Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 23
Capítulo 23 – Cavalgada de Barril




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587266/chapter/23

“Acho que esse vinho está descendo mais pesado que eu esperava, Pai.”

Thranduil bateu a mão na coxa de seu filho, para a aversão de Legolas, e sorriu como se soubesse de tudo.

“Querido filho, não beba cerveja como se fosse água, não beba vinho como se fosse cerveja, e não beba vinho de Dorwinion como se fosse cinho comum. Já deveria saber disso.”
“Com certeza, Pai.” Sorriu de volta, alcançando um pêssego numa travessa aperto, construíndo seu álibi. “Vou andar um pouco, para clarear minha cabeça do vinho, ver pessoas...”

“Como queiras, garoto. O papel que a tradição espera de ti nessa festa já foi cumprido. Vá se divertir com seus amigos.”

E assim, dispensando o filho como se fosse um menino querendo ir brincar com os coleguinhas, Thranduil colocou em movimento os eventos que culminariam na perda da reputação da segurança de seus calabouços.

000ooo000

“Depressa!” Disse Tauriel numa voz sussurrada para Ellen, que pulou da cama em meio segundo. “Bilbo está libertando os outros, você vem comigo pegar as armas.”

“Tem certeza de que é seguro? Eu não gostaria de ficar um minuto a mais do que o necessário, você está se colocando em perigo.”

A capitã da guarda olhou de volta para ela enquanto corriam pelos corredores abaixo tão silenciosamente quanto podiam.

“Estão perto das adegas, não vai levar mais que tempo do que para o hobbit destrancar os anões. São pesadas, prcisamos achar um barril grande o suficiente para evitar que afundem.”

Correram na escuridão quase absoluta, Tauriel segurando uma lâmpada a óleo meio coberta de forma que emitia luz apenas á frente delas, e então depois de uma curva fechada a elfa de Mirkwood sinalizou para que a outra parasse.

“Você vai precisar da sua espada Lócënehtar se for para matar um dragão.”

Destrancou a porta pesada de madeira reforçada com ferro. Não havia tempo para vasculhar muito, e o peso da carga toda era impeditivo para pegar tudo que havia sido saqueado da Companhia, então focaram no armamento principal e deixaram as vestimentas para trás. Tauriel segurava um saco de aniagem enquanto Ellen enfiava as armas lá dentro o mais rápido que podia.

“Sei que estamos na correria, mas preciso te agradecer assim mesmo, visto que não sei se ainda vamos nos ver de novo.”

“Não há nada para agradecer, ao contrário, Tauriel. Você está se colocando em risco ao nos ajudar. Isso nunca vai ser esquecido, e nunca seremos capazes de te recompensar adequadamente por essa ajuda.”
Ellen pôs um par de machados de arremesso e uma picareta dentro do saco. Carregaram-no para fora da cela e Tauriel trancou a porta novamente. Não havia jeito de correm com a carga entre elas.

“Você já o fez. Isso não é nada se comparado com a esperança de ter minha terra mais segura e livre do mal.” Pararm por um momento, recuperando o fôlego. “E você me devolveu alguém de quem eu sentia muita falta, você sabe.”

“Não foi nada. Eu só fiz o próprio Legolas descobrir o quanto não falar com você era completamente...”

“Estúpido!”

As duas elfas de cabelos escuros se voltaram para o loiro sorridente que acabara de chegar da completa escuridão. Legolas beijou Tauriel apressadamente e ajudou-as a carregar o saco de armamentos para o depósito de barris vazios, com o piso de madeira e o alçapão de onde Thorin Escudo-de-Carvalho e sua Companhia esperavam recuperar a liberdade.

Paradoxalmente, Bilbo era o único a ser visto, tendo sido muito eficiente em libertar s anões e Iris e armazená-los dentro dos barris com a ajuda de Legolas, que foi ajudar as mulheres com as armas quando viu que só havia um par de anões para ser acondicionado e que as elfas ainda não haviam aparecido.

