve dizer uma palavra sobre isso com mais ninguém, estamos entendidos? Principalmente com Lady Margarete. Ela não deve saber, nem mesmo em sonhos, nada sobre a herança.

Dobson inclinou-se para frente cordial.

— O senhor terá meu sigilo, Lorde Dorian, e assim como seu pai, terá minha total lealdade.

Neste segundo, o jovem conde se sentiu inexplicavelmente aliviado, mas terrivelmente perdido.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a G. pelo apoio moral e por ter, tão pacientemente, ajudado a escolher os detalhes finais para a publicação. Thanks G, sua linda!