My own race escrita por Kaline Bogard


Capítulo 7
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Olá! Falta pouco, FukuKin Lovers!

Boa leitura! Eventuais erros é só me avisar que eu arrumo, obrigada!



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My Own Race

Kaline Bogard

Capítulo 07

– Você tem que ser mais direto!

– Mais direto? Juichi já falou que está a fim! Tem como ser mais direto?

– Um homem tem que pegar para si o que quer. Só acho.

Fukutomi respirou fundo ao ouvir aquela discussão inútil. Olhou lentamente para Jinpachi, Hayato e Arakita, suspirando fundo. Muito fundo.

– Posso saber o que os três estão fazendo na minha casa? – afinal entravam na reta final e cada instante de estudo fazia a diferença na hora de prestar os exames.

Toudou abraçou-se, aconchegando-se no casaco marrom com algodão na gola e nas ponta das mangas. Parecia satisfeito demais com alguma coisa.

– Esse sistema novo de calefação que seu pai instalou é incrível, Juichi! Lá em casa está tão frio...

Arakita balançou a cabeça, alguns fios de cabelo escapando por baixo da touca de lã, e Hayato sorriu largo, sacando uma barrinha da blusa de frio estilo canguru. Os dois sentados muito a vontade na cama de Fukutomi, enquanto Jinpachi acomodara-se na cadeira da escrivaninha. O quarto não era muito grande, em nada diferindo dos padrões japoneses, inclusive muito bem arrumado.

O dono da casa levou os dedos à testa e massageou. Pelo visto, as melhorias que seu pai fizera na casa não seriam úteis apenas para os moradores naquele rigoroso inverno. Já deduziu que os três seriam visitas constantes.

– Além de dividir o ar quente tenho que ouvir conselhos sobre minha vida amorosa?

– Vida amorosa inexistente, né? – Toudou debochou – Você precisa de ajuda urgente, meu amigo. Ou vai passar o resto da vida esperando.

– Melhor ouvir a gente, Fuku chan! – Yasutomo balançou a cabeça dando ênfase ao que acabara de afirmar.

– E a sua vida amorosa, Arakita? – O Az zombou, erguendo uma sobrancelha loira.

– É que no momento não tenho interesse em ninguém. Mas quando encontrar uma garota eu vou e pego pra mim!

Hayato riu do jeito do amigo.

– Se você “pegar pra você” vai acabar na cadeia, aho. E o Kinjou kun não é uma garota...

– Oe, você não entendeu nada. “Pegar” não é “pegar”. É tipo você ir lá e “pegar”. As garotas gostam!

Os outros três observaram o rapaz por alguns instantes. Nem tentaram compreender o que ele queria dizer, dividindo uma única e absoluta certeza: ele nunca “pegara” nenhuma garota.

– Se Arakita kun quer dizer que Juichi precisa ser mais direto, eu concordo – foi a vez de Toudou se intrometer – Com as garotas sempre funciona. Elas odeiam hesitação.

Juichi suspirou, cruzando os braços. Acabara sentado no chão, sem outro lugar em que pudesse acomodar-se.

– Kinjou não é uma garota – girou os olhos. Por mais que seus amigos aceitassem bem que estivesse apaixonado por outro homem, ainda se confundiam na hora de ajudar com exemplos.

– Excelente ponto – Jinpachi levou os dedos ao queixo e assumiu um ar pensativo – Quero muito que consiga conquistá-lo, Juichi. Mas só tenho experiência com garotas.

– Idem – Hayato ergueu uma mão, a barrinha de cereal bem presa aos lábios.

– Esse tipo de experiência com garotas eu não tenho muita – Yasutomo coçou a nuca, fazendo a touca correr um pouco pelos fios de cabelo negro – Mas tenho duas irmãs...

A oferta fez os outros rirem. Arakita era meio sem noção.

– Hummm... e se a gente pesquisasse uns BL pra ajudar? – Jinpachi acertou um soquinho na palma da mão.

– Você tem coragem de comprar? – Hayato perguntou. Não imaginava nenhum deles entrando em uma livraria especializada ou mesmo em uma sessão exclusiva para BL. Era tão constrangedor.

– Claro! – Toudou estufou o peito – Que não, né? Mas eu tenho várias fãs e posso pedir para que elas façam isso por mim. Não vou dizer pra que é. Aposto que vão adorar me agradar.

O Az pensou na proposta algum tempo. Talvez os mangás tivessem alguma situação que o ajudasse. Sua experiência adolescente no campo homossexual não era vasta, claro. Nem no hetero, evidentemente. Desde que se conhecia por gente era apaixonado por esportes e focado nos estudos. Conforme ia crescendo as meninas deixaram de ser irritantes para se tornarem apenas meninas. Os rapazes, por outro lado, geralmente atraiam sua atenção. Não precisava ser um gênio para deduzir algo que a cada dia se tornava mais claro. E Juichi não era pessoa de se desesperar ou intimidar-se. Ele era forte e enfrentaria qualquer obstáculo que viesse pela frente.

– Domo – agradeceu a proposta.

