Ingleses também matam escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 4
O corpo na garagem


Notas iniciais do capítulo

A partir desse capítulo, as evidências de quem é o assassino virão em montes, então se preparem. Para quem gostava do personagem que morreu: me desculpe ♥

Mesa dobrável: http://images.izideal.com/img/product/17591645/l/br/mesa-dobravel-retangular-com-formica-branco-md-01.jpeg

Faqueiro: http://mlb-s2-p.mlstatic.com/14091-MLB4013531992_032013-O.jpg



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Hillary não tinha conseguido dormir, por isso, acordou mais cedo que Albert. Com Henry, não foi diferente. Ele estava todo arranhado, apenas por ter se coçado, devido à reação de sua pele com o sal do mar. Os dois saíram de seus quartos quase ao mesmo tempo e se encontraram na área comum, ela o encarou com muita raiva e desceu as escadas. Henry seguiu a garota, que entrou na cozinha sem querer olhar na cara do namorado.

–Bom dia pra você também, Hillary. - Ele respondeu, quando a viu bebendo água.

–Só se for pra você. Que arranhões são esses no seu peitoral? Seu... amiguinho pegou pesado?

–Amiguinho... - Henry se perguntou quem seria esse – Do que você está falando?

–Não tente me enganar, Henry. Eu já estou sabendo que você tirou o “B” desse seu “Bromance” com o Albert.

–Hill... você está insinuando que eu te traí com o Albert?

–Estou afirmando. Não me venha com historinhas de que isso é mentira. Eu vi, pelos olhos dos outros, da forma como eu mais odeio.

–Darla? - Henry perguntou, já sacando o que havia acontecido.

–Não te importa.

–Hillary, você está acreditando na história da maior mentirosa daqui. Todo mundo sabe que ela só quer causar discórdia. Pelo amor de Deus, dá uma olhada no que você está fazendo!

–Eu sei muito bem o que estou fazendo, Henry. - Ela respondeu, dando as costas.

–Prefere perder tudo o que nós temos por causa disso? Vai se afastar de mim?

–Vou. - Ela falou, alto demais. - E não vou voltar daqui a algumas horas.

Hillary não sabia se devia ter feito aquilo, mas ela passou muito tempo se sentindo trocada por Albert, mesmo antes daquelas fotos. Ela morria de ciúmes e não passava todo o tempo que queria com o namorado. Henry podia parecer perfeito, mas namorá-lo era um inferno. Não tinha porquê ela continuar com aquilo. Respirou fundo depois de proferir aquelas palavras. O rapaz, agora seu ex-namorado, a encarava com raiva.

–Bom saber do que eu me livrei. Só fica atenta, garota, porque você conseguiu me irritar.

Henry deu as costas e subiu as escadas, encontrou Darla apoiada no fim do corrimão, o olhando como se esperasse alguma reação. Aquela maldita havia subido as escadas para poder ouvir a discussão escondida.

–Eu avisei. - Darla falou, baixinho. - Se você tivesse topado... nada disso teria acontecido.

–Você vai pagar por isso, sua mentirosa. - Henry falou, fechando os punhos com força. - Vai pagar caro.

–É mesmo? O que vai fazer? Me bater?

–Em uma mulher, não se bate nem com uma pétala de rosa. - Henry afirmou, mas foi mais para si mesmo. Um momento de descontrole e ele teria acertado um tapa forte no rosto de Darla. - Não importa quem ela seja.

–Ah, que bonitinho. - Darla respondeu, irônica. - Além de lindo, é cavalheiro.

–Isso não é cavalheirismo, é ética. - Uma voz feminina respondeu – Henry sabe que por mais detestável que você seja, ainda é uma mulher e não se deve bater em mulheres.

Os dois se viraram para ver quem era e encontraram Jennifer saindo de seu quarto e parando ao lado de Henry, encarando a garota malvada.

–Só que eu sou mulher e mulheres podem bater em mulheres, então vaza daqui. - Jennifer ameaçou.

Darla desceu as escadas com uma expressão indecifrável. A loura se virou para Henry e sorriu simpaticamente.

–Deu pra ouvir sua discussão de lá do quarto. Você está bem?

–Não. Eu não estou. - Henry respondeu. - Perdi uma namorada por causa de uma ninfomaníaca louca pra me deixar pelado. Não tem como piorar.

