Lucy saiu apressada de casa. Já era a segunda vez na semana que se atrasava para o trabalho na confeitaria. Desta vez, o que a impediu de sair de casa foram os sonhos.

Não suportava mais pensar nele. Um ano já tinha se passado, e mesmo assim ele nunca mais voltou. Aquele idiota... Por quê?! Porque ele não a levou junto?! Não eram um time?!

“Chega, Lucy. Não é hora de pensar em Natsu. Você já está atrasada o bastante.”

- Ohayo! – Lucy entrou no estabelecimento e cumprimentou seu chefe. Ele não estava com uma cara nada boa, mas Lucy não se importou. Ele era assim o tempo todo, por isso tinha dificuldade de conseguir clientes, mas, com a ajuda de Lucy e seus espíritos estelares, a confeitaria ficava sempre lotada. E ela precisava do emprego para pagar seu aluguel.

Essa foi a maneira de Lucy seguir em frente sem a Fairy Tail. Pegar trabalhos de outras guildas não lhe parecia o certo a fazer. A única guilda que ela realmente admirou e quis fazer parte, e a única que era a sua família é a Fairy Tail. Nenhuma poderia tomar o seu lugar.

Após a decisão de Makarov, não houve um só membro que não protestou. Todos queriam que a guilda continuasse. Mas Makarov tinha razão em um ponto: Fairy Tail não tinha mais a força para se reerguer. Membros valiosos já a haviam deixado, seguido seus próprios caminhos, e era isso que todos deviam fazer dali em diante.

Gray e Juvia nunca mais voltaram; vez ou outra mandavam uma carta dizendo que estavam bem. Levy começou a trabalhar em uma livraria, e Gajeel sempre a ajudava apesar de não gostar tanto do oficio. A família Strauss começou a trabalhar no hospital da cidade, Wendy começou a cursar o colégio junto com Romeo, e os demais membros se ocuparam com outras coisas. A amizade de todos persistia, mas não era como antes. Nem nunca voltaria a ser. Faltava um pequeno espaço no coração de todos, que só seria preenchido com um certo Salamander.

Quando o expediente teve fim, Lucy juntou suas coisas, e foi em direção a floresta próxima a Magnólia. Secretamente ela treinava ali com seus espíritos. Afinal, ela poderia ficar para trás quando Natsu voltasse. Ao menos, pensar naquilo era o que a motivava. Sem contar que toda vez que ela treinava, se lembrava um pouco como era lutar ao lado de seu grande amigo.

- Hime-sama, acho que por hoje já está bom. – Virgo a alertou. Já fazia três horas que Lucy estava ali, e a lua já tinha tomado o espaço do sol.

- Hai, hai... – Lucy concordou triste. – Ainda tenho que terminar meu romance mesmo.

- Hime, eu estava revisando sua história e... Porque o Natsu está nela? – Virgo perguntou fazendo cara de inocente. Lucy se avermelhou por inteira, e tratou de começar a andar mais rápido.

- Ele não está . Eu já o esqueci. Aquele idiota não tem espaço nas minhas histórias. – Lucy bradou mentindo completamente.

- Mas... Então porque seu personagem se chama Natsuya, tem cabelo cor-de-rosa, e adora lutar...?

- É TUDO IMPRESSÃO SUA! – Lucy não sabia onde esconder o rosto. Não havia feito de propósito. A questão era que sempre que começava a escrever se pegava lembrando-se das aventuras que havia vivido com Natsu, e sem perceber acabou criando-o ficcionalmente.

Mas havia uma única diferença de seu personagem e do Natsu verdadeiro: Seu personagem nunca a abandonaria.

Virgo, reparando que tinha tocado em um assunto delicado e que fez Lucy ficar triste, tratou de voltar para o mundo dos espíritos estelares, não sem antes perguntar se não merecia uma punição.

Quando Lucy chegou à porta de seu apartamento, foi tomada de uma nostalgia. Apesar de ficar irritada com Natsu e Happy por entrarem em seu apartamento pela janela, ela daria o mundo para que eles fizessem isso mais uma vez. Que eles estivessem ali novamente.

Sem conseguir conter, Lucy caiu aos prantos. Não era a primeira vez que fazia isso. Lembrar de Natsu sempre foi muito doloroso.

Horas depois, Lucy já havia terminado seu banho, e quando saiu do banheiro seu coração quase saiu pela boca. No susto sua toalha caiu, mas ela nem reparou nisso. Após tanto tempo esperando Natsu estava ali, sentado, com seu sorriso inocente.

- Você nunca muda, né Luce?