My own race escrita por Kaline Bogard


Capítulo 8
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

Estamos quase lá, minha gente :v

O encontro romantico que não é bem um encontro, mas no fundo é!

Confuso? Confuso!



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My Own Race

Kaline Bogard

Capítulo 08

A semana deu a impressão de passar lentamente. Mas quando a quinta-feira chegou, Kinjou teve a nítida sensação de que os dias voaram! Seus estudos? Esqueça. Desde o pedido de Juichi sua mente não conseguia pensar em outra coisa. Primeiro sentiu um pouco de pânico. Depois considerou cancelar e mudar para outro dia. Por fim veio a resignação. Talvez o Az da Hakone tivesse agido um tiquinho sujo, ao jogar o convite no ar sem especificar a data. Mas Kinjou também fora displicente ao concordar sem qualquer consideração.

Não ia desistir. Aproveitaria a oportunidade para criar boas memórias e um dia riria muito do disso. Um dia distante, que fique claro.

Porque no momento sentia como se o iceberg que naufragara o Titanic estivesse inteiro em sua barriga. E a sensação tinha pouco a ver com o clima de inverno. Vestira um casaco verde escuro bem grosso, calça jeans clara e luvas de lã. Também usava um gorro de lã. Não se esperava neve, mas preferia se prevenir.

Assim que pôs o pé na rua foi bombardeado pelo clima romântico do dia vinte e cinco. Quase podia ver os coraçõezinhos dando rasantes pelo ar ao redor dos casais que se atreviam a andar de mãos dadas. Sem pressa dirigiu-se até o ponto em que combinara se encontrar com Fukutomi que, a propósito, já estava lá.

O rapaz usava uma jaqueta jeans escura toda fechada, sobre uma blusa com gola rule em tom vinho e calça preta. Não usava gorro, apenas luvas.

– Tudo bem? – perguntou ao se aproximar.

– Hn. E você? – devolveu a questão – Quer continuar?

– Vamos em frente, vai ser divertido – Kinjou usara aquele argumento para se convencer. Qual o problema em dois amigos saírem juntos no natal? Não havia nenhuma lei proibindo. Para descontrair um pouco, sorriu antes de retomar a fala – Esse sim, deveria ser um encontro?

Fukutomi assentiu.

– Foi idéia de Toudou. Esse lance de aproveitar a data...

– Então vamos comer alguma coisa e conversar. Dessa vez trouxe um presente pra você – revelou misterioso.

– Eu também trouxe – Juichi assentiu de leve.

Depois disso Shingo indicou o caminho de um lugar onde poderiam sentar-se com calma. Não se sentia tão desconfortável quanto imaginara. O mantra de “somos apenas amigos” devia ter funcionado bem. Mas o iceberg continuava em sua barriga.

– Nunca pensei que meu primeiro natal a dois seria com outro cara – confessou, tirando os óculos para limpar a lente embaçada pelo frio.

– Eu já imaginava – Fukutomi confessou. Sua sexualidade não era surpresa há algum tempo.

Kinjou deu uma breve olhada ao rapaz que andava ao seu lado. Como ele podia ser tão maduro? Devia aprender alguma coisa com ele, não apenas usufruir da companhia de forma despreocupada. Talvez ajudasse com umas dúvidas que andava tendo e não sabia bem como lidar com elas...

Seguiram pela rua toda decorada com motivos natalinos. As cores verde e vermelho predominavam. Casais iam de um lado para o outro, com mãos entrelaçadas e ar sonhador. Um ou outro parava em frente à decoração para tirar fotos e eternizar o momento.

O clima bem agradável era mais ou menos como Shingo via reproduzido nos filmes. Não era seu costume sair nessa data, principalmente por passar tal feriado sempre sozinho. Outro motivo para aproveitar a oportunidade.

Kinjou escolheu uma cafeteria mais distante, que os fez caminhar por certo tempo. O prédio possuía a fachada estilo holandês convidativa. Estava lotada, mas conseguiram uma mesa mais ao canto.

– De vez em quando venho aqui. É saboroso.

– Então deixo por sua conta escolher o que vamos comer.

O rapaz sorriu e concordou, acenando para uma das moças que trabalhavam no lugar. Assim que ela aproximou-se, fez o pedido: chocolate quente com canela, Bouches e lascas de Baumkuchen. Ah, e cupcakes de natal!

– Excessos natalinos – justificou o pedido dando de ombros.

Fukutomi ergueu uma sobrancelha.

– Excessos? Você não conhece o significado dessa palavra até ser apresentado à minha mãe. Se dependesse dela, eu pesaria o dobro.

– Conheço a sensação. Minha mãe acredita que comida é sinônimo de felicidade e a cura para todos os males.

– Elas tem razão em um ponto. Somos esportistas e temos que cuidar da alimentação, mas...

– Mas elas levam a outro nível! – Kinjou recostou-se na cadeira.

O assunto foi interrompido enquanto a jovem funcionária trazia os pedidos. Isso obrigou os rapazes a tirarem as luvas. Como o lugar tinha aquecimento, não foi problema.

Antes de começar a comer, Kinjou abriu a mochila e tirou uma caixinha embrulhada para presente.

– É só para respeitar a tradição. Não espere grande coisa.

– Aa. Digo o mesmo – imitou o gesto do companheiro e também pegou um embrulho – Feliz natal.

– Feliz natal.

Shingo foi o primeiro a abrir. Ficou boquiaberto com o que ganhara: os volumes dois e três de Love Hime. Justamente os que seus sobrinhos rasgaram durante a visita!

– Como... como conseguiu? Estão esgotados!

