Katy abria os olhos delicadamente enquanto olhava seu pequeno corpinho reagindo novamente. Sorriu vendo-a acordar e olhar em minha direção, mas algo me deixou curioso o jeito como ela me olhou, ela não me reconheceu por um breve instante, era como se aquela não fosse a minha Katy que salvei nas neves. Fosse outra.

Piscando, ela olhou em direção a meu pai que estava sentado aos pés da cama com um livro aberto a espera de Katy acordar. Lyn tinha saído um pouco antes de minha pequena sair.

— Esta bem? — Perguntei vendo-a piscar não entendo por que o velho que adiava ela estava a olhando. — Katy ele apenas quer entrar na sua cabeça, não vai doer nada...

Seus olhos verdes me olharam apavorados, como se eu fosse um traidor, e de certo era. Eu prometi cuida-la e não deixar ninguém nem meu pai se aproximar dela, e agora estava liberando ele a ver seus pensamentos. Senti-me culpado, mas não iria parar.

Não depois da cena de poucas horas atrás.

Eu negava tudo a minha volta dizendo que Katy era apenas uma criança normal que sofrerá, mas a verdade era que estava curioso por saber sobre a frequência de seus pesadelos, e daquele circulo. E deixando meu pai ver em sua cabeça talvez viesse respostas.

— Por que Set? Ele não gosta de mim. — Gritava ela se afastando de meu pai.

Aproximei-me tocando em seu rostinho delicadamente. Forcei um sorriso para tentar explicar que precisávamos disso.

— Katy o que aconteceu lá fora é um mistério, e você é uma das peças. — comecei. — Ele não irá machuca-la nem ver seus pensamentos íntimos, apenas seus sonhos... — Ela fez uma cara de não estar gostando. Suspirei e continuei. — Seus pesadelos.

Ela olhou em direção a meu pai e semicerrou os olhos. Eu gostava quando ela fazia isso. Era uma criança esperta.

— Por favor. — Pedi carinhosamente.

Ela assentiu contando que eu ficasse ao lado dela e ele pararia se ela manda-se. Concordei com suas regras e deixei meu pai dar os próximos passos. A entrada para a cabeça de Katy. O maior mistério.

— Começarei agora. — Disse Victor fazendo Katy assentiu e fechar os olhos.

“As mãos enrugadas do lobo de mais de 3 mil anos tocaram a face da pequena, geladas e ásperas. O mesmo fechou os olhos se concentrando para adentrar a cabeça de Katy.

Ao reabrir os olhos estava à frente de uma porta marrom com detalhes dourados. As portas duplas tinham mais de dois metros de altura. Victor se aproximou da mesma empurrando, sem sucesso. Olhando para trás sua visão só via escuridão.

Um brasão surgiu no meio da porta que Victor reconheceu de imediato. O símbolo do clã Lua branca. Um brasão com uma coroa dourada no centro negro, quatro asas negras em volta e uma espada com pomo era um azul intenso.

— Lua branca... — Sussurrou Victor surpreso e apavorado.

Ele tocou no brasão onde as portas se abriram revelando uma sala escura. O lobo hesitou, mas precisava prosseguir e adentrar aquela escuridão. Assim o fez.

Candelabros se acenderam mostrando um corredor com paredes negras e um tapete vermelho. Seguindo rumo aquele corredor sem fim avistou dois quadros grandes com sua moldura prateada, mas aqueles não eram quadros normais, era de dois pesadelos que Katy teve. Duas peças achadas do quebra cabeça

Victor viu o sonho que katy corria de lobos guerreiros saindo de seus túmulos e a perseguido, a mesma parou onde tinha um caixão e um espelho. Seus olhos se arregalaram quando virão a Deusa dos lua brancas.

— Quem você é?

O outro quadro era outra visão de Katy, onde ela estava na floresta e via um vulto passar, mas isso não era o maior mistério e sim quem estava atrás de Katy, como se a protegesse a humana. A deusa mais poderosa dos lobisomens.

Os quadros se partiram como vidros quebrados enquanto Victor caia em um abismo caindo num chão vermelho. Tochas iluminava o lugar indo em direção a um altar onde tinha um caixão coberto com a imagem do brasão do clã branco, e no trono um homem que sorria. Ele estava muito oculto pelas sombras.

A taça de ouro em sua mão foi jogada em direção a Victor onde caiu em seus pés derramando o conteúdo vermelho; Sangue. Seus olhos verdes esmeralda analisaram o sangue formar palavras, ele se mexia como se estivesse vivo. Seus olhos foram até o homem que apenas via seus olhos vermelhos e logo leu as palavras em hebraico onde seu significado era.

Não entre em qualquer lugar, ressurreições são para ser mantidos em segredos.

Tudo ficou escuro e Victor voltou a cair num abismo que nunca acabava. O mesmo fechou os olhos voltando ao normal. O lobo foi para trás com os olhos arregalados enquanto Katy caia sem consciência nos braços de Set.”

— O que você fez com ela! — Rugi furioso. Katy não gritará, mas não sabia por que ela não estava consciente.

Olhei-a de novo vendo que reagia abrindo os olhos e colocando as mãos delicadas na cabeça. Abracei forte olhando novamente para meu pai.

— Eu sabia que ela não era normal... — Balbuciava ele. — Ela é uma chave, onde a hora de despertar esta chegando.

— O que esta dizendo!

— Sua humana trará a deusa dos lua brancas de volta a vida, e ela é uma das chaves.

— Qual é a outra chave?

— É ele... O príncipe dos lua branca. O lobisomem que esta sendo criado pelos vampiros. — Vi meu pai se levantar ligeiramente e olhar em sua volta. — Ele fez aquele circulo, não ela. Ele esta a observando desde que você a pegou... Ela vai trazê-la de volta... — Ele correu para fora da tenda apavorado.

E sinceramente, eu nunca o vi assim... O que isso significava? Katy era uma humana? Ou uma loba chave? Qual seria seu pequeno destino? A morte?

Olhei-a onde seus olhinhos verdes faziam a simples pergunta. Eu a protegeria?

A resposta era sim. Eu sempre a protegerei.

Katy me abraçou como se tivesse lido minha resposta em minha cabeça, mas na verdade ela sabia a verdade. Ela era minha pequena que eu amava. Eu irei a proteger com a minha vida, mesmo que isso não faça a princesa mais poderosa dos lobisomens renascer, eu não deixarei Katy morrer.

Isso é uma promessa!