Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 26
Capítulo 26 – Trabalho de Colarinho Branco




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No dia seguinte Ellen deu um jeito de trocar alguns lugares nos barcos, e Thorin nem mesmo discordou, já que não estava com vontade de remar ao lado de Bard novamente. Assim, Bard e Lily trocaram de lugar com Kíli e Ellen e os botes um e três trocaram de posição, dado que Bard tinha que ir na frente para guia-los através das correntezas. Thorin não se deu conta do erro cometido até estarem bem longe da margem e Ellen pegar algumas folhas de papel e um lápis que havia emprestado de Ori.

“Senhores anões, espero que estejam confortáveis em seus assentos e que todos tenhamos uma excelente manhã. Nosso objetivo nessa reunião é verificar as informações que temos que possam nos ajudar a atingir nosso alvo, e considerar as alternativas. Dúvidas?”

Thorin olhou para ela zangado, a nuvem negra sobre a cabeça dele soltando relâmpagos, Kíli segurando o riso para que a raiva do tio não se voltasse contra ele também.

“O que pensa que está fazendo? Quem lhe disse para fazer o que quer que fosse?”

“Estou fazendo meu trabalho, senhor, por dever de ofício, uma vez que jurei colocar a mim e meu conhecimento a seu serviço, e por senso de autopreservação. Eu não vou entrar na toca de um dragão sem um plano, nem levar minhas sobrinhas para lá sem nenhuma noção do que pode acontecer; mesmo que eu tenha jurado vos seguir até o submundo se preciso for, não é meu desejo visitar os Salões de Espera em Valinor bem agora, então, se todas dúvidas foram esclarecidas, vamos planejar.”

O rei estava espumando de raiva agora, remando mais rápido como se para queimar a própria ira.

“Quem você pensa que é para chefiar a formulação de um plano?”

A elfa baixou a voz e ergueu as sobrancelhas.

“Sou a única pessoa com um grau de mestrado em estratégia num raio de um mundo. Isso é mais do que mesmo seu conselheiro mais experiente pode dizer, não é, Irmãozinho?” Ela se virou para Balin, que sorriu orgulhosamente de volta, e para quem Thorin voltou a atenção com um olhar traído.

“Você sabe, rapazinho, que eu e Dwlain passamos muitas horas nessa jornada conversando com nossa Irmãzinha aqui sobre campanhas militares, e não posso mesmo lembrar de alguém eu reconheça ter um conhecimento tão profundo não apenas sobre histórias de guerras como também das estratégias por trás delas.” Thorin bufou e Kíli puxava depressa para manter o mesmo ritmo no remo. “Por que não lhe dá uma chance de mostrar o que é capaz de fazer? Não faria mal.”

“Eu não acredito que o conhecimento de outro mundo que ela tem vá funcionar na Terra-média, ainda mias contra um dragão. Ela não pode alegar nenhuma experiência contra dragões de verdade.”

Ellen lembrou-se de um Diretor de Recursos Humanos que teve num emprego anterior e pensou que a afirmativa de Thorin não era completamente verdadeira, mas deixou para lá. Foi Kíli quem deu a desculpa final para fazer Thorin voltar à razão.

“Tio, lembre que Ellen não tinha experiência contra guerreiros de verdade quando ela bateu o Dwalin...”

Thorin engoliu em seco o próprio orgulho, remando um pouco mais devagar, para o alívio de Kíli.

“Lhes aviso que nenhuma palavra do que foi dito até agora deve ser espalhada entre os outros.” Os três concordaram, ansiosos pelas palavras que viriam a seguir. “Mesmo um plano ruim é melhor que não ter plano nenhum, acho. Que informações precisa para fazer o seu trabalho, elfa?”

ooo000ooo

Como no dia anterior, não aportaram os botes até perto do cair da noite, quase sem tempo suficiente para coletar lenha e preparar o acampamento para a noite. Seria sua última refeição quente enquanto nos ermos, porque na noite seguinte já estariam na área conhecida como A Desolação de Smaug, um trecho amplo em volta da Montanha Solitária onde uma vez existiram florestas viçosas, pastos verdejantes e plantações abundantes. Enquanto os anões se ocupavam minerando e fazendo todo tipo de artefato de alta qualidade e acabamento incrivelmente fino em ferragens, joias, arsenal e armoraria, os homens de Dale se ocupavam não apenas na feitura de tecido, roupas, utilidades domésticas e brinquedos, mas também em prover Erebor com todo tipo de alimento. Vinhas ofereciam as mais finas bebidas, o Lago produzia o salmão e a truta mais saborosos, e os porcos alimentados com os resíduos da fabricação do queijo resultavam no presunto mais famoso de todos os reinos do norte.

