Lealdade, Honra, e um Coração Disposto escrita por Dagny Fischer


Capítulo 14
Cap. 14 - Morro Abaixo




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Ellen estava cochilando em seus pensamentos inquietos, uma mão no punho da espada longa, como costumava fazer quando de vivília, e a outra acariciando o cabelo de Kíli, como costumava fazer sempre que era possível, quando mais sentiu do que ouviu os passos leves de Bilbo sobre o chão de areia. A escuridão da caverna mais o capuz baixado do manto tornava extremamente imperceptível que estivesse acordada e atenta, e assim ela ficou na dela. Mas Bofur, perto da entrada da caverna, não ficou.

“Onde está indo?” Bofur sussurou para o hobbit.

Bilbo parou em seus passos e olhou para trás para Bofur.

“Estou voltando para Rivendell.” Declarou Bilbo, desolado.

“O quê? Mas por quê?

“Bofur, eu realmente lamento, mas eu não pertenço a tudo isso, essa…” Ele brigava consigo mesmo para encontrar as palavras certas. “.... essa caça-ao-tesouro, essas coisas grandiloqüentes; eu só quero estar de volta no Condado, viver minha vida normal…”

Bofur balançou a cabeça, desaprovadoramente.

“Você só está com saudade de casa. É igual para todos nós.”

“Não, não é!” Bilbo estava no seu modo sem-noção. “Você vê, eu realmente não estou acostumado a viver desse jeito, vagando, cada dia num lugar, sem lar e…”

Então percebeu o olhar magoado de Bofur, e olhou para os outros anões. Se pudesse enterrar a cabeça no chão naquele momento, ele o faria. Sacudiu a cabeça, sem ter palavras para consertar o que já havia dito. Mas Bofur tinha.

“Te desejo sorte. E que você seja feliz onde quer que vá. Eu realmente desejo.”

Bofur estava para abraçar Bilbo quando a ouviram.

“Mas eu não!”

Uma voz de soprano abafada e brava chamou atrás dele. Bilbo pôs as mãos na cabeça e fechou os olhos com força quando ouviu Iris.

“Você está nos abandonando! Abandonando a mim! O que pensa que está fazendo, seu pestinha egoísta?”

Bilbo estava completamente angustiado pela explosão silenciosa de Iris. Ela estava para bater no peito dele de novo com os punhos fechados, com toda sua potência tamanho-hobbit, apesar de não perturbar ninguém da companhia adormecida. Mas então Bofur notou um ligeiro brilho azulado em volta da borda da bainha de Bilbo.

“O que é isso?”

“O que é o quê?”

Acordem!” A voz de Thorin soou na caverna enquanto a areia deslizava através uma rachadura no chão. Ele também não estava dormindo quando o hobbit se esgueirava por seu caminho e percebeu o perigo assim que apareceu. Instantaneamente todos estava caindo através de um túnel, então num tipo de tablado e foram cercados por criaturas pálidas, feias e não vestidas adequadamente que os empurravam por uma trilha estreita, nenhum deles muito gentilmente. Logo estavam diante de uma massa de gordura de barriga redonda com aparentemente uma coisa de osso na cabeça fazendo às vezes de uma coroa e o pior caso de bócio que alguém poderia imaginar. A Companhia havia sido despojada de suas armas, que estava empilhadas num monte entre eles e o candidato a cirurgia bariátrica.

“O que vocês me trouxeram, heim?”

Sua voz era tão alta quanto ele era gordo.

“Anões, Vossa Malevolência, mais uma maldita elfa,” O goblin cuspiu a palavra com repugnância. “e isso.” Ele empurrou Iris para mais perto do Grande Goblin.

“Hmm, e o que é isso, me pergunto? Um filhote de elfo?” Ele riu alto de sua própria piada ruim. “Estranhos dias em que anões e elfos andam na mesma companhia. E o que esse bando estava fazendo no meu pórtico? Espionando? Com todas essas armas, ameaçando meu povo? Falem!”

Toda a companhia permaneceu muda como pedra.

“Então, se não querem falar, então vão grasnar, é o que eu digo!” Sua voz ecoou para sua turba. “Tragam o Quebra-Ossos! Teremos um pouco de diversão!” O bando de goblins apupou. “E com quem vamos começar, heim?” Olhou para eles, divertido. “A maldita elfa? Ou a filhote?”

Ellen pensou que se ele chamasse sua sobrinha de filhote mais uma vez, poderia ser mais que a paciênica de Iris daria conta, mas nas atuais circunstâncias era poucoprovável que acontecesse qualquer coisa parecida com o que tinh acontecido na primeira vez que alguém teve a idéia estúpida de chama-la de filhote.

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Uma Iris de cinco anos de idade veio choramingando até sua tia num churrasco da comunidade. Soluçou zangada, reclamando.

