Depois de ter contado sobre a peça para Aline e de ter ligado para sua prima também para contar as novidades, deitou em sua cama e ligou seu notebook. Resolveu dar uma olhada em suas redes sociais até que chegou ao Twitter e viu que havia novas mensagens. Ignorou todas as outras e foi direto na que realmente importava, Elídio havia aparecido de novo depois de alguns dias, o que fez Lia sorrir mesmo sem ter aberto a mensagem.

Elídio: Está tudo certo para amanhã? Vou deixar os ingressos separados na bilheteria, quantos você quer?

Pensou no que uma fã responderia e resolveu responder exatamente o contrário, aparentemente, essa estratégia fazia sentido para ela.

Você: O que tem amanhã?

Ela olhou o relógio, 01h07 da madrugada, seria pouco provável que ele estivesse acordado a essa hora, mas em menos de um minuto ela já tinha sua resposta.

Elidio: Um show de strip imperdível. Você não vai se arrepender!

Você: Não tem como recusar um programa desses haha

Um ingresso tá ótimo"

A partir dali a conversa ficou mais dinâmica, ele respondia em frações de segundos não dando tempo dela pensar sobre o que estava acontecendo.

Elidio: Certeza? Se quiser mais um é só pedir.

Você: Não precisa, dessa vez eu vou sozinha mesmo.

Elidio: Então tá, vou deixar seu ingresso na bilheteria e avisar que você vai pegar.

Dessa vez ela demorou para responder, não acreditava no que estava lendo. Mais do que isso, só então começou a ter noção do que estava acontecendo. "Elídio Sanna está, realmente, me convidando pra um espetáculo?!! Se isso for um sonho, não quero acordar".

Lia bloqueou o celular, pensou em não pensar sobre a conversa que acabará de ter, então percebeu que ao pensar em não pensar acabou pensando no que deveria não pensar. Riu de sua própria confusão, abraçou seu travesseiro e em poucos minutos adormeceu.

...

A manhã de quinta-feira passou rápido e quando se deu conta, Lia já estava chegando a Tropeços. Ela estava ansiosa, já tinha formulado centenas de ideias para a peça em criação e queria muito saber a opinião de todos, principalmente a do diretor e a de Pedro, que seria seu par na peça.

Com sorte as ideias da garota foram muito bem aceitas e as primeiras falas começaram a ser criadas. Ela ficou contente por isso, sempre adorou fazer parte do processo de criação, mas não era só por isso que sorria, de noite ela iria ver os meninos e, o melhor de tudo, a pedido do próprio Elídio.

Quando chegou em casa percebeu, como era de rotina, que Aline não estava e o único sinal de movimento era o do furão, bicho de estimação das amigas. Passou direto por ele e foi para seu quarto escolher uma roupa.

...

Ao entrar no Tuca percebeu que não fazia a menor ideia do que falar para a caixa, como chegaria lá e simplesmente pediria um ingresso? Ficou um pouco ansiosa e começou a estralar os dedos. Parou na frente da bilheteria e sorriu para a atendente, que retribuiu o gesto.

— Em que posso ajudar? 

—É... oi... é que eu vim pegar um ingresso para o Improvável que deixaram pra mim. - Ela ficou totalmente desconsertada com a situação.

— E qual é o seu nome?

— Lia.

— Lia? Por um acaso você ganhou um ingresso?

— Sim, ganhei.

— E por que não disse logo menina?- Entregou o ingresso. - Divirta-se! Ah ele pediu para que você seja a última da fila na hora da foto.

Lia agradeceu e foi correndo para a entrada da sala do teatro. Todos já estavam em seus respectivos lugares, mas a luz ainda estava acesa, o que contribuiu para que todos a olhassem enquanto buscava seu lugar.

...

Todos estavam dentro do camarim quando a porta se abriu e Ludmila apareceu.

— Elídio, ela acabou de chegar. - Disse enquanto todos a olhavam.

— Obrigado Lu. - Ele respondeu sorrindo.

Marco esperou ela sair da sala para poder perguntar:

— Ela quem?

— Já já vocês vão ver. Mas vamos subir né?! Está quase na hora. - Todos perceberam que ele mudou de assunto, mas não havia tempo para perguntas.