Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 9
Cap. 9 – Quente e Exigente




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Era realmente um alívio treinar somente de manhã, uma vez que Thorin chegou à conclusão de que as três mulheres não era tão ruins assim na luta como ele julgou à primeira vista. Isso deu à Iris tempo para fazer o que ela mais gostava de fazer - nada mesmo - e para conhecer melhor seus novos amigos.

Junto com Bofur, Ori e Nori, alguns dos mais jovens, e também Bilbo, ela costumava passar a maioria das tarde batendo papo como faria com seus amigos na internet, e às vezes também com Fíli e Kíli, que não estavam pensando em alguma arte para fazer apenas quando a estavam fazendo, e ela gostava desse tipo de diversão.

Lily, por outro lado, encontrou companhia onde não esperava, apesar de que no começo pareceu esquisito. Começou quando ela estava passando um fim de tarde num pátio isolado, fazendo alguns desenhos da arquitetura de Imladris. A anã tinha certeza de que estava sozinha, e murmurava consigo mesmo, como costumava fazer quando estava desenhando.

“Isso não está certo. Uma curva dessas significa que a alvenaria é mais forte do que parece. Tem que ser feito de outra coisa.” O vento nas folhas disfarçou alguns passo por detrás dela. “Isso é enganador. Uma estrutura interna diferente, talvez?” Fez algumas anotações na margem do papel enquanto murmurava. “Nunca confie no que vê numa casa de elfos.”

“E o que faz você desconfiar de uma casa de elfos?”

A voz de Thorin perto de sua orelha a fez ficar de pé num pulo, derrubando papéis e lápis no chão.

“Ah, eu…”

Ele a ajudou a pegar suas coisas.

“Lamento, não quis assustar você.”

“Não… nenhum problema, senhor.” Ela gaguejou. “Eu só estava distraída com meus pensamentos, não te ouvi chegando.”

Ele lhe entregou algumas folhas de papel e um lápis, sorrindo ligeiramente.

“Você desenha bem.”

“Obrigada.”

Lily pensou que era a primeira vez que o via sorrir, e gostou.

“Não pude deixar de ouvi-la. Você não confia nessas construções?”

Ter alguém além de sua própria Companhia que desconfiava de qualquer coisa élfica parecia bom para ele.

“Bem, eu vejo por essas curvas que isso tem que ter sido feito de alguma coisa mais forte do que aparenta do lado de fora; não é que não seja forte, mas parece tão frágil que pode levar alguém a subestimar.”

Thorin pesou a afirmação em sua mente e assentiu.

“Você gosta de construções?”

“Estou estudando para isso.”

“Para ser uma construtora?”

Ele arqueou as sobrancelhas, um pouco surpreso. Isso não era muito comum entre mulheres.

“Sim, de certa forma. Um arquiteto planeja, desenha, calcula e orienta aqueles que vão realmente levantar a construção. Eu estava estudando, antes de vir para cá.” Ela olhou para seus desenhos. “Estou fazendo algumas anotações para quando eu for para casa. Se eu chegar a voltar para casa.”

O anão tocou sua bochecha, encontrando um pequeno traço molhado com seus dedos.

“As vezes também me pergunto se um dia estarei de volta à minha casa. Há… um longo caminho pela frente.”

“Quanto tempo você está longe?”

Ele lhe contou. Então, tendo guardado isso por tempo demais, ele contou mais, muito mais do que tinha intenção; a luta para resgatar seu povo quando Erebor foi tomada, a falta de ajuda do rei elfo, os anos de nomadismo, a lenta construção dos salões em Ered Luin, as Montanhas Azuis, a batalha nos portões de Khazad-dûm, a perda de seu avô, de seu pai, de seu irmão, de seu cunhado, o pai de Fíli e Kíli, e a tristeza de sua irmã; os longos anos no exílio, trabalhando na forja para manter seus braços fortes para quando a hora de retomar Erebor chegasse; as profecias, o recrutamento de sua Companhia, a recusa de tantos em juntar-se a ele, a contratação de Bilbo; e ele continuou até o momento em que se encontraram pela primeira vez.