Então Smaug veio e queimou tudo.

Quando Bombur declarou que a sopa estava pronta, Ellen ainda levou um tempo para terminar seus cálculos e anotações nos quais estivera trabalhando desde que Thorin e Balin lhe haviam fornecido os dados mais precisos o possível sobre biologia de dragões, magia de dragões (como se essa ciência tivesse algum dia sido definida), em geral e de Smaug em particular, das plantas-baixas de Erebor e seu estado conhecido ou suposto, uma lista formal dos membros da Companhia e suas perícias e habilidades, e miscelâneas que poderiam ser encontrada no campo de batalha, junto com a probabilidade de que fossem encontradas em condição de serem usadas. Thorin ficou por perto e fez Kíli e Balin ficarem lá também, para garantir sua exigência de que nada deveria ser dito para ninguém antes que ele autorizasse. Os outros membros da Companhia Travessa, como as mulheres mais Fíli, Kíli e Bilbo haviam definido a si mesmos depois do incidente com sanguessuga, foram mantidos de fora, roendo as unhas de curiosidade. Ellen estendeu os papéis para Thorin, com um olhar inquiridor e também sério.

“Estou autorizada a jantar antes da nossa reunião, senhor?”

Ele olhou para os papéis só para descobrir que estavam escritos num tipo de runa que não era nem Anghertas nem Tengwar, sendo essas últimas o que ele esperava de uma elfa. Ter os papéis em suas mãos garantia que ninguém os leria, mesmo se as únicas pessoas que conseguiriam ler aquilo além da própria Ellen fossem suas sobrinhas. Dobrou as folhas e guardou num bolso do casaco.

“Todos nós vamos. Esperemos por horas mais escuras para assuntos mais obscuros.”

Kíli estendeu uma mão para ajudar Ellen a se levantar, apenas por atenção, e outra para Balin, por deferência, enquanto um Thorin perturbado andava para mais perto do fogo e de Lily, que olhava para ele com saudade. O anão cansado conseguiu dar um sorriso, e beijou a testa dela antes de pegar a tigela de sopa que ela lhe estendeu.

“Foi um dia longo. Descanse um pouco.”

Ele balançou a cabeça. “Ainda não.” Thorin caminhou um pouco para fora do círculo de luz da fogueira do acampamento, segurando a mão dela, sentindo a tensão do dia se dissipar apenas por estar a seu lado. “Como estão as pessoas?”

Primeiro a anã achou que era uma pergunta estranha, mas então ficou claro; enquanto Thorin estava cumprindo suas obrigações enquanto rei, esperava-se que ela cuidasse de seu povo, ou pelo menos prestasse atenção neles para que pudesse relatar para ele e ajuda-lo no que tivesse que fazer. Ser a companheira de um rei não era um papel decorativo. Enquanto ele comia, ela se reportou o melhor que podia, sem ter planejado isso antes.

“Bard teme que aticemos o dragão e que ele não possa fazer nada para salvar seu povo na Cidade do Lago antes que a besta chegue; eu e Iris estamos aprendendo Iglishmêk com Bifur, espero que você não se importe; Dwalin assusta Ori e Nori e então ele mais Óin e Dori riem dos mais jovens, mas preciso dizer que Ori está fazendo desenhos muito impressionantes da Montanha Solitária enquanto nos aproximamos dela; então Glóin e Bombur assustam Bilbo e Bofur tenta pôr panos quentes.”

“E Fíli?”

Lily percebeu que Thorin tinha contado cada membro de sua Companhia, e se perguntou como seria se fosse um exército poderoso com centenas ou mesmo milhares de anões. Mas podia adivinhar.

“Fíli está traduzindo as lições de Bifur para mim e Iris.”