Jenn precisava parecer triste, mas no fundo estava feliz. Henry também compartilhava do mesmo sentimento, mas sua amargura era mais forte. Afinal... nenhum dos dois naquele hall tinham motivos aparentes para gostarem um do outro, mas quem disse que precisa de motivo?

Depois que todos acordaram, não demorou para a notícia do término de Henry e Hillary se espalhar pela casa. Apesar disso, a festa de ano novo não poderia parar, não com David enchendo a paciência de Katherine para fazer a ceia logo e procurando alguém disposto a fugir para buscar bebidas com Peter.

Jennifer e Henry tinham saído para comprar os ingredientes da ceia e materiais para a festa já fazia três horas. Hillary estava jogada no sofá, ouvindo Taylor Swift e comendo chocolate enquanto chorava. Thom estava tentando a convencer a sair dali e ir para a praia. Katherine estava preocupada com a amiga, mas se ousasse sair da cozinha, David ia matá-la. Enquanto isso, Lily fazia um papel maravilhoso como figurante que ninguém lembra.

Albert estava esperando a irmã voltar para sair com seu carro, mas Peter insistia em querer buscar as bebidas imediatamente. Com exceção da figura deprimida de Hillary, aquela era a típica correria de ano novo.

–Peter, eu só vou sair de carro quando Henry voltar. - Albert tentava explicar – Se está com tanta pressa, vá a pé.

–Mas David disse que o bagulho fecha três da tarde. Já é uma hora!

–Está bem, Peter. - Albert suspirou – Espera eu me trocar.

Albert subiu as escadas para vestir uma roupa, estava contrariado, mas sabia que David e Peter iam dar um chilique eterno se não houvesse bebidas na festa. Na verdade, ele também queria e acreditava que todos ali pensavam o mesmo. Ele só estava preocupado com Henry, mas imaginou que Jennifer daria um jeito nele.

O casal fez muito mais do que compras. O carro de Henry já estava cheio, mas mesmo assim eles precisaram dar um jeito de colocar mais coisas. Quando estavam voltando, pegaram o caminho que levava para a praia e acabaram parando por ali para comprar sorvetes, a pedido de Jennifer. Depois, eles almoçaram num restaurante de frutos do mar e por fim, a garota insistiu para que Henry fosse tirar aquela cara de choro no mar.

–Vai, Henry. É só tirar a camisa e pular na água.

–Eu não quero. Vou molhar o meu carro. - Henry disse.

–É só esperar secar ou comprar uma toalha com algum vendedor.

–Está bem... mas você vai junto.

–Não estou de biquíni.

–Entra de roupa, foda-se o meu carro. - Ele respondeu, a pegando pela mão e correndo até o mar. Mesmo triste, Henry não perdia a personalidade apaixonante.

Os dois desviaram de alguns banhistas e entraram na água. Ficaram ali por um bom tempo, até lembrarem que havia carne no carro e ela poderia estragar com o calor. Eles haviam sido levados pelo mar e se afastaram do veículo. Não demorou para eles estarem na casa de Albert.

Henry levou algumas sacolas para a mesa da cozinha, onde Katherine preparava o almoço e algumas comidas para a noite.

–Porque vocês estão molhados?

–Passamos na praia por alguns minutos.

Henry saiu da cozinha e encarou Hillary na sala por alguns segundos, depois subiu as escadas e foi se lavar. Já se sentia bem melhor em relação a tudo o que aconteceu, só por causa daqueles minutos com Jennifer.

–-x--x--x--x--

Tudo estava pronto para a reunião de fim de ano. Uma mesadobrável que estava no porão foi colocada na garagem, com as garrafas de bebidas e taças. Os carros estavam na frente da casa, para deixar mais espaço na garagem. Na cozinha, estavam as comidas e Albert ligou o rádio, onde David colocou o seu pen-drive com suas irritantes músicas Indie. Ao menos, todos ali estavam se divertindo, com exceção de Hillary, que só havia comido um pedaço de carne que foi praticamente colocado à força na boca dela por Thom e Katherine.

Até mesmo Henry estava dançando ao som de “Don't Stop” com Jennifer. Lily perguntou o nome da música para David e recebeu uma aula completa sobre Foster the People. Peter tentava convencer Darla a beijá-lo e Albert acabou sendo o primeiro a começar a encher a cara. Até mesmo quem detestava álcool abriu uma exceção naquela noite. A que mais supreendeu a todos foi Lily, que ninguém esperava que ficasse tão sincera sob efeito de drogas como aquelas bebidas.

