Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio escrita por Bibiana CD


Capítulo 45
Uma longa espera...


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Demorei um pouco mais para postar este capítulo porque estava reescrevêndo os primeiros capítulos da fic! Eles estava muito pequeno, sério Tinha capítulo de duzentas palavras...
Bem, espero que gostem do capítulo!



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O silêncio era mortal na sala de espera do hospital. Este era quebrado apenas por breves soluços de Samantha que parecia ao máximo tentar segurar o choro. A sala de espera era um lugar estranho, todo branco como grande parte do hospital. Os sofás eram de um cinza chumbo, uma mesinha de canto tinha revistas velhas que muito provavelmente ninguém pararia para ler. Sala de espera. Todos esperávamos, por qualquer coisa que fosse. Informações, noticias, consolo ou apenas um jeito de se reconfortar com aquela situação incomoda.

Olhei em volta. Samantha estava sentada no outro sofá, encolhida contra ela. Na outra poltrona Bruno olhava para os próprios pés. As duas irmãs, Betina e Ana Clara seguravam uma a mão da outra, como se orassem. Ao meu lado estava Joanne, seus olhos encaravam fixamente a parede branca em frente, sua expressão era impassível, mas seus olhos revelavam o quão preocupada ela realmente estava.

Até que o Doutor Donavan chegou, com meu pai ao seu lado. Assim que os vi levantei, Samantha fez o mesmo.

-O que aconteceu com ela? –A mulher perguntou antes que eu pudesse sequer pronunciar uma sílaba que fosse.

-Ela estava desmaiada por causa da grande quantidade de remédios que ingeriu. Analgésicos em sua maioria. Não podemos ter certeza se foi consciente ou inconsciente que ela fez isto. Conseguimos fazer com que ela melhorasse, mas não sabemos se a melhora será definitiva. Tudo depende de como o corpo dela reagir ao nosso tratamento. Por enquanto ela ficará em estado de observação.

Samantha olhou para o meu pai e eu também, de certa forma saber o que ela achava era melhor do que a de um médico qualquer desconhecido. Ele sorriu, ostentando sua calma habitual.

-Está tudo bem, tendo em vista o que poderia ter acontecido. Poderia ter sido pior, se Samantha tivesse a encontrado mais tarde ou se ela tivesse ingerido mais remédios. Mas isto não quer dizer que ela está bem. É importante que agora ela fique no hospital, até termos absoluta certeza de que tudo está bem.

-Posso vê-la? –Samantha perguntou, mais ansiosa do que eu jamais a havia visto.

-Claro, mas ela está dormindo e seria bom se continuasse assim.

Os dois entraram para o quarto. Depois de um tempo meu pai saiu, ele veio até mim e Anne e falou que podíamos entrar se quiséssemos. Em passos lentos fui até a porta, Joanne comigo. Abri a porta devagar.

Era estranho ver Camila naquela cama de hospital. Sua pele estava pálida e eu quase não consegui perceber sua respiração. As palavras de meu pai vieram a minha mente “Poderia ter sido pior, se Samantha tivesse a encontrado mais tarde ou se ela tivesse ingerido mais remédios. Mas isto não quer dizer que ela está bem.”

Eu só queria entender o que a levou a fazer isso. Que motivo poderia ter a levado a tomar todos estes remédios. Teria mesmo sido uma tentativa de suicídio, como disse o médico que cuidava dela, ou apenas ela estava com algum tipo de dor e acabou por tomar remédios demais?

O primeiro pensamento me fez estremecer. Não poderia ser verdade, eu me negava a acreditar nesta teoria.

Samantha estava sentada na cadeira ao lado da cama, ela segurava a mão direita da filha entre suas próprias mãos. Ao ouvir Joanne fechar a porta ela se virou, seus olhos transpareciam o medo e a dor que sentia. Mesmo assim ela forçou um sorriso, não muito convincente, para nós dois.

-Ela ficará bem.- Sua voz não passava de um sussurro que seria inaudível não fosse o silêncio velado do lugar.

-Claro que sim. –Falei com uma confiança que não sentia.

Olhei mais uma vez para a garota deitada na cama com lençóis azuis claros. Seus cabelos castanhos se espalhavam em cachos pelo travesseiro. Seus olhos estavam fechados e sua boca entre aberta. De certa forma eu me sentia culpado pelo que tinha lhe acontecido. Quem sabe se eu tivesse sido menos rude com ela isto não estivesse acontecendo agora. Quem sabe ela não estaria agora em um quarto de hospital, e quem sabe nada disto teria ocorrido.

Senti de repente como se o ar de dentro do pequeno quarto branco estivesse ficando pesado, como se todo o oxigênio estivesse sido expulso me deixando apenas com aquela horrível ânsia de vômito.

Sai daquele lugar o mais rápido que pude. Tudo aquilo estava me deixando doente. Continuei andando corredor afora, passei pela sala de espera onde vi rostos conhecidos, mas apenas continuei andando. Andei até chegar em uma sala onde uma janela aberta refrescava o ambiente.