“E daqui por diante você sabe.”

O sol tinha se posto e as estrelas estavam brilhando há tempos no céu quando ele terminou. Lily estava impressionada com quantas coisas ele tinha passado na vida, e o quão longa sua vida tinha sido. Ela não entendia direito a expectativa de vida de um anão e como ela poderia se encaixar nela.

Ele achou engraçado, com toda a densidade da história de sua vida que acabara de lembrar, estava se divertindo com adivinhar a idade daquela estranha.

“Você deve ter algo como setenta anos, um pouco depois de atingir a maioridade e um pouco mais nova que meus sobrinhos.” Ele tocou seu cabelo gentilmente. “Essas tranças ficam bem para você; deveria mante-las.”

Lily enrubresceu, grata pela escuridão que encobria seu rosto.

“Eu…” Não sabia o que dizer. “Obrigada.”

Aquela tinha sido a melhor tarde que Thorin tivera em anos, e ele sabia disso.

“Vamos achar alguma carne para comer.”

ooo000ooo

Na primeira tarde livre que Ellen teve ela pensou em descobrir um pouco mais sobre Imladris, agora que ela não tinha que ter medo de tocar em alguma coisa ou alguém e ser inundada por memórias que não eram dela. Arwen estava feliz em ter uma nova amiga para correr por aí, uma vez que seu povo era muito devagar em arrumar qualquer novidade. Ser virtualmente imortal significava ser responsável em assuntos reprodutivos, ou os elfos teriam superpopulado a Terra-média há eras, e ela ciceroneou Ellen.

Havia a biblioteca, que ela pensou que seria interessante visitar com mais tempo, o ateliê de costura, a lavanderia, algumas cozinhas e despensas, a casa de cura, oficinas de muitas habilidades, salas de estar e mais salas de estar, cada uma com uma vista diferente do vale. Na verdade, era chamada de a última casa hospitaleira, mas poderia ser chamada de cidade.

Então saíram, para ver os pomares, os cavalos e pôneis, a então a elfa estranha viu fumaça se encaracolando no ar detrás de algumas árvores, onde parecia haver uma construção de pedra escura.

“E lá, o que é aquilo?”

“Hmm, eu não sabia que tinha alguém trabalhando lá hoje. Acho que você vai gostar de ver, considerando que Pai me disse que você mesma fez suas espadas. É nossa forja.”

“Arwen, não confunda as coisas, por favor! Eu fiz boffers no meu mundo e elas se transformaram em espadas depois que viemos, isso não significa que eu alguma vez na vida tenha forjado nem uma faca de cozinha, certo?”

Arwen riu gostosamente.

“Eu sei, minha amiga, mas se você manteve suas habilidades de esgrima, por que não manteria suas habilidades de ferreira?”

“Porque esgrimir não é assim tão diferente de um lugar para o outro, e fazer uma espada de aço é completamente diferente de colar e passar fita adesiva em alguns pedaços de plástico!”

“Talvez você esteja certa, mas se você gostava dessa coisa de fazer boffer, pode ser que você também goste de forjar. É quente e exigente, mas ver em suas mãos algo que você mesma fez é um deleite!”

Chegaram perto da construção e ouviram algumas batidas de metal contra metal; então entraram, tomando o cuidado de fechar cada porta depois de atravessa-la, de forma que o calor não saísse nem o ar fresco entrasse, uma vez que qualquer peça que estivesse sendo forjada poderia ser estragada se pegasse um vento frio na hora errada. Em vista disso, a forja de Elrond tinha uma entrada em curva, com portas duplas, de forma que o vento nunca pudesse alcançar a área de trabalho.

