Begin Again escrita por Nina Spim


Capítulo 13
Chapter Thirteen


Notas iniciais do capítulo

aqui está o penúltimo capítulo ;) espero que gostem!



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Parte XXVII – Esse amor deixou uma marca permanente

                        Esse amor está brilhando no escuro

                        (This Love, Taylor Swift).

Kitty sai da sala em frente ao sofá.

— Acabou? – ela parece surpresa e curiosa – O que aconteceu?

Acho que estar sentada aqui no escuro, com a taça vazia em mãos e com os pensamentos fervilhando não ajudam a causar uma boa impressão.

— Nada. Só... estou pensando.

Ela me olha mais um pouco.

— Você parece impactada – diz e acende o lustre mais uma vez.

Achei que a escuridão fosse me fazer bem, pelo menos não poderiam me ver em pânico.

— Estou bem – minto descaradamente. Não dá para dizer que estou bem, nem de longe.

— Você quer uma carona para algum lugar?

— Não.

— Acha que bebeu demais?

O problema não é esse, não sou eu lidando com o álcool. Sou eu lidando com o que deixei para trás. Ou com o que pelo menos achei que tivesse deixado para trás.

Balanço a cabeça em negativa.

Na verdade, não estou bêbada. Só bebi duas taças de vinho.

Apanho meu celular na bolsinha de festa e chamo um carro. Deixo a taça em cima da bancada do coffee.

— Obrigada por me receber. Gostei muito daqui.

— Volte quando quiser.

Vai ser difícil. Não penso em me mudar para Lima de novo, nem em um milhão de anos. Não quero viver presa nas lembranças daqui, só me machucaria ainda mais.

Aceitei o convite de Rachel quase como um encontro-não-romântico-de-desculpas. Eu sei que eu fugi duas vezes dela. E com certeza estou prestes a fugir uma terceira, mas parece horrível dizer não agora. Espero que ela saiba que não muda nada. Por mais que meu lado mais idiota queira que mude. Não vai, porque eu não vou permitir.

Ou será que eu deveria permitir e acabar logo com isso?

Meu coração parece inchado de tanto susto e novidades. Não era para ser assim. Ficar sozinha no hotel me parece uma boa para colocar a cabeça no lugar. Eu posso simplesmente não aparecer no Natal – e eu chocaria um total de zero pessoas. Certo? Não é como se a Rachel estivesse na expectativa. Espero que não. Porque seria muito triste.

Ela ainda vive como se tivesse dezesseis anos e isso é totalmente imaturo da parte dela, apesar de eu entender o sentimento. Eu vivi por tempo demais nutrindo esse amor, esse amor que já deveria ter ido embora.

Acontece que ele fica.

Sinto-o vivo como nunca, como o primeiro dia.

Mas eu preciso tirar isso da cabeça – e do coração. Quanto tempo a gente precisa para anular um amor? Ou será que ele simplesmente nunca desaparece, independentemente do quanto tentemos?

Eu tô tentando. Já faz anos. E nunca melhora. Acho que sou muito ruim nisso. Talvez a Rachel seja melhor. Se bem que... Hoje não pareceu.

Entro no carro e fecho os olhos para a noite. Respiro fundo algumas vezes. Isso vai me acalmar.

Eu preciso me acalmar.

{...}

Faltam três dias para o Natal. Rachel encontrou meu atual e-mail e mandou uma mensagem:

Oi. Só passando para dizer que espero que seja você mesma. E que você esteja pronta para o Natal.

Desculpa se te assustei. Acho que sempre vou ser aquela menininha idiota que assusta os outros.

Por favor, venha.

Rachel.

Contei para Puck o que aconteceu, porque eu tenho outra vida – uma vida que eu amo – por causa dele. Mantivemos contato durante todos esses anos. Não é como se eu pudesse ter escapado, também. Ele continua um jornalista sacana e incrível.

Ele me respondeu na manhã seguinte à vernissage:

Espero que o sexo continue ótimo???? BOM TRABALHO, FABRAY.

Eu queria dizer que fiquei enojada com a mensagem, mas me fez rir, porque ela é absolutamente Puckerman.

