Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio escrita por Bibiana CD


Capítulo 2
O Anjo do Inferno


Notas iniciais do capítulo

Gente, obrigado pelos reviews! Amei todos ...
Espero que gostem do capítulo,
Boa leitura!



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Eu e Elizabeth estávamos voltando da escola, o sol do meio dia brilhava no céu azul sem nuvens, mas não esquentava nem um pouco. O vento frio do inverno nos açoitava, e balançava as copas das árvores sem muitas folhas que se estendiam pelos dois lados da rua. Alguns carros passavam por nós, mas aqui não é muito movimentado, por ser um bairro residencial. A não ser no verão, quando a cidade enche de turistas, por causa da praia. Nós andávamos em silêncio, eu estava tentando achar um jeito de fazer com que meu pai não me castigasse por ter levado mais uma advertência na escola. Como explicar para ele que o único motivo que me levou a dar um soco no Pedro foi ele ter falado mal de Elizabeth? Tipo, surgiu um rumor ao um tempo atrás dizendo que ele estava a fim dela. Daí na hora do recreio ele falou para que todos ouvissem que ela era a garota mais estranha que ele já tinha visto. Me diz se eu estiver errado, mas ele merecia um soco, né?

Tudo bem que Elizabeth não é a pessoa mais normal que eu conheço, mas isso não muda nada. Olhei para a garota que caminhava ao meu lado, seu cabelo rosa era sua característica mais marcante. Ela já tem o cabelo desta cor desde o inicio do ano, e agora eu já me acostumei. Seus olhos cor de chocolate se apertavam por causa do vento. Conheço ela desde que era pequeno, moramos no mesmo prédio já faz nove anos. Seus pais são amigos do meu, e a considero como uma irmã.

-Posso almoçar com você hoje? –Perguntei, era uma boa alternativa. Ao menos conseguiria adiar um pouco meu encontro com meu pai.

-Luke, você não pode se esconder do seu pai para sempre. –Ela disse, como se lesse meus pensamentos.

-Não posso? –Perguntei com sarcasmo.

-Acho que não, né? –Elizabeth disse, enquanto ria. Suspirei, ela tinha razão. Eu não poderia, por pior que fosse minha situação teria que falar com meu pai.

Chegamos na frente do condomínio em que moramos. É um prédio normal, marrom, com algumas janelas e sacadas se estendendo por sua fachada. Na frente um pequeno jardim gramado se estendia e no meio dele um caminho de pedras que ia do portão até a porta principal. Não existia nenhuma árvore ali, apenas um banco de madeira que já estava meio podre por causa de todas as chuvas que já caíram em cima dele.

O pátio maior está na parte de trás do prédio, onde está a piscina e uma pequena pracinha. A garagem fica no subsolo. Entramos pelo portão sem problemas, já que o porteiro já nos conhecia há muito tempo. O senhor Romeu é bem legal, ele já é velhinho e quando eu era pequeno contava histórias de como as pessoas o incomodavam por causa de seu nome, perguntando onde estava a Julieta.

Nos o cumprimentamos e depois seguimos em direção a porta principal, pelo caminho de pedras. O prédio produzia uma sombra enorme sobre nós, fazendo a sensação de frio aumentar mais ainda.

Foi uma ótima sensação ao entrar no prédio, onde estava mais quente. O hall de entrada não é muito grande, mas também não é pequeno. Tem as portas que levam até as escadas, que não são muito usadas, as portas dos elevadores e uma que leva para a sala da segurança que é a do seu Romeu. Além disso, existe um pequeno sofá no canto que não é usado por quase ninguém e o lugar onde é colocada a correspondência.

Pensei em subir pelas escadas, ganharia bastante tempo antes de me encontrar. Mas me lembrei que eu e Beth moramos só no oitavo andar, teria que subir dezesseis lances de escada. Só de pensar eu já fiquei cansado. Digamos que eu não sou muito propenso a atividades físicas... No final das contas, como Elizabeth dissera, eu não poderia me esconder de meu pai para sempre.

O elevador não levou muito tempo para chegar, estava vazio e agradeci por isso. A última coisa que queria agora era que a senhora Cláudia estivesse ali. Ela tem um filho pequeno, de uns sete anos e cada vez que nos encontramos no elevador ela conta tudo que aconteceu com ele. Ao entrar no elevador dei de cara comigo mesmo, ou com meu reflexo, para ser mais preciso. Um garoto de quatorze, quase quinze, anos, meio alto para sua idade com seus 1,78. Cabelo loiro escuro, mas não castanho, olhos azuis claros com um casaco preto com escritos em vermelho, calças jeans normais e uma mochila preta nas costas. Ao meu lado no reflexo Elizabeth, bem mais baixa, com algo entre 1,60 e 1,65 segurando um fichário vermelho e carregando uma bolsa com desenho de cerejas.

 Em menos de cinco minutos já estávamos no nosso andar. Ao sairmos do elevador estávamos em um corredor que se estendia com portas dos dois lados em intervalos regulares. Meu apartamento é no fim do corredor e o de Beth é a segunda porta da direta, mais perto do elevador.

-Boa sorte. –Ela me falou enquanto entrava em sua casa, lhe dei um sorriso amarelo e depois continuei andando em direção a minha casa.

Cheguei lá, apartamento 125, sem nenhuma daquelas frescuras na porta que nem do de Elizabeth e de alguns outros moradores que colocam plaquinhas com “Boas vindas” e coisa do tipo. Só morávamos eu e meu pai, então ao menos desse tipo de coisa estávamos livres.

Me demorei em pegar a chave dentro da minha mochila, mesmo sabendo que se batesse na porta meu pai não demoraria em atender. À hora do juízo final era agora. Enquanto girava a chave na fechadura um último pensamento me ocorreu “eu poderia dizer para o meu pai que vou cortar os pulsos porque não quero mais viver, ele vai ficar com pena de mim e esquecer-se de me deixar de castigo...”, mas logo o pensamento se completou em minha mente “ou ele acha que eu enlouqueci de vez e me interna em uma clinica”. Algo me dizia que a segunda opção era a mais provável, por isso achei melhor não tentar colocar este plano em prática.

Este último pensamento me fez sorrir, e foi sorrindo que entrei por aquela porta, os portões do inferno para mim, naquele instante. E, para minha surpresa, lá dentro vi um anjo.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?