My own race escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Terminei a fic com exatos 10 capítulos! Banzai! Agora vou focar no extra! BANZAI!

Boa leitura, boa semana :D



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My Own Race

Kaline Bogard

Capítulo 03

– Boa noite – cumprimentou assim que Fukutomi parou a bicicleta de corrida ao seu lado. Não havia, na voz de Kinjou, a usual solenidade e sim uma jovial descontração. Surpreendeu um pouco ao recém-chegado, acostumado a formalidade de encontros durante as corridas ou daquela vez na escola.

– Boa noite – Juichi devolveu a frase sem descer da bicicleta.

Entendendo aquilo como uma deixa, Shingo sentou-se na seleta e fez um gesto indicando sentido rua abaixo.

– Tem uma máquina de refrigerantes atrás do quarteirão, em uma praça – disse sem rodeios e saiu pedalando com a certeza de que seria seguido.

Fukutomi observou as costas largas afastando-se devagar, antes de imitar-lhe e também por a bicicleta em movimento.

Pedalaram em agradável silêncio até chegar ao local. Algumas pessoas andavam por ali. A noite estava quente e ideal para um passeio ao ar livre.

Tiveram certo trabalho para encontrar um banco livre e sentar-se depois de parar as bicicletas na guia.

– Vou buscar algo para bebermos – o Az da Hakone informou. Shingo fez menção de pescar a carteira do bolso, porém o outro descartou o gesto com um aceno de mão – É por minha conta, lembra?

– Se você insiste – nem tentou contrariar algo tão simples. Apenas aguardou que ele fosse até uma das máquinas de refrigerantes e voltasse com duas garrafas de Bepsi.

– Estão bem geladas – Juichi entregou-lhe uma e sentou-se ao seu lado no banco, abrindo a garrafa para dar um grande gole na bebida.

– Aa – comprovou a afirmação dando um gole também.

Depois disso o silêncio caiu entre os dois capitães, não de forma desagradável ou pesada, mas... talvez cúmplice. Fukutomi precisava dizer algo importante e Kinjou sabia disso. Parecia ser algo sério e profundo, então o Az da Sohoku não pressionaria.

A noite, já não tão abafada, presenteara-os com um céu repleto de estrelas, como milhares de olhos brilhantes que assistiam com curiosidade tudo o que acontecia na Terra. Não havia nuvens, apenas as estrelas e a encantadora lua crescente: um sorriso complacente.

Juichi moveu-se desconfortável no banco e seu rival teve a intuição de que ele tentava achar um jeito de começar a conversa. O que quer que fosse não parecia fácil de ser dito. Deveria oferecer uma ajuda? Melhor não. Apenas aguardaria. Deu um gole curto na Bepsi e observou a garrafinha plástica, molhada por cristais de gelo que derretiam com o ar quente de fora da máquina. Era refrescante.

– Isso parecia mais simples na minha cabeça – Fukutomi confessou em tom pensativo. Seus olhos estavam fixos em algum ponto a sua frente e por breves instantes Kinjou pensou que ele falava para ninguém em específico. Até que o rival voltou-se e o encarou – Agora não sei por onde começar.

Shingo girou a garrafa entre os dedos, passando-a de uma mão para a outra.

– O seu problema, Fukutomi, é que se prende demais ao passado – falou de modo simpático. Os olhos verdes miravam o outro com intensidade, requisitando para si toda sua atenção – Todos cometem erros, até você. Já conversamos sobre isso quando foi a Chiba e eu entendi o que aconteceu. Perdoei você e não o julgo. Mas você precisa se perdoar também.

– Não é tão fácil. Sou esportista, Kinjou. Sei que todo o nosso esforço é em busca da linha de chegada e o ano passado...

– Está no passado – Shingo cortou com firmeza. Tinha sofrido com tudo o que acontecera? Sim, muito. Física e emocionalmente. Mas não era homem de ficar remoendo mágoas antigas. Era o tipo de homem que nunca desiste, que transforma o sofrimento em forças e o usa para seguir em frente. Sempre em frente, cada vez mais rápido. Sempre.

– Mas as consequências... – Fukutomi tentou falar, apenas para ser cortado novamente.

– As consequências existem em todas as escolhas. Algumas são dolorosas – colocou a mão de leve sobre o ombro do outro rapaz, tentando transmitir confiança – Mas isso é a vida. Escolher entrar para a equipe de ciclismo, escolher ser o melhor, escolher estar aqui, lutando. Tudo isso fez com que nossos caminhos se encontrassem e...

Foi a vez de Juichi cortar-lhe o discurso:

– E você pode ficar quieto por um segundo para me escutar...?

–... suman – o Az da Sohoku ergueu as sobrancelhas por sobre os óculos de aro quadrado, ficando com um aspecto surpreso e um tanto cômico, sem jeito por ter levado a bronca.

– Domo – agradeceu sério, olhando para a Bepsi em suas mãos. A bebida já não estava mais tão gelada, aquecida por sua pele que suava de nervoso. Respirou fundo – Eu não esperava encontrar um ciclista que podia rivalizar comigo de igual para igual. Fiquei assustado, porque eu me achava invencível.

A confissão veio com seriedade e foi recebida como merecia. Shingo apenas ajeitou os óculos sobre o nariz e continuou olhando para ao rapaz ao seu lado, aguardando que desse continuidade a sua fala. E para evitar outra chamada de atenção, claro.

