My own race escrita por Kaline Bogard


Capítulo 10
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

O último!

Mas ainda tem o extra :D



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My Own Race

Kaline Bogard

Epílogo

Assim que Juichi desceu do trem notou Shingo parado na estação quase vazia. Era domingo e muito cedo. O dia mal começara. Roupas leves obedeciam aos comandos do clima ameno, com tendência a esquentar. Perfeito para um passeio ao ar livre.

– Yo – cumprimentou aproximando-se.

– Yo. Suman, mas minha mãe nos encheu com uma tonelada de doces – bateu de leve na pequena bolsa térmica que carregava – Mas tem chá verde.

– Não se preocupe.

– Então vamos logo antes que o parque fique lotado.

A intenção era chegar rápido ao parque e escolher um bom lugar. Por sorte ainda não estava lotado. Algumas famílias já se acomodavam, mas havia muito espaço para que os dois rapazes pudessem estender a grande toalha xadrez e sentar.

Longas fileiras de cerejeiras dominavam o cenário belíssimo. Eram meados de abril. O Hanami estava longe de acabar, mas com a nova vida acadêmica era complicado tirar uma manhã inteira de folga para admirar o florescer das lindas flores.

Aquela era uma das festas mais populares do Japão, e atraia turistas de todas as partes do país e oversea. Ali onde estavam, não era o parque mais visitado em Chiba, mas normalmente lotava. Famílias e grupos, uma comemoração barulhenta para celebrar a primavera que estendia suas mãos afáveis, trazendo cores, sons e aromas novos. O ciclo se renovava.

– Como estão as coisas? – Fukutomi perguntou.

– Ah, me sinto um pouco arrependido. Fiz inscrição em oito matérias... sabia que a universidade seria puxada, mas não tanto! Já tenho dez trabalhos marcados. E faremos duas provas por semana até junho – coçou a nuca meio sem jeito.

– Yonan é bem rigorosa. Mas você sabe que pode desistir de duas matérias.

– Eu sou o tipo de homem que nunca desiste! – sorriu – E como é em Meisou?

– O mesmo. Trabalhos e mais trabalhos. Provas todas as semanas. Eu me inscrevi apenas em seis matérias. Quero aproveitar o ciclismo e arrumar um emprego de meio período.

– Uniformes rivais de novo! – Kinjou tirou os óculos do rosto e limpou a lente rapidamente na barra da blusa – Ah, aquele rapaz da Hakone, Arakita, ele está em Yonan também. Nós dois entramos para a equipe de ciclismo.

– Hn. Ele me deu um recado bem enfático essa semana – limpou a garganta antes de falar sério – “Kinjou e eu vamos chutar o traseiro da Meisou nos Regionais”. É a cara dele.

– Arakita tem muita energia...

– Aa. Não se assuste com o jeito dele. E não se encha de esperanças, Hayato está em Meisou. Yonan não terá a mínima chance contra a gente.

Shingo sorriu ao ouvir a provocação velada. Era ótimo saber que podiam competir ainda, durante toda a graduação, representando os uniformes das universidades que cursavam.

– Veremos – suspirou deitando-se na toalha – Veremos.

Juichi o imitou, deitando-se com as duas mãos sobre o tórax, observando o céu azul visível entre as copas das árvores.

– Ouvi falar que a WinterCup de basquete teve um resultado bem surpreendente. Talvez pudéssemos dar uma olhada nos jogos desse ano.

O ex-Az da Hakone balançou a cabeça.

– Tudo bem. Desde que vejamos algumas partidas de vôlei. Dizem que Karasuno tem um jogador gênio.

– Combinado. Ah, e acompanhar os novatos nas corridas também, hum? Esse ano Sohoku com certeza vai ganhar de novo!

– Não fique tão confiante. Temos ótimos novatos para defender o uniforme.

– Pois eu digo o mesmo. Sohoku é a equipe que nunca desiste.

Fukutomi ouviu sem rebater. Com certeza aquele colégio tinha um bom time. No mesmo nível do time da Hakone, cuja reputação nas competições a precedia. Antigos reis que teriam que lutar para retomar a coroa. Uma luta justa.

