Barata escrita por Shuu


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Isso foi o resultado de uma crise minha de entomofobia em plena madrugada, torcendo pra minha mãe surgir armada e me salvar. O máximo que ela acabou fazendo foi tacar spray até que eu sufocasse.
Espero que vocês se divirtam tanto com essa fic quanto minha mãe rindo da minha cara - pra surtar logo em seguida por que a desgraçada saiu, tonta, de seu esconderijo.

Boa Leitura ~



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Se tem um bicho nojento no mundo é a barata. A opinião é quase unânime. E não importa se você é o ser humano mais destemido da terra. Quando a desgraçada começar a bater aquelas asinhas nojentas em sua direção, não dou mais que dois segundos para você sair correndo e gritando como as personagens burras dos filmes de terror. É aquela coisa: não existem héteros quando a barata começa a voar.

Infelizmente meu caso é pior. Eu odeio todos os tipos de insetos. Uma provável entomofobia leve, nada muito grave – só o suficiente para que eu mantenha uma distância segura desse tipo de animal e, caso fique muito próxima à um, fique extremamente nervosa. É por essas e outras que eu dedetizo o meu apartamento uma vez por mês. Porém, para o meu desgosto, isso nem sempre resolve. E é justamente quando esses casos isolados de invasão à minha casa ocorrem que eu entro em desespero. Tipo agora.

Eu estava tomando banho, quase pronta para entrar na banheira quando ela apareceu. Seu detestável corpo amarronzado de três centímetros foi terrivelmente multiplicado graças à minha imaginação fértil, transformando-a em um enorme obstáculo entre mim e a saída do banheiro. Assim que ela surgiu, vinda sabe-se lá de onde, eu peguei meu celular e corri para dentro da banheira cheia, afundando de qualquer jeito na água morna, tomando cuidado apenas com o aparelho eletrônico em minhas mãos. Após isso tentei usar o celular. O dedo úmido escorregando sobre a tela de um lado para o outro, passando direto pelos botões. Depois da terceira tentativa consegui desbloquear o telefone e usar a discagem rápida. Precisava de ajuda.

— Neji! — gritei feliz assim que fui atendida.

— Tenten, — sua voz cansada soando extremamente ameaçadora. — pelo que eu me lembre você está apenas à alguns metros de distância de mim... Então porque raio está me ligando? — perguntou-me irritado.

— Venha me ajudar, rápido! — ignorei-o enquanto lançava olhares nervosos para a barata em frente a porta.

— O que houve? Está machucada? — sobressaltou-se, assumindo um tom preocupado que me deixou um pouco aliviada.

— Estou presa no banheiro com uma barata gigante! — expliquei, sem deixar de encarar a dita cuja que continuava imóvel bloqueando a passagem. Do outro lado da linha o ouvi dar um longo suspiro de cansaço.

— Apenas saia daí, Tenten. Prometo que mais tarde me livro dela, está bem?! — tentou negociar e eu podia jurar que ele estava se preparando para dormir de novo.

Não dá! — reiterei chorosa. — Socorro, Neji! — pedi, me desesperando com a ideia de ficar trancada com aquela infeliz.

Pude escutar o barulho das cobertas sendo arrastadas, em seguida sua voz me mandando esperar e o fim da ligação. A partir dali tentei me acalmar. Me lembrei da voz de Neji repetindo para mim todas as vezes em que me via perante algum bicho asqueroso que eles tinham mais medo de mim, que eu deles. Durante um tempo tentei fazer disso o meu mantra, mas foi um completo fracasso. Em compensação agora, talvez, servisse para me acalmar.

— Estou entrando, Tenten. — o timbre masculino me encheu os ouvidos tanto quanto me encheu de felicidade. Me veria livre daquela barata ordinária. No entanto meus olhos se arregalaram assim que eu me lembrei de onde ela estava: bem na entrada.

— Neji espera! — tentei gritar, mas foi tarde demais.

