Ingleses também matam escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 3
Um dia na praia.


Notas iniciais do capítulo

No mesmo esquema do capítulo anterior... prestem atenção nos detalhes e no que é óbvio. Tudo isso vai influenciar.



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Depois do café da manhã, todos estavam ansiosos para irem até a praia. A que ficava perto da casa de Albert era pouco poluída, mas bem deserta e não tinha tanta graça. Eles decidiram pegar seus carros e irem para a cidade. Sem trânsito, ficava a uns dez minutos dali. Assim que eles viram que a praia começava a se encher de gente, pararam num estacionamento e atravessaram a rua e a orla, indo em direção ao mar.

Como bons turistas, logo armaram guardas-sóis e esteiras. Havia quiosques e restaurantes ali perto, além de bastante gente desconhecida para dar a impressão de que eles estavam num lugar super movimentado. Albert e Henry logo quiseram ir procurar cerveja em algum dos quiosques, apesar de quase todas as garotas desaprovarem aquilo.

Darla foi a primeira a ficar de biquíni e estender uma esteira. Se deitou nela sem passar filtro solar, parecendo uma mistura de Miss Universo com atriz pornô. Mesmo não gostando dos exemplos daquela garota, as outras meninas fizeram o mesmo, mas um pouco mais recatadas que a coleguinha. Peter e David se sentaram na areia mesmo. Thomas e Katherine ficaram ao lado de Hillary, como sempre.

–Não vai entrar no mar? - Peter perguntou para David.

–Não é minha praia... - David respondeu. - Entendeu? Minha praia, estamos na praia... - O rapaz riu, mas sozinho.

–Eu entendi, mas não teve graça.

–Claro que teve, vocês que não tem senso de humor.

–Você vai entrar ou não?

–Depois, quem sabe... por quê? Está com vergonha de tirar a camisa? - Perguntou David, provocando.

–Claro que não. - Peter mentiu – Só queria saber se você ia entrar no mar.

Para tentar parecer convincente, o rapaz tirou a própria camisa e a deixou de lado, mas ele parecia incomodado, como se tentasse esconder alguma coisa. David logo se solidarizou e fez o mesmo, mas ele teve o cuidado de dobrar a sua camiseta importada do American Authors e a deixar longe da areia. Logo começou a cantar uma música da banda, chamada “Love”.

Darla não aguentou muito tempo com o sol na cara. Ela precisava provocar Albert ali, afinal, nada como uma garota seminua para deixar os homens loucos. Além do mais, ele estava com Henry... quem sabe ela não matava dois coelhos numa cajadada só? Logo ela se levantou sem dizer para onde ia, levando apenas seu celular nas mãos.

Seguiu a mesma direção que os rapazes e não demorou para encontrá-los, sentados muito perto um do outro e com duas latinhas de cerveja na mão. Era uma visão do paraíso para Darla, mas ela pensou que também era estranho ver dois caras perto daquele jeito. Rapidamente, uma ideia maléfica passou pela sua mente. Ela ligou a câmera do celular e procurou o ângulo certo.

A sorte estava do seu lado, porque naquela hora, Henry aproximou-se do ouvido de Albert e sussurrou alguma coisa. Mas na foto que ela tirou, ele estava claramente beijando a bochecha do amigo. Depois daquele cochico, os dois riram ligeiramente maliciosos e Henry abraçou Albert e bagunçou os cabelos dele. Na segunda foto de Darla, Albert obviamente havia se recostado ao peito de Henry.

Darla, armada com aquelas “provas” de que os dois tinham um romance, se aproximou de ambos com um sorriso travesso.

–Vocês não vão... ficar conosco? - Ela perguntou, como se não quisesse nada.

–Por que se importa com isso? - Henry quis saber.

–Ora, só o David não basta para me dar uma visão prazerosa. - Ela afirmou. - Faltam os dois mais gatos ali.

–Darla, pare de ser tão oferecida. - Albert repreendeu – Isso não é sexy – Ele mentiu.

–Não sou oferecida. Só estou fazendo um comentário.

Ela se sentou entre os dois, os encarando com seu sorrisinho malicioso de sempre.

–Por que não aproveitamos que nenhum conhecido está vendo e vamos nós três ali naquela parte mais vazia da praia...

–Não. - Os dois responderam, em uníssono.

–Se eu fosse vocês, topava. Posso acabar com a reputação de vocês dois e com o seu namoro, em especial, Henry.

–Não vai acabar com o meu namoro. Vaza daqui, Darla.

É, parece que eles iam mesmo recusar-se mais uma vez. Era hora de vingar-se.

Não demorou para os vendedores de saídas de praia, óculos falsificados e homens com carrinhos de sorvete aparecerem na areia. Katherine chupava um picolé de morango e Hillary um de chocolate. Tommy havia se lambuzado todo com o seu e estava no mar, se lavando. Lily estava do lado deles, mas não havia comprado nada. Peter e David já tinham se afastado, mas podiam ser vistos tentando surfar uma onda sem nenhuma prancha.