“Titia, o menino mau pegou meu refri e não devolve! Eu pedi por favor, mas ele não devolveu! Eu quero o meu refri!”

Ellen olhou para a menina que chorava e xingou em silêncio, porque a pequena estava tão feliz de ter ganhado o refrigerante de laranja antes do almoço que era extremamente injusto que ele se tivesse ido. Seria fácil pegar a latinha do moleque e acabar com a reclamação, mas isso não resolveria o problema para sempre. Iris teria sua primeira lição de liquidar um problema no estilo Ellen.

“Vá e diga que se ele não devolver o seu refri ele vai sofrer terríveis consequências.”

A menina correu para tentar resolver o problema, só para voltar chorando ainda mais.

“Ele…” Ela soluçou. “... ele disse que não e que eu choraminho feito um filhote! Eu não sou um filhote!”

Estava ficando pior, mas podia melhorar.

“Iris, flôr querida, qual o nome do seu papai?”

“Wolf… Wolfram…”

“Você vê, ele tem um lobo no nome (1). Você sabia que o lobo é um predador muito poderoso?”

“Hã-hã…”

“E que ninguém mexe com um lobo e sai ileso?”

“Hã-hã…”

“Se você é um filhote, então é o filhote de um lobo selvagem e corajoso, entendeu?”

“Sim!” Agora ela não choramingava mais.

“E o que o filhote de um lobo faz com quem lhe fez mal?”

Iris sorriu marotamente e correu. Cinco minutos depois os pais do menino estavam reclamando que seu garoto precioso havia sido mordido por um monstro ruivo.

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Thorin postou-se na frente da Companhia, certificando-se de que Iris estaria atrás dele, e encarou o Grande Goblin.

“Deixem-nas em paz. Essa companhia responde exclusivamente a mim.”

“Muito bem, de fato. O que temos aqui? Thorin Escudo de Carvalho, filho de Thráin, filho de Thrór! Rei Sob a Montanha!” Sua voz soava divertida. “Ah, mas eu esqueci! Você não tem montanha nenhuma! O que faz de você… ninguém, na verdade!” Thorin cerrou os dentes mas manteve seu olhar severo na bola de banha. “Tenho um amigo que vai pagar muito bem por sua cabeça. Só a cabeça, sem nada junto! E aposto a sua barba que você o conhece. O Orc Pálido, é ele.”

Os olhos de Throin se estreitaram, descrentes. Ele mesmo havia cortado o antebraço daquele maldito nos portões da Khazad-Dum, no mesmo dia em que havia perdido seu avô e ganhado seu apelido.

“O Profano morreu anos atrás, de seus ferimentos.”

“É mesmo?” O globo de gelatina riu. “Ele vai se divertir quando souber disso, tenho certreza!”

Enquanto falavam alguns dos goblins menores estavam vasculhando a pilha de armas. Um deles começou a desembainhar Orcrist e sua pálida luz azul podia ser vista, muito para pavor dos goblins.

“O que é isso? A Mordedora! A espada que matou milhares de nossos parentes!” Não havia mais diversão na voz do Rei Goblin. Havia medo, e ódio. “Golpeiem! Batam neles! Matem eles!”

Os goblins enxamearam em volta da Companhia, que estava sendo chutada, socada e batida, para dizer o mínimo, lutando com as mãos vazias e a força que emerge do desespero, quando um súbito clarão de luz cegou-os a todos e se foi com um abalo secundário que os mandou todos para o chão e vários goblins, tábuas e lico de todo tipo para o fundo do abismo. Uma voz autoritária foi ouvida.

“Lutem, seus tolos!” A silhueta de Gandalf podia ser vista perto de onde o Grande Goblin estava sentado antes. “Peguem suas armas e lutem!”

Não foi preciso falar duas vezes para pegarem em armas. Bombur e Bofur, que estavam mais perto da pilha, as alcançaram e deram umjeito de juga-las para o alto, de onde os outros destramente as pegavam e seguiam o conselho de Gandalf de lutar, como se qualquer conselho fosse necessário.

O próprio Gandalf estava fazendo um excelente trabalho tanto com seu cajado como com Glamdring. O Rei do Bolo Fofo percebeu-se perdido quando a viu brilhando azul ao cortar suas dobras do pescoço e outros órgãos vitais.

“Ele empunha o Martelo do Inimigo! O Batedor! Claro como a luz do dia!”

Tentar se esconder em seu trono não ajudou, uma vez que estava algumas centenas de quilos além do tamanho em que isso seria vagamente possível. O mago e Thorin se dirigiram a ele ao mesmo tempo e garantiram a veracidade das palavras de Elrond, de que nem uma salsinha valeria a pena apostar quando ambos estivessem empunhando aquelas espadas. Mandaram-no tropeçando plataforma abaixo e Gandalf chamou mais uma vez.

“Corram!”