Os três elfos carregaram o saco para dentro de um barril grande perto do alçapão e Ellen se ajeitou dentro dele em meio a uma pilha de palha, esperando de todo coração que todas aquelas lâminas não achasse caminho para dentro dela enquanto descessem o rio. Sorriu e acenou a mão uma última vez para seus novos amigos enquanto eles fechavam a tampa do barril, e esperou na escuridão. Ouviu Bilbo se despedir deles e seus passos rápidos para fora do salão do alçapão, e então o silêncio.

000ooo000

“Agora, você tem que me embebedar, suponho.”

Tauriel deu um sorriso matreiro para Legolas, que lhes servia vinho numa pequena adega ao lado do depósito de barris. Ele deu uma risadinha, lhe estendendo uma caneca cheia até a borda do forte vinho de Dorwinion que estivera fingindo beber na festa de outono.

“Não, tenho certeza de que é você quem vai me embebedar!”

Brindaram e beberam um bom gole de vinho.

“Não, eu não posso! Se for eu a embebedar você, então eu serei a culpada. Tem que ser você a me embriagar, de modo que eu esteja impecável no meu dever.”

“Você está certa, minha doce capitã da guarda.”

Ele bebeu um pouco mais e distorceu a voz para combinar com as caretas de um ser depravado. “Você há de ser encontrada completamente ébria e seduzida por esse príncipe horrível e arrogante!”

Tauriel deu risadinhas como uma adolescente e seguiu seu jogo, estreitando os olhos para ele.

“Não tenho palavra que seja horrível o suficiente para descrever um elfo tão desprezível e insidioso, que usa seu status para assediar uma colega!”

Sentaram-se no chão da adega, apoiando-se na parede.

“Então, como temos que ficar bêbados o quanto antes, vamos fazer um jogo. Para compensar as semanas em que eu não falei com você, você diz uma palavra desagradável para me descrever para cada dia que fiquei sem falar contigo. Cada palavra nova que você disser, nós bebemos. Acho que mereço isso. Fechado?”

Tauriel sorriu para Legolas, com ar conhecedor. Haviam brincado de jogos parecidos com asse anteriormente, só que com outros prêmios ao invés de vinho.

“Hmm, parece justo. Feito!”

ooo000ooo

Bilbo havia posto seu anel, e esperava pacientemente que alguém viesse ao salão do alçapão e jogasse os barris no rio. Ainda estava pensando como ele mesmo daria jeito de ir junto com a Companhia, visto que alguém teria que estar do lado de fora dos barris para ajudar a resgatá-los no devido tempo, e, antes de mais nada, para ajudar a abrir as tampas dos barris, de modo que não sufocassem e tivessem chance de lidar com a corrida de barril, mesmo que o hobbit acreditasse que não teriam muito controle sobre isso, sem remos ou qualquer coisa que pudesse ser usada como pá. Mas isso era tudo que ele tinha conseguido para que eles escapassem dos salões de Thranduil, então teriam que se conformar com o que tinham. De vez em quando ouvia Tauriel e Legolas discutindo sobre o quanto ele era estúpido, mas para Bilbo isso parecia além de qualquer medida.

“Estúpido. Bobo. Idiota. Bronco.”

E a cada palavra que Tauriel apresentava a Legolas, ambos bebiam e riam como se fosse a coisa mais engraçada de toda a Terra-média.

“Tapado. Parvo. Estúpido.”

“Opa, você repetiu essa!”

“Então você bebe duas vezes.”

“Por que eu, se foi você quem errou?”
“Porque você é o estúpido aqui!”

O riso deles ecoou no corredor, e a competição continuou.

“Besta. Bruto. Cabeça ôca. Bocó. Fátuo.”

“Essa eu não conhecia.”

“É porque você é um néscio. Tolo. Imbecil. Babão. Pateta.”

