A.l.é.x.i.a escrita por Gwen Stacy Parker


Capítulo 13
Dreams


Notas iniciais do capítulo

Oi, voltamos!
Bom, é isso... espero que estejam gostando e tals... não sei o que comentar aqui skdjsadna só que enfim, a história vai começar e eu estou vibrando! Vai ficar muito bom! Prestem atenção em tudo, ok? Tudo é muito importante.
Tchauzinho! Espero que aproveitem!



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—Hospital, 2035. Nova Iorque-

 

—Zachary-

Assim que a menina fechou os olhos, coloquei o pequeno anel de plástico rosa na palma da minha mão direita e fechei-a, fazendo o mesmo com a mão esquerda mas deixando esta vazia.
—Pronto, pode abrir- falei para May e ela abriu os olhos verdes, sorrindo para mim. Eu só a havia visto uma vez, no chá de bebê da Natália, mas ela tinha sete anos e só sabia ficar enfiada no meio das pernas da tia Gwen.
Fitei May analisar atentamente as minhas duas mãos, colocando um dos dedos finos e pequenos sobre minha mão direita.
—Está nessa... Aqui- a menina afirmou com convicção, voltando a olhar para mim. Sorri e abri a mão que ela havia indicado, revelando seu anel rosa.
—Acertou de novo! Já está quatro a um!- falei com os olhos arregalados, arrancando uma risada gostosa da menina.
Tia Gwen, que segurava May sentada na cadeira da ponta, também riu, passando os dedos pelos cabelos castanhos da filha.
—Viu, mamãe?! Eu estou ganhando do Zach!- May falou afoita, virando o tronco para encarar a mãe, que sorriu.
—Vi sim, querida, está de parabéns- tia Gwen falou terna, dando um beijo singelo na bochecha da filha.
No mesmo instante em que May entregou-me o anel para uma nova rodada, seu pai apareceu ao meu lado, com feições estranhamente intrigadas. Diferente de May, eu já havia estado com tio Peter e tia Gwen várias vezes antes, podendo assim chamá-los de "tios".
—Vou à lanchonete buscar algo para jantarmos- ele começou, fazendo-me levantar do chão para ficar frente a frente com ele... Uma questão de respeito- O que querem?
—Qualquer lanche de frango, amor- tia Gwen falou, encarando o moreno- E você, May?
—Posso ir com você, papai?- May questionou, encarando tio Peter ansiosa. Ninguém conseguiria dizer não.
—Claro, querida- tio Peter respondeu e então a menina pulou do colo da loira, parando em minha frente- Quer alguma coisa, Zachary?
—Não, obrigado, tio Peter- agradeci e ele sorriu, desviando o olhar para May, que olhou para mim.
—Depois a gente continua, Zach!- falou e sorriu, dando alguns pulinhos até o pai e dando a mão à ele. Entreguei o anel de volta a ela, que sorriu novamente e acenou. Logo os dois saíram de vista, acompanhados de Reed Richards, tio Pietro e tio Bruce.
—Você leva jeito com crianças- tia Gwen observou, chamando minha atenção- Bastante, até.
—Obrigado, tia Gwen- respondi simplesmente, lançando-lhe um sorriso.
Foi só ficar alguns segundos em silêncio e então Scarlett voltou à minha cabeça. A imagem da morena caída, no meio de estilhaços e sangue fazia-me arrepiar da cabeça aos pés. Não que eu fosse alguém que estava sempre com ela, que a conhecia perfeitamente bem, mas já nos conhecíamos há alguns anos, o suficiente para eu saber que, por dentro, Scarlett era uma pessoa frágil. E essa era a única razão para eu estar apreensivo.
Eu acreditava que fosse a única...
—Vocês dois já se conheciam, certo?- ela questionou e eu voltei a encara-la- Scarlett e você.
—Ah, sim... Há alguns anos, aliás- informei, levando-a a concordar com a cabeça.
—Não sei se sabe, mas Peter e eu somos os padrinhos da Scar- ela começou, e eu pude ver seu olhos ficarem mais brilhantes- Quando ela nasceu, tinha o tamanho do meu antebraço- falou e riu, levando-me a rir também. Não conseguia imaginar Scarlett tão pequena- Me lembro de quando ela abriu os olhos pela primeira vez... Estava nos meus braços, fui a primeira pessoa que ela viu na vida- foi então que uma lágrima solitária desceu por sua bochecha esquerda- Eu não tinha mais que vinte e poucos anos, e desde então me apeguei demais à ela! Quando soube que seria a madrinha eu... Eu... Nossa, como fiquei feliz!- tia Gwen parecia reviver o momento a cada palavra, o que a fazia querer chorar ainda mais- E então ela cresceu, foi ficando mais linda a cada dia e tornou-se essa garota que todos conhecem hoje- assim que parou de falar, a loira esboçou um sorriso, encarando a entrada da UTI com os olhos úmidos- Scarlett é uma garota especial, Zachary... Espero que um dia possa descobrir isso.