Encostei minha testa contra o vidro gelado da janela. Fechei os olhos enquanto um calafrio transpassava meu corpo. Meus músculos estavam tensos e minhas mãos em punhos. Minha mente dava volta de 360º, enquanto a culpa e o medo tomavam meu cérebro.

Senti então um leve toque no meu ombro, quase imperceptível. Abri meus olhos e dei de frente com a garota de cabelos negros e olhos azuis esverdeados, aqueles que agora me olhavam com preocupação crescente.

-Calma, relaxa. No final tudo dá certo.- Sua voz doce por si só já me acalmou, respirei fundo algumas vezes antes de conseguir ficar mais relaxado. – Quer que eu busque algo para você comer?

A simples menção de comida meu estomago deu uma volta, se contorcendo em um nó estranho. Minha boca ficou com gosto de bílis, me deixando enjoado.

-Não estou com fome.

Sentei-me então contra a parede a parede, no chão mesmo. Estava me sentindo sufocado e o frio do local parecia, de certa forma, aliviar esta sensação.

Joanne se sentou ao meu lado e depois aninhou sua cabeça em meu peito. Comecei a passar meus dedos entre seus cabelos maciez e perfumados. Isto, mais do que qualquer coisa me acalmava.

Poucas pessoas passavam por aquela sala e, destas, quase nenhuma parecia se importar com dois adolescentes sentados no chão perto da janela.

Em momento nenhum Anne me perguntou porque eu estava deste jeito. Ela apenas ficou ali comigo, seus olhos estavam fechados e parecia que ela estava dormindo, mas sua respiração descompassada a denunciava. Lhe agradeci em silêncio por não me importunar com perguntas. Não queria ter que lhe dizer em voz alta o que estava pensando, não queria ter que confessar o quanto me sentia culpado. De certa forma, enquanto estavam em minha mente estas teorias pareciam mais surreais. E também porque, por mais compreensiva que Joanne fosse eu tinha receio de como ela reagiria ao fato de eu me preocupar com Camila. Não queria que ela tivesse uma crise de ciúmes, não queria que uma nova briga começasse entre nós outra vez.

O som dos sapatos chamou minha atenção ao fato de que alguém se aproximava. A porta se abriu e entre ela apareceu Samantha. Sua expressão parecia ter sido tomada por um alivio, contudo eu ainda conseguia identificar em seus olhos um que de preocupação.

-Camila acordou e os médicos deixaram o seu quarto aberto para visitas. Ela conversou com Ana Clara, e agora eu pensei que talvez vocês quisessem ir. –Sua voz era delicada e baixa. Assenti com a cabeça e ela desapareceu pelo vão da porta. Joanne levantou-se e eu também. As roupas da garota estavam amassadas e imaginei que as minhas deviam estar em um estado semelhante.

-Quer que eu vá junto? –Joanne me perguntou.

-Se você quiser. Mas entenderei caso queira esperar aqui. –Falei devagar, escolhendo bem cada palavra antes de pronunciá-la. Segui para o quarto de Camila e para minha agradável surpresa Joanne me acompanhou.

Passamos pela sala de espera. Ana Clara, Bruno e Betina, ainda estavam lá. Procurei com os olhos mas meu pai não estava ali. Tinha minhas dúvidas se isto era bom ou não.

Dei uma leva batida na porta e entrei. Os olhos castanhos cansados da garota me encaram por uma fração de segundo.  Camila suspirou e virou o rosto para o outro lado. Andei devagar até sua cama e me sentei na borda. Joanne ficou atrás de mim, perto da porta.

-Oi. –Falei quebrando o silêncio, meio sem jeito pelo silêncio dela. –Você está legal?

Camila apenas acenou com a cabeça em concordância. Engoli em seco.

-Olha Camila, sabe, você não devia ter feito isso, não que eu tenha qualquer poder de te dizer o que fazer...

-Por que não tem mesmo. –Ela me interrompeu, seus olhos faiscando em minha direção, ao ver Joanne a sua expressão passou a parecer que tinham jogado um balde de água fria nela. –Summer, o que faz aqui?

-Vim ver se você está legal. –Joanne falou, a meia voz. A expressão de Camila foi tomada por um incredulidade cética. –Lucas, pode nos deixar sozinhas por um instante?

Agora quem estava incrédulo era eu. Olhei para ela, a garota sustentava um olhar implacável. Este então se suavizou um pouco enquanto ela me dizia:

-Por favor, juro que não vou matar ninguém. –Sua voz tinha sarcasmo, mesmo assim fiquei com um pouco de desconfiança do que ela poderia dizer a Camila. Ainda assim fiz o que ela pediu, e sai para a sala de espera outra vez.


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Notas finais do capítulo

Agora tenho uma pergunta para vocês: a conversa entre a Camila e a Joanne deve ser pelo ponto de vista de qual das duas?