Legolas trouxe-a para mais perto dele, um braço ao redor da cintura, a outra mão acariciando gentilmente suas sobrancelhas e brincando com o lóbulo da orelha.

“Não imaginava que lista seria tão longa.” A voz dele estava ficando mole.

“Tão longa quanto as noites que passei sem você, seu obtuso. Panaca. Devagar. Grosso.”

Tauriel soluçou e ambos caíram na risada.

“Casca grossa. Estulto. Pasmado. Burro. Sem noção. Boboca.”

Ouviram o som de passos e sorriram um para o outro, canecas vazias em suas mãos, o sentimento de realização aquecendo suas cabeças já bem leves. Legolas aconchegou-se no pescoço dela, sorriu ebriamente e deixou a cabeça repousar sobre o ombro dela, uma mão possessivamente sobre o seio esquerdo dela, apenas para ouvir um final e sonolento ‘estúpido!’ dos lábios que ele nunca mais abandonaria.

Assim que Bilbo parou de ouvir a longa lista de cumprimentos de Tauriel direcionada a Legolas, viu a irmã dela descendo o corredor com Galion, o despenseiro. Mesmo sendo uma ocasião festiva, era o dia em que os barris tinham que ser mandados rio abaixo para até Lago Longo, onde uma cidade de humanos havia sido construída no meio do lago, e com quem o povo de Thranduil tinha negócios e muito comércio. Se os barris não fossem mandados no dia e horário certos, seriam perdidos pelos homens do rio que deveriam recolhe-los numa curva do rio antes de entrarem no lago, e seriam perdidos, às expensas do rei elfo.

“Não entendo, Galion, minha irmã disse que nos ajudaria a despachar e a levar outro barril lá para a festa, porque seria no horário do fim do turno dela, mas não consigo acha-la em lugar nenhum.”

O elfo forte acalmava a copeira.

“Não se preocupe, mocinha, sua irmã é crescida o bastante para cuidar de si mesma. Se ela não está aqui para nos ajudar, logo estará.”

Começaram a rearranjar os barris perto do alçapão, e Galion notou que vários já tinham as tampas postas; Legolas teve a ideia de fechar mais deles do que só os que continham pessoas.

“Ei, Finglas, sua irmã deve ter estado aqui e começado o serviço, a maioria dos barris já está fechada.”

“Isso é um alívio, ele deve ter sido interrompida por alguma coisa e via voltar logo.”

Pegou um martelinho da parede e colocou as tampas restantes nos barris vazios. Galion estava para reclamar do peso quando empurrava um dos maiores para perto do alçapão quando ouviram um som assustador de uma adega próxima.

“O que foi isso?”

Ambos pararam o que estavam fazendo e foram investigar o barulho. Este duplicou quando se aproximaram. Galion riu alto.

“Então, então, aí está sua irmã com a qual você se preocupava tanto, mocinha!”
Finglas deu um passo à frente e espiou dentro da adega, não acreditando no que via. Sua irmã cem por cento auto-controlada estava aparentemente bêbada, roncando alto com uma caneca enorme na mão, enquanto o próprio filho do rei babava no cabelo dela, profundamente adormecido e roncando mais que ela. Despenseiro e ajudante riram alegremente.

“Ei, dorminhoca, é assim que vai nos ajudar com os barris?”

Finglas provocou a irmã, sacudindo seu ombro. A capitã da guarda do rei gemeu.

“Vocês estão atrasados! Eu estava esperando aqui e vocês esqueceram suas tarefas! Os barris estão todos (hic!) ali.”

Então inclinou a cabeça e caiu no sono de novo.

O despenseiro e sua ajudante riram consigo mesmos e voltaram ao salão do alçapão, onde o abriram, tombaram os barris e os rolaram para o rio que passava debaixo. Alguns dos barris estavam mesmo pesados, mas questionar Tauriel novamente não ajudou em nada, visto que ela ameaçou tranca-los nos calabouços se não a deixassem dormir. Como Finglas já tinha lidado com alguns dos piores dias-de-cabelo-ruim de Tauriel, decidiram jogar os barris, abrir o portão d’água e acabar logo com isso.