–Por que aquele cara está vendendo água oxigenada? - Lily perguntou, apontando para um vendedor e fazendo todos notarem que ela estava ali.

–Para descolorir os pêlos – Katherine explicou – Você passa nas pernas e braços e fica tomando sol.

–Por que alguém faria isso?

–Porque os pelos louros na pele branca meio que desaparecem. - Concluiu a garota.

–Eu quero tentar fazer isso. - Lily disse, se levantando para ir atrás do vendedor.

–Se eu fosse você não iria. - Hillary advertiu, colocando seus óculos escuros. - Isso pode fazer mal.

–Pena que você não sou eu. - A loura disse, querendo briga.

–Está bem, não é minha pele que vai ficar cheia de perebas depois. - Disse a garota.

–Não são perebas, Hillary, são queimaduras. - Jennifer corrigiu. Ela havia ficado de biquíni, mas passou o tempo lendo um livro. - O tratamento de descoloração dos pêlos deve ser feito em lugares especializados.

–Meus pais são engenheiros químicos, eles trabalham com isso e sempre me falaram dos riscos. - Hillary explicou – Mas eu também sempre fui linda e nunca precisei ir pra lugares especializados.

Lily pareceu meio frustrada, mas criar queimaduras na pele não parecia muito bom. Ela simplesmente voltou para o seu lugar e depois decidiu entrar no mar. Darla apareceu ao lado de Hillary, com o celular na mão.

–Hill, será que podemos ir para um lugar mais reservado? Nós não vamos com a cara uma da outra, mas pelo código de ética feminino, eu devo te avisar do que vi.

–Vai mudar a minha vida? - Hillary perguntou, sem tirar os óculos e sem olhar para Darla.

–Provavelmente sim... e muito.

Aquilo foi o suficiente para fazer a curiosidade de Hillary se tornar maior que o orgulho. Ela se levantou e pediu que Katherine a esperasse ali. Seguiu Darla até a orla e elas ficaram atrás de um quiosque.

–Tem a ver com o Henry. - Darla explicou – Eu vi ele e o Albert.

–Ah, eu também já vi. Lindos, não é? Era isso... ah, sim, obrigada. Tchau! - Hillary ironizou e deu as costas.

–Eu vi ele e o Albert se beijando. - Completou Darla, jogando a falsa bomba.

–Como assim? - Hillary perguntou, voltando-se para a garota.

–Bem, eu tinha ido atrás do Albert, porque sabe, né? Sou louca por ele... - Ela disse – Daí quando eu cheguei lá, o Henry estava agarrado com o Albert... e era um beijo que eu nunca vi nem vocês dois dando.

–Você tem certeza disso?

–Absoluta. Eu tentei tirar foto, mas só deu pra flagrar um beijo na bochecha e um abraço carinhoso.

Então Darla pegou as fotos descontextualizadas e mostrou para Hillary, que já estava pré-disposta a acreditar naquela história. Ela mal olhou para as duas imagens e já ficou vermelha de raiva.

–Eu já devia desconfiar disso. - Ela falou, entre os dentes. - Ele me paga...

–Fica calma, tá? Mas era isso... tchau! - Darla sorriu ironicamente e saiu de perto da ruiva.

Henry e Albert estavam andando pela praia, com suas camisas no ombro, quando Albert pisou em alguma coisa que parecia ser uma pedra. Ele parou para ver o que era e notou que era uma bolacha-do-mar, daquelas que aparecem na areia e ficam paradas. Quem as vê, não diz que é um bicho. Albert deu um sorriso bem infantil e a pegou da areia.

–O que é isso? - Henry perguntou.

–Bolacha-do-mar. Uma vez a Jenn levou um monte dessas pra casa e tentou cuidar delas, mas ela ficou decepcionada quando descobriu que elas não comiam carne.

–Que maneiro! É um bicho? - Henry ficou surpreso – Deixa eu ver?

–É um bicho, mas parece uma pedra. - Albert entregou a bolacha para Henry.

–Eu tive uma ideia do que fazer com isso... - Henry cantarolou, como uma criança.

–Eu acho que sei do que você está falando... mas deixe eu mostrar para a minha irmã primeiro.

Os dois correram até onde o resto de seus amigos estava e Albert levou o animal para Jennifer dar uma olhada. Os óculos escuros de Hillary impediram que Henry notasse a expressão de raiva de sua namorada. Darla estava de volta à sua esteira, se bronzeando. Lily e Jennifer estava conversando sobre meio-ambiente quando o rapaz louro se aproximou.

–Olha, Jennifer. Achei uma bolacha que come bife. - Albert brincou, mostrando o bichinho para a irmã.