– Encontrei em um sebo. Por isso são de segunda mão, mas estão bem conservados – a resposta em nada revelava o quão difícil fora conseguir ambos os volumes. Love Hime era a febre do momento e as edições se esgotaram como água no deserto. Praticamente realizara uma operação pente fino por Ashigarashimo para conseguir os dois mangás.

– Estão perfeitos! Eu já tinha perdido a esperança. Arigatou! O meu nem se iguala...

A frase lamentosa serviu como deixa para que Juichi abrisse seu presente. Uma bicicleta em miniatura, totalmente articulada. Pintada de branco com detalhes amarelos. Tão bonitinha que Shingo acabara comprando uma idêntica para si também, agora colocada sobre sua escrivaninha.

Fukutomi analisou o presente por alguns longos minutos, sem expressar nada na face que no passado lhe rendera o apelido de Tekkamen. Longos o bastante para Kinjou desconfiar que errara na escolha.

– Não gostou? – se arriscou a perguntar.

– Hn? – o outro voltou sua atenção para ele, parecendo não ter entendido a questão.

– Tenho a sensação de que escolhi mal...

– Não, pelo contrário – franziu as sobrancelhas loiras – É perfeito. Branco e amarelo como o uniforme de Sohoku.

– Hai! – Kinjou surpreendeu-se por não ter associado as cores antes. Todavia não compreendeu porque era tão perfeito. O resto da explicação não demorou a vir.

– Tenho uma desse modelo, mas as cores lembram o uniforme de Hakone – sorriu – Vou deixar as duas juntas, em cima da minha escrivaninha. Obrigado.

Shingo ficou sem palavras. Era a primeira vez que via um sorriso daqueles nos lábios de Juichi, que geralmente expressava as emoções de maneira contida. Aquele, por outro lado, viera espontâneo e satisfeito. O presente fora acertado! Agora ele teria Hakone e Sohoku lado a lado em seu quarto e...

A compreensão do que o outro queria dizer atingiu Kinjou com força total, deixando-o corado de leve. Para disfarçar deu um longo gole no chocolate. Que associassem a vermelhidão ao calor da bebida.

Suavizando a expressão, Juichi também pegou sua caneca, começando a beber sem pressa alguma.

– Isso é bom.

– Hn. Muita coisa aqui é boa. Minha decepção é o bolo Castella... a massa não fica como as outras – Kinjou foi explicando.

– Castella? Não gosto muito.

– Você não gosta de coisas doces? Tenho percebido isso. Devia ter perguntado se queria mesmo chocolate e todas essas coisas – Shingo fez uma careta apontando os pedidos.

– Não tenho nada contra doces. Mas não é um vicio como de várias pessoas. Prefiro balancear os alimentos.

Kinjou girou a caneca entre os dedos, pensativo.

– Prefiro coisas doces. Glicose significa energia. É essencial nas corridas. Mas em excesso faz mal. Tive que mudar a dieta de Tadokoro quando começamos a correr juntos.

– Aa, aquele diário em que você anota tudo? Vou agradecer de novo, está me ajudando muito.

– Não precisa agradecer. Acabei me ajudando também – pegou algumas lasquinhas de Baumkuchen – É um jeito que eu tenho de relaxar. Isso e andar de bicicleta. Sentir o vento cortando, acelerar e testar as próprias forças, ultrapassar limites... sentir-se livre!

– Sentir-se no controle – Juichi revelou.

– Controle? Não acho que controle seja tão importante. Você pode testar a si próprio em situações que desconhece e te desafiam.

Aquilo fez muito sentido para Juichi. Não concordava, mas entendia o ponto.

– Você pensa assim e a sua equipe tem a sua cara. Acho que a minha equipe tem a minha cara também – refletiu.

– Hn. Mas só esse ano – Kinjou pegou seu cupcake – Ano que vem não estaremos mais lá.

O Az da Hakone balançou a cabeça concordando, enquanto também pegava seu próprio bolinho. Estavam quase terminando ali.

– Vai correr na faculdade, Kinjou?

– Provavelmente.

– Hn. Eu também.

– Não tenho planos de me tornar profissional, mas quero correr o quanto puder. Mesmo depois de me formar e iniciar uma carreira, ainda vou andar de bicicleta. Não me imagino vivendo de outra forma.

Juichi balançou a cabeça de leve. Seus planos eram exatamente os mesmos! Fantasiou um futuro em que pudesse andar com ele ao seu lado, não mais no status de amigos. Então ergueu a caneca com um restinho de chocolate.

– À um futuro onde nossos sonhos em comum se tornem realidade.

– Kanpai – Kinjou divertiu-se com o brinde, entrando no espírito da brincadeira.

– Kanpai.

Depois da cafeteria foram a uma exibição de artes vinda do Brasil, perderam um tempo vendo dois rapazes jogando basquete em uma quadra, doidos por jogar naquele frio, um ruivo e um jovem de pele amorenada. Quando os jogadores se cansaram, Fukutomi e Kinjou se foram também, passando por um parque onde dividiram uma Bepsi e Fukutomi conseguiu uma selfie de ambos para guardar como recordação.

Foi um dia tão divertido, dividido entre dois amigos, que Kinjou nem se lembrava mais de estar tão apreensivo e negativo nos dias antecedentes. No fim das contas o iceberg derreteu por completo. E uma sensação diferente tomou conta, como se os sobreviventes do naufrágio flutuassem em sua barriga, tentando sobreviver de alguma forma.

Não. Não era aquela sensação estranha e piegas de “borboletas no estomago”. Definitivamente! Jamais seria!

E quando Juichi entrou no trem para voltar para casa, Shingo respirou fundo, criando um novo mantra de relaxamento para tranqüilizar-se.

Não são borboletas, são náufragos. Não são borboletas, são náufragos.”

continua...


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Notas finais do capítulo

Alguém arrisca quem são os doidos jogadores de basquete? :D



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