O portão d’água era um portão levadiço feito de treliça de metal que deixava as águas atravessarem mas prevenia que qualquer visitante indesejado entrasse pelo rio para dentro do palácio do rei elfo. Mercadorias que entravam eram levadas por jangada rio acima e meio que pescadas através dos alçapões, e os barris vazios eram enviados de volta pelo mesmo caminho. Agora, os barris não-tão-vazios eram jogados na água e estavam prontos para tomar seu rumo em direção à liberdade quando Mestre Invisível Bolseiro correu e se agarrou ao último barril antes que fosse mandado para as águas, do contrário ele se tornaria um tipo de ladrão estacionário no reino élfico, e seus amigos não teriam ninguém para abrir as tampas dos barris e livra-los do risco de afogamento.

Quando o portão d’água foi aberto, Bilbo mergulhou a cabeça para salvar a própria vida, porque a parede chegava perto da superfície do rio. Os barris batiam uns nos outros, alguns realmente baixos na água, muito provavelmente aqueles com anões empacotados dentro. Iris era muito leve para fazer qualquer diferença, e o barril de Ellen era o grande quase totalmente mergulhado por causa do peso do armamento. Bilbo se sentia cavalgando um pônei gordo que insistisse em se espojar na poeira, só que em vez de poeira era água, e, como a maioria dos hobbits do Condado, ele não sabia nadar.

A água estava gelada na noite, e não havia nada a ser feito a não ser esperar por uma oportunidade de abrir as tampas para que seus amigos pelo menos tivessem oportunidade de sair dos barris se necessário. Estava escuro, mas alguma luz podia ser prevista pelo tom de azul acinzentado do que podia ser visto do céu.

Mais tarde naquele dia o rio fez uma curva ligeiramente para o sul, vários barris se engancharam numa raiz submersa, e Bilbo deu um jeito de pular do seu próprio barril para um deles. Bateu na tampa e felizmente ouviu alguém gritar. No mesmo instante, o punho de Ferroada foi usado para quebrar a tampa, e de lá saiu um Ori completamente apavorado.

“Fique aqui!” Bilbo advertiu.

“Está frio aqui dentro!” Reclamou o jovem anão.

“Você não tem ideia do quanto está frio aqui fora. Então, seja um bom garoto e fique bem aqui!”

Bilbo nunca havia se imaginado sendo tão rude com uma alma tão gentil como Ori, mas ele estava encharcado até os ossos e ainda tinha que libertar seus amigos, então realmente não tinha paciência para respeitar as queixas de Ori.

O barril seguinte não respondeu, estando ou vazio ou com um anão afogado dentro. Como estava flutuando bem, o hobbit decidiu que deveria estar vazio se seguiu para o próximo. Aquele não só gritou de volta como também empurrou a tampa pelo lado de dentro numa das bordas, tornando mais fácil a abertura. Era Thorin.

“Tem mais alguma ferramenta para abrir as tampas?” Foi sua rápida pergunta.

“Não, nem tenho ideia se serei capaz de abrir todos os barris travados antes que ganhem o rio novamente.”

E com isso deixou o líder da Companhia em seu próprio barril e pulou para o seguinte. Libertou Kíli, Bombur, Fíli e Bifur antes que um barril maior batesse no conjunto pego pela raiz e os soltasse. Quase metade dos anões tinha suas cabeças acima da borda dos barris, mas não se via nenhuma das mulheres, mais sete anões.