Ela pegou e examinou todas as partes do pequeno animal e deu risada do comentário do irmão. Lily pediu para ver, mas não gostou de saber que aquilo era um bicho. Por fim, ela acabou devolvendo para Henry. O rapaz se sentou ao lado de Jenn e perguntou onde Thomas estava.

–Estava tomando banho de mar, mas não sei onde ele... ah! Está vindo. - Ela apontou para uma figura desajeitada correndo só de sunga.

–Ufa! A água me levou para longe, eu já estava na parte vazia da praia. - Comentou, sentando-se ao lado de Hillary e se deitando na areia mesmo.

–Eu sempre me perco quando vou à praia, por isso ainda não entrei no mar. - Katherine disse.

–Ei, Thom! - Henry gritou – Pensa rápido! - Então ele jogou a bolacha no garoto, que a pegou como se fosse uma bola de baseball.

–O que é isso? - Ele perguntou, olhando para o animal em sua mão. - Parece uma pedra...

–É um bicho chamado bolacha-do...

–Credo! - Ele gritou, jogando o animal na barriga de Hillary com um lance extremamente gay – Que nojo, Henry... isso é...

–Maldade! - Gritou Hillary, tirando o bicho de cima dela. - Você não tem limites, Henry?

–Não, meu amorzinho... - Henry respondeu.

–Não me chame de amorzinho. Não faça brincadeiras de mau gosto com o Thomas e seja menos infantil! - Ela continuou. - Que merda, você não presta pra nada mesmo...

Ela virou o rosto e continuou murmurando xingamentos, sem Henry entender o porquê. Depois daquilo, ele encarou Jennifer e os dois caíram na gargalhada, lembrando da reação de Thomas ao descobrir que aquilo era um animal. Até Lily e Katherine, que não gostavam daquilo, também riram. Realmente, foi muito engraçado.

Eles voltaram da praia ao pôr-do-sol. Darla ficou o tempo todo gemendo e murmurando que estava sentindo dor. Ela ficou ao lado de Henry, que estava dirigindo o seu carro. Hillary se recusou a ficar no mesmo veículo que ele, ainda usando a brincadeira com Thomas como desculpa. O rapaz não entendia o porquê de toda aquela raiva, sendo que o próprio Thom não reclamou.

–Eu nunca mais quero ver sol na minha frente. - Concluiu Darla.

–Eu falei que era melhor passar filtro solar, mas ninguém me ouve aqui. - Lily disse, no banco de trás.

–Tem razão, acho que ninguém ligaria pra você nem que você fosse uma assassina. - Provocou Darla. Lily ficou em silêncio.

–Ei, parem as duas! - David pediu, ao lado de Lily. - Ei, Henry, o que acha de uma festa hoje à noite?

–Festa? Onde? - Henry perguntou.

–Conheci o cara certo na praia, a gente tomou uma cerveja e pá... e o cara disse que tem ingressos pra melhor Christmas Party daqui da cidade.

–Mas o natal já passou. Aliás, amanhã já é véspera de ano novo. - Henry comentou.

–Poxa... mas eu queria ir. - David estava frustrado.

–Você só pensa nisso, velho. - Peter disse – Desencana...

Aquela foi uma das poucas vezes que ele usou a gíria certa, no lugar certo e na situação certa. Parece que ele estava aprendendo.

Quando chegaram em casa, Katherine foi fazer algo para o jantar. Nem todo mundo queria comer, porque eles se entupiram de sorvete, refrigerante, cerveja e aquelas comidas que tem nos quiosques. Mesmo assim, seria bom ter um pouco de arroz e alguma carne pronta, para quem quisesse. O gás havia acabado e ninguém se dispôs a ir trocar o botijão. Quase todos estavam reunidos na sala.

–Ei, sem gás, sem festa de ano novo. - Katherine disse. Automaticamente, David e Thomas se levantaram.

–Não podemos ficar sem festa. - David disse.

–Não podemos ficar sem ano novo. - Thomas completou. - Eu troco o botijão.

–É bem pesado, Thom... se eu fosse você, deixaria o David. - Katherine aconselhou.

–Eu vou trocar. - Ele parecia muito convencido.

–O botijão novo fica ao lado do armário de limpeza, na garagem. - Albert disse.

O rapaz saiu pela porta da cozinha, que levava até a garagem, e pegou o botijão onde Albert disse que estaria. Impressionantemente, ele quase não fez esforço nenhum para pegar o objeto. Nas mãos dele, parecia leve como uma pena. Katherine o aplaudiu quando ele terminou de trocar o botijão.

–Eu sou mais forte do que pareço. - Ele comentou, voltando para a sala.


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Notas finais do capítulo

F.A.Q

1 - Tio Peeta, o que é bolacha-do-mar?

Quando você pisa nela, é isso aqui:

http://cifonauta.cebimar.usp.br/site_media/photos/aem_KjV8rG.jpg

Se você limpar ela, é isso aqui:

https://c1.staticflickr.com/3/2481/4071165351_81b6ef2c39.jpg

Linda, né? :D

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