Tentei responder alguma coisa, mas nada saiu. Era como se, pensar em Scarlett, fizesse todos os meus sentidos se desligarem e ela fosse a única coisa que importava. Eu me sentia estranhamente conectado a ela, e essa foi a razão para eu ter insistido em vir para o hospital.
Mas, no fundo, aquilo não fazia sentido. Scarlett, há três anos atrás, era como qualquer outra pessoa para mim, e agora...
—É Zachary, certo?- escutei uma voz chamar-me e então virei a cabeça na direção do som, batendo os olhos no namorado de Scarlett, Noah.
—Sim- respondi simples, assistindo-o levantar de sua cadeira e cedê-la para Valéria Richards, que agradeceu-o com um sorriso.
—Conhece a Scar há muito tempo?- ele questionou parando na minha frente. Balancei a cabeça positivamente, tentando ignorar o fato de que, provavelmente, Scarlett nunca havia falado sobre mim para Noah. Mas por que isso importava afinal?
—Há uns dez anos- coloquei, fazendo-o arregalar os olhos como se parecesse surpreso. Algo vindo de Noah me fazia sentir como se eu o conhecesse, mas eu tinha certeza de que era algo puramente psicológico... Eu sempre pensava que conhecia as pessoas.
—Só a conheço há um ano e dois meses, mas é como se nos conhecêssemos de outros tempos- ele deu uma pausa, fixando o olhar em tia Natasha e logo voltando-o para mim, com atenção. Só assim pude perceber que seus olhos estavam um pouco vermelhos- Acredita em destino, Zachary?
—Ahn...- soltei indeciso, realmente pensando sobre a pergunta- Não sei.
—Essa também era minha resposta antes de conhecer Scarlett- Noah contou, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans- Mas então percebi que o destino realmente existe, e que está sempre do nosso lado... Afinal, você constrói seu próprio destino.
Por alguns segundos, permaneci calado. No fundo, as palavras de Noah faziam sentido. Destino é algo próprio, cada um tem o seu, apesar de alguns se cruzarem em alguns momentos, mas ainda assim não deixa de ser algo pessoal demais para sofrer interferências de terceiros. No final, cada um tem a sua vida, independente de qualquer coisa.
—Tem razão- concordei baixo, fazendo-o sorrir de canto e balançar a cabeça.
Pelo canto do olho, observei tia Pepper sair por duas portas brancas, adentrando o corredor em milésimos. Eu tinha que falar com ela- Com licença, Noah, tenho que ir falar com a...
—Senhora Stark, eu sei- ele completou minha frase, retirando uma das mãos do bolso para gesticular- Tudo bem, até mais.
—Até- soltei de volta, virando-me de costas e começando a andar na direção da ruiva, que caminhava cabisbaixa em direção à mim e aos outros.
—Zachary- ouvi Noah chamar-me, e então virei meu tronco em sua direção- Você é idêntico ao seu pai.
Somente sorri para ele, tomando a comparação como um elogio. Ser idêntico a Thor Odinson era bom, certo?
Fora que seria uma injustiça contra meu pai se Hilary fosse filha única. Ela era idêntica à minha mãe, sem tirar nem pôr.
Assim que tia Pepper levantou a cabeça, seus olhos caíram em mim, e ela esboçou um fraco sorriso de canto. Apertei o passo e assim que alcancei-a, não pude deixar de reparar em suas feições. Estavam melhores, com certeza, mas certamente ainda não estavam positivas.
Percebendo que eu ainda processava alguma ideia, ela passou as mãos pelos cabelos ruivos e soltos, soltando um suspiro.
—Ela está melhor- tranquilizou-me de imediato, fazendo com que eu relaxasse os ombros- Saiu da UTI há um tempo, mas só agora pode receber visitas.
—Isso é ótimo e...- comecei a falar mas então percebi que havia algo. Alguma coisa que ela havia omitido- O que foi, tia?
—Ela está em coma, Zach- tia Pepper contou, entrelaçando os dedos sobre o colo- E ficará assim por pelo menos um semana.
Pela primeira vez na minha vida, fiquei realmente sem palavras. Uma semana podia parecer pouco tempo, mas não para assistir uma pessoa inerte, sem reação. Ainda mais Scarlett, que nunca ficava sem reação.
—Mas ela não corre mais perigo, certo?- questionei esperançoso, tentando enxergar os pontos positivos da situação. Eram poucos, mas existiam.
—Graças a Deus, não- tia Pepper sorriu, balançando a cabeça- Aliás, graças à Aléxia...
—Aléxia?- questionei confuso,