Eu não sei se ele estava se referindo a eu ter aceitado o convite, ou não, com “bom trabalho”. Eu fiz literalmente nada. É claro que a Rachel ficou por uns dez minutos tentando me convencer que tudo bem sentir o que ainda sinto e eu não aceitei logo de cara, mas mesmo assim. Não deu trabalho nenhum. Eu só disse sim para uma data comemorativa superestimada e capitalista.

Ainda não decidi se vou responder ao e-mail de Rachel. Se eu deixá-lo quietinho, talvez ele desapareça magicamente. Mas não tenho coragem de movê-lo para a lixeira: são as únicas últimas palavras dela que tenho. Não posso fazer isso. Se bem que conviver com essa ansiedade também não está dando certo. De hora em hora eu releio o e-mail como se fosse um mantra. É ridículo. Eu sou uma mulher ridícula.

{...}

Amanhã é véspera de Natal e eu ainda não fiz esforço algum para digitar sequer uma frase à Rachel.

São quase onze da manhã e eu estou tomando brunch no hotel. Meus pais não me ligaram para saber onde passarei o Natal. Nem espero que liguem. Já faz quase três anos que perderam o hábito. Também não faço questão.

Às 16h46, recebo outro e-mail.

Por favor, venha.

Eu quase posso ouvi-la sussurrando isso do outro lado da cidade. E, de alguma forma, eu faz algo dentro de mim. É como se meu coração tivesse diminuído consideravelmente.

Vou parecer uma vaca se não aparecer.

Eu já aceitei tanta coisa a contragosto, mas eu sei que passar o Natal com a Rachel vai me fazer feliz. Por que estou renegando isso a mim mesma? Será que sou tão burra assim?

Muitas vezes eu me perguntei se aceitaria Rachel de volta à minha vida. E a maioria das vezes eu disse não, simplesmente porque achei que era o certo, que isso significava que eu estava ressignificando a minha vida.

Acontece que eu só estava escolhendo o lado mais fácil.

O lado difícil seria dizer que a aceito na minha vida e encarar o mundo de mãos dadas com ela.

Quer dizer – eu entendo que estamos quase em 2020, mas algumas pessoas ainda parecem que não são nem um pouco inclinadas a aceitarem coisas completamente óbvias como o amor ser diverso.

Mas acho que eu preciso esquecer isso; preciso lembrar que o que eu sinto é bom. Que os erros que cometi estão bem longe agora.

Que eu posso ser feliz.

{...}

A casa dos pais de Rachel está do mesmo modo, mas de outra cor: branca. Agora há uma tela na varanda da frente e um lustre.

Carrego o bolo que comprei de última hora nas mãos. Parece difícil equilibrá-lo com os saltos.

Não posso ajeitar minha franja ou meu vestido debaixo do sobretudo. Aperto a campainha com o cotovelo, porque não há outro jeito.

Estou nervosa, mas leve ao mesmo tempo. Sinto excitação e calmaria.

Quem abre a porta é um dos pais de Rachel – não sei mais quem é o Hiram e quem é o Leroy. Ele me sorri como um típico sorriso burlesco.

— Quinn, querida – ele me saúda. Claro que ia se lembrar de mim. Tantos e tantos anos eu e Rachel ficamos enfiadas no sótão brincando e conversando e depois fazendo festas do pijama. – Como vai? Tudo certo?

Eu não tenho saída a não ser dizer a verdade:

— Está tudo ótimo.

Ele pega o bolo das minhas mãos.

 – Entre.

A sala continua com o piano que Rachel tocava na adolescência. Os móveis obviamente mudaram e as cortinas também. Mas ainda posso me sentir a Quinn de dezesseis anos.

 – Rachel ainda está se aprontando. Por que não sobe? – Será que ele está me empurrando para Rachel? Murmuro em concordância, por via das dúvidas – Deixe o casaco aqui – e aí ele deposita o meu bolo na mesa, que já está parcialmente servida, e estende a mão. Guarda meu sobretudo no armário ao lado da porta e aí sorri de novo.

Dou o primeiro passo em direção à escada.

Cadê o outro pai dela? E por que a casa está tão vazia? Será que sou a primeira a chegar?

Ainda me lembro do caminho para o quarto de Rachel, não tenho dificuldade nenhuma. A porta está fechada e eu bato nela.

Espero que ela não esteja sem roupas. Por favor.

— Já estou descendo! – ela grita do outro lado.

Acho que ela acha que é um dos pais, então logo digo:

— É a Quinn.

