Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 15
Capítulo 15 - Da Frigideira para o Fogo




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Encontraram o caminho para fora e continuaram correndo por um tempo, só para ficar fora do alcance imediato de qulquer goblin mais ousado que pudesse arranjar coragem para encarar a luz do dia e vingar seu rei. Quando alcançaram terreno mais parelho, Gandalf, que estava na dianteira, parou e começou a contar os que passavam, numerando-os nos dedos.

“Dwalin, Balin, Ellen, Ori, Dori, Nori, Óin, Glóin, Iris, Kíli, Fíli, Bifur, Bofur, Bombur, Lily, Thorin…” Olhou em volta, procurando. “Onde está Bilbo? Onde está nosso hobbit?”

“Eu o vi se jogar no chão e os goblins passaram por ele sem ver enquanto nós éramos empurrados pelo caminho.” Disse Nori.

“Vocês o perderam?”

Gandalf estava fora de si de tão bravo. Thorin, para surpresa de ninguém, começou a discutir com ele.

Iris sentou-se no chão, triste, apoiada em uma árvore, cobrindo o rosto com as mãos, chorando.

“Ele se foi! Ele está perdido! Aqueles goblins horríveis pegaram ele, e eu nunca vou ver o Bilbo de novo; eu estava são brava com ele, eu bati nele, e agora ele nunca vai saber o quanto eu sinto muito por isso!”

Fíli agachou-se na frente de Iris e pegou uma mão dela nas suas, tentando conforta-la.

“Não chore, Irmãzinha, não chore! Tenho certeza de que Bilbo está bem, confie em mim!” Ele olhou para cima para além dela, com um sorriso amplo. “Na verdade, eu aposto a minha barba que ele está são e salvo, ouviu?”

A garota hobbit olhou para ele, sentindo uma mão acariciar suavemente seu cabelo.

“Obrigada, meu irmão, mas você não devia apostar, eu tenho certeza de que ele está perdido.”

“Não, ele não está!”

Iris girou na direção da voz daquele que estava acariciando seus cachos vermelhos. Levantou-se e bateu nele com os punhos, gritando.

“Bilbo! Eu vou te matar!”

“Bilbo Bolseiro! Eu nunca fiquei tão feliz de ver alguém em toda minha vida!” A voz de Gandalf vacilou.

“Bilbo! A gente tinha você por perdido!” Kíli estava feliz em ve-lo assim como Fíli.

“Como você passou pelos goblins?”

“De fato, como?” Murmurou obscuramente o sempre suspeitoso Dwalin.

Bilbo segurou os punhos de Iris em suas mãos, sorridente. Gandalf percebeu algo de estranho, que precisaria ser esclarecido mais tarde, mas bem naquele momento tentou só acalmar as coisas.

“Bem o que importa? Ele está de volta!”

Importa!” Um Thorin sombrio interveio. “Eu quero saber. O que você está fazendo aqui? Por que voltou?”

Ellen silenciou seu próprio riso ante à velha e costumeira frase de Thorin. Bilbo se manteve firme, parecendo seguro de si mesmo pela primeira vez desde que ela o conhecera.

“Eu sei que você duvidou de mim. Eu sei, você sempre duvidou. Você está certo, de vez em quando eu penso no Bolsão. Sinto falta dos meus livros, da minha própria poltrona, meu jardim. Lá é onde eu pertenço. É meu lar. É por isso que eu voltei, porque… você não tem um. Um lar. Ele foi tomado de você. Mas eu vou ajudar a toma-lo de volta, se eu puder.”

Thorin baixou o olhar, pensando por um momento, e então voltou-se para o hobbit. Estava para dizer alguma coisa quando um uivo horrendo cortou o ar. Gandalf estava ficando cansado de berrar a mesma palavra.

Corram!”

E eles correram, tão rápido quando podiam, ouvindo os gritos estridentes dos orcs e os grunhidos e uivos dos wargs. Ele não tinham bagagem, apenas suas armas, o que fazia sua carga mais leve, mas mesmo assim estavam à pé, e os orcs estavam montados em wargs, uns dos predadores mais poderosos da Terra-média. As mulheres haviam tido apenas uma visão ligeira deles antes de encontrarem, ou de serem encontradas pelos anões, e ainda não haviam lutado com eles de verdade. Mesmo não tendo falado nada a respeito, foi no ninho de goblins que elas realizaram seus primeiros abates, todas elas, e aqueles demonios de geleca pareciam bem mais fácis de lidar do que com os orcs marombados que as estavam caçando naquele momento.

Então a Companhia se encontrou num beco sem saída, um penhasco profundo à frente, os orcs montados em wargs atrás. Escalaram ospinheiros tão altoquanto puderam, Bilbo tendo problemas com seu abridor de cartas enfiado no cranio de um warg, e foi ajudado a subir numa árvore por Lily.