estreitando os olhos. Automaticamente lembrei-me da loira caminhando com um curativo no braço, e somente uma coisa me veio à mente: Fênix. Eu podia não conhecer Aléxia muito bem, mas já sabia sobre a Fênix há um tempo.
—Longa história- a ruiva soltou em meio à um suspiro, desviando o olhar para as cadeiras, onde heróis e seus filhos revezavam para sentar- Vou perguntar se alguém quer entrar para vê-la...
Assim que tia Pepper sorriu para mim e começou a andar em direção às cadeiras, prontamente a segui, andando uns dois passos atrás. Meus pensamentos vagavam entre Scarlett e Hilary. Minha irmã nunca fora a melhor lidando com situações delicadas, e me surpreendi quando ela resolveu que viria ao hospital ao invés de ficar na Torre.
Logo que Sue Richards nos viu, ela veio em nossa direção, jogando os braços ao redor de tia Pepper e abraçando-a com força.
Me afastei das duas lentamente, indo sentar na cadeira vaga ao lado da que minha mãe estava sentada. Assim que percebeu minha presença, ela pegou em minha mão, apertando-a forte. Jane Foster sempre fora extremamente carinhosa conosco.
—Tudo bem?- ela questionou baixo, para somente eu ouvir, grudando seus olhos castanhos nos meus.
—Sim- respondi sincero, dando um beijo em sua bochecha.
Mamãe abriu a boca para falar algo, mas foi interrompida por um pigarro baixo vindo de tia Pepper, que agora estava entre Sue e Robert.
—Scarlett está melhor- ela começou, arrancando suspiros aliviados de todos- Ela saiu da UTI e foi para um quarto, mas ficará em coma por tempo indefinido.
Tia Pepper falou rápido, sem encarar ninguém em especial, como se falar aquilo doesse fisicamente.
—Ela já pode receber visitas?- tio Peter questionou, e só então notei que ele, May, tio Pietro, tio Bruce e Reed haviam acabado de voltar da lanchonete.
—Sim, é exatamente por isso que vim- a ruiva esboçou um sorriso leve- Pensei que você e Gwen quisessem ser os primeiros.
—Claro, claro- tia apressou-se em concordar, desviando o olhar de tia Pepper para May, que encarou os pais com atenção.
—Pode ir, mamãe, eu fico com o Zach- assim que terminou de falar, May correu em minha direção, retirando o anel rosa do dedo indicador e deixando-o na palma da mão.
Tia Gwen não contestou, e somente foi até tia Pepper com tio Peter em seu encalço. Era bom saber que eu tinha a confiança das pessoas.
Aos poucos os três sumiram de vista, fazendo-me focar somente em May. Talvez assim eu conseguisse aliviar um pouco da tensão que ainda tomava conta de mim.
—Vão brincar de quê?- escutei minha mãe questionar à May, que levantou a cabeça e encarou-a.
—A brincadeira não tem um nome, mas a gente esconde o anel em uma das mãos e o outro tem que adivinhar em qual delas está- a garota explicou para minha mãe, que balançou a cabeça positivamente- Quer jogar também? Podemos começar tudo de novo.
—Bom, então eu quero!- minha mãe falou sorrindo. Levantei-me da cadeira cedendo-a para May, que esboçou um sorriso feliz antes de encarar minha mãe com os olhos semicerrados.
—Seu nome é Jane, não é?- May questionou tombando a cabeça, arrancando uma risada da minha mãe.
—Sim... Sou a mãe do Zach- minha mãe falou, apontando para mim com a cabeça. May alternou o olhar entre nós dois e balançou a cabeça.
—Entendi- soltou pensativa, balançando as pernas- Vamos começar?
—Claro- exclamei batendo as mãos, esfregando-as como se me preparasse para uma prova, arrancando uma risada alta de May- Não me humilhe dessa vez, hein!