Ela não mencionaria que ele também estava com ciúme por ter sido deixado de fora da conversa anterior da qual ele tinha certeza que era o planejamento para a retomada de Erebor.

“Você e sua irmã tem experiência em lida de guerra?”

“O quê?” A cabeça de Lily estava vagando.

“Lida de guerra. Organizar tropas e suprimentos, estratégia, tática...”

“Na verdade não.” Ela baixou a cabeça um pouco. “Mas sabemos lutar, como você sabe; pode contar conosco para qualquer coisa, sempre.”

Thorin acariciou sua nuca, trazendo-a para perto de si.

“Tenho certeza, minha flor selvagem. Só queria saber se teria você junto numa reunião que terei essa noite, ou se você vai dormir assim como os outros.”

“Eu quero ficar com você na reunião!”
“Não dessa vez. Todo mundo está ansioso para saber nossos próximos passos, mas há decisões que têm que ser tomadas pelos que estão no comando, e que tiveram treinamento ou experiência no assunto.”

“Eu fiquei sem você o dia todo...”

A jovem anã reclamou; ele beijou sua orelha e se aninhou em seu pescoço, fazendo-a dar risadinhas com a barba que fazia cócegas na pele.

“Vou estar do seu lado a noite toda, prometo; assim que essa reunião acabar.” Levantou-se alongando os braços cansados para ter algum alívio. “Agora vá até sua irmã, e por favor chame Bilbo; preciso falar com ele.”

Quando Lily estava chegando perto da fogueira viu algo que sua irmã só viria a entender muito tempo depois. Enquanto servia a tigela do jantar de Thorin, teve a impressão de que Iris e Bilbo estavam exagerando um pouco em suas manifestações de afeição, apesar de que entendia bem como era estar o dia todo longe da pessoa amada; estavam encostados num tronco de árvore quase no limite da luz da fogueira, muito silenciosos exceto por algumas risadas abafadas, e sua nova mente anã conservadora pensava que não era exatamente adequado que sua irmã se comportasse daquele jeito e pensou em falar com ela mais tarde.

Agora, enquanto ia chamar o gatuno, viu Ellen, que tinha acabado de terminar a própria sopa, olhar beligerante para Bilbo, sopesando uma colher na mão. Os olhos dele se arregalaram e ele imediatamente sentou-se direito, deixando Iris cair das mãos e abraçando os próprios joelhos ao invés.

“Oi, Bilbo! Thorin quer falar com você, acho que vai haver uma reunião.”

Ele se levantou cuidadosamente, agradeceu e murmurou alguma coisa para Iris que fez com que ela risse de novo antes que ele se fosse para onde Thorin estava, já cercado pelos irmãos Fundinul.

“Se divertindo um pouco, irmã?”

Lily perguntou a Iris para começar a conversa. A garota hobbit deu uma risadinha.

“Ah, vá lá, só um pouco de diversão, irmã, ninguém fez mal a ninguém!”

Iris se levantou e as duas foram para mais perto da fogueira, onde se sentaram juntas por um tempo, apreciando em silêncio a companhia uma da outra; Lily pensou melhor sobre dar bronca na Iris, pois estavam chegando tão perto do dragão que o mais provável é que não fossem ter tempo nenhum para apreciar a companhia de quem quer que fosse por um longo tempo. Iris perguntou.

“Quem a gente vai azucrinar essa noite?”

“Deve ser a vez do Óin e do Glóin, vou chamar o Bofur e o Nori para ajudar.”

“Feito!”

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Kíli estava massageando as costas de Ellen, tentando aliviar a tensão que via no olhar perturbado e na postura corporal, enquanto esperavam todos chegarem; Dwalin estava providenciando uma segunda fogueira, para que tivessem luz e privacidade dos outros membros da Companhia e do humano que os guiaria rio acima no dia seguinte; Thorin se aproximou e falou em voz baixa, para que somente eles pudessem ouvir. A longa conversa para fazer a planilha de planejamento durante o dia havia feito com que ele visse algumas outras coisas também.

“É realmente impossível prever o que acontecerá quando chegarmos a Erebor, mas creio que convém lhe agradecer por seus esforços, senhora Ellen; afinal, foi a sua astúcia que permitiu que estejamos armados com nossas armas preferidas e foi a sua mão na nossa escapada dos calabouços élficos.”

