Universidade de Tóquio
05.04.2010 – 13h.

 

Esse sorriso... Sorriso de um demônio. Juro que para mim a atmosfera desse local mudou. Eu podia sentir os raios e trovões inundando o céu escuro. Sim, minha imaginação é fértil, mas aqueles olhos ônix me fizeram paralisar, estavam me comendo viva. Não sabia o que fazer ou o que falar, mas tinha que tentar apesar de saber que iria gaguejar igual a uma galinha e amanhã seria motivo de piada. Destino? Não meus amigos, pé frio mesmo. A esse ponto minhas amigas já devem ter visto a burrada que fiz, a esse ponto eu me lembrava do sonho maravilhoso que eu tive, queria torná-lo realidade e principalmente... A esse ponto lembrei que não usava lingerie. Qual é, é nessas horas que você lembra o que esqueceu! Soltei a carta, assustada. Reação afinal, já sentia meu corpo.


- Eu... Confessei para a pessoa errada! Você... Isso... – Estou desesperada! Ah, santa Yamanaka Ino, me chamou e não pensei duas vezes em sair correndo o mais rápido que pude. Ainda acendo velas para você ou te desencalho!


Fomos direto para uma lanchonete, sem mais demandas. E palavras também, o silêncio me deixava inquieta, nem Hinata e Ino falavam algo. Eu sou um fracasso, não sei quem era aquele garoto... Olhos e cabelos negros rebeldes e vestes pretas e descontraídas. Era bonito, pelo menos, mas arrogante demais. Que seja, nem sei por que estou pensando nele nessa situação. Ah ta, deve ser porque ele é o maior problema da situação (?) Devo parar de falar comigo mesma, um dia acabo ficando louca.


- Normalmente... – Ah não! Tudo menos o sermão da Ino. - Uma pessoa não confessa seus sentimentos para a pessoa errada, você é fantástica Sakura!

- Ela estava tão nervosa... – Hinata disse em minha defesa, perdeu Ino, vou acender velas para ela agora.

- Eu não conseguia enxergar claramente quando me virei.

- Você é tão estúpida! – Ino indagou, estava certa afinal, não podia negar.

- Além disso, aquele menino é um novo aluno do curso de Artes Plásticas, Uchiha Sasuke. – Hinata disse, um tanto preocupada.

- Não me interessa quem ele é. Ele parecia ser muito arrogante.

- Discordo. Eu acho que você deveria saber mais sobre aquele garoto. – Ino se aproximou mais de mim, agachando-se olhando para os lados para ver se alguém bisbilhotava. - Ouvi dizer que ele é o filho único do presidente da nossa universidade. Com o apoio do pai, ele pode atender seus desejos fúteis, como cursar Artes Plásticas. – Ah, qual é... Cursar Artes Plásticas não é o fim do mundo! - Ele é líder de um grupo de garotos e consideram o estranho comportamento dele como anormal.

- Já eu ouvi dizer também que quando eles estavam no Ensino Médio, eles sempre matavam aula e agiam como delinqüentes. Sempre causavam problemas! Apesar dos avisos da escola, ouvi também que eles foram presos. Eles se pareciam mais com gangsters do que com estudantes. – Tá, agora deu medo Hinata.

- O mais absurdo é que, apesar de ser claramente um estudante ruim, as garotas ainda corriam atrás dele. Na internet, elas o chamavam de Príncipe. Da. Sedução.


Eu capotei.


- Para cometer um erro desses na frente daquele cara eu sou mesmo muito azarada.

- Não é tão ruim assim... – Não mesmo Ino? - Pelo menos você não é odiada pelo cara que gosta.

- Sim, você terá outra chance de dizer o que sente a ele. – Hinata sorriu para mim, docemente. Apenas assenti, contudo, eu tinha ótimas amigas.

Mas... Porque está tudo meio vago? Sinto que estou esquecendo algo importante e dessa vez não era meu sutiã. Era... Era...

- EU PERDI A CARTA!

Assim que percebi a perda corri para a faculdade. Não me importo com a chuva, eu vi a previsão do tempo e falou que iria chover, estou com guarda-chuva.
Cheguei perto da escadaria, nada. Perto da saída, nada. Olhei atrás das pilastras... Nada. Ah! O vento deve ter levado para o jardim. O que devo fazer? Eu não consigo achar! Se alguém encontrá-la todo mundo ficará sabendo, pois há nossos nomes escritos nela.


- Colega, está procurando alguma coisa?

- Sim. - Respondi distraída.

- O que é? Eu te ajudo a procurar. – Alguém se aproximava de mim.

- Estou procurando por... – Virei para ver com quem falava. Kami-sama... É o... É o... Gaara! -... Um trevo de quatro folhas...

- Trevo de quatro folhas? – Ele parecia não entender, céus... Essa foi A pior idiotice que disse, poderia ser mais idiota? Apenas assenti, timidamente.

- Então... Olá. Sou Sabaku no Gaara, nós estamos na mesma turma de Economia.

- Sim, sim. Economia. – Reação abobada detected.


Gaara é mesmo gentil, está me ajudando a procurar algo que eu não procuro, nada prestativo. Sinto que está me olhando também, então não há problema se eu olhá-lo. Gaara... Ele está se aproximando de mim. Acho que estou perdendo a respiração e eu já sinto a dele de tão perto que estamos. Será que...