—Aléxia-

O lugar onde eu estava, com toda certeza, era o mais belo que já tinha visto. O céu de um azul tão vívido contrastava perfeitamente com as construções altas e de um dourado que eu arriscaria chamar de ouro. Tudo em um estilo clássico e harmônico, como se aqui habitassem os deuses.
Mas o que chamou-me mais a atenção foi uma passarela, uma enorme placa colorida que unia o lugar onde eu estava à... Torre dos Vingadores?! De onde ela tinha surgido?
Estava preparada para atravessar a ponte quando senti minha blusa ser agarrada por trás. Instintivamente virei-me na direção do puxão, dando de cara com uma menina de, no máximo, cinco anos.
—Ahn... Oi?- arrisquei um cumprimento, fazendo a criança fitar-me atentamente.
Ficamos nos encarando por alguns segundos e então pude perceber que sua imagem não era absolutamente nítida para mim. A única coisa que podia dizer sobre ela é que, com certeza, não tinha olhos claros.
Abri a boca para tentar dizer algo, mas fui prontamente interrompida pelo olhar assustado dela, que começou a apontar freneticamente para atrás de mim, onde eu havia visto a Torre, provavelmente gritando. Não havia som, somente seus lábios se mexiam como se gritasse "irmão".
Virei-me em um impulso e então a Torre havia sumido, dando lugar à um terreno baldio e cheio de escombros, com um ar tenebroso. Antes de pensar em aproximar-me, os escombros começaram a se mexer, revelando um garoto assustado que saía de dentro do que, um dia, deve ter sido um elevador. Só conseguia ver sua sombra, pequena e desnorteada. Era o irmão da garota.
Na esperança de querer saber o que estava acontecendo e onde eu estava, virei meu tronco para a menina de novo que, como num passe de mágica, havia sumido, deixando somente um papel no chão. Abaixei-me para pegar, mas fui impulsionada para trás com força, caindo um pouco longe de onde o papel estava.
Foi então que uma silhueta formou-se em minha frente, carregando consigo um brilho verde. Aos poucos tudo foi ficando cinza. O céu, as construções, a ponte...
Fechei meus olhos na esperança de que fosse tudo um sonho, mas então, quando abri-os novamente, o homem estava nítido, parado em minha frente com um sorriso macabro nos lábios.
Ele era exatamente como um homem que tio Tony havia descrito para nós. Só podia ser ele...
O homem-rena.
—Aléxia?- escutei minha mãe me chamar, colocando a mão em meu ombro direito e me chacoalhando de leve. Abri os olhos em um rompante, sentindo meu corpo desgrudar-se da cadeira.
Olhei em volta e constatei que ainda estava no hospital... Ainda bem que fora só um sonho.
—O que foi, mãe?- questionei em voz baixa, assistindo-a analisar meu rosto com atenção.
—Nada, é só que... Você pegou no sono, e esperei todos irem embora para te acordar- ela contou, fazendo-me assentir com a cabeça. Realmente, minha mãe e eu éramos as únicas na sala de espera do hospital- Scarlett saiu da UTI e já pode receber visitas.
—Isso é bom- falo um pouco absorta, levemente tonta por causa do sonho. Será que ele significava alguma coisa, assim como o outro?- Posso entrar para vê-la?
—Claro- recebo uma resposta, mas ela não vem da minha mãe, e sim de tio Tony, que aparece pelo corredor.