— Ah – existe uma pausa brusca – Tudo bem. Entre.

Será que ela também está sentindo o coração dar piruetas no peito?

Alcanço a maçaneta e abro a porta devagar. Por que estou com medo?

Não há ninguém no quarto, mas a vejo no banheiro. Ela está se maquiando.

Rachel descansa o rímel e me olha através do espelho, então se vira e vem em minha direção.

— Hey, senta aí – aponta para a cama de casal. Eu sorrio sem graça. – Já estou terminando. – ela me olha mais um pouco e diz: – Você parece uma princesa, como sempre.

Com o meu vestido azul claro cheio de microbrilhos sei que estou parecendo a Elsa. Mas azul sempre ficou bem em mim e foi o único que encontrei de última hora.

— Eu pareço a Mamãe Noel – ela ri.

O vestido dela é vermelho sangue, curto, com algumas pregas. Ela parece uma mulher muito importante no meio de mulheres totalmente medianas (no caso, eu). Seu salto é mais alto do que o meu e estamos com quase a mesma altura.

Rachel não fala mais nada e volta para seu posto no banheiro. Não menciona que eu confirmei que viria muito em cima da hora nem que achou que eu não viria.

Observo seu quarto: está totalmente diferente. Imagino que, quando ela entrou na faculdade, se desfez de muita coisa. As prateleiras estão quase vazias, à exceção de alguns porta-retratos e objetos de decoração.

— Então... sua família vai chegar? – preencho o silêncio.

Antigamente, a casa ficava cheia de amor, canções e músicas instrumentais. Os avós apareciam e era uma festa só. Será que ela parou de se apresentar no piano com os pais?

— Na verdade, os pais de Leroy morreram há alguns meses – Rachel diz. Minha expressão inócua se contrai. Ah, não – E os pais de Hiram estão em Cancún. Então, seremos apenas nós. Mas vai ter piano, claro – ela me olha e sorri com alegria. Recupero o ânimo.

Nunca mais a ouvi cantar – nem ao vivo nem por meio da tecnologia. Simplesmente foquei em outras coisas. Mas agora sinto falta disso, da sua voz aveludada e potente desfilando notas maravilhosas.

Alguns minutos depois, ela anuncia:

— É isso, vamos descer?

Ela está ainda mais espetacular. Me sinto uma personagem da Disney perto dela, daquelas totalmente bobas.

Lanço um meio-sorriso para ela. Ainda estou nervosa e não sei se posso esconder ou controlar isso.

Descemos as escadas e finalmente vejo o outro pai de Rachel. Ambos estão terminando de arrumar a mesa.

O outro pai me olha e sorri.

Como é que, depois de tanto tempo, eles podem me oferecer algo legal? Com certeza sabem do que eu fiz – duas vezes! – com Rachel. E mesmo assim me sorriem?

— Então, Estrelinha, pronta?

Rachel se encaminha para o piano, e eu me sento no sofá. Olho para ela. Ela parece ainda mais incrível, e eu não tenho palavras.

Rachel começa a tocar piano e logo em seguida Leroy – ou Hiram – canta a primeira estrofe de Let it Snow, Let it Snow, Let it Snow, do Dean Martin. Os três parecem uma família incrível e autossuficiente. Em seguida, é a vez de Jingle Bell Rock, que me faz rir, porque me lembra do Glee. Cantávamos músicas idiotas em datas comemorativas.

A música para e estamos batendo palmas. Rachel se levanta e faz uma reverência graciosa e nada séria. Ela está rindo.

— Isso foi... maravilhoso e vergonhoso ao mesmo tempo? – lanço, rindo também. Pela primeira vez estou feliz genuinamente. A felicidade me preenche como uma bola de luz. Poderia explodir com o que sinto.

São quase onze da noite e começamos a jantar. Leroy – ou Hiram – liga a TV e sintoniza numa playlist de Natal. É tão brega que quase me arrependo de nunca ter amado tanto assim essa data. Não posso me culpar. As festas que meus pais davam nunca eram assim, nunca me deixavam feliz.

As conversas são amenas. Me perguntam sobre meu trabalho, os momentos que mais amei eternizar e quanto tempo ficarei na cidade.

— Não muito. Só até o recesso passar.

