Meu Pequeno Amor escrita por FireboltVioleta


Capítulo 3
Brown Hair


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, gentes!
Boa leitura!



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RONY

Eu sentia minha garganta apertar toda hora, enquanto equilibrava em meu colo o peso suave da menininha que dormia em meu ombro.

Meu Deus... como aquilo tinha acontecido?

Embora eu tivesse que confessar que ver Hermione daquele jeito não fosse desagradável, era, mesmo assim, assustador.

E se ela nunca mais voltasse á forma normal?

Mas Oliviene garantira que Kingsley e os demais estariam trabalhando exaustivamente num modo de reverter o acidente... o que tirava um pouco do peso que sufocava meu peito.

Era amedrontador tentar conciliar aquela quase bebê com a garota que, há vinte horas, era minha noiva de dezenove anos.

O mais apavorante era ver que aquele ímpeto se fora.

Aquela paixão avassaladora, aquele carinho conjugal, haviam se extinguido assim que bati os olhos na pequena garotinha adormecida no escritório.

Era impossível sentir emoções assim por uma criança... Hermione era apenas uma criancinha agora...

E se, mesmo que tudo voltasse ao normal, aquilo não voltasse? E se Hermione nunca mais se lembrasse de mim... de nós... de todo que havíamos passado?

Eu ainda estava em choque, por vezes bambeando enquanto andava.

Senti, de repente, o bracinho minúsculo circular meu pescoço, e os dedinhos finos segurarem meu cabelo. Hermione resmungou, adormecida, mas continuou de olhos fechados.

Aquilo me deixou ainda mais sem chão do que já estava...

O afago nos cabelos... a mesma mania da Hermione adulta.

Continuei andando. O tempo estava mudando, com as nuvens cinzentas se aglomerando no céu. Ia começar a chover... e eu nem tinha uma capinha infantil para cobrir Hermione.

Como eu ia explicar isso para Gina e Harry?

E ainda tinha o Malfoy – maldito Malfoy – e a ideia de jerico de Oliviene para que ele também cuidasse dela... na nossa casa.

Se aquele infeliz não estivesse por perto, nada daquilo tinha acontecido.

Não me agradava em nada a ideia daquele louro seboso chegando perto de Hermione. Só não tinha mais raiva ainda dele porque tinha certeza de que Draco não estava mais feliz do que eu com a perspectiva.

Minha nossa... Gina ia dar um piti.

Quando chegamos à Toca, a porta já estava aberta.

Fleur já devia ter dado a notícia a todo mundo. Podia ouvir a voz dela dentro da cozinha, algavariando em um francês tão rápido que eu temia que engasgasse com as próprias palavras.

Entrei, suspendendo o corpinho de Hermione nos braços, para que não batesse a cabecinha no batente.

– Rony!

Como eu esperava, havia quase um comitê me esperando na sala. Papai, mamãe, Gina, Harry e meus irmãos, todos parecendo abismados.

– Oh, meu Deus... é verdade – guinchou mamãe.

– Clare que é verdade – Fleur amarrou a cara para mamãe, tamborilando os dedos na barriga, que já aparecia sob a blusa – eu non disse?

– Estou vendo, mas não estou acreditando – Gina se aproximou, pasma – ela realmente... nossa...

Ela afastou delicadamente os cabelos de Hermione de seu rostinho encolhido, recuando quando o viu.

Hermione se remexeu em meu ombro, gemendo como um gatinho sonolento. Ergueu o corpinho, piscando sonsamente, antes de olhar para mim e bocejar.

– Oi – ela esfregou os olhos, numa cena tão bonitinha que eu tive de sorrir.

– Acordou, foi? – arrumei os cabelos revoltos dela – já chegamos.

Hermione virou a cabeça para frente, arregalando os olhinhos cor de chocolate ao se deparar com os demais.

– Quem são tudo essas pessoas?

Harry pareceu engasgar com algo indefinido. Encarei-o, compreensivo. Devia estar sendo horrível para ele também... ver que Hermione não se lembrava de nós. De nada, aliás.

– Essa é minha família, Hermione – indiquei cada um ali – estes são meus irmãos, essa é a Gina, a minha irmã, a Fleur, meu pai e minha mãe, e esse aqui é o Harry.

Hermione riu.

– Arry. Nome engraçado, moço.

Harry se boquiabriu, surpreso.

– Ela é ainda mais surpreendente que a Hermione adulta – Gina riu, erguendo os braços para Hermione – vem cá, fofinha...

Hermione ficou paralisada, me encarando com o braço encolhido, como se perguntasse se podia ir para o colo daquela menina estranha. Assenti, incentivando-a, e então ela se envergou para frente, na direção dos braços de Gina.

Gina a apanhou, me olhando embasbacada.