—Pensei que não fosse sair de lá- minha mãe falou, fazendo-o parar em frente à nós e colocar as mãos nos bolsos.
—A Pepper queria ficar lá- ele começou, e não pude deixar de perceber que eles ainda não tinham se resolvido- Então saí pra que ela pudesse ficar.
—Ah, sim...- minha mãe pigarreou, provavelmente notando o mesmo que eu- Aléxia já pode entrar?
—Bom- tio Tony começou, encostando-se na parede atrás de si- O Ladrão de Cortinas Júnior ainda está lá, mas é melhor que entre, assim ele sai de uma vez.
Não pude me segurar e soltei uma risada baixa, sendo acompanhada por minha mãe, que balançou a cabeça negativamente. Agora que Scarlett estava fora de perigo, tio Tony havia voltado a ser ele mesmo, mas como Natasha Romanoff diz: é bom saber que Tony Stark tem sentimentos.
—É no final do corredor, terceiro andar, número 309- minha mãe orientou-me, colocando as mãos em meus ombros- Não fique nervosa.
—Não ficarei- "já estou" acrescentei mentalmente, lançando um sorriso para minha mãe e um para tio Tony, que fez um "joinha" com a mão direita.
Assim que virei-me de costas para os dois e comecei a andar pelo extenso corredor, coloquei minha mente em busca de um sentido naquele sonho.
Um lugar místico, duas crianças sozinhas e um homem-rena conhecido dos Vingadores. Como aquilo podia fazer sentido?
Eu tinha algumas peças do quebra-cabeça, mas não sabia nem por onde começar. Sentia que esse sonho e o anterior tinham ligação, mas eu sequer imaginava de que forma eu poderia uni-los para chegar emqualquer resposta. Eu não estaria tão preocupada com esses sonhos se um pedaço de um deles não tivesse se concretizado na minha frente.
Robert e Scarlett desolados e tio Thor tentando ajudar, dizendo que ficaria tudo bem. Inicialmente nada daquilo tinha sentido, mas então, quando tudo aconteceu, o sonho pareceu mais como um aviso do que como uma visão. Eu sabia que todas as coisas estranhas que aconteciam comigo eram obras da Fênix, mas ela me avisar sobre algo? Ah... Com certeza alguma coisa não se encaixava ali.
Mas, se aquela parte do sonho havia sido a primeira a se concretizar, eu precisava buscar em minha mente a que, talvez, fosse a próxima.
Comecei a revirar todas as imagens de antes do incidente com Scarlett, buscando a que mais se encaixava na situação atual, mas fracassei. Era como se existisse uma dualidade independente dentro de mim: enquanto eu precisava decifrar meus sonhos, minha mente parecia rejeitar isso.
Balancei a cabeça a fim de tentar esquecer o assunto, por pelo menos alguns minutos, quando enfim percebi que estava na porta do quarto 309, onde tinha uma placa embaixo: coma induzido, risco de infecção.
Levantei meu punho para bater na porta quando a mesma foi aberta lentamente, revelando um Robert de olhos cansados e postura relaxada.
—Alex- ele soltou surpreso, abrindo a porta um pouco mais. Assim que ouvi-lo me chamar pelo apelido, relaxei meus ombros, sentindo-me aliviada. Sinceramente, eu não esperava um perdão rápido e muito menos gratidão, só esperava que pudesse trazer a Scarlett que todos conhecíamos de volta.
—Rob- sorri para ele, fixando meus olhos nos seus- Eu posso entrar?
