-O que você quer, Bruno?

Perguntei a ele, Bruno é moreno de cabelo preto cacheado e de olhos incrivelmente azuis, todo mundo brinca que ele parece o Warrick do CSI Las Vegas. Ele tinha me chamado, a pouco. Disse que tinha algo que eu precisava ouvir, e agora estávamos eu e ele entrando na biblioteca.

Anne tinha ido embora depois da nossa discussão, Elizabeth me disse que ela ligou para Eduarda e está veio buscá-la. Nós não tínhamos trocado mais nenhuma palavra um com o outro depois daquela briga.

-Acho que você precisa saber de algo.

Falou. Nesse momento vi que, em uma das mesas daquela sala, estavam: Camila, Carlos, Elizabeth e Marina. Ao nos verem todos se calaram. Notei que Beth parecia bem brava, me pergunto o por que disso...

-O que aconteceu?

Perguntei, depois que eu e Bruno estávamos sentados naquela mesa também.

-Fale o que você me disse antes, Marina.

Elizabeth falou com uma autoridade que me surpreendeu. Olhei para Marina, a pequena garota de olhos cor de chocolate se encolheu ainda mais na cadeira. Garota estranha, eu acho.

-Bem, sabe. Antes eu estava andando pelos corredores...

-Bisbilhotando.

Camila a interrompeu, impaciente e irritada. Marina pareceu ficar mais sem jeito ainda, se é que é possível.

-Não era...

-Calma Mary, não liga para ela. Agora continue a história.

Bruno interveio, para o bem da tímida garota.

-Bem, então eu ouvi eles conversando...

Ela apontou para Carlos e Camila. Ela continuava encarando Marina com desdém, ele olhava para suas próprias mão, então não consegui ver seu rosto.

-E... ?

-Eles estavam conversando. Na hora eu não entendi direito do que eles estavam falando...Carlos disse que não sabia se fazer “aquilo” era certo. Camila perguntou, algo assim: “Então você prefere que os dois fiquem juntos? Joanne jamais seria sua.”

-Cala boca garota! Fica escutando atrás das portas, como se tivesse três anos! Ve se cresce.

-Cale a boca você Camila, não acredito que você armou isso. Quem é a criançinha?

-Lucas eu estou falando com a Marina, não com você...

-Não perguntei com que você esta falando. Isso nem vem ao caso. O que deu na sua cabeça para fazer uma coisa dessas? É da sua mãe que estamos falando.

-Você não entenderia. Você nunca entende... A não ser quando tem haver com Joanne, daí você entende tudo...

-Afinal, o que você tem contra Joanne?

-O que eu tenho contra ela? Vocês garotos, parecem ficar cegos perto daquela idiota. Ela não é bonita e muito menos inteligente, mas vocês agem como se ela fosse uma Gisele Büdchen...

-Não fale de Joanne. Você fica armando para ela desde que chegou nessa cidade...

-Ah, agora você defende ela. Mas se eu não me engano, você foi até lá brigar com ela. Eu vi.

Para essa eu fiquei sem respostas. Carlos e Camila saíram da biblioteca rápido. Não acredito que eu fui tão idiota. Cai em mais uma armação da Camila. Como pude ter desconfiado de Joanne? Como pude ser tão idiota...

-Vocês brigaram mesmo?

Marina perguntou, com voz tímida. Olhei para ela, a baixinha de cabelos castanhos. Acho que nunca nem cheguei a ter uma conversa mesmo com a garota, mas se não fosse por ela quem sabe eu continuasse a desconfiar de Anne...

-Sim.

-Você devia pedir desculpas, Joanne é legal.

-Você tem razão.

-Então...

-Então o que?

-Vai pedir desculpas para ela!

Ouvi risinhos abafados de Elizabeth e Bruno, que continuavam ali também.

-Ela já foi embora...

-Ah. Porque você...

Mas ela não conseguiu acabar a frase, pois sua voz foi abafada pela de Zuleica. Sabe, se você conhecesse Zuleica, ou até que só tivesse ouvido falar dela, entenderia o que sentimos naquele instante. Pânico. Zuleica tem um metro e meio, cabelos grisalhos presos em um coque estranho. Seus olhos castanhos esbugalhados dão medo em qualquer um.

-O que vocês estão fazendo aqui?

-Ai Meu Deus...

-Como conseguiram entrar? E que Diabos! Acham que podem ficar aqui?

-Não, não achamos. Já estávamos saindo, né?

Bruno tentou nos tirar dessa, mas eu não tinha nenhuma esperança. Era Zuleica. Estávamos ferrados...

-Vão saindo mesmo, direto para sala do diretor.

Ela gritou, não estou exagerando, ela gritou mesmo! Sabe, eu achava melhor ir para a sala do diretor do que continuar com aquela maluca. E lá fomos nós quatro. E ela atrás de nós.  Os olhos do diretor chegaram a brilhar ao me verem, acho que ele me odeia.

-Lucas Smith, você aqui outra vez.

Sorri sarcasticamente.

-Sentiu saudade né?

Ele não me respondeu. Ficamos os quatro em pé, esperando que ele dissesse algo.

-Então Zuleica, o que aconteceu?

Ela se empertigou toda e começou  falar com aquela sua voz esganiçada:

-Encontrei esses quatro lá na biblioteca.

Olha, vamos ser presos por estarmos na biblioteca! Que horror! Sabe? Odeio essa escola!

-Humm, e o que vocês estavam fazendo lá?

-Como se fosse da sua conta.

Retruquei, perdendo a paciência.

-Quieto, Smith! Como vocês entraram lá? A biblioteca estava fechada.

-Nos tele transportamos. Somos mutantes sabe, tipo ex men? Sabe o meu relógio? E na verdade o que muda minha imagem, sem ele eu sou azul! O Cameron se inspirou em mim para fazer Avatar...

Bruno debochou, mostrando o relógio. O diretor apenas o fulminou com os olhos.

-Mas já que não querem contar, as duas ganharão advertências, e vocês, Smith e Johnson, serão suspensos por três dias. Entenderam?

-Sim senhor. Podemos sair?

Elizabeth perguntou, com uma voz sem emoção. Ele assentiu. Saímos da sala.

-Você já está bem ferrado por si só Lucas, não precisava ficar tirando da cara do diretor.

-Mas isso é que é o divertido.

-Vamos ver se seu pai achará graça da sua suspensão.