– Puxa... você é bem pesadinha. Quantos anos ela tem... agora? – ela acrescentou, tensa.

– Quatro aninhos, moça.

– Gina.

– Gin-na – Hermione repetiu, rindo de novo – Gina – ela olhou para mim, apontando imperiosamente na minha direção – Rony. O Rony é bonzinho.

Não pude impedir meu coração de bater mais forte com aquela cena. O que também me assustou.

Minha nossa... o amor ainda estava lá...

Só não era o mesmo amor.

Era quase uma mistura de carinho fraternal com um amor de pai. Completamente insano... mas era melhor do que não sentir mais nada pela minha miniaturizada ex-noiva.

Gina olhou para mim, humorada, os lábios se mexendo, formando a palavra “pedofilia”.

Ergui o dedo do meio para ela assim que Hermione não estava mais olhando. Mamãe me olhou irritada, mas, talvez devido á presença da inocente menininha, não comentou nada.

– Então... – Gui me olhou assustado – Malfoy vai ficar aqui até Hermione voltar ao normal?

– Como assim? – Hermione colocou as duas mãozinhas na cintura, com uma expressão zangada – eu sou normal!

– Claro que é – riu Harry, afagando a cabecinha diminuta de Hermione. Parecia tão vulnerável aos novos encantos infantis da amiga quanto eu me sentia.

– Sim – resmunguei – Oliviene, por alguma razão desconhecida, achou que seria uma boa Draco cuidar de Hermione junto de nós... se bem que ele não faria mais que a obrigação... a culpa disso tudo ter acontecido é dele.

– Nós vamos ter que organizar um lugar praquele infeliz também? – Gina disse, encarando Hermione mexendo, entretida, em seus cabelos.

– Pois é... e vá por mim, isso não me agrada mais do que você, Um Malfoy dentro da minha casa... era só o que faltava.

– Gina, quero descer – Hermione cutucou Gina, com o cenho franzido. Gina riu, descendo a garotinha para o chão.

De certa forma, o torpor estava diminuindo, sendo substituído pela surpreendente sensação de satisfação, em ver Hermione como ela devia ser quando criança.

Não havia como negar... era uma menininha encantadora, absurdamente inteligente – como era de se esperar – e cheia de uma pureza infantil que simplesmente fazia meu coração saltitar. Era contagiante.

E, no entanto, também era aterrador, quando eu me lembrava com tanta nitidez da Hermione ainda adulta.

Para meu espanto, a garotinha minúscula correu ao meu encontro, com os bracinhos abertos, e, em seguida, finalmente abraçando minhas pernas.

– Rony!! Quero colo, quero colo!

Mamãe e papai riram, parecendo encantados da vida com Hermione. Era impressionante a quantidade de sorrisos que ela estava arrancando de todos, ali em menos de dez minutos de presença na sala.

– Sua traíra, desceu do meu só pra subir no dele! – Gina exclamou, brincalhona.

Encarei minha irmã, chocado. Gina parecia não se dar conta de que estava falando com a versão criança de sua melhor amiga. Na verdade, a minha impressão era de que Gina havia se tonado uma menininha também. Era inevitável perceber o tom de agrado e carinho em sua voz.

– Mas Rony é fofinho pra dormir! – rebateu Hermione, dando um grito de pura alegria quando Gina fingiu avançar nela, se escondendo atrás de mim – Rony, ela quer me pegar!

Todos começaram a rir, assistindo a cena inusitada.

Enquanto fingia salvar Hermione de Gina, pensei comigo mesmo. Era surpreendente a confiança que a Hermione criança tinha em nós... o que me dava esperança de que, mesmo sem nos reconhecer, ela ainda tivesse memórias anuviadas da amizade que tinha com todos ali em sua forma adulta... que soubesse que nunca faríamos nenhum mal á ela.

– Bom, acho que vocês poderão entretê-la mais um pouco, enquanto organizo as coisas lá em cima – minha mãe disse- ainda teremos que arranjar um espaço para o garoto Malfoy, não é?

– OK... me avise quando acabar. Vou mandar uma carta para Oliviene avisando que a doninha pode vir.

Harry riu. Hermione olhou para nós dois, confusa, como se não entendesse nada.

Enquanto mamãe subia as escadas e todos assistiam Hermione ficar puxando a blusa de Gina como se fosse um cabo de guerra, olhei taxativo para Harry, que estava ao meu lado.

– Se aquele nojento encostar um dedo nela para maltrata-la, eu vou mata-lo.

– Acha que eu não sei? – Harry me encarou – o que me intriga é o porquê Oliviene achou que Malfoy seria uma boa babá.

– Não sei – disse, irritado – e grave minhas palavras, Harry... isso ainda vai dar muita merda... espere só e verá...


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Notas finais do capítulo

E aí? Comentários?
Kissus e até o próximo!