Realmente havia alguém trabalhando, batendo algo na bigorna, as costas nuas voltadas para elas. Estava vestindo apenas calças e botas, mais um avental de couro duro para proteger peito e coxas de serem atingidos por alguma fagulha. O suor pingava de suas costas e de seus braços, brilhando à luz do fogo.

“Muito quente, de fato!”

Murmurou Ellen, não se referindo à forja. Ela sabia quem estava lá pelo desenho de suas botas, além do fato de que era o único anão daquele porte que ela sabia que não usava tranças.

“O que você está fazendo aqui?”

Kíli voltou-se para encara-las quando ouviu a voz de Ellen. Ela pensou que deveria ser um costume de família cumprimentar as pessoas com aquela frase. Arwen piscou.

“Essa é a forja da casa do meu pai. Estou mostrando as coisas para minha amiga. O que você está fazendo aqui?”

Ellen deu uma risadinha ao ver seu constrangimento, apesar de que Arwen tinha enfatizado algumas palavras apenas por diversão, não para afligi-lo.

“Eu estou aqui porque pedi para o seu irmão se eu poderia usar a forja para fazer algumas pontas de flecha, pois perdi muitas contra os orcs. E essa que você chama de sua amiga é membro da minha companhia!”

“E para qual dos meus irmãos você pediu?”

“Como é que eu vou saber? Eles são iguais!”

Os três riram gostosamente, porque os gêmeos eram realmente idênticos, tendo levado à diversas confusões na festa recente, ainda mais quando Kíli ficou tão bêbado que pensou que estava vendo dobrado e não conseguia entender porque sua visão dupla não estava agindo identicamente.

As elfas estavam curiosas para ver a técnica de Kíli para fazer pontas de flechas a partir de pequenos pedaços de aço macio, uma vez que pontas de flechas anãs eram bem diferentes das que os elfos costumavam fazer. Ele estava fazendo algumas de ponta larga, martelando forte para molda-las na forma que queria, um pouco curvas e com um bom espigão para fixar nas hastes. Ele terminou a que estava fazendo e bebeu um pouco de água. Como Arwen havia dito, forjar era quente e exigente, e Ellen pensou que era uma pena que tanto trabalho provavelmente seria perdido quando a flecha fosse atirada.

“Só para eu entender melhor, quantas flechas você costuma carregar?”

“Hmm, até umas duas dúzias na aljava, senão fica desequilibrada, mas então eu levo mais dentro da minha mochila quando posso, já que estamos numa viagem longa.” Ele sorriu de lado. “Nunca se sabe que perigos você pode encontrar no meio do caminho.”

Ellen riu de volta.

“É, como um bando de mulheres estranhas numa caverna!”

“Ui, esse foi o perigo mais terrível que eu já encarei! De um orc ou de um troll eu sei o que esperar, mas entre uma garota-hobbit, uma dama anã e uma elfa incomum dá para perder a cabeça num minuto!”

“Elfa incomum?” Riu Arwen.

“Ah, hmm, quero dizer, extravagante… bizarra…”

“Perder a cabeça, é?” Foi a vez de Ellen rir.

“Sim, ui, ser decapitado!” E ele fez um gesto de cortar seu próprio pescoço.

“Se alguma vez você me chamar de bizarra de novo, pode ter certeza de que eu vou decapitar você, cara!”

O riso deles foi interrompido por alguém entrando. Era Figwit, que veio chamar Arwen de volta à casa principal, uma vez que alguém chamada Galadriel havia chegado.

“Vovó está aqui? Eu já vou!” Ela se voltou para Ellen. “Você pode ficar ou ir como queiras, creio que não vai mais se perder depois de tudo que passeamos hoje!”

Ellen pensou que se perder era algo a ser considerado seriamente, mas guardou isso para si mesma.

“Vou ficar mais um pouco, quero ver a ponta de flecha ser feita desde o começo.” Voltou-se para o anão. “Se esse mestre ferreiro permitir, é claro.”

Kíli lhe devolveu um sorriso maroto.

“Seja benvinda!”


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