– E eu tenho um plano brilhante – Toudou riu de um jeito quase predatório – Dessa vez você vai chamar o cara da Sohoku para um encontro decente!

– Hn? Não sei, parece um passo muito grande para se dar... – Fukutomi balançou a cabeça.

Entretanto Hayato captou o que havia nas entrelinhas e sorriu, amassando a embalagem vazia e enfiando no bolso do abrigo.

– Pode dar certo! Vá em frente, Juichi. Convide-o.

Incerto, Juichi acabou cedendo.

– Aa. Depois eu mando um SMS e...

– QUE SMS O QUÊ?! – Arakita exclamou – Até eu sei que não pode ser assim, Fuku chan!

Toudou riu e alcançou o celular de Juichi que estava sobre a escrivaninha, arremessando o aparelho para ele.

– Você vai ligar. E vai ligar agora.

O Az engoliu em seco, ignorando como era observado com intensidade pelos amigos. Quando deu por si estava deslizando o dedo pela tela e discando para o número salvo na memória de acesso rápido.

F&K

Kinjou ergueu o rosto e moveu o pescoço, tencionado. Estudava há um bom par de horas, tão concentrado nos livros que, ao parar para respirar mais fundo, sentira o impacto: seu corpo doía um pouco e os olhos pareciam cheios de areia.

Tirou os óculos e os colocou na escrivaninha, em cima de alguns livros abertos. A primeira fase dos exames aconteceria no próximo mês, não era hora de diminuir o ritmo, mas precisava parar por um instante.

Os olhos verdes correram pelo quarto quase obsessivamente bem organizado. Nada fora do lugar, nem uma poeira maculando os móveis. Não era um aposento grande, mas o suficiente para guardar seus pertences.

Na parede, uma marca mais escura indicava que um dia um pôster fora colado ali, rasgado graças a visita de seus sobrinhos no começo do outono, na pequena prateleira alguns mangás rasgados pelos gêmeos, justamente Love Hime, o único que colecionava, por gostar demais. Visita familiar que o fizera correr para Ashigarashimo atrás de Fukutomi. Ops, lembrança um tanto vergonhosa, depois da qual tinham trocado apenas mensagens de textos. Cada dia era um passo que os guiava em direção aos exames e demandava toda a atenção.

A primeira fase aconteceria no próximo mês.

Nesse momento ouviu batidas na porta e sua mãe entrou. Uma mulher miúda e delicada, de cabelos negros pelos ombros e olhos verdes estreitos. Rugas surgiam no canto dos olhos, mas ainda era uma mulher de aparência jovial e impactante. Trazia uma bandeja nas mãos.

– Chá Oolong e Castella. Seu pai comprou naquela padaria que você adora – disse sorrindo – Precisa dar uma pausa, Shincchan.

Kinjou ergueu as sobrancelhas. Sua mãe devia ser uma das poucas mulheres no Japão que mandavam os filhos estudarem menos.

Caminhando com passos curtos e rápidos, ela colocou a bandeja sobre a escrivaninha, depois que o filho afastou os livros para abrir espaço. O cheiro da rápida refeição fez Shingo perceber o quão faminto estava.

Ainda com os passinhos tão peculiares, a mulher sentou-se na cama e cruzou as mãos sobre o colo.

– A primeira fase se aproxima, né? Não exija demais de si mesmo tão perto do exame. Você estudou muito, mantenha o ritmo. E alimente-se bem.

– Obrigado – agradeceu sorrindo. Aquele bolo era um dos seus favoritos! Seu pai sempre acertava na mosca. Aliás, seus pais possuíam o péssimo habito de mimá-lo. Talvez por ser o caçula nascido depois de um intervalo significativo de tempo.

– Ganbatte kudasai – ela sorriu e levantou-se. Antes de sair do quarto falou uma última coisa – Tem mais Castella lá embaixo. Me deixe saber caso sinta fome, está bem?

– Aa. Domo – voltou os olhos para o bolo e sorriu. Não poderia parecer mais apetitoso! Preparou-se para provar quando seu celular vibrou sobre a escrivaninha. Surpreendeu-se ao reconhecer o número de Fukutomi. Era a primeira vez que ele lhe telefonava.

– Juichi? Hn. Tudo bem(...) É... mais ou menos isso (...) dei uma pausa agora; não se preocupe que não está me atrapalhando (...) Mudar esse mês? Não entendi (...) Aa, você quer vir aqui na próxima quinta-feira? Claro, tudo bem (...) Hn. Jaa.

Desligou e observou o aparelho. Por que teria ligado ao invés de mandar um SMS? Não perdeu tempo ruminando aquilo. Semana que vem ainda estariam nas férias de inverno, então podia se encontrar com Juichi na quinta-feira.

Os olhos verdes caçaram o pequeno calendário sobre a escrivaninha, apenas para confirmar a informação. Foi então que teve um mini-infarto.

Quinta-feira que vem era dia vinte e cinco.

De dezembro.

continua...


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Notas finais do capítulo

A casa caiu pro nosso Az da Sohoku. Vai sair com o Juichi no maior feriado dos enamorados do Japão. Hauhsuashua casais aqui, casais acolá, casais em todo lugar!



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