Levou até o sol brilhar quase perto do ocaso quando outra curva do rio travou todos eles e os que já estavam livres correram abrir os barris na esperança de encontrar seus amigos com vida. Estavam na foz do rio, chegando ao Lago Comprido, onde esperavam encontrar ajuda entre os homens da Cidade-do-Lago

Os anões estavam principalmente molhados e com frio, um tanto batidos e rígidos por ter ficado tanto tempo num espaço pequeno, mas aparentemente nada quebrado, conforme se espalhavam na praia, resmungando seus desconfortos. Assim que sua tampa foi quebrada, uma Ellen completamente encharcada espiou para fora do seu barril procurando suas sobrinhas e Kíli, principalmente, mas ciente de todos anões em volta.

“Aí está ela, abençoada seja minha barba! Eu pensei que aquele maldito rei elfo tinha feito algo ruim com minha Irmãzinha, mas aí está ela! Eu a decapitaria de tanta alegria se tivesse uma lâmina para fazer isso!”

Ellen ouviu Dwalin gritar para ela, andando em sua direção com os braços abertos, ignorando Kíli que tentava alcança-lo. Ela rastejou para fora do barril puxando um saco pesado e procurando por alguma coisa dentro dele, ignorando a gritaria.

“Não por falta da sua própria, Irmãozinho Dwalin!” Ela esticou o braço quando ele chegou perto o suficiente para abraça-la, entregando um de seus machados de guerra para ele. “Mas se errar meu pescoço, pense com um pouquinho mais de boa vontade sobre quem não tem a sua força nem o seu conhecimento de vida militar, e precisa lutar com o que tem.” Ela deu um tapinha no ombro de Bilbo, que sorriu para ela.

O anão vigoroso sorriu e olhou para seu machado; ela começou a entregar cada arma a seu proprietário, inclusive o outro machado, sob o olhar próximo e vigilante de Kíli, que achava que precisava protege-la, e de Thorin, que ainda estava tentando descobrir o que essa elfa esquisita realmente significava para sua Companhia. Pôs a mão no ombro de Dwalin, e explicou para si mesmo, num tom de voz bem baixo que só o anão tatuado podia ouvir.

“Ela usou sua perspicácia para ganhar o favor dos elfos de Thranduil e recuperar nossas armas. Se ela é uma traidora, é de seu próprio povo em favor do nosso. Um coração disposto não deve ser negado.”

Dwalin voltou-se para Thorin, com um raro sorriso.

“Como você pode possivelmente dizer que ela é traidora de seu próprio povo, meu senhor, se ela é minha Irmãzinha? O povo dela é o nosso povo, e o nome dela será contado entre a prole de Fundin.”

Thorin assentiu, sorridente. Balin estava perto deles e deu um tapinha em seu ombro.

“Agora, rapazinho, vá ver sua senhora, todos outros já a cumprimentaram, ela está esperando por você.”

E de fato assim era, Lily tinha se afastado um pouco do barril de armamento depois do caos de todo mundo rejubilando por estarem juntos sãos e salvos, e sentou-se silenciosamente num tronco, dedilhando a bainha de sua espada, traçando as linhas de seus nós. Os nós dele. Ela ergueu o olhar para ele, sorrindo, quando Thorin pegou sua mão e a ajudou a se levantar, trazendo-a para junto do peito e abraçando a anã trêmula.

“Uma flor de lírio não deveria se enregelar desse jeito. Deixe-me aquece-la.”

“Mas bulbos de lírio podem desafiar o inverno mais frio quando sabem que vai haver um jardineiro cuidadoso para trazê-los para o sol novamente.”

Ela correu os dedos através do cabelo dele, então acariciou seu rosto, sentindo a barba áspera em suas palmas.

“Não fui eu quem nos livrou dos calabouços.” Ele repudiou o elogio imerecido.

“Mas você está comigo aqui agora, e nada mais importa.”