O jovem anão olhou para o tio, surpreso por vê-lo agradecer a alguém, ainda mais uma elfa, pensando que aquelas semanas no calabouço o haviam mudado mais do que imaginava possível; mas Ellen tremeu e balançou a cabeça, como se tivesse ficando zonza por um momento, então levantou uma mão, piscando.

“Obrigada por seu reconhecimento, senhor, mas é indevido. É verdade que consegui pegar nossas armas, mas você teria qualquer arma que quisesse do povo da Cidade do Lago, e a fuga não foi a minha mão, nem é a mim que deve agradecer. Foi ação de Bilbo.”

“Vocês fizeram isso juntos, ambos devem receber nossa gratidão.”

“Meu rei, não está entendendo.” Ele olhou diretamente para ela, um pouco perturbado por a elfa se dirigir a ele pelo título. “Agora eu lembro como as coisas deveriam ter sido, se eu e minhas sobrinhas não estivéssemos aqui, como a história era para ser até agora. Bilbo teria achado os alçapões e tido a idéia de usar os barris, ele ia conseguir pegar as chaves de Tauriel e libertar a Companhia toda. Você conseguiria tudo que precisasse da Cidade do Lago, até armas. Nossa vinda não fez muita diferença nisso tudo.”

Agora tanto Thorin como Kíli estavam alarmados.

“O que mais você se lembra?”

“O bloqueio mental se partiu?”

Ela balançou a cabeça.

“Acho que não; eu só lembro de coisas que já aconteceram, continuo sem ver o que era para acontecer no futuro.” Fechou os olhos, segurando a cabeça entre as mãos. “Seu escudo.”

“O quê?”

“Seu escudo de carvalho, teria sido perdido; Lily o pegou para você, senão fosse isso teria sido perdido quando as águias nos salvaram; Gandalf teria dado o golpe final no rei goblin, ao invés de Iris; não consigo lembrar de outras diferenças significativas, apesar de que podem existir.”

Os dois anões trocaram olhares; Thorin disse em voz baixa.

“Não mencione essas memórias de possíveis passados para os outros, pode deixa-los nervosos, e provavelmente não ajudaria em nada. Conversaremos sobre isso depois.” A elfa assentiu, concordando. “Mas vou agradecer a Bilbo adequadamente, não se preocupe.”

ooo000ooo

A reunião passou bem de duas ou três horas, porque Ellen explicou todas alternativas com possibilidade significativa de acontecer, e as diferentes abordagens que poderiam usar em cada situação. Algumas foram consideradas absurdas no começo, e teriam sido descartadas se não estivessem numa situação desesperada. Pelo menos, esse relatório sobre os cenários tinha o dom de abrir suas mentes para encarar a realidade, depois de meses de apenas agir com base em esperança infundada, por conta de profecias. Thorin apontou para uma das soluções possíveis para lidar como problema do sentido de olfato do dragão no lugar onde agora sabia que estava escrito na folha de papel, dado que Fíli rabiscou algumas runas sobre este enquanto ela falava, e sacudiu a cabeça, enfático.

“Isso ,não. De jeito nenhum. Seria ignominioso!”

“Menos ignominioso do que ser mascado por um dragão, acho.”

“Tem que existir outro jeito de garantir nossa discrição!”

“Estou esperando por sugestões, meu senhor.”

Ele balançou a cabeça e bufou.

“Vamos ver o próximo tópico.”

Ellen leu o Fíli rapidamente ‘runou’ para que os outros pudessem reler se e quando quisessem. Foi Balin quem veio com a resposta, apesar de que seu irmão e Thorin provavelmente também o soubessem.

“Sim, temos veios de enxofre e de salitre nas minas de Erebor, nos os minerávamos para usos diferentes, e carvão é fácil de conseguir – você verá, Irmã, quando chegarmos mais perto da Montanha Solitária, o que quero dizer com isso.”

Dwalin estava desconfiado.

“Isso não é magia negra? Devemos lidar com isso?”

“É pura ciência, Irmão.” Ellen suspirou. “Gandalf usa para fazer seus fogos de artifício, fique tranquilo.”

