– Mãe? - Chamei quando cheguei em casa. Deviam ser uma seis horas e minha casa parecia deserta, como sempre. Senti meu estomago roncar e fui até a cozinha. Havia um papél na geladeira e eu já imaginava o que seria, então nem me dei o trabalho de olhar. Ela não estaria em casa essa noite, como sempre.

Preparei um macarrão alho e óleo e joguei um pouco de orégano em cima. Fiz um suco de frutas vermelhas, já que ontem havia tomado um amarelo. Digamos que eu sou viciada em sucos coloridos, principalmente quando são misturas de vários sabores da mesma cor. Comi minha janta e fui tomar banho. Entrei no meu quarto e coloquei minhas roupas intimas e uma blusa que ficava um pouco acima da metade da minha coxa.

Deitei na cama, afundei os fones em meus ouvidos e começo a ler "O Morro dos Ventos Uivantes". Eu disse comecei a ler? Acho que foi mais TENTEI ler, porque toda vez que eu começava, me lembrava do meu quase beijo com Tyler.

Mas que droga eu ia fazer? Eu ia mesmo deixar ele me beijar? Eu sou muito idiota mesmo, né? Cara, ele é um idiota Thalia, um IDIOTA. Não se esqueça do que ele fez com você e... – Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho da campainha, que toca como se alguém estivesse morrendo do lado de fora.

– Já vai ser infeliz. - Berro, enquanto desço as escadas.

Abro a porta. É o retardado e lindo do meu melhor amigo Jack. Ele está usando uma blusa preta, um jeans e uma toca.

– Caralho Thalia, eu estou aqui a mil anos e porque você não atende a merda do telefone? - Ele diz entrando.

– Foi mal. - Levanto a mão em forma de rendição. - Eu estava ouvindo música. Quer entrar? - Pergunto fechando a porta.

– Claro. - Ele se joga no sofá. Eu e Jack nos conheciamos desde sempre, então seria até estranho se ele me pedisse para sentar ou agisse educadamente. - Alice e Kat já vão chegar e eu adorei o seu pijama. - Completou.

– É claro que adorou. - Droga, eu havia esquecido. Era sábado e minha mãe estava fora, o que significava: noite de filmes. Mas como eles sabiam que ela estaria fora?

– Merda. - Murmurei. - Eu esqueci.

– É sério? - Ele diz lentamente e depois sorri debochado. - Agora a parte que eu não sei? - Completa.

– Cala a boca! - Jogo uma almofada nele. - Mas como vocês sabiam que... - Começo a pensar e me pergunto se minha mãe seria maluca de deixar vários adolescentes sozinhos na sua casa sozinha. Sim ela seria. - Ela ligou né? - Pergunto.

– Sim. Como foi na escola hoje? - Ele vai até a cozinha e volta com uma lata de refrigerante.

– Nada de mais. - Tento disfarçar, já que não seria muito bom se Jack soubesse que Tyler havia voltado. Muito menos se ele soubesse que eu quase o beijei. - Apenas o diretor chato, a coitada da Ana livros e eu.

– Hum. - Ele parece desconfiado. - Agora quer me dizer desde quando você é uma pessoa vida louca que joga estojos nos professores? - Ele disse rindo.

– Bom, eu não estava mirando nela, queria acertar a vadia mór. Mas eu sou uma pessoa muito vida louca, está bom? - Disse me levantando. - Agora vem fazer pipoca e brigadeiro.

– Nem vem. Eu não tenho culpa se você não sabe cozinhar. - ele diz, jogando a almofada de volta.

Eu sei, eu sei. Quem não sabe fazer brigadeiro ou pipoca? Bem, Eu. Para ser mais exata, eu sou um completo desastre na cozinha. Se fosse possível eu queimaria até agua, por isso quando minha mãe não está em casa eu sou obrigada - nossa Thalia como você sofre - a recorrer ao micro-ondas.

– Por favor... - eu digo, fazendo a carinha mais fofa que eu consigo.

– Fazendo essa carinha, tem como dizer não? - ele sorri de forma tão linda, tão sexy e ele é seu MELHOR AMIGO Thalia.

– Yupee - falo, dando pulinhos como uma criança de seis anos, o que faz ele rir.

Enquanto ele faz a pipoca e o brigadeiro vou escolher o filme. Ele ia dizer algo, mas é interrompido pela campainha.

– Thalia abre essa merda! - Kat fala/berra.

– Oi meninas. - Abro a porta.

– Nós também te amamos. - Reviro os olhos dou uma risada, com a fala de Brianna.

Kat entra e se joga no sofá enquanto Alice pede licença e vai até a cozinha. - Como diz o ditado, quanto maior a convivência menor o respeito. Jack vem da cozinha, com uma panela na mão e algumas colheres enquanto Alice trazia a pipoca.

– E então, o que vamos assistir? - Pergunto enquanto Kat devora o brigadeiro.

Alice anda até a cozinha e trás sua bolsa. Ela tira alguns filmes de dentro e seus olhos brilham quando ela encontra o que procuráva.

– Hum... Terror – Ela dá um sorriso, como posso dizer... Assustador?

XX

E aqui estou eu, morrendo de medo. Eu odeio filmes de terror por isso, depois eu não consigo dormir e fico com medo de tudo. Saio debaixo do cobertor, acendo a luz e tenho uma brilhante ideia.

– Eu não sei quem você é, mas espero que você seja enrabado pelo Chucky. – Jack disse sonolento.

– Jack... – Miei.

– Porra, Thalia, são... Duas da manhã.– Ele diz devagar, como se não acreditasse no que estava falando.

– Eu sei, mas é que eu não consigo dormir.

– Tá, chego ai em dez minutos. - Ele fala e eu desligo.

Dez minutos depois Jack chega.

– Oi. – Digo, pulando em seu pescoço.

– Oi. - Ele diz enquanto retribuí o abraço.

– Dorme comigo? - Olho para ele com uma cara de criança assustada – Estou com medo.

– Claro. - Ele sorri de forma maliciosa.

– Idiota. - Reviro os olhos.

Subimos as escadas. Ele me enfia debaixo do coberto e repete o processo. Me aconchego em seu peito e acabo dormindo ali abraçada com ele.