Definitivamente, estavam encrencados, os grandes wargs se jogando contra os troncos das árvores, que tendo crescido muito perto do penhasco tinham muito pouca terra para suas raízes se agarrarem, e estavam caindo uma sobre a outra num efeito dominó. Em poucos minutos quatorze anões, dois pequenos, uma elfa e um mago estavam pendurados no mesmo pinheiro, perturbadoramente perto da borda do penhasco.

Gandalf pôs suas habilidades com fogo em bom uso, acendendo uma pinha, a qual jogou como uma bomba. Ela caiu entre os wargs, fazendo com que se afastassem por medo. As próximas que ele acendeu foram passadas para os companheiros que estavam mais perto, que pegaram a idéia e usavam uma para acender a próxima e as jogavam nos wargs e orcs, inflamando os pelos dos wags, o que os fazia enlouquecer de dor, rolando sobre si mesmos no chão e derrubando os orcs que os montavam. Os coquetéis Molotov eram uma idéia arriscada, porque não demoraria muito para que o fogo pegasse no pinheiro onde eles mesmos estavam.

Bem quando a companhia de Thorin estava se rejubilando pelo sucesso sobre o grupo de orcs e wargs, a árvore sobre a qual estavam começou a balançar, as raízes muito rasas para sustentar o peso deles. Balançaram perigosamente como um monte de enfeites de Natal, o único problema era que a árvores estava num ângulo de 90 graus do que deveria estar. Mas, pior que isso, Thorin viu quem era o lider dos orcs.

Um pressentimento sombrio caiu sobre Lily. Ela estava pendurada num galho perto de Thorin quando o viu travar o maxilar e dar um jeito de levantar-se e nadar sobre o tronco do pinheiro como se fosse uma passarela. Ela sabia que estavam a pouco de serem ou mortos pelos orc ou caírem no abismo, então Thorin não tinha nada a perder a não ser sua chance de terminar o que começara anos antes. Aprumou-se, segurou Orcrist mais firme e caminhou, feroz, ganhando velocidade a cada passo, fogo nos olhos, ódio no coração. O orc pálido retorceu um sorriso, sopesando sua maça. Thorin corria agora, o escudo de carvalho de seu nome seguro à sua frente, sua espada élfica acima de sua cabeça, pronto para atacar.

Azog estava em terreno mais alto, e seu warg bem treinado pulou de um modo que era fácil para ele atingir Thorin, apesar de seu escudo de carvalho, e ao mesmo tempo mantendo-se longe de sua espada. O anão caiu com o golpe pesado, mas conseguiu levantar-se apoiado no escudo. O orc era mais rápido que ele e despachou um golpe pesado em sua cabeça, que fez Thorin cair novamente, para o horror e consternação da Companhia. Então Lily viu o que ficaria para sempre em sua mente como um dos feitos mais nobes e heróicos que jamais vira.

De um galho logo abaixo de onde ela estava, o hobbit firmou-se e subiu o corpo; era óbvio que não estava acostumado a subir em árvore, uma vez que ela mesma o havia ajudado da primeira vez, mas em frente ele foi, equilibrando-se como podia, desembainhando sua espadinha brilhando em azul, um olhar feroz em seus olhos, e tronco de pinheiro abaixo ele foi, correndo, uma fúria liberta.

Seguindo a iniciativa aprimorada de Bilbo, os guerreiros que tinham algum jeito de se libertar do pinheiro assim o fizeram, seguindo a liderança de Bilbo. Nem todos os anões conseguiram fazer isso, porém, porque alguns deles nem mesmo tinham uma boa pegada na árvore e estavam balançando perigosamente de seus galhos e até um do outro, como era o caso de Dori e seus irmãos. Era ´quase que só Gandalf que estava a par desse assunto, porque eles estavam pendurados unicamente em seu cajado, de modo que ele não podia fazer nada para ajudar os outros além do que já havia feito, e que ele esperava que tivesse sucesso suficientemente breve.

Lily se remexeu para cima do galho, apenas para ver Thorin ser chacoalhado pelo warg de Azog e jogado sobre uma pedra, Orcrist tilintando na pedra. Fíli, Kíli e Dwalin já estavam correndo sobre o tronco do pinheiro quando ela conseguiu se pôr em pé e segui-los, e sentiu pelo balanço do tronco que havia mais guerreiros atrás dela, mas a anã não tinha tempo para olhar para trás. Aquele que ela amava estava sendo ameaçado, e ela não deixaria as coisas acontecerem assim.

O maldito orc que Azoc ordenou foi até Thorin, desembainhando sua espada como se nada pudesse incomoda-lo, e mirou a garganta do anão, sem pressa e com prazer. Com certeza esse foi seu pior erro.

