Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio escrita por Bibiana CD


Capítulo 22
Blink, emo? Emo é você!


Notas iniciais do capítulo

Sei que vocês amam romance, então que ele comece para valer!



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Eu estava deitado na minha cama, já tinha tomado meu café da manhã, e também um banho quente e bem demorado. Meu cabelo ainda estava úmido. Eu estava com o olhar fixo no forro do teto. O teto, será que ele não queria cair em cima de mim?

O meu computador estava tocando Green Day, Wake Me Up When September End. Anne tinha dito a verdade, todos os meus arquivos estavam naquele pen drive. Acho que só por isso eu ainda estou vivo. Quero dizer, muita coisa está acontecendo na minha vida ao mesmo tempo, não conseguia assimilar tudo sem as minhas músicas. Não que eu estivesse assimilando qualquer coisa com elas, mas pelo menos eu me sentia melhor.

Queria estar com Anne. Ela me fazia sentir bem, com aquele seu jeito tão imprevisível. E ela estava tão perto, eu só precisava ir até o seu apartamento no oitavo andar. Mas quando chegasse lá eu diria o que? A verdade: que eu estava totalmente apaixonado por ela? Suspirei alto. Ela me acharia louco. Começo a me perguntar se ela não teria razão...

Ouvi três batidas de leve na porta. Possivelmente meu pai vindo ver se eu ainda estava vivo. Não troco uma palavra com ele desde ontem à noite. Ele tentou puxar conversa, mas eu apenas o ignorei. Sabia que se abrisse minha boca para dizer qualquer coisa ele não gostaria do que iria ouvir.

Não que eu me sentisse mal por ele ter arranjado uma namorada. O que me incomodava era ele não ter me dito nada. Quero dizer, eu sou o filho dele! Custava tanto assim falar que estava com alguém? Isso me deixava com raiva. Fechei os olhos e novamente ouvi as batidas quase inaudíveis na porta por causa da música alta.

-Entra.

Gritei mais alto que o som. Me surpreendi ao ouvir minha voz. Ela estava com um tom de raiva contida e muito, muito ressentimento. Será que meu pai também tinha ouvido isso?

Só que quem abriu a porta não foi meu pai. Com certeza não foi meu pai. Ela com certeza tinha ouvido o meu tom de voz. Nada escapava dela.

-Oi!

Ela disse mais alto que a música, que agora no refrão estava extremamente alta. Anne estava com uma calça jeans skynny azul escura e um moletom cinza justo. Seus cabelos estavam soltos, divididos no lado, caindo por seus ombros.

Desliguei a música. Não precisava mais dela. Olhei para Anne que tinha acabado de fechar a porta.

-Oi.

Falei desanimado. Ela me olhou nos olhos.

-Seu pai disse que você estava aqui. Para ser mais precisa, ele disse que você ficou trancado aqui a manha inteira!

-E que horas são?

Perguntei me sentindo alheio ao que acontecia fora do meu quarto. Peraí, mas quando eu acordei eram nove e meia...

-Duas da tarde.

O que? Não pode. Eu não fiquei tato tempo aqui. Fiquei?

Olhei no computador só para confirmar de que não tinha escutado errado. Mas eu não estava com nenhum problema auditivo.  Eram realmente duas da tarde, para ser mais preciso eram duas e dezesseis.

-Ele está preocupado.

Olhei para Anne, confuso. De quem ela estava falando?

-Seu pai. Ele disse que você não disse uma palavra dês de ontem à noite, depois do jantar.

-Não tenho nada a dizer.

Me senti um garotinho ao dizer isso. Acho que Anne achou a mesma coisa, pois um principio de sorriso passou pelos seus lábios.

-O que foi que ele te disse para você ficar assim?

Ela me perguntou enquanto se sentava na minha cama. Me sentei ao seu lado e falei tudo. Simplesmente falei. Sobre a separação dos meus pais, sobre Julia minha irmã. Sobre ontem à noite e o que meu pai tinha me dito. E para minha surpresa também falei como eu me sentia a respeito. Falei coisas que eu nunca tinha dito a ninguém, como que quando eu era pequeno queria que meus pais voltassem a morar juntos para eu ter uma família como os outros; Falei que eu sentia sim inveja de Beth ter pais tão legais, e como eu queria que os meus fossem assim também...

E Anne ouviu tudo, às vezes dizia uma palavra reconfortadora ou me falava algo para me fazer sentir melhor. Mas na maior parte do tempo ela apenas ouvia, e isso era muito bom. Quero dizer, contar tudo para alguém e essa pessoa lhe ouvir e não te julgar.  Era estranho contar tudo isso a ela, quero dizer, eu sabia que jamais teria coragem de dizer isso ao meu pai ou até mesmo para Elizabeth que sempre foi minha melhor amiga.

Então chegou um momento em que eu simplesmente parei de falar, apenas fiquei olhando para meus pés. E ela não me fez qualquer pergunta nem me importunou. Apenas colocou a mão no meu ombro e a apertou. Anne não precisava dizer nada, apenas saber que ela estava ali já me deixava melhor.

-Eu ainda não acredito que meu pai me escondeu isso. Eu odeio ele.

-Não diga isso Lucas, você não sabe como me arrependo de ter dito isso um dia. -Ela deu um sorriso triste. -Fique feliz por ter um pai.

Foi aí que eu me toquei. Eu fiquei reclamando do meu pai para a Anne, logo a ela. Que tinha perdido o pai a tão pouco tempo.

-Desculpe... -Sussurrei envergonhado.

Ela apenas começou a olhar as coisas do meu quarto.

-Não sabia que as pessoas ainda ouviam Blink 182.

Ela comentou quando viu o pôster do Blink na parede.

Como assim AINDA ouviam Blink? Meu Blink é para sempre, SEMPRE!

-Qual é o problema de Blink?

-Não tem. Só achei que os emos agora ouvissem Simple Plan...

-Peraí! Blink e Simple Plan não são bandas emos!

-Imagina.

Ela disse rindo. Ela estava me irritando, mas isso não justificava o que fiz a seguir.

-Bem, se tem alguém emo aqui não sou eu! Afinal eu não fico chorando pelos cantos pensando em me matar!

Me arrependi assim que as palavras saíram da minha boca. Queria poder nunca nem ter pensado nelas. Vi o choque passar pelo rosto de Anne, e depois ele ser desfigurado pela dor.

-Eu acho melhor ir embora. Vim ver se você estava bem, acho que agora você já está.

Anne falou com a voz ressentida, vi que ela estava à beira das lágrimas. Ela se virou e foi sair do quarto. Antes que ela saísse a segurei pelo braço.

-Me desculpa.

Ela estava olhando para o chão. Puxei seu queixo para cima. Ela estava chorando. Limpei as lágrimas dela com minha mão.

-Anne é serio. Me desculpe.

Olhei suplicante para ela.

-Tudo bem. Eu acredito em você.

Ela falou e deu um sorriso tímido. Dei um passo à frente. Soltei o seu braço e passei ele pelas costas dela a puxando para perto de mim.  Minha respiração acelerou junto com meu coração. O seu rosto estava a centímetros do meu. Dessa vez ninguém atrapalharia. Fechei os olhos e encostei meus lábios no dela. Para minha surpresa ela correspondeu o beijo.


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Notas finais do capítulo

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