—Ahn... Claro- Robert balançou a cabeça e abriu espaço para mim, estendendo o braço para o interior do quarto.
Entrei a passos curtos e lentos, tentando decidir como agiria, mas era bobagem. Eu já havia tentado fazer isso na UTI e fora em vão, logo não tenho dúvidas de que aqui será igual.
Assim que percebo estar totalmente dentro do quarto, fito tia Pepper sentada no sofá. Quando seus olhos me encontram, ela lança-me um sorriso, levantando no mesmo instante.
—Fico feliz que tenha vindo- a ruiva fala sincera, puxando-me para um abraço caloroso. Estar com tia Pepper era como estar com um membro da família. Ela fazia qualquer um se acalmar, e talvez seja por isso que tio Tony e ela sejam perfeitos juntos: um completa o outro, cada um de sua forma.
—Eu precisava vir- coloco, sentindo-a afastar-se de mim. Olho atentamente para suas feições e percebo que elas estão bem melhores do que antes.
—Preciso ligar para Wanda e saber se está tudo bem com a Natália- tia Pepper nos avisa, alternando o olhar entre Robert e eu- Qualquer coisa... Bom, sabem o que fazer.
—Sabemos, mãe- Robert responde, dando um beijo rápido na bochecha da mãe antes dela sair pela porta, deixando o quarto em um quase silêncio cortante.
Sem saber o que falar para Robert, viro-me na direção da cama, batendo os olhos em Zachary, que estava sentado em uma cadeira do lado direito da cama, brincando com uma mecha do cabelo de Scarlett.
Começo a me aproximar dos dois e então, quando chego na beira da cama, vejo Zachary soltar o cabelo de Scarlett e pegar em sua mão, entrelaçando seus dedos rapidamente. Como num flash, uma cena do primeiro sonho invade minha memória com força, fazendo-me agarrar na cama. Como se não bastasse, todas as outras partes de ambos os sonhos começam a se embaralhar em minha mente, causando-me calafrios.
Coloco as mãos na cabeça como se aquilo fosse um subterfúgio, mas então, como se minha própria mente tivesse atendido aos meus pedidos, tudo que me rondava havia tornado-se uma coisa só, uma única cena, sem cor, sem som, sem emoções.
De pé no meio do nada, eu fitava Steve Rogers caído aos meus pés, com seu escudo rachado ao meio sobre seu corpo inerte e seus dedos entrelaçados aos de um segundo corpo, o de um garota loira que rapidamente reconheci como sendo... Eu.

—Terceira Pessoa-

A morena contemplava a bela visão que tinha da Torre dos Vingadores como se fosse a última vez que a veria ali. Conforme seu olhar ia subindo pelo suntuoso edifício, um sorriso aberto ia formando-se em seus lábios avermelhados. Ela estava ali por um propósito, tinha uma missão e iria cumpri-la a qualquer custo.
Tirou do bolso o bracelete prateado que um dia pertencera à sua mentora e deixou que seu sorriso se transformasse em algo perverso, de modo que qualquer um que a visse tremeria da cabeça aos pés.
Somente um pensamento rondava sua cabeça e a deixava sem dormir há dias, desde que unira-se aos aliados mais poderosos que alguém poderia ter:
"Eles sentirão a mesma dor que eu senti... Eu vou vinga-la, nem que isso custe a minha própria vida."




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Notas finais do capítulo

Eaí? Falem- nos os seus palpites! Ai, estou tão animada!! Bom, eu e a Scar estamos. É isso! Bye!