Capítulo Único — Lonely.

Seu único pensamento naquele momento foi correr. Correria feito uma louca pela cidade até que o encontrasse. Na verdade, feito uma desesperada. Tinha que encontrá-lo, nada mais, exceto isso, fazia qualquer sentido. O caminho que escolhia pouco importava, seu pensamento era único, — precisava encontrar Natsu Dragneel. Negava-se a acreditar no conteúdo da carta que havia acabado de ler. Procurou-o por todos os lugares possíveis até que sua energia, por fim, se esgotasse. Não fazia sentido, ele não podia ter ido embora e a deixado daquela forma.

Quando o cansaço já pesava sobre si, e tentava aceitar o próprio desespero, embora não quisesse, ir para casa se tornou a melhor opção. O caminho até sua residência foi silencioso, não sentia a menor vontade de dizer qualquer palavra, só queria chegar em casa e poder encontrar-se com Natsu novamente, embora no fundo, soubesse que isso não aconteceria.

Abriu a porta do pequeno apartamento, fazendo com que seu olhar percorresse todo o local, acabando com a ilusão de que Natsu e Happy estariam jogados em sua cama, dormindo, como sempre. Não estavam lá. O silêncio, pela primeira vez em muito tempo, se tornou algo assustador e solitário. Natsu, que era sua melhor companhia, não estava mais ali. Seus olhos se voltaram para a carta que encontrava-se em cima da mesa. Lucy se sentou no sofá e a pegou, para que pudesse lê-la novamente, tentando eliminar a descrença.

Observou, mais uma vez, cuidadosamente o envelope que continha a carta. Não estava em seu melhor estado possível, mas já era de se esperar. Abriu o pequeno envelope, mais uma vez naquele dia, revelando a carta. A caligrafia desajeitada e desarrumada fez com que, automaticamente, um sorriso se formasse em seus lábios. Era algo típico de Natsu Dragneel. Então, por fim, voltou sua atenção para o conteúdo da carta.

"Happy e eu vamos em uma jornada enquanto treinamos e nós voltaremos por volta de um ano. Então tome conta de todos, certo? Até logo.
Natsu e Happy."

Era irônico. Lucy não havia visto Natsu ou sequer Happy no momento em que escreveram aquela carta, mas conseguia imaginar perfeitamente. Os dois sentados em volta da mesa sem qualquer ideia do que escrever, já que o rosado era péssimo para essas coisas, e Happy era um gato. Conseguia imaginar, também, o menino começar a escrever a carta, sem qualquer cuidado específico e sem pensar em qualquer detalhe em especial, apenas escrevendo a primeira coisa que vinha em sua mente. Era bem a cara de Natsu. Ao final da carta, tinha certeza de que os dois teriam tido uma breve discussão sobre a assinatura dos nomes. Tinha certeza de que Happy havia insistido em assinar a carta, e que o dragon slayer, por sua vez, tinha lutado contra a ideia, já que o gato não sabia escrever. Sobre as duas pequenas manchas no canto esquerdo da carta, tinha certeza que havia sido uma obra conjunta devido a algo que estavam comendo.

Voltou a realidade, tentando esquecer seus pensamentos e, mais uma vez, esperando encontrar Natsu em seu apartamento. Nada, não havia sinal dele ou de Happy. Sentia-se uma idiota por estar esperando tanto por eles. Acreditar naquelas palavras escritas parecia impossível. Sabia que, independente de qualquer coisa, cada passo que desse em Magnólia, teria, mesmo que minimamente, a intenção de encontrá-lo. Ele estava certo, ela tinha que tomar conta de seus amigos, mas também sabia que sentiria falta de vê-los dormindo em sua casa, ou de chegar em seu apartamento e levar um susto ao encontrá-los, ou de simplesmente poder conversar com ele, ter sua companhia. Sabia que se sentiria sozinha em cada dia sem ele, como nunca se sentira anteriormente.