– Tive tempo para me arrepender do que fiz e não consegui tirar da cabeça. Por isso fui a Chiba pedir desculpas formalmente.

A voz de Fukutomi silenciou por um tempo, longo o bastante para que Kinjou resolvesse quebrar o clima solene e dar uma ajudinha para o rival, mudando de assunto. Sentia como se andassem em círculos.

– Você disse que não corre apenas com os sentimentos de Hakone, que leva algo a mais com você. Eu queria saber o que é – e deu um gole em sua bebida.

Fukutomi passou uma mão pelos fios de cabelo loiro. Um sorriso ameaçou desenhar-se em seus lábios, embora não fosse adiante. Ele deu a nítida impressão de que não esperava tal questão. Mas aproveitou a deixa.

– Aa. Eu disse. Além dos sonhos de todos os meus companheiros de equipe e dos meus sonhos. Além dos sentimentos da Hakone eu carrego mais um sentimento. Algo que comecei a sentir por você.

Shingo engasgou com o refrigerante e teve um acesso de tosse.

– Nani?! – perguntou enquanto passava a mão pelo rosto, tentando secar a face respingada de Bepsi.

– Gosto de você – agora que dera o primeiro passo, tudo ficou mais simples. Fácil, até.

O queixo de Kinjou caiu, demonstrando o quanto estava chocado com a declaração. Milhões de dúvidas bombardearam sua mente ao mesmo tempo. Seria uma pegadinha? Uma piada? Era pra valer? Como o Az da Hakone podia dizer algo tão sério? Se conheciam a cerca de um ano e tinham se encontrado o quê? Uma única vez fora dos circuítos de corrida?! Era possível gostar de alguém com tão pouco, mal o conhecendo?

– Não sei o que dizer – preferiu ser sincero, incapaz de articular algo mais.

Fukutomi sondou as reações do rival, satisfeito com a reação. Esperava no mínimo levar um soco pela confissão ousada. Teve coragem para ir um pouco além.

– Tenho alguma chance?

Kinjou olhou para o rapaz sentado ao seu lado, que o mirava de modo quase ansioso. Não tinha nenhum tipo de preconceito em relação a homossexualidade. Se dois homens se amavam, quem era ele para julgar? Apesar disso, não sentia nada especial pelo Az da Hakone. Não viu alternativa a não ser responder com sinceridade. Fukutomi merecia no mínimo isso, por ter tanta coragem.

– Suman. Eu aprendi a admirar você como ciclista, por ser capaz reconhecer que errou e tentar fazer o certo. Mas não... nada... hn... naquele sentido – Shingo engasgou-se com as palavras. Não era como se estivesse acostumado a receber declarações de outras pessoas. Vivia focado no esporte e nos estudos, sem ter tempo para outras áreas de sua vida. Por um momento humilhante sentiu que seu rosto estava esquentando, enquanto corava de leve. Desejou com todas as suas forças que Fukutomi desviasse os olhos, mas não foi atendido. Aquelas íris perspicazes continuavam exigindo toda sua atenção.

– Esse é um aspecto da minha personalidade – Juichi falou, senhor de si. Soava muito seguro, tomando o controle da situação – Pode me dar uma chance e me conhecer melhor?

Kinjou ajeitou os óculos no rosto, ganhando algum tempo enquanto pensava na resposta.

– Hakone fica em Ashigarashimo. Eu moro em Chiba. Não vejo como isso seria possível.

Só então o Az da equipe rival desviou o rosto e olhou para o céu que nada mais era do que um carpete estrelado. Dessa vez permitiu-se dar mais que a sombra de um sorriso. Seu rosto se iluminou.

– Eu conheci esse cara incrível, sabe? Alguém que nunca desiste. Estou aprendendo a lição, Kinjou. Eu não vou desistir também – terminou de falar ficando em pé – Divide outra Bepsi comigo, ou prefere voltar para a pousada?

O Az da Sohoku também sorriu, balançando a cabeça ao compreender facilmente quem era o tal “cara incrível”.

– Claro, por que não? – aceitou o convite. Não via problema em partilhar mais um pouco da companhia do capitão rival. Mesmo que ele nutrisse um algo a mais por si, ainda o via como um rapaz de valor. Quem sabe um futuro amigo?

– Vou buscar. Por minha conta também.

Shingo pensou em protestar, mas mudou de ideia. Assistiu enquanto o outro se afastava em passos lentos, sem pressa. Nunca imaginaria que o convite do dia anterior seria para isso! Tal pensamento o fez sorrir e lembrar-se de algo.

– No fim das contas era mesmo um encontro! – falou alto para o gêmeo de esporte.

Fukutomi não se voltou. Ao invés disso enfiou uma mão no bolso da calça e acenou com a outra. Respondeu em um tom muito solene:

– Chigau. Não se preocupe, Kinjou. Quando eu te chamar para um encontro, você vai perceber que é um encontro.

Se Shingo estivesse bebendo o refrigerante com certeza teria engasgado de novo. Preferiu não responder ou comentar mais nada. Silêncio pareceu a única saída segura no momento.

Que noite doida!

continua...


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Notas finais do capítulo

Hohoho esse é o começo da corrida pessoal de Juichi, a corrida para conquistar o coração de quem ele ama! Ou melhor, agora começa a “caçada”, Hayato!! kkk

Não é uma fic novela mexicana, não terá plot twist, nem dramático. É simplesmente uma fic casual, do dia a dia.

Até terça-feira!



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