E eles correram, tão depressa quanto possível enquanto gerenciando os goblins que atacavam de todos os lados. Com um bando deles vindo direto em sua direção, Dwalin soltou um corrimão e o usou como uma espada longa, açoitando de lado a lado do caminho, mandando para o fundo do abismo meia dúzia de cada vez. Estavam em dois caminho de madeira, um por cima do outro, e no outro Gandalf liderava a fila com Thorin a seu lado. Iris lutava para se manter perto deles, porque tinha a sensação de que ficasse para trás não haveria meio de alcança-los novamente, mas mesmo atrás de dois espachins poderosos ela teve sua oportunidade de usar cada pedacinho de técnica que Fíli lhe havia ensinado. Absolutamente não havia tempo para pensar que aqueles monstros tentando mata-los eram seres vivos: eram um erro, na melhor da hipóteses.

Lily empunhava sua espada nova em volta com toda a força, grata pela aulas particulares que o interesse de Thorin nela havia providenciado. Kíli também tinha pedido seu arco, e empunhava sua espada destramente para evitar as flechas que vinham dos goblins, até que encontrou uma escada que podia ser usada como escudo e então para empurrar as criaturas à frente deles, e então como uma ponte. E adiante a companhia correu, Bombur e Ellen na retaguarda, quando ela ouviu Thorin gritar da frente.

“Ellen, mate os manequins!”

Ela agiu sem nem um pingo de pensamento, exclusivamente movida pelo treinamento que recebera, tendo feito isso tantas vezes nas manhãs exaustivas de Imladris. Firmou as mãos nas empunhaduras, manteve a espada curta à sua frente para usar como escudo se necessário e girou sobre seu próprio eixo com Lócënehtar estendida. Uma pilha de membros de goblins desmembrados caiu na trilha de madeira junto com seus proprietários, enquanto a elfa retomava a corrida atrás de Bombur no mesmo movimento.

Conseguiram se reagrupar no mesmo nível e Thorin ordenou que cortasse as cordas que seguravam um trecho de ponte; desse jeito conseguiram deixar para trás uma massa substancial de goblins e ter um caminho livre à frente. Era muito melhor correr sem mãos grudentas tentando agarra-los e todo tipo de arma tentando atingir seus órgãos vitais. A companhia estava em outra ponte quando, para seu desalento, o Rei Goblin pulou na frente deles, demolindo parte da ponta e permitindo que parte da sua corja se ajuntasse tanto atrás quanto à frente deles. E agora ele estava zangado.

“Pensaram que podiam escapar de mim?”

E esmagou as tábuas à sua frente com seu cetro de cabeça de carneiro e com um segundo golpe fez Gandalf quase cair, o que foi prevenido apenas pelo apoio dos anões e de Iris.

“O que você vai fazer agora, mago?”

A resposta rápida de Gandalf foi acertar o olho do Grande Esbugalhado com seu cajado, fazendo com que tropeçasse para trás, e um golpe rápido de Glamdring expôs vários centímetros de sua camada de bacon. Tropeçou para frente, reconhecendo seu próprio fim com um olhar conhecedor para trás do mago.

“Isso vai ser suficiente, filhote!”

Então um pequeno demônio de cabelos vermelhos correu, ganhando impulso com a velocidade, e pulou com suas espadas gêmeas cruzadas à sua frente, descruzando-as enquanto caía, barbeando a papada do Rei Goblin e a garganta por detrás dela.

Ninguém me chama de filhote!”

Então a Fábrica de Banha caiu, quebrando a ponte de madeira que já estava abalada. Gandalf quase não conseguiu agarrar os fundilhos da calça da garota hobbit antes que ela caísse atrás de sua presa, mas ela se firmou fincando as espadas na madeira da ponte que caía. O trecho de ponte caiu, quebrado atrás deles também, e não tinham onde se segurar enquanto a estrutura de madeira descia como uma montanha russa desastrosa. Como certeza foram apenas alguns minutos, mas pareceu a vida toda para a maioria deles. Aterrisaram bem perto de uma trilha que trazia um hausto de ar fresco, mas o goblins estavam vindo a uma velocidade terível para pega-los. Pranchas de madeira de todos os tipos e tamanhos caíam à volta deles. Só podia ser a voz sempre otimista de Lily a dizer logo após aterrisarem:

“Pelo menos não pode piorar!”

Foi quando o cadável do Rei Goblin caiu sobre eles, esmagando o que ainda podia ser esmagado.

“Precisamos alcançar a luz do dia! É nossa única chance! Agora!”

A voz autoritária de Gandalf trouxe razão e força a todos, que correram para sair das placas de madeira, pegar qualquer arma que estivesse à vista e seguir Gandalf tão rápido quanto podiam.


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Notas finais do capítulo

1 - ‘Wolf’ significa lobo em inglês e outras línguas de orígem anglo-saxã



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