Eu planejo voltar para San Francisco dia 02, porque preciso organizar as minhas aulas. Ah, sim, eu também sou professora de fotografia em um projeto social. As aulas reiniciam dia 06, então realmente preciso voltar. Não é como se Lima me prendesse. Não tenho mais nada nessa cidade. Nem a Rachel vive aqui mais, então, não tenho por que ficar. Com certeza não fico pelos meus pais.

Explico sobre o projeto social e as aulas. Rachel me olha como se estivesse surpresa, ou admirada. Finjo que sua reação não me atinge. Não estou mais nervosa, mas o modo como Rachel me faz sentir ainda é palpável.

Nossos olhares se esbarram diversas vezes e eu sinto que estou transbordando. É aconchegante e quentinho.

Estou totalmente à mercê dela de novo.

E, pela primeira vez em muito tempo, não me sinto culpada ou desesperada.

É como se eu estivesse retornando para casa.

Parte XXVIII – Esse amor está vivo de volta dos mortos

                         (This Love, Taylor Swift).

Coloco o último prato de comida vazio na pia.

— Ajuda? – Quinn para na porta da cozinha.

Me viro para ela e sorrio.

— Não, já terminei.

Ela continua impecável com a maquiagem e o vestido brilhante. Com certeza uma princesa fofinha.

Meus pais, no mesmo instante, se juntam a ela.

— Festa do pijama? – Leroy pergunta.

Não sei onde enfiar a cara, por isso acabo rindo nervosa.

Quinn se vira para ele e diz:

— Só trouxe meu vestido.

Não consigo acreditar na leveza dela, meu Deus.

Entro no jogo dela:

— Tenho pijamas. Tipo, um monte mesmo. Amo pijamas – eu acho que preciso calar a boca.

Quinn fica me olhando como se estivesse prestes a se desmanchar em risadas.

— Hm, não sei – ela responde.

Bom, parece ótimo se reencontrar com a pessoa que você mais ama no mundo depois de tanto tempo – literalmente uma vida inteira! – e, de repente, estar no meio de uma festa do pijama.

Nem sei o que dizer. Não posso convencê-la, porque a ideia é doida e maravilhosa ao mesmo tempo.

Eu esperava que ela simplesmente me desse as costas e fosse embora no instante em que acabamos de ceiar, porque acho que é o que alguém sensata faria. Ela ainda pode estar se sentindo culpada. Ainda pode não querer voltar a sentir tudo isso. E eu não posso julgá-la.

Você não faz uma festa do pijama com alguém que não quer estar por perto. Pelo menos, acho que é assim que ela deve estar se sentindo. Estou errada? Ela está se esquivando da situação, porque é absurda. Mulheres adultas não fazem festa do pijama. Pelo menos não deveriam fazer.

— Fica – peço. Não sei outra coisa para dizer. Agora quero demais que isso aconteça. Parece ridículo? Com certeza, mas é melhor do que ter de lidar com o “e se” do futuro.

Meus pais me olham. E, então, saem de cena silenciosamente.

— Parece idiota. Muito idiota se eu ficar – Quinn fala no mesmo instante.

Dou de ombros.

— E? – replico.

Agora estou frente a frente com ela, com uns três metros nos separando. Posso ver sua expressão claramente. Vejo-a fechar a boca e abri-la novamente.

— Rachel – ela parece suspirar.

— Quinn – digo, soando meio sarcástica.

— Por que você está fazendo isso?

— Porque eu te amo? – minha afirmação soa como uma pergunta.

Ela balança a cabeça.

— A gente não precisa conversar – remendo. – Só não saia daqui. Quer dizer, está nevando.

— Já lidei com neve antes – Quinn diz com descaso.

Fico em silêncio.

— É a última coisa que te peço. Depois, você pode voltar para San Francisco e ignorar que eu existo. Só... Me dá essa chance.

— Eu nem sei se mereço.

— Eu é que decido isso.

Quinn pisca e não fala nada.

— Você vai ficar se culpando até quando? Você não merece viver assim. Existe felicidade.

— E eu estou feliz.

Olho para o chão. Estou ficando irritada.

As coisas não precisavam ser assim.

Noto que ela se move. Vejo seus pés perto dos meus, instantes depois.

— Eu fico. – sua voz está suave – Mas não porque estou tentando ser mais feliz.

E aí, ela junta as mãos nas minhas, e eu tenho uma vontade absurda de chorar, porque o gesto é completamente sutil e gentil.