Tudo bem. O que realmente vale a pena dá trabalho, é conquistado com esforço e suor. Um passo de cada vez.

– Vou procurar um emprego de meio período também – Shingo sorriu.

– Ee? Fazendo oito matérias? Vai entrar em coma desse jeito.

– Provavelmente – respirou fundo – Mas dar conta não é impossível, só cansativo.

– Quero um emprego porque pretendo sair de casa e morar mais perto de Meisou, vou economizar tempo e melhorar a qualidade de vida.

Fukutomi era mesmo o tipo de homem que sempre tem que ter o controle de tudo. Planejava os detalhes e vivia sua vida em função disso. Nunca deixava de impressionar Kinjou.

– Vai ser fácil. A região metropolitana é bem ampla, principalmente na área universitária.

– Foi o que pensei. Começo a procurar semana que vem.

– Se quiser eu te ajudo. Tinha uma tia minha que morava na área, eu conheço bem a região.

– Obrigado.

Um grupo de crianças passou correndo e gritando muito, segurando cata-ventos coloridos. O parque começava a lotar e eles mal tinham se dado conta! Uma família estendera uma toalha à direita deles. Dividiam xícaras de chá entre si.

Um grupo grande de colegiais caminhava com várias bolsas térmicas, pesquisando o melhor lugar para ficar e fazer um piquenique. Havia tanta energia na primavera!!

– Está com fome?

– Ainda não. Não há pressa hoje.

Kinjou concordou. A manhã apenas despontava naquele que prometia ser um dia abafado e tranqüilo.

– Tem razão. Temos muito tempo!

A exclamação de Kinjou, surpreendentemente, trouxe angústia ao coração de Juichi. De repente ele teve um vislumbre do futuro, de toda a vida que tinham pela frente. Tornavam-se adultos, cada vez com mais compromissos, os dias ficavam corridos e curtos por tantas responsabilidades.

Queria dividir toda essa vida com o rapaz ao seu lado. Não apenas como amigos, mas como algo mais. As coisas estavam mudando entre eles? Com certeza! Porém, pela primeira vez desde que se declarara no ano passado, sentiu medo de que realmente não saísse daquela relação apática, morna.

Juichi não era o tipo de pessoa que se rendia aos impulsos. E uma das poucas vezes que agira sem pensar arrependera-se amargamente. E tinha a ver justamente com Kinjou Shingo, como se o rapaz fosse o único na face da Terra que o tirava dos trilhos. Recordava-se com amargura daquele dia, durante uma corrida, em que, impotente, o assistira afastar-se cada vez mais, seguindo em frente sem hesitação. Juichi se viu ficando para trás, longe. Distante.

E em um gesto de puro desespero estendera a mão, agarrando o uniforme do rapaz e impedindo que ele se afastasse. Gesto imprudente que gerara graves conseqüências. Isso mudara seu destino ou isso era o seu destino?

Agora, naquele instante deitado debaixo das cerejeiras, entretido no simples ato de admirar a beleza da vida, foi tomado por igual sensação. Como se ambos estivessem seguindo em frente, cada um em seu caminho. E tudo o que Fukutomi queria era que seguissem conectados. Em frente? Sim, sempre. Todavia, juntos.

Mas para isso precisava alcançar Kinjou outra vez e trazê-lo para perto de si. E, em um gesto desesperado do qual talvez se arrependesse, Juichi se viu movendo a mão pela toalha, até encontrar a mão do outro rapaz e entrelaçar os dedos de ambos.

O tempo parou em suspensão, enquanto aguardava uma reação. Qualquer reação.

E a que recebeu fez seu rosto sempre sério tingir-se de vermelho, por não ser a esperada, apesar de muito desejada.

Um simples apertão.

Extremamente carinhoso.

Fim


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Notas finais do capítulo

Calma! Sem surto! Tenho um capitulo extra pra postar terça-feira onde vai rolar pelo menos um beijinho, né? Não sou tão cruel assim! :D



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