Às dez da noite, só Hillary, Thom, Kath e Jenn ainda não haviam bebido nada. Apesar disso, ninguém estava bêbado de verdade. Hillary deu um chilique e pediu que os dois amigos fossem se divertir e deixassem ela em seu quarto. Assim que ela se trancou lá, os dois acabaram se soltando na festa. Jennifer os chamou para irem até a sacada de seu quarto com ela e Henry, para ver se já havia fogos adiantados na cidade.

Os quatro se reuniram ali. Henry estava meio tonto por causa do álcool, mas os outros dois tinham plena consciência do que estavam fazendo.

–Uma vez tentaram assaltar a minha casa por aqui. - Jennifer começou a contar. - O ladrão veio pelo chão e escalou a calha para chegar até a sacada.

–E ele conseguiu? - Kath perguntou.

–Até conseguiu, mas meu pai acerto a cabeça dele com um pedaço de madeira. Foi engraçado.

Os três riram, imaginando uma cena de filme pastelão. Bem, ninguém estava soltando fogos. Jennifer, Katherine e Thomas desceram para a sala novamente. Henry quis ficar na sacada do quarto, sozinho. Infelizmente, alguém sabia daquilo e foi perturbá-lo.

–Vai mesmo se virar contra mim? Seus instintos masculinos dizem o contrário, eu sei muito bem disso. - Darla falou, atrás do rapaz.

–Já que insistiu tanto... - Henry se virou e a puxou pela cintura, a trazendo para mais perto. - Só não reclame depois.

Ele a empurrou com certa violência para sua cama. Ela tentou se acomodar, mas ele era rápido. Sabendo que ele estava sob efeito de álcool, ela decidiu seguir o mesmo ritmo dele e rapidamente retirou sua camisa. Ficando por cima dela, Henry a beijou com desejo, sem amor nenhum... apenas por vontade. Ele sabia que precisava trancar a porta, mas não queria parar aquilo. Suas mãos já se preparavam para despir Darla quando o quarto foi aberto por uma figura ruiva.

–Henry! - Ela gritou. - Eu sabia! - Tinha muita raiva na sua voz. - Eu sabia que você ia atrás dessa vagabunda que você chamou de mentirosa. Seu safado, seu imbecil!

Hillary bateu a porta do quarto antes que Henry pudesse falar alguma coisa. Ele ficou em pé e Darla achou que ele ia embora, mas ele simplesmente trancou o cômodo e encarou a garota. Agora, ele tinha certa raiva no rosto e não era aquela raiva que Darla achava sensual... era a que a deixava com medo.

–Eu disse que você ia pagar. Agora vai pagar muito caro. Não vai sair desse quarto até eu acabar.

Ela tentou fugir pela sacada, mas Henry fechou a porta na mão dela, ferindo seus dedos. Sem dá-la chances de escapatória, ele a segurou pela blusa e arrancou a vestimenta, sob os protestos dela. Ela tentou gritar, mas ele apertou o rosto dela com força, para impedi-la de emitir qualquer som.

Agora, não havia mais desejo ali, por parte de nenhum dos dois. Só havia raiva, medo e a hipocrisia de alguém que naquela manhã, tinha dito que "numa mulher não se bate nem com uma flor".

Hillary desceu as escadas com a mão na boca e entrou no banheiro. Tentou fechar a porta, mas acabou só se ajoelhando na frente do vaso e vomitando. Aquela cena com certeza cortaria o apetite de todo mundo ali. A garota chutou a porta para fechá-la, mas só o barulho já atrapalhava. Ela ficou uns vinte minutos dentro daquele lugar, dando descarga e chorando.

Quando saiu do banheiro, estava pálida e fraca. David foi a primeira pessoa que a viu e a encarou com raiva.

–Hillary, essa sua depressão está acabando com a nossa festa! Será que não dá para se animar um pouco? Esquece aquele viado! - Ele reclamou. - Seria muito melhor se você não estivesse nesse lugar agora.

–David, venha mais perto, por favor. - Ela pediu, o chamando com os dedos.

Ele se aproximou e ela acertou um tapa na cara dele.

–Se falar assim mais uma vez comigo, eu pego aquele faqueiro na cozinha e faço coisa pior com você.

–Faqueiro? - David perguntou.