— Então, cadê o seu pijama?

{...}

Meu quarto está completamente diferente do que era na adolescência. Voltei aqui poucas vezes, apenas para datas comemorativas, e decidi que ele precisava crescer comigo. Tirei as coisas supérfluas e deixei apenas certas identidades. A estrela dourada, por exemplo. Algumas fotos. Nada mais. Tirei a cor dele e agora ele está clean e branco.

Abro uma gaveta e retiro um pijama combinado de malha branco.

Vou até o banheiro e passo a ela um frasco de demaquilante. Pego uma escova de dentes nova – porque higiene pessoal sempre foi o meu forte – e lhe entrego também. Tudo isso em silêncio. Nenhuma palavra. Apenas ela me vendo mover.

Quinn se fecha no banheiro por alguns minutos. Enquanto isso, eu tiro os sapatos e tiro o vestido. Eu amo vestir roupas bonitas e elegantes, mas é muito melhor quando a gente tá sem elas. Visto meu pijama vermelho e me sento na cama, com o celular nas mãos, para conferir as redes sociais.

O meu tempo acaba e Quinn sai sem maquiagem e com o pijama branco. Ela parece meio cansada, mas eu amo o que vejo.

Sorrio fraco para ela.

— Quero demais dormir – Quinn diz, se encaminhando para a porta.

— Ah. Pois é – lembro a tempo – Não temos mais o quarto de hóspedes. Leroy o transformou em um escritório.

Ela me olha.

— E você não vai dormir no porão – afirmo com convicção.

— Bom, parece que temos um clichê aqui – ela logo diz.

— Parece bom.

Quinn dá uma risadinha, o que me surpreende totalmente.

Ela se senta na cama, ao meu lado.

— Olha, se isso é demais para você... – começo. E se estou mesmo forçando a barra?

— É. Mas eu quero.

Parece que estou perdendo nessa coisa. Quinn Fabray 2 X Rachel Berry 0.

— Infelizmente, eu esperei esse clichê ridículo por muitos anos – ela me diz.

Olho para ela. Ela está tão perto que posso contar as manchinhas verdes nos olhos castanhos dela.

Socorro.

Isso parece um momento totalmente antecedente a um beijo.

Quinn flexiona as pernas e se vira para mim.

— Eu continuo desejando você como uma adolescente idiota que se apaixonou pela primeira vez – Quinn fala, sem vergonha ou nervosismo algum. Isso, mais uma vez, me surpreende – E não troco isso por nada.

Não sei o que dizer, porque isso foi muito repentino e absolutamente lindo.

Esperei que ela me dissesse qualquer coisa perto disso muitos anos antes.

Esperei que ela me encontrasse e que simplesmente não soubesse fazer outra coisa que não me beijar.

E agora eu quero demais beijá-la. Olho para seus lábios nus e sei que não consigo me refrear.

Seus lábios encontram os meus antes que eu possa imaginar. E eu estou no paraíso. Sinto meu coração acelerar e se acalmar ao mesmo tempo, porque beijá-la é como uma onda que me quebra, mas que me renova ao mesmo tempo. Existe tempestade e águas claras batendo no calcanhar. Não sei o que sentir, só sei que estou sentindo tudo de uma vez. E é melhor do que imaginei que seria. É como a primeira vez, mas também como a última. Ela me beija devagar, mas com certa urgência. Não sei se a gente quer parar para respirar.

Meus dedos pousam na roupa dela, e seus braços me enlaçam pela cintura. Me sinto arrepiar em algum momento e sei que é porque a excitação está crescendo. Também não consigo refrear isso.

Ela quebra o beijo de maneira suave. Não quero abrir os olhos, quero continuar nesse momento por mais tempo. Nós respiramos juntas. Uma, três vezes. E eu procuro a boca dela de novo. Sinto seus dedos percorrerem a base das minhas costas com ternura, sem pressa.

Desgrudamos mais uma vez e finalmente abro os olhos. Vejo-a me encarando.

— Não quero estar com mais ninguém – ela fala.

— Nem eu. Nunca mais.

Quinn beija minha bochecha e me aperta levemente contra si. Então, escorrega a boca para o meu pescoço e descansa o rosto no meu ombro.

Não falamos mais nada.

Tudo parece no lugar, agora.


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Notas finais do capítulo

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