- Pronto, tinha um bicho no seu ombro, já tirei. –... - Então, já está ficando escuro, é melhor ir para casa.


Logo após, ele se afastou, indo embora.


- Gaara! – Chamei-o e ele se virou para mim. – Meu nome é...

- Sakura. – Não pude conter o sorriso de comercial de pasta de dente.

- Até mais. – ELE SABE O MEU NOME! KAMI-SAMA. Comecei a pular igual louca festejando, serelepe.

Mal sabia eu... Que estava sendo observada.

Não consegui encontrar a carta, amanhã Hinata ou Ino me ajudariam com isso. Tomara que ela tenha voado para Argentina.
O importante agora é que eu falei com Gaara! E o melhor de tudo é que ele sabia o meu nome. Acho que minha sorte está mudando, hm.


- Boa noite, senhora Yuuko, gostaria de falar com a minha mãe. – Fui até o estabelecimento onde minha mãe trabalha, um restaurante, queria voltar com ela para casa já que estava tarde.

- Ah, desculpe Sakura, mas ela saiu para fazer uma entrega e eu disse que poderia ir para casa de lá. Sabe Sakura, ela anda um pouco estranha e distraída. – Estranha? Será que aconteceu algo com a minha mãe?

- Hm, entendo. Irei falar com ela.


Mãe... Está escondendo algo de mim?
Encontrei-a perto da ponte, próximo à nossa casa. Estava completamente distraída, tamanha distração que levou o maior tombo da sua vida! E o pior, o pior de tudo, é que nosso jantar foi para os ares.


- Mãe!

- Sakura... Ta doendo! – Voz de bebê numa hora dessas não, me comove.


Em casa eu cuidei de seu machucado, aproveitei para perguntar o porquê de ela estar agindo estranha ultimamente, hesitou em me falar, parecia indecisa e triste.


- Vamos!

- Aonde? – Ela me perguntou. Já disse que sou um pouco espontânea?


Puxei-a e levei para o nosso lugar. É bom relembrar essas coisas, coisas que deixam marcas para sempre. - Porque me trouxe aqui?


- Lembro de quando o papai faleceu, nós ficamos falidas e não tínhamos dinheiro nem para pagar a viagem da escola. No colégio houve um furto e todos me acusaram, mesmo não tendo provas. Não acreditaram em mim e começaram a implicar comigo, rasgaram meu dever de casa, me bateram e até jogaram minha mochila na lata de lixo.

- Mas naquela época, você não me falou nada, porque não queria que eu me preocupasse. Em vez disso, você faltou à escola e veio para esse lugar, esse pequeno parquinho perto de casa. Quando te achei, ainda assim não queria me contar o que tinha acontecido.

- Então você disse: Sakura, não importa o que aconteça, não quero que haja segredos entre nós.

- Foi a nossa promessa. Sakura... Me desculpe, eu não fiz de propósito.

- O que aconteceu? – Encarei ela, estava realmente preocupada.

- Estou apaixonada! O conheci no restaurante, derrubei café nele, rasguei sua camisa, bati os pratos em cima dele e nossos olhares se encontraram. Foi tão romântico. – Minha mãe falava com muita alegria e paixão. Céus, parece uma adolescente com os olhinhos brilhando. - Eu menti para você e me encontrei com um homem em segredo.

- Então o seu segredo é estar apaixonada por outro cara?! Ele é casado?! Há, eu nunca imaginei que você estivesse namorando!

- Desculpe. Ele é divorciado. Não se preocupe, eu nunca mais o verei então voc-...

- O que é isso no seu rosto?

- O que? – Perguntou assustada.

- Desde que o papai morreu eu não via essa expressão, deveria ter arranjado um bom homem antes! – Sorri, minha mãe merece ser feliz. Se ela está feliz para mim basta.

- Sério? Não é contra? Posso me encontrar com ele? – Um brilho que há tempos não via se formou em seus olhos, já sei de quem herdei isso.

- Coloque uma roupa bem sexy e seduza-o.

- Obrigada, minha estrela!


Seu sorriso é tudo o que desejo...

Universidade de Tóquio
06.04.2010 – 06h30m.

Ah, até minha mãe tem um namorado agora. E eu, na plena juventude, solteira! Isso vai mudar, vou me declarar novamente para Gaara. Vai demorar um tempo, mas eu vou. Eu só o conheço há quatro dias e falei com ele ontem desde que começaram as aulas... Tudo que vi dele nesses últimos dois anos foi bom e agora estamos na mesma classe, então não há problema, já que estou realmente apaixonada!

Mais um dia de faculdade, tenho aula de economia hoje e por isso decidi vir cedo para a universidade. Lá estava eu, pulando como um pônei feliz quando o vi. Arrepio na espinha, na certa. Estava com vestes negras novamente, sabendo agora quem ele era realmente parecia mesmo um gangster. Porém, não vou querer me aproximar dele. Já tive o azar de encontrá-lo e cometer aquele engano, então é só eu virar as costas e sair normalmente, ignorando-o. Há, pega essa.


- Você perdeu alguma coisa? – Sua voz, simplesmente penetrou em mim. - De Sakura... Para Gaara.

Continua...