–Em cima da geladeira, tem um... com facas bem afiadas. Então, vaza.

David saiu de perto por causa daquela ameaça. Hillary foi para o banheiro de seu quarto a fim de lavar o rosto e escovar os dentes. Voltou para a sala tentando não parecer tão chocada e deprimida. Seu pesadelo continuou quando ela foi para a garagem e sentiu alguém apertar o seu braço. Ela se virou para ver quem era e viu Peter a encarando, visivelmente bêbado.

–Eu te disse que ele não era boa coisa. - Falou o rapaz. - Devia ter ficado comigo, quando eu pedi.

–Me larga! - Ela gritou, atraindo a atenção de todos.

–Me beija primeiro. - Ele pediu. - Depois eu vejo se te largo.

Assim que ela sentiu as mãos dele apertarem ainda mais o seu braço, ela acertou um chute nas partes baixas dele e outro no abdômen. Ele a soltou e ela saiu de perto, indo se esconder atrás de Thomas.

–Nossa, Hillary! O moleque só está brincando! - Repreendeu Lily. - Você é muito chata.

–Vai tomar no seu cu. - Respondeu a ruiva. - Chata é você, que é tão inútil que ninguém lembra nem seu nome.

Tanto Peter quanto Lily estavam possessos de raiva naquela hora. Albert e Jennifer não sabiam o que fazer com Hillary, ela só não podia ficar ali. Os dois irmãos olharam para o casal de “BFF's” da garota, que tomaram uma atitude. A abraçaram, enquanto ela ofegava de raiva e a levaram para seu quarto. Thomas retirou o seu colchão do quarto onde ficava e colocou no de Hillary e Kath. Os três se trancaram lá e não saíram mais.

Às onze e meia, Darla reapareceu. Desceu as escadas numa velocidade impressionante e tentando não chorar. Suas roupas estavam ou amassadas ou rasgadas. Ela se trancou no quarto e vestiu roupas de dormir. Deitou-se na sua cama e começou a chorar desesperadamente, mas sem fazer barulho. Estava agarrada a um travesseiro e sua maquiagem borrava todo o lençol.

–A culpa foi minha... - Ela resmungava – A Hillary...

Ela chorava escondida, com a garganta doendo e queimando. Se sentindo suja, como nunca havia se sentido e sua dor física não se comparava à sua dor psicológica. Ela queria culpar alguém que não fosse ela, mas não conseguia.

Os cinco restantes na festa subiram para a sacada do quarto de Albert, onde encontraram Henry sentado em sua cama, encarando a parede como se tivesse acabado de dar uma lição de moral nela. Todos tinham bebido, inclusive Jennifer, então ninguém notou a verdadeira expressão do rapaz. Eles assistiram à bela queima de fogos. Desejaram feliz ano novo, mas não tinha sinceridade. Havia um clima de tensão naquela casa, entre todos, um clima de que um crime havia ocorrido... ou ainda iria ocorrer.

Na manhã do dia 1, Albert foi o primeiro a se levantar, apesar da ressaca forte. Deu graças a Deus por não ter problemas com o estômago, ao contrário de sua irmã, que passou a noite no banheiro. Henry havia bebido mais depois da meia-noite e por isso estava dormindo como uma pedra. Albert pegou um remédio para dor de cabeça e foi até a cozinha, para buscar água.

Desceu as escadas e não ouvia nada além de seus próprios passos. Estava um silêncio incomum naquela casa. Com certeza, as bebidas fizeram um efeito forte no sono de todo mundo. Ele foi até a cozinha e viu a porta que levava para a garagem aberta. Achou estranho, porque sempre a trancavam antes de dormir, mesmo em dias de festa. Ele pegou um copo de água, tomou o comprimido e foi fechar a porta, antes de voltar para sua cama.

Assim que ele se pôs a frente da entrada, ele viu algo que ficaria gravado em sua memória por toda a eternidade. Sua primeira e imediata reação foi gritar o nome de Jennifer, tão alto que acordaria a todos. Em seguida, sua pressão caiu, mas ele não parou de clamar pela irmã.

O que ele viu?

Uma trilha de sangue, que levava até um corpo derrubado no chão. Um corpo de olhos fechados, ensanguentado, ferido... em sua costela esquerda, uma faca de cortar carne cravada até o cabo. Um corpo de cabelos ruivos e pele alva. O corpo morto de Hillary.


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