Ele abriu a porta de supetão e, com o movimento brusco, meu pior pesadelo entrou em cena: a barata estava voando. Desesperada saltei para fora da banheira, agarrando a toalha no processo enquanto corria para fora do cômodo aos tropeços com lágrimas nos olhos. Aproveitando que eu saí do banheiro, Neji entrou. Armado com uma sandália rosa e trajando uma cueca boxer cinza, ele tentava acertar a barata que voava aleatoriamente para lá e para cá ao seu redor. Com medo, me encolhi próxima à porta vendo a cena. Se fosse em outra situação eu já estaria rolando de rir, mas naquele momento eu só torcia para que ele acertasse aquela maldita de uma vez por todas.

Depois de ver meu namorado sendo driblado por um inseto asqueroso durante cinco minutos uma ideia me veio à cabeça. Desajeitadamente corri para o quarto, escorregando um pouco devido aos pés ainda molhados, para pegar meu inseticida em lata. Eu sempre tinha um no quarto para momentos como esse e não foi difícil acha-lo aos pés da cama. Agarrei-o e voltei para o banheiro aonde Neji ainda lutava com a barata. Reuni coragem e invadi o lugar empunhando o spray contra insetos e apertei o botão com força, despejando mais do que o necessário na barata.

O animal tombou debilmente no chão e, não satisfeita, eu lhe espirrei mais um pouco do produto. Por fim Neji a esmagou e reuniu seus restos mortais (completamente nojentos) com um pedaço de papel higiênico e deu descarga. Quando eu finalmente pude respirar aliviada, me joguei chorosa, e completamente agradecida, nos braços dele.

— Obrigada, Neji! Eu pensei que fosse morrer! — dramatizei, abraçando-o.

— Eu sei que você tem medo, mas não precisa exagerar. Aquela quantidade de veneno que você usou aqui quase me matou! — reclamou, retribuindo o gesto.

— De qualquer forma, muito obrigada! — fiquei na ponta dos pés e lhe dei um beijo estalado nos lábios.

— Certo, certo... — fez-me um carinho na cabeça e bocejou. — Agora limpe isso tudo e volte para cama da qual, aliás, não sei porque saiu. — resmungou voltando para o quarto.

— Eu estava com calor! — justifiquei-me, botando a cabeça para fora do banheiro, seguindo-o com os olhos.

— Estou te esperando. — disse por fim desaparecendo em uma das portas.

Então eu me voltei para o banheiro e uma expressão de incredulidade se apossou do meu rosto. O cômodo estava uma bagunça! Completamente molhado e cheio de sabão. Eu teria muito trabalho para limpar aquilo sozinha.

— Hey, Neji... — chamei-o — Não quer me ajudar com isso não? — gritei, sem obter resposta. — Podemos tomar banho juntos, o que acha? — acrescentei, sorrindo para mim mesma.

Esperei alguns segundos e a figura masculina surgiu novamente na porta do banheiro. Havia conseguido barganhar com Neji novamente.

— Você é terrível! — comentou com um sorriso malicioso.

Me limitei à soltar uma gargalhada e me pendurar em seu pescoço. Até parece que uma barata iria estragar meu dia.

Do lado de fora do apartamento um novo inseto subia pela saída de emergência e, ao passar em frente à porta de um apartamento, correu de volta para as escadas escuras. Pelo visto haviam passado inseticida recentemente por ali.


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Notas finais do capítulo

Entomofobia é medo de inseto, também podendo ser chamada de "Insetofobia"
Quanto a parte dela entrar na banheira depois de tomar banho, é a questão do banho oriental. Onde eles se lavam fora da banheira pra depois entrar nela.

Gente, sério. Eu imaginei o Neji com aquelas havainas pink, super femininas, tentando matar a barata e eu rolei de rir. Oh god.

Espero que tenham gostado ♥

Aguardo vocês nos comentários, hein?! ;3

Até a próxima~~



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