“Mas ele é um mago, e nós não somos. E você não está falando de simples fogos de artifício.”

Do que ele havia aprendido sobre a ‘ciência’ do mundo de Ellen, ele a temia quase tanto quanto a magia da Terra-média, mas é claro que ele não admitiria. Thorin interveio.

“Barris de metal podem ser achados com facilidade em Erebor, então, essa é viável. Podemos discutir o quanto é apropriado depois.”

Assim continuaram item por item, parando aqui, seguindo suavemente ali. Tudo que Ellen queria a essa altura era uma boa caneca de café, mas era um sonho impossível, até onde ela sabia.

“De qualquer forma, precisamos conseguir tirar Smaug de dentro de Erebor para nós entrarmos, pegarmos as coisas que precisamos e prepararmos a ‘festa surpresa’ para quando ele voltar.”

“Quando abrirmos a Porta dos Fundos e entrarmos, posso descer até a sala do tesouro e atiça-lo.” Ofereceu Bilbo. “Ele não vai me ver, é claro, e vou provoca-lo para que saia da Montanha. Só não sei como mantê-lo do lado de fora.”

“Podemos pega-lo pelo estômago, imagino.” Sugeriu Fíli. “Não que seja muito bonito, mas podemos usar os pôneis como isca.”

“Que pena usar animais úteis para rechear um dragão.”

O anão loiro se surpreendeu com a queixa de Bilbo. “Ei, isso é uma boa ideia!”

“Desde quando rechear um dragão com pôneis é uma boa ideia?”

“Desde que podemos rechear os pôneis com outras coisas antes que eles recheiem o dragão!”

Explicou sua ideia, os outros deram sugestões, e assim isso foi acrescentado à planilha.

“Óin e Lily podem nos ajudar com isso, pela manhã.” Disse Thorin, andando enquanto falava, para sacudir o cansaço do corpo. “Vamos apresentar nossos planos à Companhia apenas depois de nos separarmos do homem da Cidade do Lago, não quero que ele pense que pode interferir, não é da conta dele, de qualquer forma.”

Balin tentou fazer com que Thorin lidasse com o assunto da Cidade do Lago, visto que os haviam ajudado e seriam seus vizinhos se tudo corresse como esperado.

“Sim, mas precisamos avisa-lo para preparar a Cidade do Lago para o pior, de forma que possam escapar se alguma coisa der errado.”

O hobbit se preocupava com aquelas pessoas, também.

“E se não acreditarem nele?”

Thorin balançou a cabeça.

“Não se pode fazer nada.”

“Talvez não, mas podemos garantir que ele tenha recursos para persuadir tantos quantos ele consiga, ou pelo menos garantir provisões num lugar seguro.” Ofereceu Ellen.

“Não temos recursos, tudo o que tínhamos foi tomado pelos elfos de Mirkwood.” Dwalin estava zangado com motivo.

“Creio que isso pode ser reparado…” A elfa pegou a carteira de cintura com o ouro que havia sobrado depois de comprar uma miscelânea de coisas e frutas na Cidade do Lago; ela havia comprado tudo que queria mas ainda tinha bastante. “Aqui. Deve ser suficiente para Bard convencer um monte de gente.”

Kíli se espantou com a oferta.

“Ellen, você está dando embora todo o seu ouro?”

Ela assentiu.

“Sim. Quando retomarmos Erebor, você vai ter a sua parte do tesouro e esse pouquinho de dinheiro não vai fazer nenhuma diferença. Se as coisas derem errado, bom, acho que não vou precisar de dinheiro no lugar para onde vou, se é que me entende.”

“Ellen, agradeço por sua oferta. Isso pode indenizar aquelas pessoas antes mesmo que qualquer problema aconteça.” Thorin balançou a cabeça. “Mas é difícil para um anão entender alguém que se importa tão pouco com dinheiro.”

A elfa sorriu, pegando a mão de Kíli na dela.

“Tem uma música no lugar de onde veio que explica isso de um jeito bem simples; Iris consegue cantar melhor que eu, mas em resumo ela diz, ‘Eu não me importo muito com dinheiro; dinheiro não pode me comprar amor’.” (1)


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Notas finais do capítulo

(1 – The Beatles, Can’t Buy me Love)



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