Do nada um vingador pulou sobre o orc, desequilibrando-o e fazendo com que caísse no chão. A maldita criatura ainda tentou reagir mas a adrenalina do hobbit era muita, e o primeiro abate de Bilbo de um ser pensante foi a única morte daquele orc. Então ele ficou alí, empunhando sua espada o melhor que podia, o que não era lá muita coisa, mas assim mesmo feroz como um texugo.

O restante da Companhia que conseguiu fazer isso juntou-se à luta, uma vez que não havia poucos wargs e orcs aquilo não era brincadeira. Lily alcançou Thorin, já inconsciente, colocou uma mão rapidamente em sua jugular e outra perto de seu nariz para se certificar de que ele tinha sinais vitais mínimos, e então levantou-se sobre o corpo dele, a espada que ele mesma havia feito para ela em suas mãos, olhando braviamente em volta para ter certeza de que ninguém chegaria perto daquele que ela chamava de rei, e que mais recentemente se atrevia a chamar de aquele que possuia seu coração.

Instintivamente a Companhia tentou fazer um círculo em volta de seu líder, protegendo-o. Matar Azog seria um prazer, um prêmio, mas se eles apenas conseguissem sobreviver já seria o suficiente. Mesmo assim, vieram tão ferozes que Durin não se envergonharia deles. Mas então, os anões e seus amigos estavam de longe em número menor, e as coisas estavam ficando desesperadoras, principalmente para os que estavam pendurados no cajado de Gandalf; as mãos de Dori não podiam mais se segurar, e todo seu esforço para segurar-se a si mesmo e seus irmãos não foi o suficiente, e ele caiu.

Um grito alto reverberou no céu, e Dori e seus irmãos foram pegos no ar um por um, jazendo boquiabertos cada um no pescoço de uma águia poderosa. Eram águias enormes, combinando com a altitude das Montanhas Nebulosas, e ferozes contra orc e warg, pegando-os como camundongos e jogando-os no abismo. Outras estavam pegando os membros da Companhia e os jogavam nas costas de outra águia, e voaram para longe, assim como Dori e seus irmãos. Quando uma águia enorme veio pegar Thorin, Lily deu um jeito de pegar seu escudo, que havia caído a seu lado, antes que outra águia viesse pega-la.

Foi um vôo tenso. Não sabiam para onde as águias os estavam carregando, nem com qual propósito; e Thorin estava como uma boneca de pano nas garras da águia, tornando impossível adivinhar se estava morto ou vivo. Fíli gritou seu nome quando a águia que compartilhava com seu irmão voou um pouco mais perto, mas sem resultado.

Depois do que parecia uma eternidade, começaram a voar em círculos, mais e mais baixo, até que a que carregava Thorin atingiu o topo de um grande afloramento rochoso e gentilmente o depositou ali. Em momentos Gandalf estava a seu lado, e então Bilbo, e os outros. Gandalf chamou seu nome, então fez um gesto sobre seu rosto, murmurando alguma coisa numa língua estranha. Thorin abriu os olhos, para o alívio de Gandalf, e a primeira coisa que fez foi perguntar pelo pequenino.

“Está tudo bem. Bilbo está aqui, ele está a salvo.”

Mãos solícitas ajudaram Thorin a levantar-se. Seu rosto parecia zangado, como de costume, quando se voltou para Bilbo.

“Você! O que está fazendo aqui? Você vai acabar se matando!” Andou lentamente na direção do hobbit confuso. “Eu não disse que você seria um fardo, que não sobreviveria nos ermos, que não tinha lugar entre nós?” O restante da Companhia olhou para Thorin, envergonhados; como ele podia ser tão ríspido com alguém que havia posto a própria vida em risco por causa dele? “Eu nunca estive tão errado em toda a minha vida!”

Thorin abraçou Bilbo calorosamente, para sua grande surpresa e alegria em sentir, pela primeira vez, que estava sendo completamente aceito pelolíder da Companhia. Os outros apuparam, aliviados. O anão forte soltou-o e disse.

“Eu lamento ter duvidado de você.”

“Não, eu também duvidei de mim! Eu não sou um herói, nem um guerreiro; nem mesmo um gatuno.” Olhou de relance para cima, para Gandalf. Então os olhos de Thorin viram para muito além dele, e seu rosto se iluminou com um sorriso. Bilbo olhou na mesma direção, no horizonte.

“Aquilo é o que eu acho que é?”

O grupo andou até a borda do afloramento, deleitado pela visão que esperaram tanto para ter. Foi a voz de Gandalf que quebrou o silêncio.

“Erebor!”

Ms a palavra que saiu dos lábios de Thorin era outra.

“Lar!”


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Notas finais do capítulo

Daqui por diante essa fic foi escrita com base no livro e alguns detalhes que já haviam sido divulgados para o segundo filme, uma vez que foi concluída e publicada originalmente antes da exibição de A Desolação de Smaug.



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