Thorin a abraçou mais forte, e então os arrepios dela não eram mais de frio, mas de aplacar a fome que tinham um pelo outro num beijo ardente. Depois de tudo o que ele temeu quando estava aprisionado, que nunca mais fosse ver sua flor de lírio, Thorin estava seriamente reconsiderando sua decisão anterior de esperar se assentar antes de trata-la como a mulher que ele tinha certeza que estava ansiosa por ele como ele estava por ela, ao invés da donzela idealizada que a tradição impunha como adequada. A tradição era boa para quem estivesse assentado em salões seguros, mas não obrigatoriamente para quem encararia perigo após perigo Mahal sabia por quanto tempo.

Quase ao mesmo tempo Ellen deu embora a última peça de armamento, a aljava de Kíli, tremendo de frio. Ele a abraçou com força.

“Minha elfa incomum! Eu tenho minha elfa incomum de volta!”
Então ela se virou para ele e disse numa voz baixa, fogo no olhar.

“Me beija antes que eu fique louca!”

E assim ele fez, mais do que ansiando por ela.

“Céus, o amor não é uma coisa realmente linda, Irmãozinho?”
Fíli concordou com Iris, segurando uma risada.

“É, é sim. Mas ver nosso irmão na ponta dos pés para beijar sua tia é constrangedor. Vamos olhar para o outro lado.”
Assim fizeram, virando as costas para o par, mas Iris estava em seu melhor modo filosófico-sem-noção ligado.

“Eu realmente não sei como é que vão fazer com essa diferença de altura no futuro, quando se casarem.”

“Pelo amor de Durin, Iris, nem ventile esses assuntos asquerosos, vou ter pesadelos!”

“Mas eu acho que horizontalmente não vai fazer muita diferença...”

Ele deu um tabefe na nuca dela.

“Mãe lavaria sua boca com sabão se te ouvisse, isso não é assunto para alguém da sua idade!”

Iris estabefeou de volta.

“Abençoada seja minha barba, Fíli, como você pensa que os herdeiros de Durin são feitos? Acha que saem da pedra? Eles têm que fazer alguma coisa em algum momento se for para termos sobrinhos, se é que entende o que estou dizendo.”

“Você não tem uma barba para ser abençoada!”

Ele tentava desesperadamente mudar de assunto.

“Mas então, se vão ser os fedelhos da minha tia, então serão nossos sobrinhos e também meus primos!”

“Confuso demais, minha cabeça vai começar a doer de tanto pensar.”

Ela coçou a cabeça.

“Ei, é pior do que você pode imaginar, porque então os pimpolhos da minha irmã, que serão meus sobrinhos, sendo crias de Thorin, também serão nossos primos, e minha irmã será tia da própria tia, assim como minha tia será sobrinha da própria sobrinha!”

“Estupendo!” Bilbo interveio, sorrindo. “Esse jeito de entender uma árvore genealógica como você entende é visto muito favoravelmente lá no Condado.” Ele pegou a mão dela, e estendeu a outra mão para mexer no cabelo ruivo e cacheado dela. “Todo mundo lá vai me invejar por ter alguém como você ao meu lado.”
“Ei, seu ladrãozinho, como ousa falar desse jeito com minha Irmãzinha?” Iris não tinha certeza se a braveza de Fíli era fingida ou não. “Você nem mesmo nos perguntou se poderia chegar perto dela, como se atreve a mencionar a hipótese dela ir para o Condado com você?”

“Hmm, vamos usar o bom senso, amigo. O seu irmão perguntou a Balin ou Dwalin se podia chegar perto da Ellen?”
“Na verdade, não, mas ela já é crescida, e...”

“E o seu tio perguntou a alguém se podia chegar perto de Lily?”
“Ah, hmm...”

Uma Iris sorridente interveio.

“Então, Irmãozinho, fica frio e lembra que quando se contrata um gatuno sempre existe o risco de que ele roube mais do que você queria.”
“Como assim?”
“Meu coração foi roubado por esse gatuno, e não há nada que você ou nosso irmão possam fazer quanto a isso!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lealdade, Honra, e um Coração Disposto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.